RECAÍDA FORA DE HORA

A odisseia que foi o segundo tempo contra o Guarani, ontem no Mineirão, não pode apagar a reiteração dos erros no primeiro. As jogadas de ataque parando nas faltas cometidas contra os defensores. Foram muitas e prejudicaram sensivelmente a produção do time. Revivemos ontem aquela fase terrível em que, na disputa de qualquer bola, em qualquer setor do campo, a nossa primeira opção é fazer falta. Excetuando-se duas jogadas positivas de quase-gol, a repetição desses erros foi minando a capacidade de reação e a luta pela vitória. Junte-se a isto os chutes a média distância, com fraquíssimo aproveitamento e tem-se mais da metade do tempo inutilizada.

Aos 12 minutos do segundo tempo, a injusta expulsão de Pottker (a filmagem mostra que ele não encostou a mão no rosto do adversário) piorou nosso rendimento. O Cruzeiro perdia por 3 x 2 e o Guarani estava mais próximo de fazer o quarto gol do que acontecer o empate.

As substituições feitas por Felipão melhoraram o nosso rendimento e numa jogada pela esquerda, com Patrick Brey, a bola é cruzada para Welington, de cabeça, fazer 3 a 3.

Quem já admitia perder, contentou-se com o empate. Um presentinho meia-boca para Felipão que completou ontem 72 anos. Ele merecia muito mais. Continua invicto.

Claro, todos nós queríamos a vitória, principalmente pela data especial para o nosso técnico campeão do mundo. Mas não foi possível porque repetimos erros antigos de desentrosamento, passes errados, bolas rifadas. A partida mostrou que Felipão está certo: estamos ainda no atoleiro. Precisamos de humildade e treinos. Tempo vamos ter agora.

BATE PAPO NO QUINTAL

Não consegui me fazer entender ontem, quando enfoquei a punição aplicada pelo Cruzeiro a 6 atletas sub 20. Em vários grupos fui criticado como se estivesse a favor da indisciplina, da desordem, e da escandalosa ofensa à honra do Cruzeiro. Até a explicação oficial do Clube ressalta que estes valores tem de ser preservados a qualquer custo e que alguns jogadores eram reincidentes.

Vejo do mesmo modo. Sou a favor da ordem, da disciplina e do respeito. Apenas não acho que esses valores estavam em jogo ou sendo manchados quando os jovens, de madrugada, recebem garotas de programa no quarto do hotel em Chapecó.

Erraram, sim. Merecem advertência, corte de vencimentos e de regalias. Jamais expulsão, principalmente com os nomes expostos à execração pública, sem qualquer necessidade. No direito penal há uma extensa literatura cuidando da dosimetria da pena. O quanto de punição o réu merece. A sanção tem que guardar correspondência com a infração. Caso contrário, se você aplica a pena máxima em alguém que merece apenas uma forte censura, o que aplicará ante uma infração de fato gravíssima?