MUITO AINDA A MELHORAR!

Deu pena ver a expressão de Luxemburgo, durante o primeiro tempo do Cruzeiro, ontem. Parecia mecânico recebendo carro pra conserto, imaginando que era apenas regulagem de motor e viu que, em verdade, não havia motor.

A etapa inicial lembrou o Cruzeiro dos últimos treinadores: sonolenta troca de passes na intermediária, até o adversário retomar a bola e partir para o ataque.  Outra lembrança daqueles tempos horrorosos foram as faltas como primeira opção. Meio de campo tomado pelo visitante. Volantes sem saber o que fazer com a bola. Até que aos 22 minutos entregamos um pênalti idiota,fruto de inoperância coletiva, como fazíamos quase sempre.

Com as substituições no intervalo, destaque para Marcinho e Giovanni, o Cruzeiro fez, nos primeiros cinco minutos, mais do que apresentou em todo o primeiro tempo. 

O resultado só não foi horrível porque jogamos apenas os 45 minutos finais, contra um adversário que teve os dois tempos disponíveispara apresentar um futebol positivo.

Que Luxemburgo, após esse choque de realidade, sentindo o tamanho do desafio, não desista de nós. Há muito há corrigir, dentro e fora do campo.

Mas a esperança persiste.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Peppeu&Jorge – bom nome pra dupla de sertanejo universitário, unem-se neste QUINTAL para orquestrar tema menos nobre: proclamar ao mundo uma descoberta realmente “sensacional”: a reação do Cruzeiro, sábado, vencendo o Brusque em Santa Catarina, é a temível “melhora da morte”. O paciente, em estado grave, de repente reage, pra morrer logo em seguida.

Lamentável apelação, partindo de dois líderes da barraca alvinegra. Mas a gente entende os rancores acumulados em várias décadas. Vamos, sim, começar a dar a volta por cima, após a intervenção branca no Cruzeiro.

2. José Antônio, outro atleticano magoado, viu o jogo do Cruzeiro não com seus olhos, mas com o subconsciente transbordando de desejos vingativos. Olhem o que ele, certamente sem sentir, escreveu:

  “Engraçado como o resultado muda a opinião! O time foi exatamente o mesmo, só que ganhou com um chute do meio de campo, numa falha clamorosa do goleiro…”

Meu caro José Antônio, isto é que é julgar com paixão! O Cruzeiro foi inteiramente diferente. Umoutro time, na defesa, no meio de campo e no ataque. Mesmo durante o longo tempo em que estava sendo derrotado por 1 x 0 em razão de pênalti que não deveria ser marcado, segundo a comentarista de arbitragem da Globo, o Cruzeiro mostrava evidente progresso. Voltou a ser prejudicado pela arbitragem, quando não foi marcado pênalti contra o Brusque, segundo a mesma comentarista. O time não se desestabilizou e continuou produzindo oportunidades até a vitória final. Há muito não víamos isto. É verdade, no segundo gol o goleiro nos ajudou. Tivemos sorte. Mas quantas vezes essas coisas só funcionavam contra?

3. Jorge/2 insiste em desconstituir nossos títulos, aliando-os ao descalabro administrativo que arrasou o Cruzeiro. É o velho espinho na garganta, que não sai nem alivia. Houve, sim, atos de má fé, até criminosos. Mas as ações penais e civis prosseguem. Culpados serão punidos, como espera a Nação Azul.

Meu caro Jorge, deixe o clubismo de lado pelo menos por algum tempo e – com isenção – pense na grande diferença entre má administração e Mão Grande. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Disse na última coluna e repito agora: se houvesse um reexame de VAR nos títulos do Atlético no campeonato mineiro, 1/3 pelo menos seriam anulados.

Quanto à Selegalo-2, em formação, não me surpreenderia se Jorge, a qualquer momento, revelar que Messi, na semana passada, antes de acertar com o PSG, ligou para um dos Menin.

