JOGO PRA NÃO SER ESQUECIDO

Vitória 3 x 0 Cruzeiro 0 foi o retrato de um time que vem nos assombrando há dois anos e que, sob nenhuma hipótese, pode continuar. Nos 90 minutos, a única finalização de nosso centroavante Thiago foi contra, fazendo o primeiro gol do Vitória aos 3 minutos de jogo.   Até os 40 minutos, se o Vitória jogasse sem goleiro, não faria diferença nenhuma. Os três ou quatro chutes dados da intermediária passaram longe.  Enquanto isto, oferecemos uma avenida no setor direito para os atacantes baianos, com Norberto e Rodolfo atuando de Mestres Sala. 

Melhoramos um pouco, no segundo tempo, com Marco Antônio, Jean Vitor, Marcinho e Vitor Roque, mas só nos 15 minutos finais chegamos a ameaçar. Lamentável o desentrosamento, a sucessão de passes errados. Pós jogo Wanderley Luxemburgo disse que “foi vergonhosa a forma com que o time se portou”.

Todo mundo achou. Mas vamos ficar só nas lamentações?

BATE PAPO NO QUINTAL

1. José Antônio cobra caro do blogueiro pela ousadia de escrever que tão logo o Mineirão foi liberado, “a torcida esquece o presente, lembra o passado e lota o estádio disponível. ” Paciente e maldosamente, ele arrola públicos irrisórios que tivemos, como aqueles 1.953 torcedores, no Independência, contra o Brasil-RS (Cruzeiro 2×0). E conclui, ferino:

“Parece que descobriram tarde demais que o público estava liberado…”

Meu caro José Antônio, como já debatido neste QUINTAL, torcida sozinha tem seu potencial reduzido. É preciso de pelo menos dois terços do tripé time, diretoria e torcida. Por uma sucessão de equívocos e desmandos, o Cruzeiro vinha piorando o que já era horrível de tal forma que para muitos, presença em campo poderia significar apoio àquela situação. A ausência era, assim, um protesto, devendo-se acrescer ainda as normas sanitárias, mais rigorosas, na época, motivando torcedor a ficar em casa.

Mantendo o blogueiro no corner, José Antônio dispara cruzados contra outra afirmação da coluna:

“O Cruzeiro, na época do “Fala Zezé”, estava se esfacelando sem que a gente percebesse a gravidade da situação. ”

E fulmina com um uppercut:

 “Porque ninguém perguntou ao sr. Divino Alves de Lima, vice-presidente financeiro porque ele pediu demissão em março de 2018? Onde estavam os conselheiros que deveriam fiscalizar?? Pra que existe conselho??”

Quem falou que conselheiro consegue fiscalizar? Quem pode achar que maracutaias de gabinete são divulgadas? Quando, em março de 2018, o sr. Divino Alves de Lima deixou a diretoria do Cruzeiro, ninguém – ao que me parece – lhe perguntou porquê, por uma óbvia razão:  tão competente quanto discreto, ele jamais revelaria. Mas seu gesto fala o necessário. E os fatos posteriores não deixaram qualquer dúvida.

Até então, José Antônio, experiente, mão firme no leme, vinha fazendo bom percurso neste mar revolto que é o futebol. De repente, sem perceber que seu anjo da guarda, “displicente, ” foi à popa admirar as gaivotas, o nosso navegante bate em banco de areia e emperra o barco:

 “Quanto ao jogo dos 6 x 1, quem acompanhou sabe o que aconteceu… O Galo, que corria risco de rebaixamento, na rodada anterior ganhou de 4 x 0 do Botafogo e afastou o risco… passou uma semana comemorando, enquanto o Cruzeiro saiu de BH e ficou uma semana se preparando pra esse jogo… Deu no que deu… o resto é balela…”

Que isto, José Antônio? Que pisada feia na bola! Na véspera, quem goleava era o Atlético, tal a diferença de rendimento e de expectativa entre os dois times. Um massacre, com foguetório antecipando a Série B. Reveja no Google a festa-monstro que os atleticanos vinham fazendo. Entramos em campo goleados.

