CARTA ABERTA A ZÉ RICARDO

A vaia da torcida é um recado. Sério. Grave.

Não se conseguem resultados diferentes, repetindo-se os mesmos erros. Quando vi a escalação do time contra o Internacional antevi o jogo: ótima produção na intermediária adversária, bola pra cá, pra lá, e a sucessão de “quase gols”. Bola cruzando a pequena área, sem proveito, tal como vem acontecendo. Escanteios batidos como se fôssemos time de condomínio, no improviso. Afinal, o que treinamos? O esquema do “quase” prossegue até que num contra ataque o adversário faz um gol e nos vence.

Chega!

Você tem experiência bastante pra saber que Bruno Rodrigues rende muito mais pela esquerda. Precisamos com urgência “formar” um centroavante que aproveite minimamente o que é produzido no terço final. Há quantos jogos nossa sina é preparar e perder bons ataques por falta de alguém de ofício? Até quando vamos continuar assim, com um ataque cardíaco que só mata a própria torcida?

O que mais lamento é que temos jogadores de categoria, exibindo habilidade, arte, no manejo da bola e tabelas com os companheiros, mas falta efetividade. Falta gol. Falta coragem de você olhar o sub-20 e dar pelo menos meia hora de jogo pra nossas promessas. Cinco minutos não servem de teste. Pior não ficará, tenha certeza.

Agora, Zé Ricardo, teremos uma semana de preparação pra encarar o Coritiba. Aquele mesmo, que veio “inaugurar” a Arena MRV. Por favor, não faça mais, do mesmo! A Nação Azul está cansada de ver este filme chamado “Três bolas na trave.Quase Vencemos”. Mude o roteiro, por favor.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. São Paulo 1 x 0 Cruzeiro – Sim, serão sempre três pontos perdidos em momento difícil na tabela. Mas há formas diferentes de perder, como por exemplo quando o goleiro do outro time não faz sequer uma defesa. Com desgosto, apontava aqui neste QUINTAL que se o adversário entrasse com dez, exatamente sem goleiro, não faria falta. Tempos tristes. Lembram meu caro leitor e minha cara leitora?

Pois quinta-feira, no Morumbi, foi diferente. Após uma primeira etapa dividida quanto ao domínio de jogo, nos primeiros 35 minutos do segundo tempo, foi um amasso azul sobre os paulistas. Linha contra defesa. Blitzkrieg, com três bolas na trave e defesas impressionantes do Rafael deles. Pena estarmos “proibidos” de ter centroavante. As três substituições feitas em bloco por Zé Ricardo desfiguraram o time. Aos 38, raro contra-ataque paulista, Alisson finalmente encontra pela nossa lateral direita caminho livre: houve troca de vigia. Saiu William, entrou Palácios que fez o de sempre: na companhia de Wesley, escoltou o atacante, respeitosamente, até o cruzamento, seguindo-se gol de Luciano, de cabeça.

No final do jogo, dois sopros que pareciam de esperança:

1. A torcida cruzeirense, com entusiasmo, aplaudiu o que time fez até os 35 minutos finais;

2. O lateral Rafinha, entrevistado, destacou o Cruzeiro como o melhor time que haviam enfrentado no returno. Alisson foi além: o Cruzeiro foi o melhor que enfrentamos neste ano.

Palavras que consolam? Pode ser. Mas a reação, que não veio ontem, só depende de nós.

2. Alisson e Mauricio comemoraram de forma diferente gols marcados contra o Cruzeiro. Pelo São Paulo, Alisson vibrou como se festejasse gol de título. Já Maurício, pelo Inter, foi discreto, respeitoso. Ninguém é obrigado a agir de uma forma ou de outra. Mas no gramado é passado um recado que a torcida anota. O brilho de Mauricio nos remete sempre a uma das maiores pisadas de bola da dupla SSR-Felipão, patrocinando sua troca com Pottker e dando mais um milhão de reais… Prêmio Nobel de Negócio Ruim.

3. SAF ATLETICANA – Oficializada, na última semana. Negociações tranquilas. Nunca houve tanta harmonia. O vendedor vendeu pra ele mesmo.

4. Pênalti – Em alguns dos 70 grupos sociais cruzeirenses de que tenho a honra de participar e aos quais castigo com o envio da coluna as segundas e quintas, foi destacado o pênalti batido por Tiquinho, já na parte final do segundo tempo, quando o Botafogo vencia por 3 x 1. Poderia fazer 4 x 1, possivelmente impedindo a virada que veio depois. Escolheu um canto, bateu rasteiro, o goleiro adivinhou.

5. Hulk – O sucesso no campo e no bolso às vezes compromete, pouco a pouco, os freios da arrogância e da impaciência. O craque já não se importa de exibir descontrole, distribuir palavrões diante das câmeras, se as coisas não forem como acha que devem ser. Não admite ser contrariado. Abandonou oficialmente o posto de capitão do time, mas sua obstinação auricular junto ao árbitro, bandeirinhas e o auxiliar tornou-se mais irritante. Sábado, contra o América, empurrou claramente um defensor adversário, que saltava, e a falta foi marcada. Hulk discordou com gestos bruscos e palavras fortes, tomando cartão amarelo. Findo o jogo, investiu de novo contra o árbitro, com a mesma virulência, tomou um segundo cartão amarelo e, em consequência, foi expulso. Aí o mundo veio abaixo. Saiu pagando geral, “uma vergonha!” Proclamou, em seguida, que não aguenta continuar no Brasil, “mais um mês aqui e vou embora…”

GARIMPO

“A mãe dos idiotas está sempre grávida.”

(Provérbio francês)