PERDEMOS, GANHANDO!

O resultado de 3 x 1 premiou o time de melhor qualificação técnica e que, justamente, tornou-se tricampeão mineiro. Parabéns ao Atlético. Desta vez a Mão Grande não assinou ponto. Mas o Cruzeiro mostrou progresso em campo. Pezzolano, aos poucos, monta uma equipe que dá esperança à Nação Azul.  Reconhecendo esse trabalho, a torcida ficou até o final e aplaudiu os jogadores. O nosso gol de honra, marcado por Edu, fazendo 3 x 1, foi comemorado de uma forma especial pelos torcedores, incomum nas circunstâncias.  Naquela emoção estava explícita a fé em tempos melhores. 

O capitão Rômulo, após o jogo, vaticinou chorando: “as lágrimas de hoje serão de vitória no fim do ano”.  Esta é a expectativa que se reforça principalmente pela nossa atuação na etapa inicial. O comentarista PVC pontuou: “Em alguns detalhes de erros de passe, o Cruzeiro, que jogava melhor, perdeu o primeiro tempo”.  E poderíamos acrescentar: falhas individuais, em especial de Brock no primeiro gol (com a colaboração de nosso meio campo que deixou ser construída a jogada); de Rômulo, no gol de Nacho (com a colaboração de nosso setor esquerdo que deixou Ademir fazer o que quis) e do zagueiro Lucas Oliveira na marcação de Hulk, resultando no pênalti, contribuíram decisivamente para a derrota. Óbvio, pela qualidade de seus jogadores, o Atlético poderia fazer outros gols, mas aquelas falhas, sem dúvida, dificultaram a reação azul. 

O importante é que estamos no caminho certo.  Não permitimos que a colossal diferença de investimentos fosse sentida em campo. Perdemos mostrando amplas perspectivas de evolução, principalmente pelas jovens promessas do Sub-20. Há uma luz no fim do túnel e não é mais o trem se aproximando.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Rômulo, no início da noite de sábado postou sua foto com a medalha recebida e explicou:

“Nunca postei uma foto de vice-campeão, mas por tudo que esse grupo fez e está fazendo, vale a pena. Um grupo de homens sensacionais, humildes e que têm o mesmo objetivo: trazer a grandeza do Cruzeiro de volta. Indiscutível a diferença financeira (acho que é a maior dos últimos anos. E mesmo assim, coletivamente, fomos superiores por todo o contexto.  Agradecer à Nação Azul pelo show. Juntos somos mais fortes. ”

2. RAZÃO & PAIXÃO – Na votação prevista para esta noite, no Conselho Deliberativo, que a luz da razão ofusque a paixão!

Durante as últimas semanas, à medida em que vazavam condições absurdas do pré-contrato, SSR e XP respondiam com argumentos dignos de jardim de infância: “vocês querem que volte o atraso de salários”? “Vocês querem entregar de novo para os conselheiros remunerados? ”  “A Toca-2 nem é do Cruzeiro, porque a escritura não está regularizada! ”  (Uma heresia jurídica sem tamanho, porque posse mansa e pacífica, mais que vintenária, como temos, vale mais que qualquer documentação!)

É inacreditável ver decidido o destino do Cruzeiro num clima assim. A argumentação deve ser técnica, jamais passional levando a torcida a ameaçar quem é contra. Temos de encontrar uma fórmula conciliatória pra garantir a presença de Ronaldo, sem entregar o Cruzeiro como um cheque, assinado, mas em branco. Esse meio termo passa por concessões a serem feitas também pelo ex-craque.  Porque só um dos contratantes tem de ceder sempre? E o mais importante: contratos deste vulto não podem depender de intenções apenas prometidas, tipo “Ronaldo jamais abandonará o Cruzeiro! ”. Não se pode atrelar o destino de entidade secular à volubilidade humana. Não é assim que redigimos nossos contratos pra comprar ou vender imóveis. Não precisamos suportar isto, postergando patrimônio imobiliário erguido com tanto sacrifício dos que passaram por aqui antes de nós. 

