QUINTA 19H, MARACANÃ, CONTRA O FLUMINENSE!

É estranho, vamos torcer pra Fabio tomar gols!

Isto nunca esteve no nosso radar, mas a força das circunstâncias nos coloca em campos opostos. Como estará a cabeça dele, na hora de repor a bola em jogo, vendo várias camisas azuis por perto?

Será a primeira partida pelas Oitavas de Final da Copa do Brasil no Maracanã certamente lotado, como aconteceu contra o Vasco. Esta é uma das consequências da liderança, seja de Série A ou B: atrair torcida, a favor ou contra. E o Cruzeiro vai se acostumando com estádios lotados em qualquer lugar em que atua, amadurecendo os jovens de seu plantel. Muitos deles estreando agora no profissional. Ontem, 60 mil a favor. Hoje, 60 mil contra. Há times na Série A que ainda não se encontraram com essa multidão.

Quanto a nós, jogo a jogo o time se estrutura, especialmente no meio de campo, com roubadas de bola e passes verticais, furando ferrolhos. Melhorando o que já está bom, vamos torcer pra que nos treinamentos desta semana o time calibre a pontaria nos chutes a gol e ensaie jogadas propositivas nos escanteios. Não podemos dispensar essas armas em jogos parelhos. Estamos acertando uma vez em 20 tentativas. Média baixíssima para um mata-mata.

Os jovens que entrarão no Maracanã envergando a camisa mais bonita do Brasil devem se lembrar que ela é hexacampeã deste torneio. Ninguém até hoje superou o Cruzeiro neste terreiro.

A partir de hoje, com os treinamentos, Pezzolano tem difícil missão: testar a melhor formação do meio de campo, escolhendo o substituto de Neto Moura.  Ele, ao lado de Wiliam Oliveira, consertou aquele setor, mas está fora do jogo por já ter atuado pelo Mirassol, na Copa do Brasil. Baita desfalque. Tomara que Pezzolano acerte na substituição.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Contra fatos, há argumentos? – O Cruzeiro, três anos na B, jogou quinta-feira no Mineirão, contra a Ponte Preta; O Atlético, atual campeão brasileiro, disputando Libertadores e Copa do Brasil, jogou domingo contra o Flamengo, também no Mineirão. Qual torcida foi maior?

2. Rafael Cabral – Ao mundo azul, o caráter chegou antes do bom goleiro. Gols que a gente achava que Fabio não levaria, pincelaram dúvidas sobre o nosso novo arqueiro. Quanto ao homem, porém, tanto mais se conhecia, mais se admirava. Simples. Pés no chão. Comedido. Gente! Com a sucessão de jogos, a confiança brotou, vicejou e cresceu fazendo surgir um grande goleiro. Pra honrar o antecessor, vem até fazendo alguns milagres. Bem-vindo, Rafael Cabral. Você já é um dos nossos.

3. Jorge, voltando a exercitar-se para o Porta dos Fundos, lança outra “pérola”:

“Dizem que o novo estádio do Cruzeiro vai ser inspirado na Arena da Baixada. Então vai ser a Arena Rebaixada! ”

Jorge tem o perigoso poder de despertar nossos piores instintos. Vai embora logo, cara!

4. Manuela, com quatro dias de vida, vestida a caráter, testemunhou pela TV junto com o papai Jamicel e família a vitória sobre a Ponte Preta, ratificando a liderança isolada da Série B. Pezinho quente, como lembra Pepe Legal.  Aquele anjinho azul encarna o renascer de milhares e milhares de outros, renovando gerações cruzeirenses. É emocionante ver a Nação Azul dominada por crianças, em jogos matinais ou vespertinos do Cruzeiro. 

Seja muito feliz, querida Manuela.

5. José Antônio observa que a citação de “mestre Junior” deve ser feita com reservas porque, carioca como é, exalta sempre o futebol de seu estado…

“Quando o Flamengo jogar a Segundona pode ter certeza que ela será “bem melhor” que a primeira… Eles são assim e todo mundo sabe…”

Com a bola quicando na pequena área, livre de marcação, Pepe Legal não perdoou e marcou golaço:

“Permita-me discordar de você, irmão José Antônio. Maestro Junior é um baita de um pé quente para o Cruzeiro! Na inesquecível Final da Copa do Brasil de 2017 entraram segurando a taça, na festa antes do jogo: Ele, Maestro Leovegildo Junior, e o eterno Juan Pablo Sorin. O resto é parte da gloriosa história Azul, que ninguém vai apagar! ” 

Bons tempos! E já pegaram caminho de volta! 

6. Devolva o celular do Fabricio! Não sei quem é você, mas todos sabemos quem é Fabricio: tricampeão mineiro (2008, 2009 e 2011), vice-campeão brasileiro (2010) e da Copa Libertadores (2009). Um dos heróis da goleada histórica de 6 x1, acontecida em Sete Lagoas. Poucos honraram tanto a camisa estrelada. No meio campo era uma fera incansável, imbatível. Hoje, ainda envergando o manto azul, mistura-se com a torcida, como se estivesse doando sangue para o campo.

