PROCURA-SE O FUTEBOL AZUL!

É urgente. Vamos precisar dele em uma semana. Foi visto garboso, bem disposto, no jogo contra o Atlético, mas se perdeu contra Pouso Alegre e Democrata, sem deixar vestígios. As últimas noticias dele são de Cariacica, onde disfarçou-se em time de condomínio, não sendo reconhecido.

Em fins de dezembro de 2019, assumindo a presidência interina do Cruzeiro, meu primeiro ato foi uma Carta Aberta à Nação Azul, pedindo perdão pela tragédia administrativa que vivíamos. Sábado, faria o mesmo com aquele punhado de heróis na arquibancada, incentivando um time que não sabia o que estava fazendo ali. 

Em 90 minutos, só uma jogada valeu a pena: a falta cobrada por Bruno Rodrigues, à lá Cristiano Ronaldo.  Tudo o mais foi lixo. Depois do empate, o pavor de tomar a virada do pior time do campeonato, do pior ataque, mas que nos fez atuar com três zagueiros durante todo o primeiro tempo, não dando um chute a gol, enquanto Nikão e Wesley aguardavam no banco. Narrando o jogo pela Itatiaia, o grande Pequetito perguntava no final se o nosso pior jogo foi este ou aquele contra o Pouso Alegre. Parecemos amadores em seu primeiro jogo, até nos escanteios, isolando a bola. Em nenhum momento chegamos a trocar três passes seguidos, em nossos ataques. Na meia hora final, quando se esperava esforço concentrado do time em busca da vitória, passamos a matar jogadas com faltas desnecessárias, desperdiçando o pouco tempo que restava. Nenhuma inspiração. Nenhuma tentativa produtiva de reação. Vergonha!

“Jogo ruim”, disse Pezzolano, “hoje, ficamos com essa dívida, porque a torcida merecia outra coisa”. E acrescentou, “o Cruzeiro não pode jogar como hoje nem como fez contra o Pouso Alegre.” Assim esperamos, até porque piorar seria impossível.

BATE PAPO NO QUINTAL 

1. Marcelo teme pela saúde mental do blogueiro:

“E o Hulk continua te azucrinando a vida! Esquece, Dalai, senão em breve veremos você em camisa de força! Se preocupe só com o TrinaB”.

Obrigado, Marcelo, pela atenção. Mas como pretensamente nesta coluna devo relatar e comentar fatos, impossível ignorar a performance que mais se destaca nos jogos do Atlético. Com a bola, Hulk é craque, decide partidas. Mas é também o rei imbatível da simulação. Lembra Neymar nos piores momentos. Espetaculoso. A qualquer esbarrão se lança ao gramado, rolando, como se atingido por um míssil Exocet. Por bom tempo, antes da reformulação das arbitragens e do VAR cavou os famosos “pênaltis estratégicos” em que, na corrida, dentro da área, deixava pra trás uma perna se enroscando no adversário e caia (sempre na área!).  Pênalti!  Lembra, Marcelo?

Hoje, desmoralizada a tática, não tenta com a frequência anterior. Mas não esqueceu o ranço.  No jogo contra o Carabobos, em disputa pelo alto com um adversário, teve o supercilio ferido, caiu espetacularmente rolando no gramado, com as duas mãos protegendo os olhos. Resultado: cartão amarelo para o principal atacante dos visitantes, autor do gol deles. Como já estava amarelado, foi expulso. 

Vamos recordar agora o Cruzeiro x Atlético: Igor Gomes rasgou a perna de Nikão, costurada depois com seis pontos. O meio campo do Cruzeiro não deu espetáculo teatral e o meio-campista atleticano que deveria ser expulso não recebeu nem cartão amarelo. Comentei aqui a tragédia grega que se formaria caso a agressão fosse contra Hulk. Suspensão do jogo. Fotos da perna dilacerada até em jornais de igreja. Suspensão do trânsito nas cercanias do estádio, pra saída da ambulância, prisão em flagrante do agente. Esta é a diferença.

2. João de Deus Filho, nosso Guru da Racionalidade, entendendo que a lei das SAFs suspende até pagamento de assalariados, posiciona-se contra a inovação esportiva. Não é assim, João, até porque verbas de natureza alimentar como são os salários, gozam de especial proteção tanto na legislação civil quanto trabalhista, com preferência ante quaisquer outros créditos. Pensão alimentícia, por exemplo, é a única dívida civil que dá cadeia. Tenha certeza, João, nenhum assalariado passará fome por causa da SAF. Poderia passar, sim, caso não houvesse a solução pra salvar a empresa.

3. Marcos Mineiro sonhando alto:

“Houvesse neste país a cultura da avaliação profissional séria, esse resto (referindo-se como exemplo a Fred, Dedé, Robinho e outros que trabalharam pouco ou nada) teria sido demitido por justa causa, por insuficiência de produtividade, por não entregar aquilo que se comprometeram quando da contratação.”

4. Augusto, se inscrevendo ao troféu Guru-2 da Racionalidade:

“Vocês são melhores nacional e mundialmente falando, mas em termos regionais “é nóis mesmo” e não tem discussão.”

Parabéns, Augusto. Tomara que esta atitude adulta, madura, corajosa e lógica sirva de exemplo a outros na barraca atleticana deste QUINTAL.

