O PASSADO DO CRUZEIRO LEVA 59 MIL AO MINEIRÃO HOJE

Certamente, não é pelo time de hoje que 59 mil abnegados cruzeirenses já compraram ingressos para a partida contra o Náutico. Este Clube atingido por uma incrível coincidência de azares e que hoje está no fundo do poço tem uma história que honra o futebol mineiro, brasileiro e sul americano. Durante décadas, sem contestação, foi o Maior de Minas e o Maior do Brasil, fora do protegido eixo Rio-São Paulo. Em disputas monumentais, escreveu seu nome em campos da Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, entre outros, o que lhe rendeu o codinome “La Bestia”. Colecionou 4 Brasileiros, 6 Copas do Brasil e por duas vezes disputou finais de campeão do mundo.

Hoje, carregando a tríplice coroa da Série B, sustenta-se nesse passado para reestruturar seu futuro. Suas “páginas heroicas, imortais” lhe preservam a dignidade dos grandes apesar das tragédias sucessivas e que atingiriam da mesma forma, ou até pior, qualquer outro Clube.  Críticos apressados soltam aqui, de vez em quando, as chamadas “pérolas da desinformação”, com a perguntinha básica: “uai, a pandemia só atingiu o Cruzeiro? ” 

Sim, Pedro Bó.  No chão, destruído antes pelo tsunami Wagner-Itair, foi só o Cruzeiro. Com o mundo fechado em casa, como reagir, se nossos cofres estavam arrombados?

Entendeu, ou quer que desenhe?

Em outras palavras, nosso passado é maior do que a tragédia de hoje. É por isto que nesta noite, contra o Náutico, 59 mil torcedores estarão no Mineirão reavivando nossa história, mostrando quem somos realmente. Esse imensurável patrimônio metafísico vai nos salvar, apesar de tudo, inclusive da Cepa SR.

 

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Rafael Sóbis – o jogo desta noite marcará a despedida de um craque que chegou ao Cruzeiro em 2016 quando a gente lutava contra o rebaixamento. Mano Menezes era o técnico. Não só escapamos, como fomos campeões da Copa do Brasil no ano seguinte, sendo Sóbis o artilheiro. No retorno ao Cruzeiro declarou sua “paixão” pelo Clube, a seu ver “um dos maiores do Brasil, talvez o maior, independentemente de estar na Série A, ou B, ou C, ou D.” E teve a dignidade de reconhecer: “a idade me impediu de retribuir à altura”.

Também o volante argentino Ariel Cabral fará sua despedida deixando no Cruzeiro a imagem de responsabilidade e entrega em campo. Num ambiente que se conturbou pelos desmandos administrativos, ele soube se preservar, sempre contribuindo positivamente para minorar problemas.

2. ENDERSON MOREIRA CAMPEÃO DA SÉRIE B – quando ele chegou ao time, a nossa distância para o Botafogo era de apenas dois pontos. Tínhamos 11 e o Botafogo 13. Iria começar a 14ª. rodada. O time carioca precisaria de 66% de aproveitamento para conseguir o acesso, o que parecia inalcançável naquele momento. Chegou a 74% e ao título de Campeão. 

Contratado por mim e pelo Conselho Gestor, esse mesmo Enderson comandou o Cruzeiro no início da Série B, do ano passado, e conseguiu, na largada, três vitórias seguidas, o que jamais se repetiu com o Clube. Foram zerados os seis pontos negativos que a FIFA nos impôs e ainda ficamos com três de crédito. O time não era “uma Brastemp”, mas, bem conduzido, dava para o gasto. De repente se despersonalizou. Caiu drasticamente de produção e foi assumindo as feições de um ajuntamento de condomínio.

Quais as causas dessa queda brusca?

O que mudou tanto pra que pudesse refletir na produção do time?

Certamente são várias causas, remotas e imediatas. Dentre as primeiras, com dezenas de culpados, não me excluo. Mas dentre as causas imediatas acredito que uma tenha alcançado potencial avassalador.

Enderson foi contratado em 17 de março de 2020, pela nossa administração, sendo diretor de futebol Carlos Rocha, um dos mais eficientes integrantes do Conselho Gestor.  Teve tempo e carta branca para organizar o time, pois os jogos estavam suspensos por causa da pandemia.  Nosso mandato terminou em junho, quando SR assumiu. O primeiro jogo foi em 08 de agosto, contra o Botafogo de SP. Vencemos por 2×1, gols de Cacá e Jean. Vencemos os dois jogos seguintes, refletindo sem qualquer dúvida, o profícuo trabalho iniciado em março. 

