SÁBADO – 20h30 – MACEIÓ

Contra o CRB no Estádio Rei Pelé, maior que a torcida azul só a expectativa de ver em campo o time lutador de sempre, porém finalizações mais buriladas pela semana de treinamentos, abertos à imprensa em mais um pioneirismo do Cruzeiro.  Em sigilo, agora, só os exercícios táticos e isto é compreensível. Tomara que os resultados apareçam em campo, em forma de escanteios e faltas cobrados positivamente.  É disto que está precisando o líder absoluto, além de jogadas estratégicas no terço final do campo. O volume de jogo, a intensidade apresentada em cada partida, têm de resultar em placar mais tranquilo, pra não dependermos dos milagres de “São Rafael”.

Além da parte tática, a expectativa é também quanto aos 11 que entrarão em campo. O time liso e envolvente do nosso segundo tempo merece oportunidade maior, caso não haja óbices físicos.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. José Antônio não percebeu que seu anjo da guarda foi conferir a eficácia da bactéria volbachia no combate ao aedes aegypt e deu pisada monstra na bola. Gozando nosso tempo na B cometeu um sacrilégio histórico:

“Depois de três anos consecutivos na Segunda Divisão, depois de não conseguir ficar nem entre os 10 primeiros nos dois anos anteriores, uma única vez, depois de passar mais de 1.000 dias e mais de 100 jogos na Segundona, essa euforia é compreensível… Vamos ver na primeira divisão se vai continuar… Uma coisa é uma segundona das piores da História, outra é a Primeira Divisão…”

Que é isso, José Antônio! Aonde está te levando essa paixão cega pelo Atlético?

Pra começar, os dois anos que passamos na B sem visitar a primeira página da tabela de classificação foram aqueles em que não conseguimos nem levantar após o tsunami interno, negado por você. A gente vendia o almoço pra comprar a janta. Em casa que falta pão, todos gritam e ninguém tem razão, você sabe. 24 meses de desorientação no campo e fora dele. Qualquer time grande, passando pelo que o Cruzeiro passou e sufocado em seguida pela pandemia mundial, ficaria o mesmo tempo fora da elite, ou até mais. Somos fênix, reacendendo o orgulho azul.

Mas você se superou, ganhando o TPMB – Troféu Pisada Monstra na Bola – ao afirmar que “esta Segundona é das piores da história”. Como bem lembra JCSR:

“Hoje nas 4 primeiras colocações temos Cruzeiro, Bahia, Grêmio e Vasco. Todas as 4 equipes com extensos currículos de títulos nacionais. Em 2006, quando o Atlético subiu, os 4 primeiros foram Atlético, Sport, Náutico e América RN. Mais abaixo havia Gama, Marilia, Santo André e São Raimundo-AM. Se você acha a de 2022 uma das piores, deve então achar que 2006 foi Série C, não? ”

Meu caro José Antônio, se você pedir, temos como apagar seu texto.

2. Pioneirismo azul, outra vez – Após quase três anos, e na vanguarda do futebol brasileiro, o Cruzeiro reabriu as portas do CT à imprensa. Alguns repórteres disseram da emoção desse retorno à cobertura visual, como sempre foi, até a pandemia.

3. Terror internético – Há poucas semanas, estarrecidos, vimos o volante William, ex-seleção brasileira, voltar da Europa para o seu lugar no Corinthians e logo depois desistir do Brasil. Ele e a esposa receberam tantas ameaças pelas redes sociais que fizeram as malas, deixando o País. Nesta semana foi a vez do lateral Edimar, do Vasco da Gama. Dá ânsias de vômito ler as ameaças via Internet feitas ao jogador, à esposa e às filhas. Absurdo. Não podemos continuar assim, sempre lembrando que em nossas próprias mensagens, quando utilizamos palavrões, termos violentos, ofensivos, radicais, estamos retroalimentando a intolerância. Não faça isto. E vá mais adiante: em seus grupos sociais, censure a violência. Ou, pelo menos, não compartilhe.

