ALEA JACTA EST!

Os romanos usavam esta expressão para coroar decisão importante, encerrando dúvidas e que poderia significar vida ou morte: A SORTE ESTÁ LANÇADA!

É mais ou menos o que está acontecendo com o Cruzeiro. Isolado num casulo paulista, o presidente SR vem tratando a transformação em S.A. como liturgia grega medieval, com privilegiadíssimos iniciados. Entrega raras informações, mas, paradoxalmente, vai precisar nos próximos dias, de aprovação da Assembleia Geral Extraordinária, do Conselho Deliberativo. Não parece preocupado com isto. Desde que o Conselho caiu nas mãos da Família União as assembleias chegam a ser até monótonas, sem embargo da gravidade dos temas votados. O presidente do conselho abre a reunião, passa a palavra ao presidente do Cruzeiro, que discorre por duas horas sobre contatos feitos na Europa, com clubes e grupos empresariais, pincelando um mundo que a gente tinha vontade de conhecer.  Conclui agradecendo a presença de todos. A palavra volta ao presidente do Conselho, que anuncia o resultado da votação e o encerramento da assembleia. Deixando rapidamente o auditório, ambos, de costas, nem chegam a ver dezenas de braços levantados pedindo a palavra ou uma explicação do que aconteceu.

Estas cenas certamente vão se repetir. Apesar de tudo, temos de torcer para que mesmo assim, por linhas tão tortuosas quanto absurdas, o interesse maior do Cruzeiro prevaleça e sejam criadas condições para a gradual reconstrução do Clube. Não suportaremos mais um ano de nau sem rumo. 

Já está registrado, na Sociedade Anônima Cruzeiro, o capital social de R$ 22.920.000,00 representando a soma dos direitos econômicos e federativos de atletas das categorias de base. Observa-se que o patrimônio imobiliário ficou de fora. Constituiu-se também o Conselho de Administração, com três integrantes: o presidente Sérgio Rodrigues, o ex-presidente Alvimar de Oliveira Costa e Paulo Henrique Pentagna Guimarães, empresário do setor financeiro. A proximidade do Natal nos impõe o questionamento: os três Reis Magos visitaram a manjedoura levando incenso, ouro e mirra. O que nos trará esse Conselho de Administração?

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Cruzeiro tetra mundial de vôlei – Maior clube da história do vôlei masculino brasileiro, em todos os tempos, o Sada Cruzeiro colocou, sábado, o quarto mundial em sua galeria. Lá já estão sete Sul-Americanos, seis Superligas, seis Copas Brasil, quatro Supercopas e 12 Campeonatos mineiros. Uma emocionada torcida lotou o Ginásio Divino Braga, em Betim, reproduzindo cânticos de guerra que anos atrás dominavam os principais estádios brasileiros. O presidente SR não compareceu. Falta de agenda ou de coragem?

2. Atlético bicampeão brasileiro – Falaram tanto que nem se importavam com o bi, descartando até uma segunda estrela na camisa…  Mas logo no primeiro jogo depois do título, contra o Grêmio, colocaram um “bicampeão” de todo tamanho, nas costas da camisa utilizada.  Eu, pelo menos, nunca tinha visto isto, antes. Pelos aeroportos do Brasil espalharam mensagens a neon, enaltecendo a façanha. Uma festa. Quem nunca comeu melado…

3. Jamicel abre momento ternura no QUINTAL: De férias e com um compromisso no Prado, esticou até o Barro Preto, com suas filhas, contando a elas “um pouco da história de luta do nosso Clube, forjada nas dificuldades, mas sempre vitoriosa! ”

E termina sua mensagem entornando esperanças na reconstrução:

 “Como bônus, foto com o Raposão, na nossa loja. Ah, ser Cruzeiro é bom demais! ”

Obrigado, Jamicel Em breve o gigante passa a respirar sem instrumentos!

4. Bernardo encara o blogueiro:

 “Dalai novamente fantasiando sobre 15 pontos entregues pelo Flamengo… Novamente, o desafio à especificar quais foram os 5 jogos/15 pontos que o time do Renato Gaúcho entregou? ”.

De cara, mato 1/3: Só para o rebaixado Grêmio, o Flamengo jogou cinco pontos no lixo, derrota de 1×0 e empate de 2×2. Jogos tenebroso em que empatou atirando fora 2 pontos em cada um: Chapecoense, Sport Recife, Cuiabá e Bragantino.