Essa comissão técnica, formada por Carlos Rocha, foi mantida pelo presidente SR, mas trazendo um “reforço” que se revelou decisivo para os resultados posteriores. Chegou Deivid – “homem de minha confiança pessoal”. Ou seja, naquele ambiente de tradicional trairagem, mas que tem suas regras, confinadas ao próprio ambiente, com atritos e questiúnculas específicas, que ali nascem e morrem, sempre intramuros, chegou um X-9 Oficial. Boleiro, como os demais, porém com uma diferença básica; após cada dia de trabalho, tem uma “resenha” particular com o presidente, na orla da piscina ou em torno de um Ballantinés. Isto equivale a minas explosivas, camufladas no caminho do técnico. O time obviamente começou a despencar por falta de confiança generalizada. Todos passaram a desconfiar de todos. As minas finalmente explodiram em 8 de setembro de 2020, quando SR dispensou Enderson Moreira. Indo para o Botafogo, trabalhando livre, leve e solto, Enderson chegou ao título de Campeão da Série B.

3. Mutirão do Cinquentenário – Prosseguiu terça-feira à noite, simultaneamente em São Paulo e em Porto Alegre, o “Mutirão do Cinquentenário” pra antecipar a entrega da taça ao Atlético. Após o 2 x 2, o Palmeiras, com os reservas e pensando na decisão da Libertadores, começou a fazer cera, pra evitar qualquer susto ao Atlético. Ainda assim, no final, descuidando, um jogador do Palmeiras teve de fazer grande esforço pra perder um gol praticamente debaixo da trave. Em Porto Alegre, quando o Grêmio teve expulso Jonatan Robert, Renato Gaúcho tirou Vitinho, autor dos dois gols, e tratou de descaracterizar o seu time, colocando Arrascaeta há um mês sem jogar. Mas o técnico fez mais: Após o 2 x 0, ele chamou Rodinei fora do campo, ficou conversando enquanto o Grêmio dava a saída de bola e pelo lado direito da defesa, onde deveria estar Rodinei, Ferreirinha tabelou com Victor Bobsin e marcou o primeiro do Grêmio. Rodinei ainda conversava com Renato.

Por esta e muitas outras, há um grupo social – “Campanha Solidária” – pretendendo que na Taça de Campeão Brasileiro a ser dada ao Atlético seja gravado o adendo: “com a expressiva cooperação de Flamengo e Palmeiras”.

4. Jorge – Assim como esses artistas de circo, com destreza manual, manobram no ar até cinco bastões, Jorge –  malabarista de palavras – usa e abusa do ilusionismo embaralhando frases, com tal fartura e rapidez, que a certa altura você não sabe se está na Badia, comendo um torresmo de barriga azeitado pela Cristalina do Picão, ou em Tóquio assistindo luta de Sumô, com os dois gorduchos se encarando

“olho no olho”…

Meu caro Jorge, pela sua Ficha nota 10 neste QUINTAL volto a lhe recomendar: contente-se em viver este momento mágico do Atlético, às vésperas de sagrar-se campeão brasileiro após 50 anos de sofrida e dolorosa espera. Pelos seus méritos, não precisava ter contado, tantas vezes, com um VAR-Amigo ou com a “colaboração” de adversários, jogando com times reservas. Usufrua este momento impar e esqueça o passado. Lá atrás, por mais que manipule palavras e dados, vocês perdem de goleada.

5. Atleticano – aliviado – comemora: “a validade do “cavalo paraguaio” está prestes a vencer…”

Que alivio, hein amigo? Até há poucas semanas, o tropel dele tirava o sono de muita gente. Aí entrou o Imponderável F.C. Primeiro, afastou o Atlético da disputa da Libertadores, fazendo Huck perder aquele pênalti, pra que pudesse se concentrar apenas no Brasileiro, pois a Copa do Brasil será disputada depois. Tirou o Atlético, mas deixou o Palmeiras e Flamengo, seus dois únicos perseguidores direto. O resultado é que no Brasileiro usaram preferencialmente time reserva e foram perdendo ponto atrás de ponto, enquanto o Atlético se distanciava na liderança. Não precisava, mas de vez em quando o VAR-Amigo ainda dava uma ajudinha.  Agora mesmo, na rodada de terça-feira, Palmeiras e Flamengo jogaram com reservas, facilitando ainda mais o que já estava tão fácil.  O fato é que após meio século de “choro, ranger de dentes e um impiedoso bullying azul” o Atlético será bicampeão brasileiro. Aleluia!

