SENTIU O AR MAIS PURO E LEVE?

Foi só uma vitória sobre o Paraná. Mas teve a força mágica de purificar o ar, pesadão demais nas últimas semanas. Havia uma falta de perspectiva que machucava muito e a principal razão era a apatia do time em campo. Aquela irritante troca de passes na intermediária, à espera do tempo passar. No jogo de sexta-feira o importante não foi a vitória por 2 x 0 e, sim, como foi essa vitória. Sabemos, há gols contra, ou de bolas espirradas, ou de jogadas aleatórias surgidas de repente na área. É quando os comentaristas dizem que o time “achou um gol”.

Mas há gols que são frutos de projeto iniciado lá do outro lado do campo, contando com profissionais competentes para a execução. Fruto de muito treinamento, revelam comando, organização, vontade de acertar e de vencer. Para alegria de 9 milhões de cruzeirenses, os dois gols do último jogo não se enquadram no “achados” por acaso. Foram construídos.

Ainda não se completava o primeiro minuto de jogo e, numa falta pela direita, Regis cruzou, livrando do goleiro, para Moreno subir mais que os zagueiros e cabecear para a rede.

Aos 38 minutos, ainda do primeiro tempo, Fabio faz reposição de bola com as mãos, lançando Patrick Brey que avança pela lateral direita e passa em profundidade a Airton. O goleiro Marcos tenta interceptar e é driblado. Bola quase transpondo a linha de fundo mas Airton, com habilidade, consegue marcar.

Dois gols de treinamento. De organização tática.

A esperança bate à porta e quer entrar. Estamos encontrando o caminho de volta para casa.

Na próxima sexta-feira, contra o Botafogo paulista, em Ribeirão Preto, poderemos ter a estreia de Giovani, além de outras surpresas a serem testadas nos treinamentos da próxima semana. O importante é mantermos o ritmo. A orquestra demorou muito para encontrar a harmonia. Não pode desafinar agora.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. O atacante Angulo veio, ficou uns tempos na Toca, virou novela e, como sempre acontece, dividiu opiniões. Saiu, foi para o Botafogo e deixou viúvas inconformadas. Estreou ontem, no jogo contra o Ceará, no Rio. Jogo empatado em 2 a 2 e o Ceará tem um jogador expulso. Aos 30 minutos do segundo tempo, o técnico do Botafogo quer aproveitar a vantagem numérica e coloca Angulo em campo. O juiz dá 6 minutos de acréscimo. Aos 48 Angulo recebe cartão amarelo. Aos 50 é expulso. 

2. O nosso comentarista Geraldo confessa ter “queimado a língua” com o goleiro Fabio, quanto a reposição de bola e saídas do gol. No jogo contra o Paraná exatamente estes quesitos foram o ponto alto de Fabio. Acho que o Geraldo nunca esteve sozinho com essa leitura. E acho também que a mudança de técnico e de treinador de goleiro tem muito a ver com essa evolução.

3. Jamicel, que por causa do serviço, perdeu pela primeira vez um jogo do Cruzeiro, sexta-feira, está se julgando culpado por ter assistido os jogos anteriores onde houve derrota. Nada disso, Jamicel. Não foi só você que faltou no jogo contra o Paraná. Faltaram a desorganização, a apatia, os erros de passe e a lentidão na reposição de bolas. Tomara que faltem nos próximos também. Você, não.