5. Jorge, inspiradíssimo, mudou até a letra de nosso hino, musicando a gozeira. Vai firme, Jorge. Como já comentado aqui, vocês sofreram meio século de bullying (com raríssimas pausas) e têm o direito ao revide nesses dois anos de tsunami, Coronavirus e cepa que estamos suportando. Mas vai passar mais cedo do que pensam. E os reis atleticanos, até quando está garantida a harmonia no baralho, digo, na Corte?

6. Atleticano inconformado, denuncía:

 “Como eu disse, vou repetir, digno de pena a tentativa de desmerecer o título incontestável do Galo, o melhor time na temporada…”

Meu caro Atleticano, vamos por partes, como diria o esquartejador: que o Atlético é o melhor time da temporada, ninguém pode duvidar. Mas que ele teve decisiva ajuda do Flamengo e do VAR, também é indubitável.

Quanto à sala de troféus do Cruzeiro, não entre!  A sua luta, com o apoio de Jorge e outros cardeais atleticanos, de tentar desqualificar nossos títulos lembra as batalhas de Dom Quixote contra os moinhos de vento… Chega a ser masoquismo.

7. Marcilio Vaz disfarça, mas, em verdade, ainda não digeriu a “Cinquenta” que acabou tendo duplo significado para os atleticanos. Dói, a lembrança de 50 anos de seca, no deserto…

Depois, sem perceber que seu anjo da guarda foi apurar se seria ou não exigido o passaporte da vacina, Marcilio faz questionamento que não é digno de seu currículo neste QUINTAL:

  “… se a taça é comemorativa de 50 anos ninguém pode ter sido campeão brasileiro em 67, é impossível isso. ”

Meu caro Marcilio, aconteceu – digamos – uma justa revisão histórica promovida pela CBF. Conquistas memoráveis de alguns clubes, equivalentes a campeonatos nacionais, mas sem essa denominação, foram reconsideradas e renomeadas. O Cruzeiro venceu a Copa do Brasil em 1966, disputada contra o Santos, de Pelé, considerado então o Melhor Time do Mundo! 6×2 no Mineirão e 2×3 no Pacaembu.

Incontestável, rebatizar aquela Copa do Brasil.

8. Augusto, como outros condôminos atleticanos, não nos deixam esquecer do dia em que caímos para a Série B:

“Eita dia danado de bom esse 08/12/2019”

Vamos continuar no calendário, com datas significativas para o Cruzeiro:

Após a queda, a pressão contra a administração Wagner-Hermínio-Itair, liderada pela gloriosa torcida azul, assumiu proporções incontornáveis e a renúncia coletiva era questão de horas. Este blogueiro, de decorativo vice do Conselho Deliberativo, assumiu a presidência, com a renúncia de Zezé Perrella. Coube-me conduzir a pressão das ruas ao gabinete de Wagner e ele entregou os pontos no dia 20 de dezembro. A direção do Cruzeiro caiu nas mãos do blogueiro que mal podia andar de tanto plano na cabeça, contando já com a presença efetiva de um selecionado Conselho Gestor. Tinham arrombado os cofres. Tinham feito contratos que de tão leoninos contra o Clube, a gente lia três ou mais vezes, pra conferir se era verdade mesmo. 

Ainda assim, nossos planos entornavam pelas janelas. Iriamos disputar a Série B como nenhum outro time grande havia disputado, com destaque para uma bem bolada política de assistência social em todas as regiões de jogos.

Tudo azeitado. Tudo combinado com todo mundo, menos com o Imponderável F.C.

E surgiu a Pandemia trancando o mundo em casa.

Depois daquele 8 de dezembro, caímos mais duas vezes para a B. 

As gozações triplicam.

Mas, meu caro Augusto, vou te tirar o sono agora, com duas proposições:

1. Imagine, se não houvesse a Pandemia;
2. Imagine, se tudo que aconteceu com o Cruzeiro, acontecesse apenas com o Atlético.

Boa noite.

9. Murilo Andrade Marçal não põe fé nas últimas contratações anunciadas; “nenhum vale nada”. 

Meu caro Murilo, dê um crédito de confiança. Edu, por exemplo, foi o artilheiro da Série B. Marcava gol por telefone. É o que estamos precisando. O meia João Paulo teve ótimas temporadas na Ponte e, por último, no Atlético Goianiense. Pedro Castro, volante, será bom companheiro de meio campo com Adriano.  Vamos confiar.