Por favor, devolva o celular que você furtou de Fabricio, na saída do jogo contra a Ponte Preta aproveitando a distração dele comemorando a vitória. Não leve esta mancha para o resto de sua vida.

7. Pepe Legal voltando a usar colete a prova de bala, pega o bisturi e dá toque em nervo exposto do atleticano:

“Local do possível Estádio do Cruzeiro em Betim, capital da tecnologia em Minas: planinho, sem floresta, parece não ter nascentes e não está inserido no arruamento dos bairros próximos, pois está emoldurado por 3 vias arteriais! Feijão sem bicho! ”

Calma, Pepe, não cutuque fera ferida!

8. Marcilio, ferino como sempre, dispara seta de ponta envenenada:

“Pensando aqui, comemorar vitória na Série B é igual buscar parente na cadeia, a gente fica feliz, mas dá uma vergonha danada, né! ”

Nem sempre, Marcilio. Há prisões honrosas, por exemplo, de quem presenciando injusta agressão de um policial contra vítima indefesa, procura livra-la e é preso por desacato.

E quem disse que comemoramos vitórias? Comemoramos, sim, a reconstrução. Vibramos com os sinais, rodada após rodada, de que estamos no caminho certo, após tanto flagelo.

Desanime não, Marcilio. A piada é até boa, mas conosco está fora de contexto.

9. Rei Melo – depois da habitual espinafração no blogueiro – parte para o modo esperança:

“Pelo menos, podemos mostrar ao Brasil que o clube tem torcida, tem jogadores que querem jogar… não grupinhos ou facções… Aos poucos, o Cabuloso vai mostrando o que é realmente. E a torcida é de dar inveja…”

No final, sentindo que está fraca a cerca da Barraca Atleticana, sem medo do perigo, dá cutucada em onça: 

“Não esqueci não kkk por favor dê um pênalti para o super-herói… por favor… senão ele vai chorar…”

Cuidado, Rei Melo, não mexa com fera ferida.

10. Teobaldo e JCSR – Um abraço de machucar!

11. Aviso aos navegantes – O gratíssimo contato com líderes da Barraca Atleticana nos faz descobrir uma novidade deste novo mundo tecnológico: a amizade virtual. Já declarei essa amizade ao nosso Guru da Racionalidade, João de Deus. Mas ela se estende aos demais protagonistas deste QUINTAL e é em nome dela que me atrevo a dar uma sugestão, com o puro propósito de ajudar: vivam a Arena RMV e esqueçam do anunciado estádio azul em Betim. Parem de comentar, não comecem a sofrer antes da hora. Não comparem. Não se martirizem. Aceitem o inevitável renascimento do Cruzeiro.  Maktub!

12. David, a propósito dos comentários sobre eventual estádio: 

 “Estamos convencidos de que entramos em novo momento do clube… e o que o sr. acha de um estádio azul e branco? ”

Meu caro David, fui jornalista político por tempo razoável, suficiente pra decifrar um pouquinho as entrelinhas e compreender que, muitas vezes, não é sim. E sim é não. Arma-se um tabuleiro de xadrez, onde, disfarçadamente, bispo inocente parte para o sacrifício, a troco, lá na frente, do pescoço da rainha inimiga. Nesse panorama, não me parece coincidência a visita de Ronaldo ao governador Zema, no momento em que o Prefeito de Betim, Vitorio Medioli, anunciava os planos para o novo estádio.  Bola fora veio do representante da Minas Arena, com reprimenda pública a Ronaldo. Ato falho, infantil, inútil, revelador de fraqueza, o que sem dúvida abre boas perspectivas pra nós com o Mineirão. Tudo pode acontecer. Inclusive, nada.  De animadora realmente, só uma certeza: o Cruzeiro voltou a ser Euro.

13. Nossa “vaidade” – Tem sido lugar comum, nos textos de Marcilio, Teobaldo, Jorge, José Antônio e outros líderes da Barraca Atleticana neste QUINTAL nos acusarem de uma tola e ridícula vaidade, no sentido de arrogância, prepotência. É injustiça. Temos, sim, a vaidade que está em nosso hino, aquela que reflete o prazer de sermos um “grande time da cidade”. Nada além. Os títulos e as conquistas épicas escreveram páginas heroicas, imortais. É mentira?

Tínhamos, sim, orgulho de sermos um dos times que jamais caíram para a Série B. Zoamos demais, o Atlético, quando caiu. Até que em 2019 o Universo conspirou contra nós. Fez explodir um tsunami interno, arrasando com tudo, ao mesmo tempo em que disseminava o Covid 19 mundo afora. Caímos e não pudemos levantar nos anos seguintes. Nossas feridas foram expostas, como jamais ocorrera em nenhum outro Clube. Aceitamos humilhações. Chegamos ao fundo do poço. Só atleticanos detectaram “vaidade” nesse flagelo. Com a dignidade possível vivemos nosso luto. Aguardando o movimento das placas tectônicas que agitam mares e fazem a roda girar… E ela, felizmente, está girando…

             GARIMPO

“Os ladrões exigem a bolsa ou a vida. As mulheres exigem ambos. ” 

(Samuel Butler)