Depois do jogo, o presidente Kalil disse que aquele era o dia mais triste da vida dele.

Não brigue com fatos. 

2. Sem Paciência, estatístico, faz revisão histórica dos “fregueses do Atlético” e, pesaroso, comunica que perdemos o primeiro lugar…

Meu caro Sem Paciência, a justa euforia pelo grande momento vivido pelo seu time justifica esse avanço na Lua pensando que é queijo. Pra você continuar no estágio-Alfa não faça ao Google a pergunta: “ Cruzeiro x Atlético – quem venceu mais? ”

3. Atleticano declara guerra ao blogueiro (talvez com razão) e ao Google. A complexidade de algumas questões e a exiguidade de tempo e espaço nos levam às vezes a erros e equívocos. O que nos salva é a contracorrente da vida. Temos mais débito ou crédito? Se o saldo positivo é alto, pequenas furadas de bola fazem pouca diferença. Nessa contabilidade, Atleticano é Cliente VIP, saldo entornando. Com licença para espancar. 

Só não acho uma boa brigar com o Google.

Quanto ao cerne das desavenças, lança um desafio:

“… nunca, em momento algum, escrevi isso, que o Cruzeiro deveria perder os títulos. Peço que prove tal acusação, não seja covarde e mentiroso. Já escrevi várias vezes que o cruzeirense deve é entender que se ele se vangloria pelos títulos conquistados entre 2013 e 2019, deve também entender que os mesmos responsáveis pelo Clube eram os que fizeram os contratos impossíveis de serem pagos, que estão fazendo o time se esfarelar até hoje. Eu não nego parcialmente, nego veementemente. ”

Meu honroso desafiante, releia por favor esse trecho transcrito de seu comentário. Mas releia com a razão. Não com o fígado.  Você quer que o cruzeirense entenda que aqueles títulos foram conquistados pelos mesmos diretores que celebraram os contratos absurdos e levaram o Clube à ruína.

Nas entrelinhas é óbvio que você questiona os títulos. Daí a minha resposta lembrando que o nosso direito proíbe o “bis in idem”, ou seja, não se pode pagar duas vezes pelo mesmo crime. Os títulos foram conquistados em campo. Sem Mão Grande ou VAR-amiguinho. Os “contratos absurdos” e a limpada dos cofres que nos arrasam até hoje, estão em apuração policial e judicial. O Clube vai disputar pela terceira vez a Série B. Já não é castigo demais?

4. Ricardo Braga, fala em nome da massa atleticana e destila o ódio acumulado em 50 anos de bullying:

“Nunca tiveram torcida, um bando de frouxos simpatizantes, e hoje comemoram a permanência na Série B, são patéticos, sempre foram a vergonha de MG, merecem estar no fundo do poço, time de bandido, assim como o Flamengo, não sinto pena nenhuma, toda desgraça é pouca, a tendência é acabar, e que assim seja. ”

Como se sabe, especialistas da alma humana colocam o ódio como o sentimento mais nobre, depois do amor. Não se odeia qualquer um. Para o comum das pessoas que nos aborrecem, respondemos com indiferença. Antipatia. Às vezes, um rancor.

Ódio é nobre. Um privilégio. Para se formar, exige décadas de sofrimento.

5. Peppeu, imunizado, retorna ao QUINTAL após susto com o Covid: 

“não foi uma gripezinha, e tampouco o meu histórico de atleta conseguiu me ajudar. O que me ajudou – ao contrário do que alguns defendem – foi a danada da vacina, que impediu coisa pior acontecer”.

Seja bem-vindo, Peppeu. O blogueiro, agora vacinado, 

passou também pelo mesmo susto.

6. Jorge, que há muito tempo já deveria estar no “Porta dos Fundos”, habitat ideal pra sua criatividade às vezes sem limites, agora ataca de Chico Buarque. O danadinho descobriu que “Sob Medida” pode ser uma declaração de amor da Série B ao Cruzeiro. Enquanto vamos lendo a transcrição da letra, a vontade de cancelar Jorge vai ficando irresistível.