10. Cruzeiro sim! pinça três pontos “desconfortáveis demais”.

• O presidente do Cruzeiro pede desculpas pelo time ficar dois anos parado no tempo e no espaço. Entenderia um pedido de desculpas por um ano. Dois anos torna incompreensível um pedido de desculpas. Soou como gozação;
• O Cruzeiro torna-se SAF e começa contratações sem freio. Qual a razão do frenesi?
• Presidente promete ingressos “mais acessíveis em preço” para o ano que vem. Ele pode ou deve prometer isto?

Vamos por partes:

1. Nesse estranho pedido de desculpas (“me perdoe por eu ter te agredido anteontem, ontem e hoje…”) o presidente volta a falar nos seis pontos que a FIFA nos retirou… (e quantos nesses dois anos de B ele nos retirou?). Em 2020, começamos, sim, com menos seis, mas as três vitórias seguintes, conseguidas pelo time comandado por Enderson Moreira (contratado por mim e pelo Conselho Gestor), pagaram a dívida e nos deixou com três pontos positivos. Seria questão de tempo alcançarmos as primeiras colocações. Aí, chegou um “assessor de minha confiança pessoal”. E Deivison assumiu a sua funesta função de X-9, conduzindo a vaca definitivamente para o brejo. Se o presidente pedisse desculpas pelo Deivison e por ter recusado o apoio do Conselho Gestor e de tantos cruzeirenses de raiz que só queriam ajudar, ficaria mais palatável.

2. Essas contratações são necessárias, porque deixar como estava seria suicídio.
3. Promessa de ingressos mais baratos, no próximo ano. Jogando pra arquibancada, como gosta de fazer, quando não está olhando para o espelho.
4. Marco Aurélio também estranha as contratações anunciadas e pontua que são desmerecimento da turma de 2021.

Marco, por favor, com algumas poucas exceções, a “turma de 2021”, gente honesta, de caráter, mas pouco futebol, nos matou de raiva!

11. Geraldo, cruel, destrincha o Conselho Deliberativo do Cruzeiro:

 “… é só pagar um churrasco. Não precisa gastar muito, eles aceitam carne de segunda, frango, linguiça barata e cerveja baixa-renda. ”

Geraldo, até parece que você já esteve com a gente!

12. Bernard José de Assis quer trucar o blogueiro:

“Dalai, uma das palavras suas que mais me chamam atenção é vc dizer que o Flamengo “entregou” 15 pontos em derrotas inexplicáveis. Se usar o mesmo raciocínio, dado que o Galo iniciou o campeonato de forma inconsistente, podemos dizer que pelo menos 10 pontos o Galo também teria dado ao Flamengo, a saber: dois empates com o lanterna Chapecoense e as derrotas para o xará Goianiense fora e Fortaleza em casa.”.

Meu caro Bernard, situações distintas reclamam conclusões diferentes. O Atlético perdeu esses pontos no início ou no meio do campeonato. Na reta final, quando a diferença entre os dois Clubes era o destaque nos noticiários esportivos e o Flamengo tinha dois ou três jogos a menos, dependendo apenas dele próprio pra ser campeão, teve início o “efeito-Renato Gaúcho”, encerrado com a demissão do treinador. 

13. Luiz Antônio Lopes Barcelos joga as cartas na mesa, sem reservas, focando a exaltação atleticana:

“Isto é normal, afinal foram 50 anos sendo a chacota nacional. A mágoa e a revolta são grandes e o pior de tudo, a inveja é ainda maior. ”

Com outras palavras, Luiz Antônio repete o que sempre falo: os atleticanos, vivendo um momento mágico, seriam mais felizes se apenas curtissem… mas não conseguem. A mágoa é tanta que têm de revisitar o passado pensando que assim poderiam atenuar o bullyng. Não podem.

Isto só alivia se vocês deixarem quietinho o que passou.

 Se servir de consolo, volto a confessar: hoje, sabendo o quanto dói, me arrependo do que fiz com vocês por meio século!

14. Rei Melo retorna, pegando pesado com blogueiro:

“… se ccontinuasse a seguir as ideias do Dalai, com mais um ou dois anos o clube estaria jogando o torneio corujão…”

Ou não!

 O técnico que indicamos e com o qual passamos o comando do Cruzeiro ao presidente eleito foi Enderson Moreira. Ganhou as três primeiras rodadas, pagando os seis pontos da FIFA… Entrou Deivid, “da minha confiança pessoal”, Enderson foi expulso, rodou um pouco e depois pegou o Botafogo lá embaixo, levando-o ao título da Série B.