FALA, PRESIDENTE!

Após 8 rodadas sem vencer; 5 sem marcar gols, e de volta à zona de rebaixamento, onde é vice lanterna, o Cruzeiro continua numa encruzilhada. A diferença é que, agora, forças poderosas se movimentam, ostensivas algumas e sub-reptícias, outras, com perspectiva imprevisível: tanto pode continuar se afundando cada vez mais na Série B, ou até cair para a C, como também começar a recuperação atenuando este pesadelo.

A reação que vai nos retirar do abismo exige coragem e capacidade de investidores, com o respaldo de 9 milhões de corações azuis.

Para agregar esta força imensa da Nação Azul, o Presidente tem de pôr as cartas na mesa, tirando dois espinhos da garganta da torcida:

1. O Presidente vai tentar de novo o casuísmo do terceiro mandato seguido?

2. O Presidente continuará empurrando com a barriga o caso dos conselheiros remunerados pra não magoar duas entidades que garantiram sua eleição: Família Perrella e Família União?

Fala, Presidente!

Mas não use metáforas próprias do falar sem dizer nada. Ninguém aguenta mais joguinhos de palavras. O senhor ainda sonha implantar o casuísmo no Estatuto do Cruzeiro? Uma emendinha marota dispondo que mandato tampão, como foi o seu primeiro, não impede uma terceira disputa sucessiva de eleição. Muita gente aposta que este golpinho barato já está redigido, esperando apenas que o Cruzeiro se recupere na tabela, para ser apresentado. Isto o coloca em suspeição perante a torcida e tolhe um milhão de apoios em todos os sentidos. Acabe com isto e comprometa-se a cumprir o Estatuto, sem casuísmos eleitoreiros. Deixe a torcida apoiar sem receios a recuperação do Cruzeiro.

O senhor quis emplacar o casuísmo naquela fracassada reforma do Estatuto.

Fale agora, com todas as palavras, que não repetirá a tentativa.

Quanto aos conselheiros remunerados, que o Estatuto determina sejam excluídos, cumpra a lei, rápido, doa em quem doer.

O senhor tem tarefas complexas pela frente. Comece por estas duas menos difíceis, mas que vão facilitar demais o enfrentamento das outras: tire esses dois espinhos de nossa garganta.

Se, entretanto, quiser fazer o contrário, persistindo no erro, siga em frente.

Mas tenha a coragem de assumir. Não se esconda no silêncio.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Mozart – no penúltimo jogo, não demos um chute sequer a gol, com endereço certo. Ou seja, como já foi dito, se o Remo não tivesse goleiro, não faria diferença. No último jogo, contra o Vila Nova, de Goiás, tivemos três oportunidades claras de gol e não fizemos por incompetência técnica. Completamos assim 8 jogos sem vitória e 5 sem fazer gol. Como consequência, somos vice lanterna da Série B. Estamos regredindo a cada rodada e, NÃO POR COINCIDÊNCIA, a cada jogo temos uma escalação diferente. Ora, se, sabidamente, nossos craques não são craques e não conseguem pegar conjunto, o que só acontece jogando, esse doloroso círculo vicioso vai continuar: nosso time sempre alterado não joga bem, porque não pega conjunto; e não pega conjunto, porque joga sempre alterado.

Mozart, são 18h de domingo, 25 de julho. Estou em Itacaré, antecipando a remessa desta coluna que será publicada segunda-feira às 5h da manhã. Há contraditórias notícias sobre sua permanência. Se ficar, faça um favor para 9 milhões de corações azuis: monte um time com onze titulares, treine esse time em todas as oportunidades que tiver, até em saguão de aeroporto, reprisando teoricamente jogadas a serem mentalizadas. Não faça o que você fez contra o Remo, perdendo as duas paradas técnicas em conversa isolada com um jogador. O habitual, o que a gente sempre vê é o treinador aproveitar a oportunidade para levantar o moral da turma, dar um empurrão psicológico ou estabelecer postura diferente para o ataque, meio de campo ou defesa. Paradoxalmente, você não aproveitou essas duas chances, num jogo em que o Cruzeiro não deu sequer um chute a gol, com endereço certo. Mozart, por favor, salve-se e salve o Cruzeiro.

