DEPOIS DE AMANHÃ, 21h: VASCO NO MINEIRÃO LOTADO

Praticamente, todos os ingressos vendidos. Com qualquer resultado, será uma festa do futebol e devemos fazer um compromisso de respeito. De humanidade, em todos os nossos atos. Vamos ser empolgação, solução e colaboração. Não, problema. Se tudo sair como esperamos, estará garantida “matematicamente” a nossa volta à Série A. Uma grande conquista e só nós sabemos, no corpo e na alma, o quanto custou. Vamos ser dignos dela.

Na batalha de sábado à noite, em Maceió, o placar de 2 x 0 sobre o CRB não pode esconder o sufoco durante arrastados 30 minutos do segundo tempo. Por quatro vezes ficamos nas mãos de “São Rafael”. A alegria de ver Stênio sendo Stênio, finalmente. O prazer de aplaudir o golaço de Bruno Rodrigues. Estes dois momentos mágicos coloriram de azul a noite de sábado, mas não podem apagar os nossos “apagões” do primeiro tempo. No item escanteio, desaprendemos.  Além da inutilidade de colocar de novo dois jogadores perto da bola, pretensamente é pra confundir a defesa, mas tira um atacante da área. Tem valido a pena? Exceção da bola que Luvannor mandou na trave, de cabeça, desperdiçamos bisonhamente todas as cobranças. E tivemos uma semana de treinos. 

O sofrimento no final nos fez lamentar ainda mais o volume de jogadas perdidas no primeiro tempo. Por quatro vezes “vimos” o empate acontecendo e isto seria um castigo pelo que apresentamos na parte inicial: 90% de transpiração e 10% de inspiração. No mesmo nível, o pênalti cometido por Filipe Machado. Imprudência pura. Óbvio, a comissão técnica fará a cobrança interna. Quarta-feira contra o Vasco temos de jogar 90 minutos como jogamos no final, contra o CRB E chegou a hora de conhecermos os 11 titulares de Pezzolano.

 BATE PAPO NO QUINTAL

1. Avaí 1 x 0 Atlético – Jogo dos recordes. O Avaí não vencia há 9 partidas (e até então no returno). No seu campo, em 7 jogos em que vencia por 1 x 0, tomou a virada em seis.

2. Torcidas – O tema é recorrente, apaixonante: quem tem torcida maior? Nosso Guru da Racionalidade, João de Deus Filho, reabre a discussão. No início do século 20, primeiras décadas (1910/20/30) a hegemonia no futebol mineiro passou do América para o Atlético, com a ajuda do Cruzeiro, naquele amigável 9×2. Éramos a terceira força e, com altos e baixos, isto perdurou até a década de 60 quando teve início a revolução azul arquitetada por Felício Brandi. Trabalho de formiguinha, persistente, escola por escola, semeadura em todas as regiões mineiras, ao mesmo tempo que se formava no Barro Preto o “Dream Team” do futebol brasileiro, adubo emocional que desenvolveu milagrosamente as sementes lançadas. Daí pra frente, tudo azul. Céu de brigadeiro. Campeonatos se acumulando, sala de troféus transbordando, recordes de torcidas e de renda. Duas vezes vice-campeão do mundo, tetra campeão brasileiro, hexa campeão da Copa do Brasil e muito mais, tornando-se o melhor e maior clube brasileiro fora do privilegiado eixo Rio-São Paulo. Destruído pelo tsunami interno que culminou com a saída forçada do trio Wagner-Hermínio-Itair em dezembro de 2019, o Cruzeiro – mesmo combalido, com os cofres raspados e contratos criminosos em curso – catava os cacos pra tentar se reerguer quando veio a avalanche da pandemia trancando o mundo em casa. Rebaixado, e sem poder contar com a força de sua torcida, por dois anos seguidos nem por uma vez esteve entre os 10 primeiros colocados, enquanto o Atlético, com a benção de 4 Reis Magos, formou time de Champions League e ganhou tudo. Obvio que sua torcida aumentou. Foram dois anos de vacas gordas, sem concorrência. Neste QUINTAL nunca negamos que o Atlético “estava” o Melhor de Minas.

Porém, como ensina a sabedoria popular, “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”. A Grande Roda gira. Pouco a pouco o Cruzeiro se reestrutura, dentro e fora do campo. Nas arquibancadas, bate recordes de público superando todos da Série A, exceção de Flamengo e Palmeiras. A campanha de sócio torcedor deve alcançar, nos próximos dias, inacreditáveis 70 mil torcedores, cifra ainda não conhecida por muitos dos grandes clubes brasileiros.

Qual a maior torcida? Alguém ainda tem dúvida?

3. Banzo epidêmico na Barraca Atleticana – O mar não está pra peixe, do outro lado da lagoa. Em alguns dos 60 grupos sociais azuis, que recebem a coluna, a comparação do Baile da Ilha Fiscal com a situação alvinegra causou rebuliço. Com destaque pra dicotomia sonho&realidade. Na Barraca, entretanto, a belicosa liderança ignorou a estocada. Recolhimento total. Todo mundo fazendo olhar de paisagem. Coincidência, Fred Melo Paiva escreveu sábado, no Estado de Minas.

“O atleticano, tendo certamente cometido toda sorte de barbaridades em vidas passadas, está sempre a comer o tropeiro que o diabo amassou. ”

Premonição. 

4. Cuca – resultados desastrosos em campo refletem-se em perguntas embaraçosas dos repórteres nas entrevistas pós-jogo. Boa parte dos técnicos perde a linha. Cuca é uma das admiráveis exceções. Nesta fase de tormenta, entre cem perguntas, duas ou três foram respondidas de forma contraditória, como a que sugeriu ser vantagem ter um ou dois jogadores expulsos. Na quase totalidade revelou domínio do emocional, voz serena, admissão plena da realidade difícil, sem transferir responsabilidades. Isto se chama evolução.

5. Caravanas – Reproduziu-se, sexta-feira em Itabira, o sucesso que aconteceu em Montes Claros. Extraordinário, emocionante. O poder de uma grande ideia, em terreno fértil, é invencível.

 GARIMPO

“A arte de agradar é a arte de enganar”.

(Luc de Clapiers)

Colaboração de José Antônio.