4. Bruno Araújo de Carvalho informa que o Atlético vai copiar o Cruzeiro no projeto Caravanas no Interior. Deve mesmo. A ideia é um sucesso, nos reportando à década de 60 quando a população escolar mineira foi cooptada pelo Presidente Felício Brandi com a distribuição do kit escolar do Cruzeiro. Este é o embrião de nossos 70% de torcedores no interior mineiro. Na semana passada a Caravana esteve em Montes Claros e confirmou o que já era notório: esmagadora maioria celeste na região. Há mais de dez anos, com parentes na cidade, visitei Montes Claros e fiquei surpreso com a quantidade de cruzeirenses. Emocionante. Amanhã será a vez de Itabira onde também floresce um extraordinário consulado azul.

5. Cidinho Bola Nossa dá um alerta:

“Puxa, entro no QUINTAL e encontro apenas 10 comentários. O que aconteceu com a trupe emplumada? ”

Cidinho, é o banzo que grassa na Barraca Atleticana pelo momento complicado dentro e fora de campo. Na boca, aquele gosto amargo de cabo de guarda-chuva molhado. No horizonte, sinais de tempestades. O Conselho de Sábios da Grande Bom Despacho já se prontificou a atender até por chamada de vídeo.

6. João de Deus Filho, nosso Guru da Racionalidade, sofre ligeira recaída provocada pelo mal enquadramento na análise de algumas pesquisas.  Como se sabe, é mais fácil torcer pesquisas que roupa molhada. O que não se pode é contrariar fatos. Por exemplo, mesmo na Série B, já por 3 anos, o Cruzeiro está entre os primeiros em presença de público nos estádios perdendo apenas para Flamengo, Corinthians e Palmeiras. E imagine só: com média de 38.721 torcedores como mandante, o Cruzeiro supera em mais de 25% o número de presentes no Brasileiro de pontos corridos de 2003 quando nós não tínhamos um time de futebol. Tínhamos uma máquina mortífera. Mas batemos outros recordes: 2013 (28.911) e 2014 (29.691). Triste lembrar que a pandemia nos tirou esta força em nossos dois primeiros anos na B.

7. Baile da Ilha Fiscal-2 – O acontecimento original tornou-se histórico por simbolizar o contraste entre ilusão e realidade. Em 9 de novembro de 1889 – 6 dias antes da Proclamação da República – o Império brasileiro ofereceu um Baile de Gala à oficialidade do Encouraçado Chileno Almirante Cochrane. 5 mil convidados. Jantar com altíssimo requinte, para 500 privilegiados, nos jardins do palácio. O luxo contrastava com as penúrias financeiras que a Coroa enfrentava.

Sempre aliei este episódio ao que acontece com estrelas cadentes, no Universo. Tão distantes da Terra que, embora extintas, seu brilho ainda não se apagou.

Quando, consciente ou inconscientemente, não percebemos a “realidade real”, ficamos sujeitos a surpreendentes amarguras como a que, 6 dias depois do baile, aniquilou o Império.

Mil desculpas antecipadas à Barraca Atleticana mas, mutatis mutandi, penso ouvir acordes desse Baile do outro lado da Lagoa. Notícias de rombo financeiro incalculável intercalam-se com o descontrole geral no gramado, queda vertiginosa de rendimento. Dezenas de jogadores com salários superiores a um milhão, trombam uns nos outros em campo, superados por adversários cuja folha mensal é coberta por qualquer um dos titulares atleticanos. Ilusão & Realidade. Prestem atenção nos sons… acordes de um Baile da Ilha Fiscal-2…brilho de estrelas cadentes…

8. Vale a Pena – O Palácio da Ilha Fiscal, no Rio (onde funcionava a Alfândega), recebe visitação pública, mas com horários bem restritos. Apenas sábados, domingos e feriados E, apenas às 13h; 14h, 15h e 15h30.  O acesso é feito em embarcações que saem do Espaço Cultural da Marinha, na Praça XV. Aceitam-se caravanas de atleticanos masoquistas.

9. Extrema ironia – O técnico Lisca, cooptado pelo Santos, assinou contrato até dezembro de 2023, mas foi demitido há uma semana. Contratado terça-feira pelo Avaí, estreia sábado, contra o Santos.

GARIMPO

“Resista a tudo – menos a tentações. ”

(Oscar Wilde)