Escale 11 titulares e siga com eles pelo menos três jogos seguidos. Pior do que está não ficará.

2. Saulo Antônio Melo Siqueira insiste na afirmação de que flamenguistas odeiam cruzeirenses, citando exemplo de amigos seus, cariocas, “que se deleitam muito mais com a situação do Cruzeiro do que os próprios atleticanos. ”

Meu caro Saulo, vamos tentar juntos resolver esta incógnita: você deu o seu testemunho. Vou dar o meu: No Mineirão antigo, quando não havia separação física de torcidas já que pelo anel interno podia se circular por todo o estádio, em dias de jogo com o Flamengo era comum o trânsito de torcedores de um Clube passando em frente à torcida do outro, sem qualquer problema. Alguns pediam fotos conosco. Cenas habituais, em todos os jogos.

Pelo que você informa, só posso concluir que entre algumas facções talvez exista animosidade. Ou você teria outra explicação?

3. José Antônio negando que nosso problema seja emocional e justifica: “basta ver que em todas as séries times com salários atrasados ganham jogos…” Meu caro José Antônio, quem dera nossa dificuldade fosse apenas “salários atrasados”. Somos hoje um Clube destruído por quem deveria cuidar de seu patrimônio. Uma terra não apenas arrasada mas contendo também dezenas de minas prontas pra explodir: os contratos absurdos, com cláusulas inimagináveis, penalizando o Cruzeiro até por chover durante jogos. Nenhum grande clube do Brasil passou por dois tsunamis seguidos. Só o Cruzeiro.

4. Beth Makennel Cruzeirense, guerreira, fez questão de alterar a sua assinatura neste QUINTAL, ostentando agora sua filiação ao Maior Clube de Minas Gerais e, também , maior clube brasileiro fora do eixo Rio-São Paulo. Sozinha, encara a linha de frente atleticana com os pesos-pesados Galo Doido New York, Sem Paciência, Peppeu, João de Deus Filho, Jorge, Teobaldo e mais quem queira entrar na roda.

Continue assim, Beth. O momento é deles e, com toda razão do mundo, estão nos devolvendo nestes últimos dois anos, um pouco do que sofreram por décadas. É a vida. Entretanto, por mais que pisoteiem, joguem pedras, chutem, não conseguem empanar nossas “páginas heroicas, imortais”. Estamos pequenos, mas somos grandes. Exatamente o contrário do Atlético hoje.

E viva a nova conquista atleticana: VAR!

5. João de Deus Filho, colocando em risco seu título de “guru da racionalidade”, lamentavelmente escorrega na maionese e vaticina que poderemos parar na Série D!

Menos, João, por favor. Por seu currículo neste QUINTAL está recebendo apenas cartão amarelo, após verificação do VAR-honesto (não é aquele que classificou o Atlético, contra o Boca).

Meu caro João de Deus, sentimos como é calamitosa a situação do Cruzeiro; e assistimos vocês voarem num céu de brigadeiro. A duras penas vamos mudar isto, sem dúvida. Não é possível tamanha incompetência nossa. E quanto a vocês, embora não acreditem, uma hora esta conta a pagar chegará na sua mesa.

6. Laner de Lucena Murad diz, com toda razão, que “infelizmente o horizonte se descortina cada vez mais negro pra nós”. Observa que “a esperança agora é a SAF, mas se não houver um mínimo de organização e conhecimento temo que esta oportunidade de ouro será desperdiçada por este presidente Narciso”. Laner, esta é a nossa maior preocupação. Temos a bala de prata. Não podemos nem pensar em errar o alvo.