É fácil incendiar a torcida com desafios do tipo: “Vocês querem que Ronaldo saia e voltem os conselheiros corruptos? ”  Não é esta a opção. A negociação tem de resultar em cláusulas contratuais claras, definidas, vantajosas para ambas as partes.

3. Teobaldo, equivocadamente, acha que o blogueiro está em cima do muro:

“…seria legal se você fizesse uma abordagem geral do tema (SAF), principalmente sobre os quatro pilares que sustentam a lei….”

Esses quatro pilares, segundo Teobaldo, são a isenção fiscal, as novas disposições sobre o passivo devedor, inclusive trabalhista, incluindo-se o patrimônio imobiliário.

Meu caro Teobaldo, a Lei da SAF, sendo recentíssima, está ainda sob o foco do Judiciário que fixará, em tempo não breve, os seus limites. Tudo ainda gira no campo especulativo. A decisão da Justiça do Trabalho, em primeiro grau, acolhendo a co-responsabilidade (SAF e Clube) será possivelmente reformada por ferir dispositivos básicos da nova lei.  Estão nestes, também, a viabilidade de solvência do passivo devedor sob enfoque semelhante ao da lei falimentar e a proteção imobiliária.

4. Atleticano, literalmente, ouviu o galo cantar, não ficou sabendo onde, mas decidiu assim mesmo embarcar em canoa furada. Sobre a informação de que antes da pandemia estávamos programando viagens à Arábia Saudita, Equador e Ucrânia, com intérpretes, visando negociação “in loco” daquelas dívidas FIFA que acabaram resultando na perda dos 6 pontos, Atleticano fuzila:

“Quem acredita em facilidade de negociação pela presença física, ainda mais em se tratando de um clube que já não tem nenhuma credibilidade na praça? Se presença física resolvesse problemas financeiros, muita gente estaria melhor de vida. O negócio é pagar o que deve e pronto. Talvez esse papinho engane alguns iludidos. ”

Meu caro Atleticano, em tese você tem razão.  Nos casos concretos, não. Os nossos credores no exterior, depois de anos de cobrança sem obterem qualquer retorno, haviam perdido a paciência com o Cruzeiro. Não atendiam telefonemas nem respondiam mensagens.

5. Sem Paciência não perde chance de dar uma pisadinha na bola:

“Alerta! Breaking News! Segundo o jornal “O Tempo”, “ A verdade é que a Raposa não tem o alvará de funcionamento da Toca (!!)”.

Meu caro Sem Paciência, sua biografia aqui neste QUINTAL e como ilustre blogueiro do UAI, não merece derrapagens assim.

A posse mansa e tranquila da Toca 2, pelo Cruzeiro (mais que vintenária, sem contestação), derruba qualquer falta de documentação. Este argumento, também usado por SSR vale tanto quanto um canivete sem cabo que perdeu a lâmina.

6. Bernardo não “engole” o ranking da Folha. Se engolir, não digere.  Dois conselhos: mantenha a calma e não brigue com fatos. A Folha divulga seus critérios. É respeitada como o maior e melhor jornal da América Latina. Outros rankings usam outros dados. Uns não invalidam os outros. Agora, a credibilidade nasce da fonte.

7. Pane matinal quinta-feira, neste minifúndio. As portas habitualmente abertas a 1h da madrugada das segundas e quintas feiras, ficaram emperradas até perto do meio dia. Acionada a técnica do UAI, um competente chaveco foi ao QUINTAL e abriu o portão. Até resolver, convivi com um ensurdecedor silêncio nos Comentários. Guardadas, respeitosamente, as devidas proporções, foi como se estivesse num Concerto de Beethoven, sem som.

8. Jorge, em inspirado apelo pela paz:

“Ganhar ou perder faz parte do esporte. Quem ganha hoje pode perder amanhã. Quem perde hoje, amanhã pode ver a vitória sorrir pra ele. Agora, quem morre, perde para sempre. Quem mata destrói sua vida e seu futuro. Tanto o que mata como o que morre contrata a dor, a tristeza, a destruição não apenas para si, mas também para toda a sua família e amigos. Não faz nenhum sentido uma coisa dessas! ”

Que o torcedor te ouça, Jorge.

