CRUZEIRO 101 ANOS. RESILIÊNCIA!

O dois de janeiro iguala-se à data de aniversário do cruzeirense.

Inesquecível.

Dezenas de anos se passando e os festejos se revestindo de novas conquistas ou fascinantes expectativas.

Durante meio século ficamos mal-acostumados. Era ganhar ou ganhar. O rival, mordido de inveja, comprazia-se em usar camisas de adversários que eventualmente nos tiraram algum título.

Em nossos jogos, a Nação Azul tinha dois momentos cativos e especiais: na hora do hino nacional, estourar o peito cantando “a imagem do Cruzeiro resplandece…” Depois, de vez em quando, só pra cutucar cachorro deitado, o lembrete doloroso: “Não ganha nada, time sofredor…”

A roda girou.

Erros lamentáveis nossos e uma gestão criminosa aliaram-se ao fatalismo de uma pandemia mundial para arrasar o Cruzeiro. Ao mesmo tempo, a sorte soprou para o outro lado da lagoa, compondo nova versão do presépio, agora com 4 Reis Magos. E significativa alteração de presentes. Saem Incenso, Ouro e Mirra, entram Arena MRV, saldo bancário ilimitado, simpatia do VAR, empatia das Federações de Futebol, inclusive e especialmente CONMEBOL.

Foi a sopa no mel.

Pra nós, além da queda, coice!

Afundamos, não sem tempo de ver o adversário assumindo nosso lugar no pódio.

Pela terceira vez seguida, nos últimos 50 anos, o 2 de janeiro é marcado pela apreensão ante os gravíssimos problemas que nos desafiam. É verdade que neste ano menos que no anterior porque temos um caminho legal de recuperação, já iniciado. A esperança dá sinais de renascimento com os nossos 3 R – Resiliência, Ronaldo, Reconstrução.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Xô olho gordo! Quando a gente pensava que havia esgotado o estoque de pragas atleticanas mancomunadas com o Covid, surge uma cepinha atrevida e tira Ronaldo das programações do dia 2, em BH. Ele iria falar sobre os seus planos. Para uma torcida que vem acumulando frustrações quase diárias, esta foi mais uma, desta vez armada pelo Imponderável. Vamos torcer para ser a última, marcando o fim deste inverno rigoroso. E que sejam animadoras, como a mensagem que Ronaldo enviou, as novidades esperadas para esta semana, com bons nomes se apresentando amanhã, no reinicio das atividades na Toca.
2. Acyr Antão em seu programa dominical na Itatiaia – Hora do Coroa – prestou ontem comovente homenagem ao Cruzeiro. Chegou a tocar o nosso primeiro hino, de autoria de Rômulo Paes, além de relembrar histórias que nesses 101 anos de vida marcaram o caminho do Maior Clube Brasileiro do Século 20 e o Maior fora do eixo Rio-São Paulo. Costumo dizer que Ruy Castro, da Folha, é a enciclopédia que anda. Do grande Acyr Antão digo que é a Música Popular Brasileira reencarnada num grande radialista e excelente pessoa. Na mesma linha, João Vitor Xavier dedicou os Bastidores ao Maior de Minas. E produziu um grande programa, tendo como ponto alto entrevista com Giovani e a reprodução do gol antológico contra o São Paulo, selando o tri campeonato da Copa do Brasil. Com Alexandre Simões foi relembrado que todas as grandes conquistas do Cruzeiro aconteceram em anos pares, como 2022. Aleluia!
3. José Antônio seria o cara mais feliz do mundo se tivesse uma varinha mágica pra piorar nossos problemas dez vezes mais… Em toda panorâmica que ele traça neste QUINTAL sobre Cruzeiro e Atlético nossa situação se agrava mais, com Ronaldo sem saber o que fazer, enquanto o time dele navega num mar azul, sem ondas.

Acorda, Jose Antônio!

Nem tudo que reluz é ouro! Porque Diego Costa, ainda com contrato vigente, quer deixar este paraíso?  Procedem as notícias de greve dos operários da futura Arena MRV por falta de pagamento de salários? É verdade que os quatro reis já não falam sempre a mesma linguagem?