4. Rei Melo – a emoção da boa estreia de Luxemburgo, as tradicionais ventanias de agosto confundiram meus sinais de fumaça e a mensagem saiu truncada para Rei Melo. Por isso, ele me acusa de apressado endeusamento do Novo Cruzeiro. Não foi esta a intenção. Achei, sim, que o time melhorou muito, considerando-se o ajuntamento que era antes. Mas é só o início. Nada está garantido ainda. Porém, estamos no caminho certo, dentro e fora do campo. Do lado de lá da lagoa, a mesma toada. O blogueiro, com a vitória sobre o Brusque, estaria sonhando eminscrever o Cruzeiro na Champions League… Meu Deus, será que piorei depois da cirurgia de catarata?

Perdoem-me, mas vou reproduzir um parágrafo da coluna anterior:

  “Foi apenas um primeiro passo. Temos consciência de que, com as estruturas ainda fragilizadas, tudo pode cair a qualquer momento, a mero sopro. Um gesto estabanado, vaidades arranhadas, fogueiras de megalomania reacendidas, qualquer explosão desta, infelizmente própria do ser humano, pode abater nossos sonhos, em pleno voo. ”

5. Jorge/3 pega carona na fumaça levantada por Rei Melo e quer nos ajudar. Pega lata de 20 litros, escreve AGUA nos 4 lados, vai a um posto de gasolina, enche, e joga pra “apagar” as chamas…

6. Bruno Araújo de Carvalho levanta debate sobre tema decisivo para o Cruzeiro: sancionada a Lei do Clube Empresa é imprescindível exigir absoluta transparência do comando celeste, pra se evitarem surpresas. O sol do meio dia é antisséptico. A Nação Azul tem o direito de ser informada DE TUDO!

7. Augusto, espinho na garganta, não digeriu a vitória do Cruzeiro e acha que nós estamos fazendo carnaval antes da hora. Não, Augusto. Estamos com os pés no chão. Sabemos que é apenas o início e pode não dar certo. Mas pode também dar!

8. Cuidado! Remember Cavalo Paraguaio – O primeiro grito veio de Nova York, com Galo Doido: SIGAM O LIDER!

Anos e anos de janela, aplaudindo o brilho celeste e as frustrações alvinegras levam meu subconsciente a aliar liderança do Atlético com a figura enigmática do Cavalo Paraguaio. Será porquê?

9. Momento ternura no QUINTAL – Abertocom pensamento antológico de Jorge:

 “Nunca desista de seus sonhos. Se não encontrar em uma padaria, procure em outra.”

Convocou, em seguida, a cumplicidade deManuel Panhame, turbinado com dose dupla do Chá de Santo Daime. Chegou já tocado pelo espirito de “Os Brutos Também Amam”. E produziu peça literária multifacetada, agora sendo alvo de pesquisa simultânea em vários órgãos: Academia Brasileira de Letras, NASA, Programa Sônia Abrahão, Departamento de Psiquiatria da UFMG e Delegacia de Costumes.

10. W. Peto confessa a explosão, no segundo gol do Cruzeiro, sábado: “dei aquele berro Zeirooooo!!!”

Só você, cara pálida? Esse grito, como você lembra, “estava entalado na nossa garganta”. Naquele momento, o Brusque era o Bayern ou o Real Madrid, tantas foram as frustrações passadas com um time medíocre, sem alma. Não ganhamos nada ainda. “Mas a manteiga começou a cair pra cima…”

11. Saulo Antônio Melo Siqueira encosta o blogueiro na parede:

 “Você esteve lá, mas não sabia, não ouviu, não viu, não procurou saber nada do que ocorria no seu time? Foi presidente, mas não tomou nenhuma atitude diante de variados desmandos? Sinceramente, o respeito muito, apesar das asneiras que diz quando se trata de falar do Galo. Como outros leitores de sua coluna só queria saber o que você fez, afinal?”

Qualquer dia entro com habeas corpus preventivo, pra ficar em silêncio quando a resposta me comprometer!