9. José Antônio dá agudo reforço ao apelo da paz:

“…faço coro contra a violência no futebol; é só um jogo e não vale a pena morrer ou matar por isso. ”

Tudo, numa frase.

10. Cruzeiro, SAF e marshmallows –  Sob este título, o advogado Túllio Marco Soares Carvalho escreveu excelente artigo no “Estado de Minas” de sexta-feira, 01/4. Vale a pena conferir.

11. FIFA/Caicedo – O novo e desagradável embaraço do Cruzeiro, resultando em TransferBan, origina-se de uma de nossas piores contratações: o zagueiro Kunty Caicedo, que atuava no Independiente Del Valle. Em campo, das poucas vezes que atuou, a “contribuição” foi sempre negativa. Difícil aceitar que estamos devendo, por ele, perto de 10 milhões de reais.

12. Filipe Braga, comentando sexta-feira:

 “Em campo vamos de Cruzeirão na cabeça, sábado. O favoritismo é todo do outro lado, que falava na primeira fase em goleada de 7 ou mais. Vamos Cruzeiro! ”

Meu caro Filipe, esta era, de novo, a expectativa dos atleticanos ante a enorme disparidade dos investimentos (Folha mensal do Cruzeiro, em torno de 3 milhões; do Atlético, 25 milhões).  Em campo, essa abissal diferença não foi notada. Na maior parte do jogo, atuamos no mínimo de igual pra igual, o que revela nosso progresso pois o Atlético está hoje entre os 10 melhores times do Brasil.

13. Teobaldo/2 volta pra dar um safanão geral:

“… a Internet veio pra dar voz aos imbecis (Umberto Eco). E não tenham dúvidas: os imbecis vão dominar o mundo: não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos (Nelson Rodrigues). ”

In claris cessat interpretatio.

14. Rei Melo, feroz, detona o blogueiro por divulgar rankings ao invés de desmascarar conselheiros.

Meu caro Rei Melo, no momento acho incensurável a posição tomada pelo presidente Nagib, de apoiar Ronaldo mas exigir transparência do contrato. Como faz também o Conselho Fiscal. Há notícias de renúncia do presidente Nagib. Se confirmada, que as posições continuem mantidas. Quanto aos rankings, não divulgo qualquer um. Só aqueles que se originam de fontes insuspeitas, como a Folha de São Paulo, maior e melhor jornal da América do Sul. “Não dá pra não ler”.

15. Marcos, antológico:

“Então o Hulk, ao fraudar as regras do jogo, não é desonesto com seus pênaltis e vantagens indevidas? É risível esse falso moralismo da ave feminina juvenil! ”

Merece placa de bronze. 

16. Gunther, mudando de pato pra galo:

 “… reforço meu coro de que novamente o conselho se vendeu. Antes, trocavam qualquer voto por churrascos ou ingressos, agora aceitam uma simples puxada de taco do Ronaldo para aprovar qualquer maracutaia…”

Gunther, felizmente não são estes os sinais de fumaça que surgem do Conselho Deliberativo. O que se divulga é que apoia o Ronaldo mas exige transparência mínima do contrato.

17. Janete de Azevedo, cirúrgica, desmascara a filantropia esportiva:

“Uma coisa é o que eles declaram na mídia, e outra coisa é o que eles, investidores, praticam nos bastidores! Embotamento cognitivo não é a saída! ”

Sem retoques!

18. Jorge/2 volta pra replicar Janete.  Com a reconhecida habilidade de jogar com as palavras, descreve os investidores atleticanos como milionários de outro mundo que aterrissaram neste com uma única missão: ajudar o Atlético. Me desculpe, Jorge, mas com o apoio de José Antônio, o estágio geo-político-social-esportivo do Atlético é pincelado mais ou menos como Alice desenharia seu País das Maravilhas. A questão se resume, afinal, em acreditar ou não em milagres

GARIMPO

“…Esta sensibilidade, que é uma antena delicadíssima, captando pedaços de todas as dores do mundo, e que me fará morrer de dores que não são minhas. ” 

(Newton Braga)