4. Geraldo bate forte no blogueiro:

                “…Minha principal discordância com você foi a besteira que você fez ao renovar o contrato do inútil Henrique que até hoje gera custo para o Clube. Na oportunidade, era só fazer uma festa pra ele e mandar para o Fluminense…”

Meu caro Geraldo, nós não renovamos com o Henrique. O contrato dele vencido em dezembro de 2019, quando assumimos o Cruzeiro, tinha cláusula de renovação automática. Exatamente para diminuir despesas nós o emprestamos para o Fluminense. Foi repatriado por SR.

5. Romulo, embora atento observador do futebol, familiarizado com números e bom redator, seria perfeito não fosse um defeitozinho que, de propósito o Homem Lá de Cima lhe deixou exatamente pra que não se sentisse melhor que os outros. A sua rebimboca da parafuseta que filtra o juízo crítico pra neutralizar a paixão clubística não funciona. Se funcionasse, jamais iria sequer tentar comparar 1966 com 1937.

Rômulo acalme-se, faça meditação por meia hora, respire fundo, se precisar valha-se do infalível furoato de mometasona, depois releia pausadamente, absorvendo, os textos já escritos sobre um e outro certame.  Você vai me dar razão em não comparar borboleta com tartaruga.

6. Giovani Souza, inspirado em Sérgio Porto, quer fazer o Samba do Crioulo Doido-2:

“É de chorar (pra não dizer morrer de rir) as conclusões advindas do autor da página. Entendo que o momento do time deveria inspirar uma reflexão acerca do termo arrogância (…) Exorto para que esta reflexão seja feita com vistas a minimizar o sentimento e a inveja (sentimento que NUNCA esteve presente nos corações alvinegros) …”

Giovani não é à toa que   esse NUNCA está em caixa alta. Ao escrever uma barbaridade dessas (o Atlético nunca teve inveja do Cruzeiro !!!!) até você estremeceu. Seu subconsciente estava revoltado.  Seu consciente, pra se convencer, apelou para as maiúsculas… Freud explica.

7. Jorge, comendo pelas beiradas, devagarinho, vai camuflando minas pra complicar o blogueiro. Esperava coluna sobre Luxemburgo, de surpresa apareceu o Cuca.

Meu caro Jorge, cheguei a lecionar Jornalismo e quando o aluno perguntava o que é notícia, respondia é o que extrapola o esperado. E dava exemplo. Andando na rua o cachorro te morde, não é notícia. Mas se você morder o cachorro…

Luxemburgo demitido não dá manchete. Mas Cuca deixando o Atlético no momento em que ainda se ouve o som de foguetes pelas conquistas, isto é notícia.  Preferi, porém, focar no que poderia haver atrás do fato.

Em outras frentes, Jorge remunicia as mesmas trincheiras: Ronaldo seria uma incógnita perigosa na condução do Cruzeiro e, imagine, o Athletico do Paraná que o mineiro enfrentou na decisão do Copa do Brasil era um timaço. Tomou de seis em dois jogos, mas por mero acaso…

Jorge, cuidado com sua biografia!

8. Teobaldo não só apoia Jorge como se despede dele com um misterioso “VFS, Jorge! ” e explica:

“VSF é uma expressão lúdica, adimensional, portanto, sem relação com qualquer expressão de baixo calão”.

Ante o silêncio do Google, por garantia tirei as crianças da sala, omiti os nomes e enviei o texto pra exame na Seção de Linguística e Algoritmos da NASA.

