GUARDIOLA NO CRUZEIRO!

Faça um exercício de imaginação e coloque Pep Guardiola, um dos três melhores técnicos de futebol do mundo, substituindo Mozart no Cruzeiro.

Mídia internacional em frenesi.

Tudo mais continuando o mesmo: um presidente que sabe falar bonito, salários atrasados, aspones, desorganização interna, bandidos recuperados circulando e as tradicionais duas velas acesas: uma a Deus outra ao diabo, ou seja, “Alice no País das Maravilhas”- versão malvadeza.

Você acha que Guardiola no banco faria com que Thiago não perdesse aqueles gols? Que se ajustassem, minimamente, as nossas cabeçadas, nos dois sentidos do termo?

Evidente que não haveria milagre.

Quantas rodadas Guardiola resistiria até pedir o chapéu?

Vamos nos iludir mais uma vez?

Não adianta colocar Lewis Hamilton para dirigir um carro com pneus carecas, combustível falsificado, barra de direção desajustada, motor queimando óleo.

Enquanto não tivermos a coragem de colocar a casa em ordem, assumindo medidas saneadoras, doa em que doer, tudo continuará na mesma e trágica toada. Uma vergonha para as nossas tão caras tradições.

Chega de teatro administrativo!

Que se abram as portas do Cruzeiro, não apenas para Alvimar Perrella, mas para um Grupo de Salvação, ele incluído, composto por gente com ideias na cabeça e dinheiro no bolso.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Cruzeiro x Londrina – tal como na partida anterior, quando visivelmente o emocional travou Thiago (ele não é tão ruim, assim), o jogo de sexta-feira mostrou que cabeça ruim não dá boa cabeçada. Inacreditáveis os gols perdidos em jogadas que teriam 100% de aproveitamento em outras circunstâncias.

Na ida para o Mineirão, a torcida barrou o ônibus, Marcelo Moreno desceu pra falar com os torcedores e aumentou nossa angustia. Postou mensagem sobre o que falou: “Vocês sabem algumas coisas, mas o resto, só nós (jogadores) sabemos… Por isso que estou defendendo todos os jogadores, porque esses caras estão fazendo o que podem”.

Há versões de que na conversa cara a cara ele teria acrescentado que os torcedores não faziam ideia do que acontece internamente.

2. Atleticano empurra o blogueiro pra sinuca de bico. Constrói ardiloso silogismo: se tivemos administrações fraudulentas, inflacionando compras de jogadores, contratos absurdos, deixando credores com pesados prejuízos, pergunta:

“como não relacionar os títulos às falcatruas? ”

No final, dá xeque-mate:

“Antes que diga que ninguém sabia de nada, pra que servem 400 conselheiros que deveriam representar o torcedor, de dentro do clube? ”

Meu caro Atleticano, em primeiro lugar obrigado por valorizar este QUINTAL com peça tão bem articulada, em forma e conteúdo. Você está irremediavelmente condenado a integrar a honrosa galeria de condôminos, dos dois lados da lagoa, que elevam o sarrafo deste minifúndio.

Mas vamos à luta.

Aprendi cedo a não brigar com fatos, tampando sol com peneira. É pura perda de tempo. Como você bem enfoca, houve sim falcatruas várias no Cruzeiro, contratos elaborados para um mundo fictício, porém terrivelmente onerosos. Cláusulas que temos de ler e reler pra sentir que estão mesmo escritas. Tudo na surdina. Impossível conselheiro sequer suspeitar.

Mas, graças a Deus, os nossos títulos foram conquistados em campo. Sem qualquer auxilio de apito. VAR ou Federação. Entrarão para a História, como tantas outras, batalhas épicas contra o Corinthians em Itaquera, contra o Flamengo, no Maracanã. Limpamente.

E certo que credores estão no prejuízo, impostos formam pesada dívida ativa com a União, salários estão atrasados.

Verdade.

Apenas este descalabro administrativo arrasa qualquer Clube do mundo, como está o Cruzeiro.

Agora imagine a trágica e inusitada coincidência: No início de janeiro de 2020, quando descobríamos os cofres arrombados, a extensão da quadrilha e a necessidade de recomeçar do zero, veio a pandemia. O mundo ficou recolhido em casa. O que já era dificílimo ficou impossível. Não pudemos sair à procura de soluções ou auxílio. Mas os boletos continuaram chegando.

Nenhum outro grande Clube passou por esta coincidência de tragédias.

