RESPEITEM ESTE DIA!

2 de janeiro de 1921. Há exatos 102 anos, nascia em Belo Horizonte um Clube de futebol condenado a brilhar. No batismo, Palestra Itália. Depois, troca forçada de nome e símbolo, pela tragédia da Segunda Guerra Mundial. Foi quando a inspiração divina costurou a nova camisa com um pedaço do céu. Dessa raríssima conspiração do Universo, surgiu a camisa mais bonita do mundo.

Sob este manto, dirigentes capazes formaram equipes geniais, viciadas em títulos e troféus. Na década de 60, dividindo com a era de ouro de Pelé no Santos, o Cruzeiro foi reconhecido como um dos três maiores times do mundo. Nas Américas, “La Bestia”, nos campos nacionais atração festejada como circo no interior: sucesso de bilheteria e de apresentação.

A sorte de ter bons condutores garantiu a hegemonia em Minas e um punhado de títulos espetaculares por décadas. Dentre eles, tetra campeão brasileiro, hexa campeão da Copa do Brasil, bi campeão da Libertadores e, por duas vezes, vice campeão do mundo. Era como uma corrida de revezamento com bastão entregue sempre em vantagem ao sucessor. Foi assim até uns anos atrás, quando se avizinhava o centenário. Malditos cupins corroeram a estrutura do Clube, retirando-o da Primeira Divisão. Tantos foram os delitos “hediondos” cometidos que só uma queda para a B, era pouca punição. E o Imponderável F.C., como castigo, mandou uma pandemia mundial que segurou o time por mais dois anos seguidos na divisão de baixo. Vergonha nunca sofrida por qualquer outro grande brasileiro. Assim, o cruzeirense habituou-se a grandes glorias e grandes tragédias. Nada conosco é pequeno, usual, comum. É tudo ou nada. É pico de montanha ou profundeza de caverna. O sofrimento ensina mais que a glória. Na dor, estamos reaprendendo. Vamos ressurgir.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Um abraço – em você que reservou um tempinho pra visitar e participar deste QUINTAL ecumênico. Apoiando ou marretando. Obrigado, amigo.

Sob as bençãos de Deus, saúde, paz, sucesso, alegria, junto às pessoas que lhe são caras. São os meus votos ex-cordi.

E receba um abraço de machucar o peito.

2. Paulo Augusto, sem dó nem piedade, crava sua previsão de Ano Novo para o Atlético:

“… Não existe almoço grátis e o mundo está girando. Quero ver quando divulgarem o balanço de 2022, sem Shopping, com estádio penhorado e discurso de contenção por responsabilidade”.

Paulo, você tem razão. Os atleticanos acham que o bolso dos 4 Rs não tem fundo. Mas tem.

3. João de Deus Filho, nosso Guru da Racionalidade, abusou do Almaviva na Ceia de Natal e cometeu rara imprudência: naquele estado em que chamamos urubu de meu louro, entrou no Bate Papo no Quintal e passou a fazer comparações entre o 9×2 e o 6×1:

“… seria o mesmo que tentar comparar Pelé com Messi nos dias atuais. O futebol que se jogava nos anos 60 e 70 era totalmente diferente do que se pratica hoje, principalmente pela condição física dos atletas (…) Então eu digo ao sr. Dalai que os 2 resultados têm valor e importância iguais. Não é a sua avaliação que dá peso aos jogos. Vamos ser honestos na avaliação.”

Desta vez, o meu caro Guru viajou na maionese no embalo daquele bom chileno. É mesmo abissal a diferença técnica, fisiológica e de material como bola, chuteiras e uniformes, de 1927 para 2011. Mas isto não tem nada a ver com a comparação que realmente importa: um jogo era de festa entre compadres, valia mais pra tirar do América o título de melhor ataque. O outro era de vida ou morte.

4. Pelé – Nos tempos de infanto-juvenil (hoje sub 12 e etc), o blogueiro jogava em times da Vila Canadá (atrás do Hospital Belo Horizonte), modéstia à parte dominando o meio de campo com a camisa 5. Na ponta direita um moleque endiabrado, driblador, magrinho, chamado Raul. O tempo passou. Em lamentável injustiça, o fenomenal camisa 5 não foi reconhecido em nenhuma “peneira”. Com o magricela Raul foi diferente. Cresceu, encorpou-se, mudou de posição, tornando-se o zagueirão Raul Fernandes, que brilhou no Cruzeiro e no Atlético. Ouvi dele esta história sobre Pelé: era um amistoso contra o Santos, ele marcando o gênio como carrapato, corpo a corpo porque predominava a tese de que era “suicídio” deixar Pelé dominar a bola. Raul notou desde logo que Pelé mancava, com extrema dificuldade pra andar. Ele passou a reclamar de ter vindo jogar naquele amistoso, que não acrescentava nada e interrompia o seu tratamento na fisioterapia do Santos, onde usava muletas, etc, etc. Mal podia firmar a perna direita, etc, etc, etc… Raul, humano, sem perceber relaxou a vigilância… De repente, um lançamento em profundidade… como um foguete Pelé partiu com larga vantagem em direção à bola, dominou, avançou e fez o gol da vitória.

