HOJE, 9 DA NOITE: 2.850 METROS DE ALTITUDE!

Será nestas alturas, em Quito, contra a Universidad Católica, pela Copa Sul-Americana, o reencontro de “La Bestia” com as disputas internacionais suspensas desde 2019 quando o tsunami interno arrasou o Clube.

Pra chegar ao Equador, viajamos terça-feira, em voo fretado, 4.300 quilômetros, cumprindo logística especial, reduzindo desgastes porque domingo tem o clássico decisivo do campeonato mineiro. O consolo é que o adversário na final não estará descansando: viajou também na terça e joga hoje contra o Caracas, na Venezuela, às 19h, pela Libertadores da América. 

Ponto negativo: a FMF não soube equacionar uma solução no Mineiro evitando tamanho desgaste para os disputantes do título.

Quis o Imponderável F.C. fixar nesta semana, para o Cruzeiro, a retomada de uma caminhada tão vitoriosa no passado, mas interrompida há cinco anos por uma série de graves fatores extracampo. Em consequência, amargou três anos seguidos na Série B e se viu alijado de todas as demais competições, enquanto Polícia e Ministério Público eram visitas frequentes às gavetas do Clube prospectando escândalos. Iniciava-se, com aqueles lamentáveis acontecimentos, agravados pela pandemia mundial, uma longa noite de horrores. É dela que estamos procurando sair nesta semana. 

Que tenhamos sorte. Sempre sabendo que ela, a sorte, é a reunião de oportunidade com capacidade.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Fake da maldade – Grupos atleticanos, orquestrados, tentaram dar fôlego a uma mentira. Propagaram que os jogadores do Cruzeiro, após o jogo de sábado na Arena MRV, entoaram no vestiário gritos de “É campeão!” Isto não aconteceu. Pelo contrário, os entrevistados sempre ressaltaram que nada está decidido e que a vantagem do empate, em clássico, é insignificante. Felizmente, em seus programas esportivos a Rádio Itatiaia reprisou o testemunho de Thiago Reis, presente no vestiário azul até a saída dos jogadores, desmentindo a comemoração inventada.

2. Romulo – malabarista da palavra – confessa na última edição, em resposta a Paulo Augusto, que “quando faltam argumentos aí é hora de partir pra zoação… Em assuntos que não tenho como discutir faço assim também…kkk”

Nesta toada, na segunda feira, após o jogão emocionante de sábado na Arena MRV, começando a decidir o campeonato mineiro, o que faz Rômulo? Discute a população de Minas Gerais pra discordar que haja 13 milhões de cruzeirenses. Reduz para 20 milhões os mineiros, que em junho de 2021 eram 21.411.923 segundo o IBGE. Daqueles 20, com base no IRP (Instituto Romulo de Pesquisas) subtrai 1/3 “que não gosta de futebol” e conclui que, tirando os 13 milhões de cruzeirenses, não sobra um torcedor sequer pra ser atleticano…

Meu caro Rômulo, quer dizer que se você fosse editor de esportes de jornal mineiro, a sua manchete após Atlético 2 x 2 Cruzeiro, começando a decisão do campeonato, seria o debate sobre tamanho de torcidas em nosso Estado?

Calma… de cotovelo inchado a gente entende. Numa hora destas é lembrar que tirando motorista e trocador, tudo é passageiro…

Voltando à pesquisa: desculpe-me ser repetitivo, mas o fenômeno de crescimento da torcida azul nos anos 60, com Felício Brandi (permaneceu 20 anos na presidência do Cruzeiro) é até hoje exceção na sociologia esportiva. No gramado tínhamos um time dos sonhos – Tostão, Dirceu Lopes, Piazza e cia. – no Marketing a ideia miraculosa de abastecer todos os estudantes primários do estado com material escolar divulgando o clube: lápis azuis com escudo, borrachas idem, cadernos com fotos dos craques, etc. Ano após ano, após ano… muitas vezes com a presença dos próprios craques na entrega do material…

Sementes germinam, viram árvores e frutos.

Admitidas variantes no Sul de Minas e Zona da Mata, 70% do interior mineiro são cruzeirenses.

3. Lucas Silva – Não quero puxar brasa pra minha sardinha, mas sempre defendi um meio de campo azul com os dois Lucas e Cifuentes. Passamos um primeiro tempo horrível, na Arena MRV. No segundo, voltamos a ser um time. Tivemos a habitual colaboração da zaga atleticana para o inicio da reação e passamos a ganhar as divididas. Faltava alguma coisa. Lucas Silva entrou aos 27. Melhoramos mais ainda. Nos minutos finais, pegou uma bola na intermediária adversária, prospectou o ambiente, poderia dar uma enfiada vertical, a esmo, mas viu na sua direita o zagueiro João Marcelo livre e não apenas lhe deu o passe, apontou para área atleticana sugerindo cruzamento. Craque é craque.