Pra se equiparar ao Melhor de Minas faltam “apenas” dois Brasileiros e cinco Copas do Brasil.

6. Marcilio Vaz pega pesado:

 “Dalai, você está parecendo a velhinha da Praça é Nossa, escuta e não entende bem as palavras…”

No caso, “não entende bem as pesquisas”…

Marcilio, com a habilidade de quem toma banana da mão de macaco, provando que faz pra ele, quer uma interpretação “conduzida” das pesquisas.

Veja-se este exemplo:

“Outro ponto que você concorda é que se o erro da pesquisa é de 3% para mais ou para menos, o Galo tendo 19% pode ter entre 16% a 22% de torcida e o Cruzeiro pode ter de 20 a 26%; sendo assim, levando em conta o erro da pesquisa podemos ter mais torcedores que vocês. Que bom que você acha isso! ”

Marcilio é um cidadão com excelentes virtudes dentre as quais não se encontra a imparcialidade no exame de pesquisas… Em se tratando de Atlético, o erro conta-se para cima; quando é Cruzeiro, conta-se pra baixo.  E aí, ele comemora que o Atlético tem torcida maior…

7.Teobaldo, corajoso, revela-se APF (Agente Plenipotenciário da FIFA) e cassa um dos quatro títulos de Campeão Brasileiro que o Cruzeiro pensava que tinha. Depois ataca moinhos de vento… para replicar um fato incontestável –  atleticanos com menos de 51 anos nunca vieram seu time ser campeão brasileiro – lança essa perola:

 “…diversos amigos meus morreram antes de 2003 e também não viram o Cruzeiro ser campeão brasileiro de verdade”.

Meu caro Teobaldo, se você quiser a gente pode mandar riscar dos anais este seu comentário.

8. Jorge/2 não resistindo à cerca fraca “deixada” por Teobaldo, volta ao QUINTAL para retirar mais dois campeonatos brasileiros. Ficou-nos apenas um título. Ainda bem que temos 6 Copas do Brasil e 2 Libertadores. Por enquanto.

A tese da dupla JoTeo é simples: se o passado incomoda, queime os arquivos.

9. Augusto amanheceu inspirado:

“O Kabuloso pra série A não vai

Também pra série C ele não cai

E nem da série B tão cedo ele sai

Isso tudo pra alegria do Dalai”.

Meu caro, vai a réplica:

“O Atlético bicampeão, que cena!

Um show, mas meu caro Augusto

Valeu mesmo a pena

Pagar tão alto custo?

10. Sem Paciência apresenta uma “novidade”:

 “Cada dia estou mais certo da Vitória do Galão Querido, na prateleira mais alta…”

Meu caro Sem Paciência, você e o resto do mundo esportivo. Até os postes da rua sabem que o Atlético, com a desistência de Palmeiras e Flamengo, assumiu larga diferença e não pode mais ser alcançado.  Continua comovente é o debate nos programas esportivos, com recursos de calculadoras, logaritmos e Física Quântica para saber se o título virá sábado, às 16h, ou às 21h. Ou domingo, às 16h, ou terça, às 21h “no sofá”. É de perder o sono…

11. Rômulo acusa o blogueiro de silenciar ante o que aconteceu no segundo tempo do jogo contra o Sampaio Correa.

Meu Rômulo, então você não leu a coluna cujo título é “Festival de Horrores”.

12. Geraldo põe o dedo na ferida: O Cruzeiro está assim, não só por causa da quadrilha que arrombou seus cofres. As administrações passadas também têm culpa.

Ninguém nega isto Geraldo. Erros de “administrações passadas” ocorrem em todos os Clubes, em proporções variadas.  O azar do Cruzeiro foram dois fatores decisivos: Primeiro, não foi atacado por trombadinhas. O assalto, com armamento pesado, foi avassalador. Segundo, depois do estouro, quando se preparava e precisava levantar-se, veio a pandemia trancando o mundo em casa.  Notou a diferença? Isto só aconteceu com o Cruzeiro.