MAIS TRÊS PONTOS NA CAMINHADA AZUL!

A vitória de 2 x 1 sobre o bom time do Bragantino reforça a percepção de rumo certo. Parece que não é muito vencer no próprio campo, mas a verdade é que o Cruzeiro é único, no Brasileiro, que ainda não perdeu em casa. Foram sete jogos até agora:

3 x 2 Botafogo

3 x 1 Vitória

2 x 1 Cuiabá

2 x 0 Fluminense

2 x 0 Athletico

3 x 0 Corinthians

2 x 1 Bragantino.

Sábado, marcamos quatro pra valer dois, em razão daqueles irritantes impedimentos milimétricos. Em boa hora, a FIFA examina inverter a situação, ou seja, o gol será válido  se pelo menos qualquer parte do corpo do atacante estiver desimpedida.

No geral, pelo que tinha no gramado e no banco, o Cruzeiro vai aumentando as expectativas no Brasileiro. Ocupa a sexta posição, com um jogo a menos, e vai passar por rigoroso teste de qualidade na próxima rodada: Palmeiras, no Allianz Parque. Tirem as crianças da sala.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Arena MRV – No rastro da crônica de Fred Melo Paiva detonando o novo estádio, a gestão atleticana finalmente se curva às críticas. Ali, até agora como se sabe,  a única coisa que todo mundo ouve bem é “minuto de silêncio.” Pra resolver o problema da acústica,  está sendo anunciada a contratação de empresa especializada. Esses trabalhos deveriam ter um fundo musical:

“… Negando as aparências,

Disfarçando as evidências…

Mas pra que viver fugindo

Se eu não posso enganar meu coração?”

2. Augusto Andrade dá a solução:

“O problema do Atlético não é o estádio. O problema é que estão no esporte errado. Só mudar pro Tênis, onde a plateia não pode se manifestar. Problema resolvido.”

3. Ruy Castro corrige o blogueiro: Erroneamente, vínhamos lembrando neste minifúndio que “o ladrão não é o rato, é o buraco.” Não é bem assim, como o articulista mostrou quinta-feira última na Folha:

“… É a velha ideia de que a ocasião faz o ladrão. Mas Machado de Assis, em seu romance “Esaú e Jacó” (1904) já corrigiu esse equívoco: “A ocasião faz o furto. O ladrão já nasce feito.”

4. Paulo Andrade Costa estranha a maré de silêncio que assola a Barraca Atleticana neste QUINTAL,  em tempos de tempestade. Some todo mundo:

“Curioso como os comentários aqui ficam raros quando a nossa fase é boa. Isso explica muito o caráter das pessoas que se vestem de preto e branco. Não vão comentar sobre a Arena Caixa de Som? Que vergonha!”

5. Paulino Colcosta complementa:

“E a vergonha do VAR? O choro vale a pena. Hulk tanto fez que ganhou três pontos ontem (quinta-feira) na arena cega, muda e surda. Será que eu posso falar isso ou serei cancelado? Ontem (quinta-feira) o Abel falou “time de índio” e a Globo já veio tentar cancelar o português. Que coisa mais chata virou o mundo hoje em dia. Comente sobre isso Dalai. Tem que falar o que? Time de povos originários? Poupem-me. Lembrem se sempre: A sociedade que cancela todo mundo no fundo não cancela ninguém.”

Meu caro Paulino, acho que os árbitros estão divididos entre os que conhecem e os que não conhecem o Hulk. Com os primeiros, ele não apronta mais. Com os outros, deita e rola. A sorte do futebol brasileiro é que a cada rodada ele fica mais conhecido.

O outro tema levantado por você exige um Tratado.

Negros, indígenas, homossexuais e pobres formaram, durante séculos, a massa populacional “invisível”. Na calçada, desviamos o olhar. No carro, suspender o vidro e se fixar no sinal luminoso. E como demora o verde quando encostado no nosso vidro está um coração arfante, agoniado, mão magra e suja estendida…

Quem tem mais de 70 anos costumava festejar uma geração privilegiada: foi jovem, quando inventaram a penicilina e tornou-se velho quando surgiu a pílula azul. Agora vem o preço cobrado: sem muito tempo pra reaprender, vivemos a pesada transição social. Boa parte da massa “invisível” toma os nossos elevadores, ocupa mesa nos nossos restaurantes. Tornou-se altiva e tem nas mãos uma estranha bandeira: “Direitos Iguais!”

Nessa fase de transição, concordo com você: o mundo às vezes fica chato demais. Expressões “inocentes” de nosso vocabulário viraram palavrões. E temos de respeitar porque eles são as vítimas históricas. Mas complica, porque este novo mundo não era o nosso.

Aqui no QUINTAL, com a loucura de expor a cara à tapa duas vezes por semana, tenho a sorte de contar com um neto-revisor-editor-antenado. 

Sem cerimônia, corta minhas “barbaridades” e vou reaprendendo.

6. Herança maldita – Em ampla entrevista, o gestor atleticano Rubens Menin rotula  com palavras fortes  a situação que encontrou ao assumir  o clube. Foi o bastante para que muitos logo disparassem flechas contra o Cruzeiro. Tá vendo? Foi a mesma coisa conosco e não ficamos três anos na B.

Não foi a mesma coisa!

Com o Atlético, assumindo o comando, o novo gestor trabalhou rápida e normalmente na reconstrução.

Com o Cruzeiro, afastada a gangue, assumi o Clube e duas semanas depois do tsunami veio a pandemia, trancando o mundo em casa por dois anos. Tudo que tínhamos planejado em dez dias e noites de trabalho, foi para o lixo. Abissal diferença.

7. Fundamentalista cruzeirense, escrevendo antes do jogo de sábado,  desafia o blogueiro:

“Sinto falta do Presidente exaltar o trabalho do Seabra. Está a passos largos de ser o grande treinador da nova geração.”

Fico em vantagem, porque respondo após a grande vitória sobre o Bragantino, sábado. Toda a crônica esportiva aplaude o time e seu técnico. O Cruzeiro já é visto como um dos classificados, no mínimo, para disputa da Libertadores. Confesso, não aplaudi antes por covardia. Custo a aceitar os defeitos congênitos de Seabra: é novo e tem cara de quem pega o ônibus com a gente. Falta aquele carisma dos grandes nomes: cabelos nos ombros, tatuagens, barba por fazer, o chiclete que não acaba, camisa colorida berrante e as corridas nervosas na lateral do campo, como se estivesse esperando ficha pra banheiro.

Falta tudo isto, sim. Mas sobra coragem, personalidade, simplicidade, cuidado e firmeza ao mexer num tabuleiro com peças de ouro. Gostaria que Paulo Autuori, pós banho de descarrego da era-Ronaldo, estivesse com ele, garantindo um suporte. Mas acho que, nesse sentido, de alguma forma, Adilson Batista é uma força amiga.

Em suma: o céu está voltando a ser azul.

GARIMPO

“Algumas pessoas querem saber o segredo do nosso longo casamento. É simples: jantamos fora duas noites por semana. Um belo jantar à luz de velas, com música suave, perfeita pra dançar. Minha mulher vai às terças-feiras e eu às sextas.”

(Henry Youngman)