Ocorre que pelos nossos crimes já estamos pagando caro demais. Perda de pontos na FIFA, proibição de contratar, dois anos na B, multas, desprestígio internacional, bloqueios de contas, noticiário policial, roupa suja lavada na Praça Sete.

Além de toda essa desgraça, perder também os títulos conquistados, como você insinua, seria bis in idem (pagar duas vezes por uma mesma infração) e, isto, nossa legislação proíbe.

Meu caro Atleticano, as maiores vítimas desta roubalheira são o próprio Cruzeiro e 9 milhões de torcedores irrecuperáveis, como eu, que perdem sono e apetite se a camisa mais bonita do Brasil não sai vitoriosa de campo.

3. Bruno Cunha ajusta a mira, lança um míssil Exocet direto na barraca do Atlético neste QUINTAL e atinge o alvo justo na hora em que cardeais do peso de um João de Deus, Sem Paciência, Jorge, Teobaldo, Saulo Antônio, Romulo, Galo Doido, Peppeu e outros debatiam táticas de guerrilha pra infernizar ainda mais a nossa vida:

“Vão sonhando! Se ficarmos 10 anos sem jogar, ainda assim Vespasiano não teria a metade dos títulos que o Cruzeiro tem. Soberba e arrogância não são para quem quer. São para quem pode!!!”

Desculpa aí, pessoal!

4. Pedro, esquentado pelo incendiário texto do Atleticano, pega sua própria granada, tira o pino e mira o blogueiro já na primeira frase:

“O senhor hospedeiro da página, até onde eu sei, era conselheiro. O que ele fez? ” (…) nem aqui no condomínio é aceitável algum contrato sem o conhecimento dos conselheiros. Seria o conselho do Cruzeiro mais inoperante que o conselho de um simples condomínio? ”

Desculpe-me, Pedro, não compare patinete com bem-te-vi. No condomínio residencial ajuntam-se aleatoriamente pessoas por causa de um grande interesse comum: compraram um apartamento naquele edifício. São proprietários de uma fração dele.

E vivem ali, julgando dia e noite o trabalho do síndico, pelo estado de limpeza das áreas externas, funcionamento dos elevadores, atuação dos porteiros.

Os conselheiros de um Clube, muitos “catados” entre amigos pra atuarem como vaca-de-presépio, acabam formando apenas massa de manobra pra convalidar os atos do presidente. Às vezes nem sabem o que votam. Aí, o que decide o futuro do Clube é a balança de dois pratos: a maioria é bem ou mal-intencionada?

Hoje, no Cruzeiro, há um grupo de conselheiros abnegados, sofridos com a nossa situação, gente que nunca se beneficiou com um centavo do Clube, e luta pra ajudar de alguma forma, mas encontra sempre as portas fechadas. Não fazem parte da corte real.

Além do mais, meu caro Pedro, boa parte dos atos do presidente de um Clube não passam pelo Conselho. Contratos com patrocinadores, jogadores e seus agentes, por exemplo. Maracutaias das grossas são tramadas e os conselheiros que não ornamentam o presépio real só ficam sabendo depois que a polícia chega e a imprensa noticia.

5. Carlos, sob outro ângulo, aborda o mesmo tema:

“… nós, torcedores, não temos acesso a tudo o que acontece nos bastidores, achávamos que estava tudo às mil maravilhas…”

Eu também achava, Carlos. Exercia na época o posto ultra decorativo de vice-presidente do Conselho Deliberativo. Nunca fui convidado para as reuniões de Zezé Perrella com Wagner Pires, Hermínio Lemos ou Sérgio Nonato. Tenho prova eloquente: no festivo almoço em churrascaria da Raja Gabaglia para selar a união dos dois grupos, resultando na nomeação de Gustavo Perrella para alto cargo no gabinete de Wagner Pires, a presença foi de 100% da cúpula dos dois presidentes. TODOS, de um lado e do outro, compareceram. Há centenas de fotos de gente entusiasmada com a “nova aliança”. Não apareço em nenhuma.

Não estava lá. Até porque não fui convidado.

Meu caro Carlos, quanto às suas preocupações sobre o nosso futuro, assino embaixo. Vamos torcer para que haja substituições urgentes no alto comando: sai vaidade, entra solidariedade; sai egocentrismo, entra grupo propositivo; sai sujeira debaixo do tapete, entra sol de meio dia.