Meu caro Saulo, as fogueiras eram muitas. Até para apaga-las tivemos de estabelecer prioridades. Quando começamos a respirar sem aparelhos, planejando a Série B e os contatos pessoais com nossos credores mais urgentes, etão distantes, surgiu a pandemia parando o mundo.

Infelizmente, também por incompetência, pra minha modesta biografia fiz muito menos do que merecia este Gigante chamado Cruzeiro.

12. João de Deus Filho, não percebendo seu anjo da guarda sair pra conferir resultado de Megacena, entra apavorado no QUINTALcometendo duas faltas pra cartão vermelho: 1. Torcendo pra dar zebra, quer saber quanto vai durar a “lua de mel com Luxemburgo”; 2. Pesquisa sobre torcidas não são confiáveis.

Meu caro João de Deus, lembre-se que você é o nosso guru da racionalidade. Não lhe ficam bem reações apaixonadas, sem qualquer lógica, nem senso. Se a pesquisa apontasse a torcida atleticana como a maior de Minas, você estaria aplaudindo. Desacertos ocasionais de uma ou outra pesquisa, não invalidam o sistema. Quanto a Luxemburgo, óbvio que é uma aposta. Tá cedo ainda até pra jogar praga.

13. Lucio Carlos reproduz a inesperada emoção do segundo gol contra o Brusque, como justíssimo presente para o aniversariante Alberto Rodrigues, mas confessa que está com os pés no chão. É hora de aplaudir. Não ainda de sonhar. Penso da mesma forma.

14. Luiz Gonzaga de Barros, respondendo ao título da coluna anterior – “Nasce um Novo Cruzeiro? ” – acredita que sim, pelo clima otimista instalado com a chegada de Luxemburgo, especialmente pela condicionante que impôs: salários em dia. Com dois ou três meses de atraso no pagamento você conseguiria motivar seu empregado? Sim, foi uma tacada de mestre a exigência do novo treinador, atendida pelo anjo da guarda chamado Pedro Lourenço, responsável direto por esta retomada de rumos.Infelizmente, ontem, demos um passo pra trás, no Independência, porque há muito a ser reconstruído dentro e fora do campo.

Mas desistir, nunca!

15. Beth Makennel Cruzeirense, com o franco apoio de DM Cruzeiro Sempre, resume em duas linhas 100 edições deste Bate Papo no Quintal:

“É impressionante como o Cruzeiro é odiado pelos torcedores do clube zebrado. Claro que sei o motivo: Inveja! ”

Precisa dizer mais?

16. Galo Doido New York, embora do outro lado do Atlântico, foi o que mais sentiu a estocada de Beth e, naquela violenta emoção,cometeu um ato falho comum em Direito Penal. Quando se quer provar exageradamente, prova-se o contrário. Foi tão avassalante e passional a argumentação do filho da RGBD – Região da Grande Bom Despacho – que a conclusão, paradoxalmente, é a mesma encontrada pela Beth: Pura inveja!

17. Jorge/4, depois de rebaixar nossa raposa pra guaxinim (alimenta-se de animais aquáticos, sapos, pererecas. Não invade galinheiros!)confessa que a desdita do Cruzeiro vem sendo o seu melhor programa de humor. Nunca riu tanto, porque “cada dia um pastelão novo…”

Cuidado, Jorge. Não vá com tanta pressa ao pote. A roda gira. Há sinais em um e outro sentido. Placas tectônicas podem se mover de repente. Preste atenção em movimentações oceânicas conhecidas como “Selegalo”, “Segue o Líder”, “Cavalo Paraguaio” e “Não há almoço de graça”.

18. Rei Melo, prudente, com um pé atrás quanto à “recuperação” do Cruzeiro. Com razão. A esperança que renasceu com o jogo contra o Brusque, recebeu ducha de água fria ontem, no Independência. Há muita coisa a corrigir. Mas vamos confiar.