4. Paulo Augusto mexe fundo no baú azul e se recorda “de um cara que nem era tão técnico e levou tempo pra maturar. Depois arrebentou, destruía defesas e fazia belos gols. Boiadeiro! O cara só não podia ver avião…”

Embora tenha jogado também no Vasco, Flamengo e Corinthians, entre outros times, Marco Antônio Ribeiro escreveu suas páginas mais gloriosas vestindo a camisa mais bonita do Brasil. Seria mais ou menos um “Lucas Romero” mais adiantado e que marcava muitos gols.

Boiadeiro, próspero empresário, vive na região de São José do Rio Preto (SP). É um olheiro voluntário, gratuito, do Cruzeiro nas divisões de base de sua vizinhança.

5. Thiago Rodrigues lança inquietante tese sobre a Arena MRV: a preocupação com o isolamento acústico para proteger a vizinhança do bairro Califórnia acabou resultando num projeto de velório. No interior do estádio, o som é abafado, não se propaga. Daí os “pontos surdos” que a gente não vê, mas sente. Ao contrário dos “pontos cegos” que a gente vê e sente. Com a palavra os entendidos.

6. Teobaldo retorna, como ele próprio diz, “depois de longo e tenebroso inverno, no qual pude romper um período de luto extremo…”

Meu caro, antes de mais nada, receba a solidariedade de um irmão, PhD nesse campo de luto extremo.

No mais, aberto os trabalhos, parabéns pela coragem de lançar uma nitroglicerina pura com esse potencial: “Excelente resultado do Cruzeiro contra o sub-40 do Atlético”.

É isto mesmo que você quis dizer? Está preparando uma delação premiada?

7. Augusto continua um prato cheio para psicólogos. Não suportando o bom desempenho do Cruzeiro no Futebol Feminino e, especialmente, no vôlei masculino, passa a imaginar outras competições (Salto à Distância, Purrinha, Finca…) achando que assim desidrata as disputas reais. Meu caro Augusto, há leitores deste QUINTAL, profissionais, que lhe oferecem consulta gratuita. Se você aceitar, use uma senha pra dizer “sim”: inclua Bolinha de Gude nas próximas competições. Você será procurado em casa.

8. Gelvane de Melo Cardoso direto ao ponto:

“Agora é a vez do gigante da Pampulha. Bora trabalhar e fazer a nossa parte.”

Sim…bora, que é pra frente que se anda!

9. João de Deus Filho cai na real quanto ao futebol:

“Devido à raiva que o Atlético me fez, hoje não vou comentar muito sobre o jogo.”

Mas pega na mão de Alice ao abordar a renda do clássico:

“No total, o lucro livre do clube foi de 2,4 milhões.”

Meu caro João, cuidado em falar de “lucro livre” no seu Clube. Quando as colunas de crédito e débito, além da prestação de contas, se confundem na mesma pessoa (credor/devedor; pagador/recebedor) os números passam a dançar conforme a música do momento. Vá com calma.

10. Romário – Grupos sociais elegem o atacante cruzeirense que mais se assemelha ao “baixinho” em posicionamento instintivo na área, aquilo de estar no lugar certo na hora certa: Jemerson.

11. Da série “Non Sense” – Neymar prestigiou o primeiro jogo da final do campeonato paulista, na Vila Belmiro, Santos 1 x 0 Palmeiras. Desta vez chamou a atenção não pelos cabelos, mas pelo punho esquerdo onde brilhava um relógio Richard Mille RM-68-01, pintado à mão pelo artista francês Cyril Kongo. São apenas 30 peças no mundo. Se o 01 referir-se à numeração, Neymar terá sido o primeiro cliente. Valor: 12 milhões e meio de reais.

12. Hulk e os árbitros – A barraca atleticana neste minifúndio acha que o blogueiro implica sem razão contra atitudes de Hulk em campo. Desculpem-me, mas razões é o que não falta. Após o jogo contra o América, em novembro passado, a Associação de Árbitros de Futebol do Brasil soltou nota oficial repudiando o comportamento do craque. Hulk não se emendou e continuou achando que o papel do capitão   é “assessorar o juiz” minuto a minuto, emitindo parecer sobre suas marcações. Sábado, na primeira partida da decisão do mineiro, fartou-se de admoestar o árbitro, até com gestos e, encerrado o jogo deu entrevista chamando-o de boçal. Recebeu outra nota de repúdio, desta vez do Sindicato dos Árbitros de Minas Gerais, onde se destaca:

“A arbitragem não pode mais ser usada para transferir responsabilidades e nem justificar o baixo rendimento do clube após os jogos, nem tampouco ser palanque para jogadores, técnicos e dirigentes descarregarem suas frustrações.”

GARIMPO

“Há malas que vêm de trem”.

(Diogro, filósofo popular, curitibano)