6. Bruno Cunha, com invejável poder de síntese, descreve os nossos jogos:

“Inacreditável ver como esse time é mal treinado! Os caras só sabem recuar para o meio campo e o meio campo recua para a zaga e a zaga para Fabio que dá um chutão pra frente. Os laterais não fazem cruzamento, rifam a bola de qualquer jeito pra se livrar dela… os atacantes miram as arquibancadas e não as balizas das traves… até quando? ”

Bruno, é sedutora a sugestão de levar o jogador a decidir se quer continuar ou não encarando os problemas atuais até que a coisas se normalizem. Mas seria inexequível, primeiro porque nenhum atleta se arriscaria a assumir uma posição negativa. Em segundo, as leis trabalhistas não permitem o afastamento proposto.

Temos de torcer é para que surja uma luz no fim do túnel.

E que não seja o trem se aproximando.

7. Paulo Roberto Sousa, sobre o tema levantado por Bruno Cunha, pincela conflito psicológico inevitável, já abordado neste QUINTAL: mesmo com salários atrasados, o propósito de continuar trabalhando motivado na empresa, e os boletos de pagamentos se acumulando em sua casa. Impossível não se afetar.

8. Bruno Araújo de Carvalho toca em ferida exposta:

“aparecendo uma vitória… o que esses incompetentes vão “arrotar” nos microfones comunicativos à torcida…! ”

Infelizmente, coração e alma destroçados, muitos torcem contra, temendo o continuísmo. Daí a urgência da palavra do presidente definindo seus propósitos. Vai tentar de novo emplacar o casuísmo? E a ajuda de quem pode e quer? As portas continuarão fechadas enquanto o barco afunda? O pior é que a gente fala também quando silencía. E ele permanece mudo.

9. LUCIO CARLOS, sem meias palavras, acusa:

“enganaram, mentiram, omitiram e por fim roubaram! Isso, no passado! manchando tudo o que Felício Brandi construiu (…) nosso momento atual só não tem roubo, mas tem os demais ingredientes acrescidos de teimosia, ignorância, desconhecimento, vaidade, pirraça e por aí vai… Mas essa camisa resistiu e continua resistindo a essa chuva de granizo que cai sobre nossos ombros (…) Enquanto isto, continuamos afundando e torcendo para alguém nos salvar… Chega de vaidade! ”

10. Beth Makennel Cruzeirense pede respeito ao Cruzeiro Esporte Clube e desfila seus argumentos, com base em Marcos Caldeira Mendonça – O TREM ITABIRANO:

01. Maior campeão da Copa do Brasil;

02. Ajudou o Brasil a formar a maior seleção de todos os tempos, campeã do mundo em 1970, no México, cedendo-lhe Tostão, Piazza e Fontana;

03. Derrotou o Santos de Pelé duas vezes na final da Taça do Brasil de 1966, incluindo “uma balaiada de 6 x 2, considerada por muitos a maior derrota imposta àquele antológico time paulista”;

04. Tem sete conquistas sul-americanas e é o primeiro fora do estado de São Paulo a vencer uma Copa Libertadores, em 1976;

05. O único Clube fora do estado de São Paulo detentor de 10 títulos de competições nacionais, seis Copa do Brasil e quatro Campeonato Brasileiro;

06. Único clube brasileiro a ganhar a Copa do Brasil duas vezes em sequência, 2017 e 2018;

07. Único a conquistar duas edições seguidas do Campeonato Mineiro vencendo todos os jogos, em 1929 e 1930, sem um empate sequer;

08. Conquistou duas das três edições da Copa Sul Minas, em 2001 e 2002;

09. Primeiro clube brasileiro a conquistar a Tríplice Coroa: Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato brasileiro, em 2003; ”

Chega, ou querem mais?

11. Leonardo Mello, Galão Querido, Manuel Panhame e Obscuro sentiram o cruzado de direita desfechado por Beth.

Mas, há argumentos contra fatos?

12. W. Peto descrevendo cena domestica de sua família cruzeirense, o guardar jornais antigos que se tornaram importantes pelas nossas vitórias… a vibração durante os jogos… foguetes… angustia… ansiedade…

Meu caro W. Peto, em verdade você não retratou sua casa e, sim, milhões de lares azuis. Somos nós. Vou confessar um exemplo pessoal: em momentos de moral baixa costumo valer-me do excelente cronista atleticano Fred Melo Paiva. Releio sua antológica crônica no sábado que antecedeu o nosso inesquecível 6 x 2. Depois releio a crônica seguinte. A autoestima cruzeirense ressuscita logo.