9. Davi Rodrigues de Souza reitera a acusação: o blogueiro é “bitolado”, parcial e se recusa a reconhecer qualquer mérito no Atlético. Não é verdade. Impossível ignorar que neste ano que passou o Atlético realmente “sobrou”. Ganhou quase tudo. Não precisava, mas teve substanciosa ajuda da arbitragem. Há companheiros seus, neste QUINTAL, que confirmam essa “mãozinha”, o que não tira os méritos do time.
10. Galo Doido New York – não se sabe, teria sido o frio intenso, a expectativa da descida da bola, no Time Square, ou o abusinho do Chá de Santo Daime, que ele pediu em uma dark stores, o fato é que Galo Doido colocou no seu rico imaginário mais um tema inquietante. Lá já tem cadeira cativa aquele famoso jogo amistoso inexistente em que Benecy “comprou” o juiz. Agora, veja só, em plena noite de Natal, Papai Noel atarefadíssimo, vai arrumar tempo pra jogar truco com o blogueiro. Ganha mas deixa o prêmio com o perdedor: um fenomenal presente de grego, ou seja, Ronaldo no Cruzeiro!

Meu caro Galo Doido, brincadeiras à parte, e pelo bom relacionamento que construímos, você merece que eu o advirta pra jamais se arriscar tanto, outra vez:  sou fraco em muitas coisas, mas imbatível em três: truco, pescaria e pinga boa. Me encarar nesse terreno, é perigoso!

11. Sem Paciência, como tantos outros condôminos da barraca atleticana, entornando de felicidade com a nossa desgraça:

                “Cada dia uma nova surpresa! A descoberta de que a queda livre não acabou! O final do buraco é ainda mais embaixo. Quando se termina de chegar a um subsolo, se descobre outro abaixo”.

Meu caro Sem Paciência, você queria outro cenário diferente dessa terra arrasada? Afinal, é sempre bom lembrar: fomos atingidos por um tsunami interno e, preparando pra levantar, veio a pandemia, trancando o mundo em casa.

Ronaldo, empresário de visão que é, comprou o direito ao rescaldo. E acha que valeu a pena por um fator importantíssimo: o potencial Cruzeiro. O valor de nosso patrimônio metafísico, desculpe-me, muitíssimo superior ao do Atlético porque formado pelas nossas “páginas heroicas, imortais”.

Óbvio, os problemas são muitos. A situação é precária. As decisões amargas a serem tomadas jamais terão apoio da unanimidade. Mas a esperança renasce.

E no seu time, tudo está bem mesmo? Porque Diego Costa não quer ficar, mesmo com o contrato em vigor? Ninguém fala nada.

Você sabe, na selva, o aviso eloquente de perigo é dado pelo silêncio…

12. Sem Paciência/2 retorna pra falar sobre Cuca, lembrando ao blogueiro que ele voltou, sim, ao lugar em que foi feliz, já que em 2013 fora campeão da Libertadores. Meu filho Gustavo Rocha, com esse mesmo exemplo, também “contesta” o ensinamento chinês.

Não aceitei que dois atleticanos abusados pusessem em dúvida essa sabedoria que vem sobrevivendo há milênios. Consultei o monge Ho Gun Chi. Após aspirar por minutos o vapor de ervas sagradas queimadas em gravetos de sândalo, o mestre definiu o caso, fazendo uma pergunta que já é a resposta:

“As façanhas de 2013 e 2021 se comparam? ”

13. Bruno Araújo de Carvalho sintetiza a tese abordada no item 11, acima, quando enfocamos o imenso patrimônio metafísico do Cruzeiro:

             “ O ano de 2022 promete bastante mudanças para o nosso clube amado, mas a única coisa que não muda em MG com relação ao Maior de Vespasiano é: “Na A ou na B, sempre maior que você”!

Bruno, você cutucou nervo de dente exposto em muita boca aberta!

14. Rei Melo, em meio à saraivada habitual, toca em ponto que vem fazendo toda a diferença:

               “…a coisa está sem rumo ou pelo menos parece que eles estão trabalhando de boca fechada. ”

Esta é uma das principais características da Nova Ordem. Sai palpite e/ou pressão de grupos políticos, nem sempre bem-intencionados, e entra decisão soberana de empresário, para demitir ou para contratar. Não precisa nem do apoio nem da aprovação de ninguém. Em troca, o sucesso ou o fracasso vai refletir no seu bolso. A responsabilidade, em todas as áreas, é apenas sua. Por sermos os pioneiros, dentre os grandes Clubes, dessa radical transformação, seremos, contra nossa vontade, o laboratório experimental. É torcer pra dar certo.

