QUASE VENCEMOS OU QUASE PERDEMOS?

Que me desculpem os que não concordam, mas a grosso modo não perdemos graças a Rafael Cabral, o melhor em campo, e não ganhamos por causa de Bruno Rodrigues, desperdiçando cinco ataques que poderiam ser mortais: com dois companheiros livres, esperando a bola, preferiu chutar sem rumo. Numa disputa parelha como foi, é lamentável essa displicência. Tantas lições deixadas por este Cruzeiro x Bragantino, resultariam num relatório de 10 páginas, ou 5 pílulas:

1. Como é que Pepa deixava William no banco? É abissal a diferença com Palácios. William potencializa o setor direito.

2. O nervosismo do time não é normal. Neris não conseguiu bater um lateral nos minutos finais, deixando a bola lhe escapar das mãos, invertendo-se assim a cobrança que resultou num agudo ataque do Bragantino e mais uma defesa salvadora de Rafael Cabral;

3. Assim, além de um novo técnico, precisamos também de um psicólogo pra acalmar os atacantes evitando-se a série de impedimentos matando jogadas;

4. Parte da torcida, que vaiou Gilberto quando anunciado o banco de reservas, iniciou apupos (“time sem vergonha”) com o jogo ainda em andamento, o que não ajuda em nada;

5. O empate não foi uma tragédia. O Bragantino ocupa a sexta posição na tabela e tem orçamento maior que o Cruzeiro. Continuamos a nossa luta, difícil, mas vamos renascer!

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Seja bem-vindo, Professor – Antes de encarar os nossos flagelos do presente, inclusive o jogo de ontem contra o Bragantino, conheça ou relembre por favor o nosso passado. Folheie as “páginas heroicas, imortais”, visite a sala de troféus. Como um drone, dê panorâmica na nossa história e sinta a grandeza do Clube que lhe recebe. 

Espoliado por uma administração criminosa, cumprindo três anos seguidos na Série B, uma sucessão de desmandos gerenciais, ainda assim – por mais incrível possa parecer – o Cruzeiro conserva a liderança de torcida em Minas Gerais e fora do privilegiado eixo Rio-São Paulo. Tudo isto, nos dois primeiros anos, com o mundo trancado em casa, pela pandemia.

Ativo fora dos balancetes, a Nação Azul é o nosso maior patrimônio e logo nos primeiros jogos você sentirá a força das arquibancadas. Não temos plantel milionário, mas um bom time, com peças ajustadas em setores que potencializem seu rendimento. Sentimos isso em várias partidas, em especial enfrentando equipes do G-4 quando a boa produção em campo não se refletia nos resultados. Amassamos líderes, e acabamos empatando ou perdendo.

Agora a casa será sua. Saiba que está entrando na história de um dos maiores clubes das Américas. La Bestia!

Seja feliz. E nos faça felizes!

2. Ainda o título calibre 37 – No rescaldo da coluna anterior, quando o tema foi mais dissecado, grupos sociais salientaram a coincidência das “lendas”: Ao mesmo tempo que o Atlético chamou como “convidado de honra” o presidente da CBF pra assistir ao “Jogo das Lendas”, começou a tecer com ele a “lenda do campeonato brasileiro de 1937 com 4 equipes do sudeste e a Marinha brasileira”. A “lenda” foi criada ali mesmo, naquele ambiente de Mil e Uma Noites. Não foi difícil.

3. O título do Cruzeiro em 1966 – Comparar as duas conquistas é mais difícil do que encontrar semelhança entre flor de orquídea e jacaré.  22 clubes, campeões em seus estados, disputaram a então chamada Taça Brasil em 1966, dividida em chaves de acordo com as regiões brasileiras. Todas representadas e que foram disputando eliminatórias por região.  O Cruzeiro fez 8 jogos. Na primeira fase, venceu o Americano-RJ por 0 x 4 e 6 x 1; Nas quartas de final enfrentou o Grêmio. 0 x 0 em Porto Alegre e 2 x 1, no Mineirão; Nas semifinais jogou contra o Fluminense: 1 x 0 no Mineirão e 1 x 3 no Maracanã.  A final histórica, até hoje lembrada como um dos maiores momentos do futebol brasileiro, foi contra o Santos, de Pelé, considerado então um dos melhores times do mundo. 6 x 2 no Mineirão e 2 x 3, no Pacaembu. Vários jogadores, dos dois Clubes, elegem esta final como a mais emocionante de suas vidas o que é justificado pelas escalações:

Cruzeiro: Raul, Pedro Paulo, William, Procópio, Neco, Piazza, Dirceu Lopes, Natal, Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira.

Santos: Gilmar, Carlos Alberto Torres, Mauro Ramos, Oberdan e Zé Carlos; Zito e Lima; Toninho Guerreiro, Pelé e Pepe.

In claris cessat interpretatio.

4. João de Deus Filho, Rômulo e Teobaldo, corajosos, insistem na comparação dos outorgados títulos de 1937, para o Atlético, e 1966 para o Cruzeiro.  Meus caros amigos, não violentem suas biografias neste QUINTAL. Até gozações têm limites, que são um mínimo de razoabilidade.  Adiram à nossa sugestão de que menções ao “título de 1937” venham sempre com um asterisco *. Tem gato na tuba!

5. Surgiu a segunda melhor piada dos últimos anos:   A primeira, todos sabemos, veio da eliminação da seleção brasileiro pela Croácia. Hospitalizado, passando mal, Pelé foi perguntado quanto seria o jogo entre a seleção de 70 e a aquela Croácia. “Dois a um pra nós” … balbuciou um comedido Pelé, para o espanto dos jornalistas imaginando goleada.  E o Rei justificou: “Alguns dos nossos já morreram, e eu mesmo nem sei se jogaria os dois tempos…” 

A Arena MRV tem sido uma fábrica de piada pronta, desde o absurdo gramado, passando pelos pontos cegos, serviços de terceiros, acesso externo, acústica, etc.  Retroaja-se aos planos da sonhada inauguração com times da Champions League…

Por fim, o acaso atuou e a festança de inauguração ficou entregue à tabela do segundo turno. Em lugar de time da Champions, um da Zona de Rebaixamento. Desfalcado de Soteldo, seu único astro, veio um Santos combalido que, ainda assim, quase complica as coisas. Apurada renda líquida, a conclusão desanimadora: se o Atlético tivesse jogado no Mineirão suportando o sistema espoliativo, teria mais vantagem…

Lucro do Atlético só nos cálculos de João de Deus Filho, cujo contador é o mesmo de Alice no País das Maravilhas…

6. Sobre o gramado da MRV – Fala, Fred Melo Paiva: 

“…A condição dessa braquiária fez valer ainda mais o nome aqui proposto para o novo estádio, da cepa do ator Daniel de Oliveira – o Terreirão do Galo. Sim, aquele gramado só nos fez lembrar dos velhos terreiros ainda em estado de terrão, com galinhas a ciscar pedrinhas e minhocas…” (Estado de Minas, 02 de setembro)

GARIMPO

“Nunca discuta com um idiota. Ele te arrasta até ao nível dele e, depois, te vence em experiência.”

(anônimo)