UM PONTO A MAIS PARA O LÍDER 

O salto poderia ser de três pontos, não conseguimos por deficiência técnica; Mas também poderia ser nada, e nos livramos por milagre de “São Rafael”. O Sampaio Correa é o segundo melhor mandante e sofreu até agora apenas uma derrota no seu campo. O jogo não seria mesmo fácil.  A lamentar apenas a falta de mais gols no primeiro tempo, porque as oportunidades foram muitas. Com o placar de 1 x 0, os contra-ataques do adversário são sempre mais perigosos porque podem levar ao empate, o que acabou acontecendo no minuto final em jogada de bola parada. Dando voz ao “corneteiro” que somos todos nós, achei que Jajá e Lincoln demoraram a entrar, ressalvada a hipótese de restrições físicas.

O importante é que a cada jogo, apesar dos pesares, mostramos mais entrosamento em especial no meio de campo. E alguns jogadores comprovam qualidades pra conviver também na Série A, como Rafael Cabral, Lucas Oliveira, Bruno Rodrigues, Daniel Junior, Chay, dentre outros.

Próxima estação: domingo, às 16h, no Mineirão, contra o Criciúma. Mais de 50 mil garantidos. Show da Nação Azul.

  BATE PAPO NO QUINTAL 

1. José Antônio leva o blogueiro às cordas:

“Nem uma palavra sobre a fala do técnico de seu time sobre qual seria o desempenho na Série A? ”

Não fugi do tema. Apenas achei que era óbvio. Pezzolano realmente declarou que o time atual do Cruzeiro não tem condições de disputar com a elite do futebol. Ou seja, admitiu o que todos aceitam inclusive neste QUINTAL onde são habituais os comentários sobre deficiência técnica de vários jogadores, suprida pela garra e determinação. Até títulos de coluna apontaram essa realidade (“Faltou inspiração sobrou transpiração”). O que tranquiliza a Nação Azul é que o staff cruzeirense está no mercado. Bons reforços já devem estar arrumando as malas.

2. Manuel Panhame liga o farol de popa, translada-se para a sua Zona da Mata nos idos de 1988, destrava a memória e se reencontra com um jovem intelectual, sedutor, perigo ambulante para a puberdade feminina. O futebol na região, mais carioca que mineiro. Disputava-se uma inédita Supercopa dos Campeões da Libertadores, entre Cruzeiro, Santos, Grêmio e Flamengo, pelo Brasil, e Independiente, Racing, Boca Juniors, Estudiantes, Penarol, Olímpia, Argentinos Juniors e River Plate.

6 times passaram à 2ª, fase, que teve estes resultados: Nacional 5 x 0 Flamengo; Grêmio 2 x 3 River Plate; Cruzeiro 2 x 0 Argentinos Juniors. Leia-se: apenas o Cruzeiro representava o Brasil nas semifinais, o que era mais ou menos comum naquela época.

O nosso jovem futuro historiador, mas já atleticano irrecuperável, preparava-se para acompanhar os jogos entre Racing x River Plate e Cruzeiro x Nacional. Pronto pra zoar o Cruzeiro, percorre os bares à procura de companheiros dispostos a integrar um bloco pró Nacional do Uruguai e espanta-se com o desinteresse geral. Percebe então que, depois da eliminação do Flamengo, a Supercopa virou, ali, disputa de Curling. O Cruzeiro havia perdido o jogo de ida por 3 x 2. No Mineirão, mais de 90 mil torcedores coloriam de azul todo o estádio, apoiando o time. Bem longe dali Panhame procurava, sem êxito, um companheiro pra festejar a esperada eliminação do rival. Jogo eletrizante. Sem perceber, o jovem Maneco (assim conhecido nas rodas boêmias) foi se deixando levar “pelo rio que passava em sua vida…”, se enlevou de tal forma que, quando aos 20 minutos do segundo tempo veio o gol de Robson, encheu os pulmões e soltou um “Zêrooooooo !!!” que assustou a Zona da Mata. A emoção inundou Minas Gerais e vários consulados azuis mundo afora.

O historiador descreve o que sentiu:

“Se me contassem, eu em sã consciência não acreditaria. Não. De jeito nenhum. Manuel Panhame, atleticano de quatro ou mais costados, torcendo fervoroso pelo cruzeirim csa e vibrando aos berros, pulos e socos no ar com gol do ponta Robson a três minutos do final, após chapelar o adversário! ”

Pelo critério de gols no campo do mandante, o Cruzeiro classificou-se para a final, com o Racing. Perdemos o primeiro jogo em Buenos Aires, por 2 x 1. E empatamos o segundo, no Mineirão, por 1 x 1. Ficamos com o vice-campeonato.

3. Hegemonia Azul –  O excelente texto de Manuel Panhame, embora não seja esta a sua intenção, deixa evidente a hegemonia do Cruzeiro no futebol sul americano. Estávamos em 1988 e Panhame nem suspeitava que ainda iria esperar 35 anos pra ver seu time campeão de uma Libertadores. Nesse período, por décadas a gente cantava no Mineirão:  “Não ganha nada, time sofredor…” Por esta e por outras, o Cruzeiro conquistou nas Américas o codinome de “La Bestia”. Melhor clube fora do eixo Rio-São Paulo, seguiu escrevendo suas páginas heroicas, imortais, até encontrar uma diretoria tipo Cavalo de Tróia. E sem poder reagir em razão da pandemia.

4. Arnaldo Tadeu Guimarães – admirado autor de “Curtindo a Velhice Adoidado” e “Como Ficar Rico em 10 Anos” é outro cruzeirense fisgado pela Onda Azul de Felício Brandi aos 13 anos de idade. Morava em Itaúna, no bairro Santanense, onde passava o trem de passageiros da EFOM – Estrada de Ferro Oeste de Minas:

“Dalai, A coluna, no bloco “A Roda Gira/2, me fêz voltar à infância! Lembro-me do dia que uma locomotiva passou, bem devagarinho, com os nossos ídolos. Nossos olhos brilharam, meus e de toda a molecada, ao receber este material escolar. Nosso Cruzeiro em nossas vidas desde a infância. ”

Meu caro Arnaldo, obrigado pelo testemunho, ainda mais valioso porque vindo de especialista respeitado pela sua visão futurista e projetos para a terceira idade, onde preconiza que estamos caminhando para assegurar às próximas gerações tempo de vida normal superior a 100 anos. Mais cruzeirenses por mais tempo!

5. JCSR cirúrgico:

“Independência (6ª. feira à noite) – jogo da Série B – quase 22.000 ‘simpatizantes’. 

Independência (domingo à tarde) – jogo da Série A – ‘Clássico das Multidões’ – 7.016 “fiéis torcedores de verdade. ”

In claris cessat interpretatio.

6. Lucas Oliveira – nosso melhor zagueiro – massageou nesta semana o ego cruzeirense. No início do ano seu caminho, de repente, bipartiu-se: um lado levava ao Vasco da Gama, o outro, ao Cruzeiro. Teve de optar e deu Cruzeiro. “Foi a melhor escolha que fiz em minha vida”, resume ele incendiando a emoção azul.

GARIMPO

“Subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos”.

(Nelson Rodrigues)