7. Jorge, pouco a pouco, vai instalando um Consulado Independente neste QUINTAL, com direito a seguidores próprios que fecham de aplausos seus comentários. Roubou a cena, na última coluna, e, como de hábito deitou e rolou nas gozações desta piada pronta que agora somos nós. Enquanto Jorge não vai para o Porta dos Fundos, vou pedir auxílio aos universitários para replicarem todos os seus torpedos. Sozinho não estou conseguindo, mantendo o sarrafo tão alto.

8. Junior Fernandes vai direto ao ponto, respondendo às gozeiras. Os atleticanos sofreram um doloroso bullying que se estendeu por dezenas de anos. Nós também não tínhamos a menor compaixão com o Alt Mineiro. Sinceramente, hoje eu me arrependo porque sei o quanto dói. Como meu filho atleticano deve ter sofrido. Eles têm direito ao revide e devem aproveitar esses dois anos e mais alguns meses, porque a roda gira e, de repente, tudo voltará para os seus devidos lugares.  E como o Junior observa, o grau desse ressentimento que os atleticanos propagam 24 horas por dia revela uma funda inveja de nossa história. Isto eles não conseguem esconder.

9. Rei Melo leva o blogueiro às cordas:

“… parece que para você e a maioria dos sem vergonhas que ficam lá no Clube o grupo é melhor que o do Manchester City…”

De jeito nenhum, Rei Melo. Acho o grupo de mediano para baixo. Concordo em quase tudo, com você. Mas me permito discordar das críticas às contratações dos treinadores. Como já defendi algumas vezes, no momento os nomes escolhidos eram os indicados. E tudo nesse campo é uma aposta que pode dar certo ou não.

Aprovo sua ideia de aproveitarmos mais as divisões de base, mas temos de levar o jovem para o time principal e dar moral, com uma continuidade de pelo menos três jogos seguidos. Nosso treinador parece pensar diferente e troca o time a cada jogo.

Quanto aos contratos absurdos que herdamos daqueles que assaltaram o Cruzeiro, infelizmente não podem ser “cancelados”. Embora “leoninos” são juridicamente perfeitos e espelham compromissos assumidos por quem podia assumi-los em nome do Cruzeiro.

10. Marco Aurélio, com sabedoria, vem batendo na mesma tecla neste QUINTAL:

“Ignorância é fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.

Tomara que nossos comandantes leiam seu comentário. Hoje mesmo estamos mandando mensagem para o técnico Mozart, que insiste em alterar o time em cada jogo, impedindo a formação de um conjunto. Como ele sempre procede deste modo, o time sempre responde negativamente. Bem adverte Marco Aurélio: se ele faz a mesma coisa não pode esperar resultado diferente. Simples.

Quanto aos mares bravios em que nosso barco navega à deriva, estamos hoje pedindo que o comandante defina minimamente a rota que seguiremos. Disse dependerá o apoio dos marinheiros.

11. Alex Schirm, voluntário, se apresenta ao pelotão de fuzilamento de cruzeirenses. Quer pisotear também. Para ele, nossa Sala de Troféus deveria ter uma indicação de quanto custou cada taça, em compra de juízes, bandidagem, sonegação de impostos, etc. Que raiva, Alex! Junior Fernandes tem o que lhe responder, linhas acima. Leia e pense.

12. Luiz Antônio L. Barcelos observa, com razão, que a recuperação do Cruzeiro não será rápida, porque o estrago administrativo foi muito grande. Com o Clube Empresa e um bom sistema de “compliance” poderemos, sim, abreviar a reconstrução. Mas quem comanda tem de se abrir à transparência, como estamos pedindo na coluna de hoje.

13. romulo informa que o diskus é mais interativo e dispensa preenchimento de dados pessoais, além de outras vantagens.

Meu caro romulo, em contato com minha chefia fui informado que a alteração se deu por conveniência administrativa. Se puder, encaminhe seu comentário à direção do UAI.