15. João de Deus Filho, nosso guru da racionalidade, está gozando de merecidas férias, no Caribe, distraindo-se na escolha de esmeraldas em Cartagena. Em seu lugar está um clone meio abusado, detonando todas as pesquisas desfavoráveis ao Atlético:

                “… Acredito muito na isenção dessas pesquisas. Assim como acredito em lobisomem, mula sem cabeça e no Saci Pererê, que são reais. E também acredito que a torcida do Cruzeiro é a maior de Minas. ”

Meu caro clone, você deveria ter encerrado o texto no Saci Pererê. Mas, não.  Avançou na lua pensando que é queijo e cometeu o ato mais condenável em quem redige: atropelou os fatos. Desculpe-me, mas estou torcendo para que as férias do João de Deus terminem logo. Racional, como ele é, jamais iria cometer a barbaridade de insinuar que a torcida do Atlético é maior que a do Cruzeiro. Foi, até o início dos anos 60. Depois nunca mais.

16. Bernardo exagerou nos vinhos top que recebeu de Natal – destaque para o Maria Tereza e o Dom Melchior. Resolveu encarar a sabedoria chinesa, milenar, citando técnicos que, campeões, continuaram no Clube e chegaram ao bis ou mais. Voltaram ao lugar em que foram felizes e se deram bem: Telê Santana, campeão mundial pelo São Paulo, 92/93; Marcelo Oliveira, 2013/2014, Luxemburgo 93/94; Muricy Ramalho 2006/2007/2008 e outros.

Bernardo, como você deve ter visto linhas acima, no n. 12, o monge Ho Gun Chi faz duas observações. Primeiro, não é ser apenas feliz e sim, muito feliz; segundo, há continuidades que valem por uma vez.

“Yug wxon y udn” bradou ele, encerrando o papo.

Custei a conseguir a tradução: não venha de garfo, que hoje é sopa!

17. Manuel Panhame, historiador sem meias palavras, batiza a concepção que os atleticanos têm deste QUINTAL:

“terreno de sapateio”

Meu caro Panhame, não há dúvida de que o momento é seu, mas cuidado que a roda vai começar a girar… há movimentos tectônicos de um lado e de outro da lagoa…

18. Bernard José de Assis lança outra teoria sobre as escapadas de Cuca nos momentos mais inimagináveis: fugir dos estaduais. Pode ser. Seria mais ou menos assim: após disputar partidas de poquer nos palácios mais requintados do mundo, jogar porrinha num bar copo-sujo às margens do São Francisco…

Bernard critica depois o aumento de salário de Luxemburgo, com o qual SR “comprou” sua permanência no Cruzeiro. Absurdo, nas atuais circunstâncias, além de soar uma falsidade que nosso time não merece.

Por estas e por outras é que a experiência do Clube-empresa, apesar de todos os riscos, é benvinda.

19. Pedro volta espumando de raiva. Da última vez, insensato, o blogueiro classificou seus argumentos como “tão      válidos quanto um canivete sem cabo, que perdeu a lâmina”:

               “Há umas semanas havia dito que a SAF seria a tampa do caixão do time celeste de Belo Horizonte. O blogueirinho que nos hospeda, sarcasticamente (porém, obviamente sem argumentos) chamou a constatação de canivete cego e sem cabo. Urge a necessidade de alguém ensinar matemática a esse influenciador do time azul de BH.

Meu caro Pedro, vamos por partes como diria o esquartejador.  Acerte a terminologia: o seu canivete sem cabo, não é cego. A lâmina sumiu.

Sobre a tarefa difícil que Ronaldo está enfrentando, você tem alguma dúvida de que ele já conhecia a situação?

20. INTOLERÂNCIA – A última coluna, trazendo um rasteiro, mas corajoso ensaio filosófico sobre a saída de Cuca, no Atlético, após brilhante temporada, mostrou que felizmente, pelo menos no nosso futebol paroquial, a intolerância não predomina. Dos 46 grupos de torcedores cruzeirenses, dos quais com muita honra participo, apenas um me excluiu. Acho animador esse fato.