5. Augusto/2 volta pra anunciar venda de produtos a preço de ocasião:

“1 – Secador Elétrico FAET, bivolt, 1000W, que foi adquirido em 2013, por ocasião da Libertadores, teve a resistência queimada, foi recuperado e pronto pra nova utilização.”

Claro, a resistência queimou na hora daquele pênalti batido por um energúmeno que atende por Riascos!

E confesso: “secar” o Atlético até em disputa de cuspe à distância é “mandamento azul” que cumprimos com o maior prazer.

6. Eduardo Silva dá estocada de esgrima em Augusto:

“Mas você vende esses produtos e entrega direitinho? Porque eu fiquei sabendo de um clube que vendeu camisas o ano passado aos sofredores e não entregou ontem!”

Touché!

7. Augusto/3

fingiu de morto, mas volta com a tréplica:

“… Mas é preciso que você ESTUDI…ANTES se vai dar conta de pagar, porque eu não tenho perfil de pai de santo.”

8. Teobaldo exagera na Ayahuasca, passa a ver tartarugas voando e se imagina descrevendo quinta-feira, o jogo do Cruzeiro sábado, contra o Democrata. Não seriam apenas 11 titulares em campo, como foi o título da coluna. Teríamos o árbitro, os bandeirinhas, a equipe do VAR, isto em Cariacica. Nos jogos do América x Tombense e Athletic x Ipatinga as mesmas turmas ajustadas e azeitadas pra defender os interesses do Cruzeiro…

Meu caro Teobaldo, uma boa piada, sem dúvida. O triste é que, na realidade, esquemas assim patrocinados pela FMF beneficiaram o Atlético durante décadas no campeonato mineiro. Em todos os jogos, por todos os lugares onde houvesse o mínimo interesse do Atlético, um Combo da Mão Grande. Verdadeiros assaltos à mão armada, ao meio dia, com sol escaldante, e os prejudicados não tendo a quem recorrer. Por anos e anos assistimos esse filme de terror sempre com o mesmo final: um campeonato mineiro para o Atlético.

9. FIFA – Parece um sonho de verão, mas vejam dois temas que estão sendo revistos pela FIFA: uma nova concepção de impedimento, passando a valer quando o atacante está a um corpo a frente do último marcador. Não mais aquele negócio de “uma unha encravada, à frente”!

E o outro tema, modéstia à parte, vem sendo mantido aceso neste QUINTAL há um bom tempo: aplicar no futebol de gramado o que se faz no futsal, 2 tempos de 30 minutos, marcados só com bola em movimento. Parou a bola, parou o cronômetro. Não há mais tempo acrescido, porque cera vale tanto como um zero à esquerda, o cronômetro estará parado. Uma inovação fantástica, evitando tantas suspeitas de favorecimentos naquelas complicadas prorrogações, como acaba de acontecer com Sergipe x Botafogo, quinta-feira. Como lembra Eduardo Silva, nenhum juiz se consagra nos acréscimos…

10. Fred Melo Paiva, um dos melhores cronistas do país, perdeu nesta semana a sua Fabi após longa enfermidade e dedicou a ela a coluna de sábado, no Estado de Minas. Um inspirado culto ao amor e à saudade. Quem já perdeu parte de si mesmo numa pessoa querida se reencontra ali em cada linha. Nos flashbacks de ouro, no filho Francisco, no seu Atlético querido e nos irmãos que bateou pelo caminho Fred terá dosagem extra de oxigênio pra continuar em campo. Entre os titulares da vida.

11. Augusto/3 revela ter “moeda talismã, datada de 1927, doada pelo seu avô Evaristo “que estava presente num jogo realizado na antiga Alameda (ex-campo do América, em Santa Efigênia onde hoje há um supermercado), cujo placar final foi 9 a 2…”

Meu caro Augusto, se você ou outro familiar teve a ventura de privar com o sr. Evaristo deve ter ouvido dele a informação de que se tratou de um jogo festivo, já que os dois clubes lutavam contra a hegemonia do América. Tanto assim que o presidente do Cruzeiro enviou telegrama de felicitações ao presidente do Atlético.

Augusto, para felicidade geral da nação atleticana deveria parar aí. Mas, não. Sem perceber que seu anjo da guarda estava conferindo a informação de que a cucurbitacina, um dos elementos do pepino, pode prejudicar a digestão noturna pra pessoas com estômago sensível, continuou redigindo e nos deu esta pérola:

“… existem vitórias e vitórias: várias são em cima de Santos, Palmeiras, Grêmio, São Paulo, Flamengo, River Plate, que acabaram em títulos memoráveis, comprovando a força do Cruzeiro. Mas a nossa, foi em cima desse mesmo Cruzeiro, na única oportunidade em que os dois se encontraram numa disputa de título nacional.”

Ou seja, o Atlético ganhar um título nacional em cima do Cruzeiro equivale aos nossos títulos sobre os maiores clubes brasileiros e sul americanos…

Notaram o respeito? Psicólogos chamam de ato falho.

12. Teobaldo/2 retorna pra lançar defesa prévia contra a previsível, costumeira, normal “Mão Grande” ajudando o Atlético nas finais: “VAR (Vamos Ajudar a Raposa)” …

Será o subconsciente inquietando o Teobaldo?

GARIMPO

“Tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda”.

(Alexander Woollcott)

– Segundo Ruy Castro, agora merecidamente Imortal, “velha frase de que muitos já tentaram se apossar, inclusive no Brasil”.