14. Galo Doido New York, corajoso, entrando num terreno pantanoso para o Atlético: arbitragens!

Faça isto não, amigo, você vai se dar mal. Há de fato alguns casos, poucos, em que o Atlético foi prejudicado e o mais comentado deu-se num jogo contra o Flamengo. Mas no geral, é o contrário, sobretudo em Minas. Agora, em razão do forte grupo econômico que o sustenta, estende seus tentáculos até a Conmebol, como vimos no jogo contra o Boca, em Buenos Aires. Em Belo Horizonte havia um juiz e um bandeirinha que de tanto “ajeitarem” para o Atlético ganharam apelidos carinhos de “Joaquim Cocó”, o juiz, e “Cidinho Bola Nossa”, o bandeirinha.

Meu caro Galo Doido, pelo lugar proeminente que você conquistou na barraca atleticana implantada neste QUINTAL, evite esses deslizes e, principalmente, não fale que Benecy comprou juiz em jogo amistoso. Aquilo era uma piada, sobre um jogo imaginário, como já explicamos aqui várias vezes. Não perca ponto, batendo lateral.

15. Bernard Assis, aproveitando vaca atolada, dá sua ferroada e nos vê na Série C, “com um novo nome: Cruz Real E.C.”, com o qual poderemos subir em 2028. Meu caro Bernard, subiremos muito antes, tenha certeza, e com o nome de Cruzeiro E.C. com o qual conquistamos, antes do nosso centenário, o triplo do que conquistou o Atlético em 120 anos.

Quanto ao jus gozandi, que você exerce com inspiração, não podemos nos revoltar. É o direito ao revide, que vocês exercitam agora depois de décadas de bullying. Mas, cuidado, a roda gira.

16. W.Peto analisando o horrível futebol do Cruzeiro hoje, com destaque para as surpreendentes escalações inventadas por nosso técnico. Cada jogo, um time. O resultado óbvio é que não temos conjunto. Não há jogadas ensaiadas e, por isto, passes e cruzamentos vão para fora ou para o adversário. Parece que estão jogando juntos pela primeira vez. Os resultados confirmam essa falta de lógica: 8 partidas sem uma vitória; 5 jogos seguidos sem marcar um gol.

W. Peto lembra ainda um episódio que vem se repetindo em nossos últimos jogos fora: drones surgem exibindo o escudo do Cruzeiro, com um enorme C. A que ponto chegamos!

17. FRANCISCO ALOISIO MIRANDA confirma tese deste QUINTAL:

‘… no jogo em Goiânia, parei de contar a partir do quinto lançamento para os espaços ocupados pelas almas penadas… Me lembrava do senhor a cada ocorrência. Hoje podemos admitir que o futebol que apresentamos é um perfeito “case” para se elaborar um triste filme de suspense”.

Obrigado, meu caro Francisco, pelo testemunho. O que mais espanta é a irritante repetição desta obscenidade. As jogadas inúteis se repetem a cada jogo, em casa ou no campo do adversário. Além da má qualidade técnica de boa parte dos jogadores, isto se deve ao fato de não termos um time titular. Cada jogo, uma equipe. Como consequência natural, contra o Remo não conseguimos dar sequer um chute certeiro para o gol. Nenhum, em 90 minutos. Observei, linhas acima: se o Remo atuasse sem goleiro, não faria diferença.

18. Laner de Lucena Murad diz, com toda razão, que “infelizmente o horizonte se descortina cada vez mais negro pra nós”. Observa que

“a esperança agora é a SAF, mas se não houver um mínimo de organização e conhecimento temo que esta oportunidade de ouro será desperdiçada por este presidente Narciso”.

Laner, esta é a nossa maior preocupação. Temos a bala de prata. Não podemos nem pensar em errar o alvo.

19. Rei Melo-2, resumindo o nosso festival de horrores: vice lanterna da Série B, sem time definido até hoje, apresentando em cada jogo um “bando” diferente, parecendo ter sido ajuntado na última hora. 8 jogos sem vitória. 5 jogos sem marcar um gol. Haverá outra expressão pra isto que não seja VERGONHA?