5. Piores de 2022 – A turma de esporte da Radio Itatiaia elegeu informalmente, quinta-feira, as piores contratações de Cruzeiro e Atlético no ano passado. Grande concorrência de um lado e do outro. Dos nossos, ganhou a dupla Chay e Pedro Castro que havia brilhado no Botafogo e decepcionou aqui. No Atlético, Junior Alonso, Fabio Gomes e Cuca venceram fácil.

6. Augusto abre texto em alto estilo, coisa pra virar quadro na parede:

“Pessoal querido deste espaço:

Que 2023 nos faça calçar as sandálias da humildade e não querer ser mais do que somos, e que enxerguemos a realidade para todo o sempre. Amém!”

Depois avacalha tudo, pega as mesmas bandeiras, rotas e esgarçadas do grupo kamikaze atleticano, os 9 x 2, o TrinaB, e começa a pincelar o quadro alucinógeno do “sucesso” do Atlético e do “fracasso” do Cruzeiro. Meu caro Augusto, apague sua mensagem após o Amém e terá nota 10!

7. Roberto Grintaci estreia no QUINTAL, bisturi na mão, pra cutucar nervo de dente exposto de atleticano:

“Eu admiro muito a resiliência atleticana. Passamos três anos na B pareceu três séculos. Imagino os coitados, 50 anos sem título!”

Talvez um uppercut de Mike Tyson doesse menos.

8. JCSR, crudelíssimo, joga a pá de cal na “resiliência” atleticana:

“Estava vendo há pouco uma relação dos maiores campeões do Brasil, regionais e nacionais. Vejam que interessante:

ESTADUAL: ABC/RN, Bahia, Payssandu;

BRASILEIRÃO: Palmeiras, Santos, Flamengo;

COPA DO BRASIL: Cruzeiro, Grêmio, Flamengo;

LIBERTADORES: São Paulo, Flamengo, Palmeiras, Grêmio.

E então, meus caros amigos atleticanos, vão tomar esta pancada de Réveillon aqui mesmo ou querem que embrulhe?

9. Paulo Augusto/2 – volta pra colocar ordem na casa, porque atleticanos estavam organizando passeata na Savassi pra comemorar o não retorno de Romero:

“… acredita que estamos preocupados com Romero? Quando vi leilão surgindo, a primeira coisa que pensei foi: Esquece… É hora de reestruturar a casa e não ficar entrando em leilão. Também, Pero não é lá essas coisas e precisamos no momento é sanear as contas. Visão a longo prazo.”

O nome disto é maturidade. Bom saber que as pessoas que hoje conduzem o Cruzeiro pensam assim. No lado oposto está o que o Grêmio faz com Luizito Soares. Posso até queimar a língua, mas achei uma insanidade.

10. Paulo Medeiros lança uma boa ideia, considerando-se que sem qualquer contestação, Pelé é considerado no mundo inteiro o maior jogador de futebol de todos os tempos: que se aposente no Brasil a camisa 10. Eu apoio. Já o xará Paulo Augusto discorda porque seria “um esquecimento do Rei”. Tema para debates.

11. Ainda Pelé – Nossa eliminação na Copa do Catar rendeu boa piada envolvendo o Rei. No Hospital Albert Einstein, foi perguntado quanto seria um jogo entre a seleção de 70 e a Croácia que acabara de eliminar o Brasil.

– 2 x 1 para o Brasil, respondeu um cauteloso Pelé;

– Só isto? Como assim, com aquele timaço que a gente tinha em 70?

– Sim, mas já perdemos 3 deles e eu mesmo, neste estado, nem sei se aguentaria os dois tempos…

GARIMPO

“Se Pelé não tivesse nascido homem, teria nascido bola. Até a bola do jogo pedia autógrafo a Pelé”.

(Armando Nogueira)

“Após o quinto gol, eu queria era aplaudi-lo”.

(Sigge Parling – zagueiro sueco encarregado de marcar Pelé na final da Copa de 58)

“Quando quero me sentir orgulhoso e importante, falo que joguei com Pelé.”

(Tostão)

“Espero que quando eu for para o céu, Deus me receba da mesma forma que todo mundo me recebe aqui.”

(Pelé, homenageado ao completar 80 anos).