13. Rei Melo – prenunciando o que aconteceria na noite de sexta-feira, aborda um tema crônico: as más escalações do Cruzeiro. Inacreditável – depois de nove rodadas – o ex-técnico não ter encontrado 11 titulares. E se as “experiências” são feitas durante as partidas, o que treinamos, afinal?

14. Lener de Lucena Murad tendo a coragem de confessar: embora com alma e coração destroçados torce para o Cruzeiro perder, temendo que uma vitória reascenda o continuísmo. Meu caro Lener, como já lembrado acima, muitos cruzeirenses, do meu convívio, pensam da mesma forma, ante a evidente falta de “desconfiômetro” do nosso comando. Uma pena que um Clube da grandeza do Cruzeiro esteja sendo tratado como time de várzea, criado ontem. Ante o egocentrismo, a vaidade e a prepotência administrativa, a cada dia perdemos um pouco de nossa identidade. Até quando?

15. romulo, em remake da piada do Benecy sobre jogo amistoso “comprado”, teve o trabalho de localizar o vídeo da famosa entrevista ao repórter Orlando José e o coloca à disposição dos leitores, neste QUINTAL. Mais uma vez, revi a entrevista e peço ao romulo que faça o mesmo, com atenção especial nesses pontos: temas anteriores, propostos pelo repórter, encontra um Benecy sério, compenetrado. Quando comenta “aquele jogo”, ele sorri quase dizendo “vou contar uma piada”. Toda a narrativa seguinte provoca risos. O goleiro é Vitor, o técnico é Enio Andrade. Ambos nunca trabalharam juntos no Cruzeiro. E o jogo é amistoso. Quem teria interesse em “comprar” o juiz?

Você compraria um canivete sem cabo, que perdeu a lâmina?

16. Mecão das Gerais em grande estilo retorna ao QUINTAL e pega atleticanos com as calças na mão: a falta que resultou na anulação do gol do Boca Juniors contra o Atlético é semelhante à sofrida pelo zagueiro Bauermann, do América, aos 49 minutos do segundo tempo, no segundo jogo das finais do Mineiro deste ano.

E arremata:

“Ora, em Belo Horizonte, os treticanus alegaram com todas as forças e espernearam que não houve falta (e consequentemente, pênalti). No entanto, em La Bombonera, a treticanada alegou e esperneou com todas as forças que houve falta sim… Esquizofrênicos? Ou é simplesmente aquela malandragem do “se for contra meu clube, não se penaliza, mas se for a favor do meu clube, penaliza sim”!

Ótimo retorno, Mecão. O consulado americano neste QUINTAL precisa de você.

17. José Antônio, maquiavélico, pergunta se vai ter “carta aberta ao Pôfexô”, como teve pro Felipão? ”

Meu caro José Antônio, vamos aguardar os acontecimentos.

Nesse perigoso oficio de escrever, aprendiz que ainda sou, procuro evitar armadilhas frequentes, que pegam muita gente boa, como por exemplo, bancar o “profeta de guerra acabada”. Criticar depois que a vaca foi para o brejo. Isto é muito fácil. Digo-lhe então que vou apoiar, sim, Luxemburgo se for o escolhido. Mas não o contrataria. Prestou excelentes serviços ao Cruzeiro, como Marcelo Oliveira, mas ambos, a meu ver, já ultrapassaram a data de vencimento. É o curso da vida.

18. Rei Melo/2 solta cachorros hidrófobos em cima do blogueiro, dos conselheiros, jogadores e diretoria. Triste reconhecer que você está possuído da ira santa. Temos de tomar vergonha na cara.

19. Galo Doido New York – atingido por nova cepa do vírus “atleticanus malignum”, entra em delírio, volta a abordar, com palavras desconexas, o caso Benecy, clama por “apito amigo” em todos os futuros jogos do Atlético e faz votos de que a pretendida vitória sobre o River Plate venha “com um gol de mão, aos 52 minutos do segundo tempo, validado pelo VAR.”

Informado do estado de saúde de Galo Doido, o Conselho de Anciãos de Dores do Indaiá enviou oficio urgente a este QUINTAL pedindo a suspensão preventiva de comentários, até a realização de novos exames.

Mais tarde, a família informou que a última prescrição médica foi de aumento de dosagem do Chá de Santo Daime e liberada a TV, mas apenas para partidas de curling.