PROMESSAS E PREVISÕES

(Por Rafael de Novaes Rocha)

Acompanhar futebol em dezembro é um verdadeiro marasmo. Para além da entediante falta de jogos, temos que aturar um bombardeio de especulações vazias sobre a temporada que se aproxima. 90% delas são infundadas, feitas para gerar repercussão em um mês escasso de assuntos relevantes.

O trabalho especulativo por si só não leva a lugar nenhum. Tentar adivinhar o futuro é inútil e pode se tornar enlouquecedor. Até porque, neste momento, o futuro do Cruzeiro é uma incógnita. Temos um técnico. É um passo importante, mas se trata de uma aposta. Absolutamente ninguém consegue prever se nosso novo comandante portenho renderá tão bem quanto se espera dele. E, em relação às movimentações cruzeirenses no mercado, todas parecem assertivas e animadoras, mas muito pouco foi de fato concretizado. 

Vamos aguardar.

Modular as expectativas é essencial neste momento. Espero e acredito que o ano que se avizinha será bem mais tranquilo que 2023. Porém, não custa lembrar que na última virada de ano, no êxtase do acesso, eram consideravelmente positivas as expectativas em torno da nossa temporada de retorno à elite.

Por isso, em nada adiantam as certezas elocubrativas; aquelas previsões assertivas baseadas em… nada. Principalmente aquelas mais extremadas – sejam as iludidas de que empilharemos taças ou mesmo as apocalípticas que dão como certo o nosso rebaixamento.

E a minha positividade com o ano que se aproxima não se trata de mera previsão. Temos todas as condições para passar um ano sem sustos. Com orçamento maior do que 23 e sem a mesma pressão inicial pela permanência na elite, o caminho para o êxito parece simples: cultivar uma boa relação com os torcedores. Aquela sinergia entre campo, arquibancada e diretoria pode e deve ser resgatada. Para isso, Ronaldo e seus gestores devem aprender com os erros do passado, deixar a arrogância de lado. Ouvir aqueles que mais amam o clube; promover melhorias no abandonado programa de sócio torcedor; ter uma casa fixa para lotar os jogos como mandante; e adotar mais transparência e dar satisfações em relação às escolhas da diretoria – principalmente as ruins. 

Em resumo, para uma temporada de sucesso, os gestores da SAF cruzeirense precisam colocar o torcedor no planejamento do ano – o que definitivamente não ocorreu em 2023.

Será tão difícil assim?

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Ano novo azul – Aproveitando que esta é a última coluna de 2023, desejo a todos os leitores deste democrático minifúndio um excelente ano novo. Ou melhor, um ano novo espetacular aos leitores cruzeirenses e, à barca atleticana, um ano novo medíocre (pelo menos em termos esportivos).

Fiquem agora com a programação normal. O presidente deste QUINTAL assume o BATE PAPO a partir daqui. Não me responsabilizo mais!

2. Fernando Rocha fez vídeo do Parque da Serra do Curral, em Belo Horizonte que se tornou um dos mais vistos e divulgados no Natal. Lá do alto, encontrou um ponto do qual se visualizam os três estádios da Capital: “o Independência, pertencente ao América; o Mineirão, e mais adiante, com listas zebradas, o estádio inaugurado recentemente pelo Cruzeiro…”   Doeu no nervo de dente exposto, dos atleticanos…

3. Jogo do Ano – Em verdade, o primeiro clássico realizado na Arena MRV, pelas circunstâncias estranhas, extra campo, e pelo que ocorreu no gramado, tornou-se o  Jogo do Ano em BH. Como se recorda, uma equipe de aloprados foi encarregada de preparar o estádio para o clássico e esmerou-se em promover um festival de horrores no qual o ponto alto foi arrancar as portas e retirar o papel higiênico dos banheiros que seriam usados pela torcida cruzeirense…, Mas fez mais: colocou tapume pra separar torcidas aumentando os pontos cegos; cortou o som na hora do hino nacional na parte que energiza a Nação Azul ao ressaltar que “a imagem do cruzeiro resplandece…”

Coisa que, contada hoje, pra quem não assistiu nem acompanhou, ninguém acredita…

Afinal, contra tudo e contra todos, carimbamos a Arena ad aeternum.

4. João de Deus Filho exagera nos vinhos da Ceia de Natal, em especial o “Maria Teresa”, direto da Quinta do Castro, no Porto… Adormece, volta pegar na mão de Alice e retorna ao Paraíso, no qual o Atlético, contrariando os balanços, está cada dia com uma dívida menor. Quanto ao Cruzeiro…

“São 30 anos sem um título internacional

São 9 anos sem um Brasileiro

São 6 anos sem um Copa do Brasil

São 4 anos sem um Mineiro…”

Que vinho bom, João! Apaga as vicissitudes atleticanas e reaviva as cruzeirenses. Essa de “9 anos sem um Brasileiro” foi a maior de todas. Aquele tempão, dezenas de anos e o Atlético sem título, a gente cantava nas arquibancadas: “Não ganha nada, time sofredor…”

Lembra? Ou vamos pular essa parte?

5. Observando de longe capricha no contorcionismo literário, embaralha o raciocínio, espicha silogismos e apresenta o grande final: cada campeonato brasileiro teve a sua história, própria das circunstâncias em que ocorreu… assim…assim… em 1937 o Atlético foi declarado “campeão brasileiro…”

Tá bom, mas isto tinha que ficar encoberto por quase um século? Óbvio que tem osso debaixo deste angu. O tempo passou, passou até a coincidência raríssima como o alinhamento dos planetas: na presidência da CBF Ednaldo e seus diretores… na direção do Atlético os 4R$…

Meu caro Observando de longe, (codinome de quem já brilhou neste minifúndio, em memoráveis debates), a justiça está revisando, ao que parece, os atos extravagantes do ex-presidente da CBF. Vamos aguardar?

6. Romulo não percebe que seu anjo da guarda trocava de turno e entra desprotegido no debate dos títulos concedidos pela CBF:

“ Pronto, agora aqui no Dalai, começa a sessão “meu título de fax é melhor do que o seu” (…) Não existe título de fax melhor ou pior; são de fax e pronto.”

Meu caro Romulo, sua excelente folha corrida neste minifúndio não lhe permite escorregar assim na maionese. Meios de comunicação iguais não igualam conteúdo. Por exemplo, todas as ações judiciais começam por uma citação que pode ser pessoal, por mandado cumprido pelo oficial de justiça, ou por edital, publicado em jornais. Isto iguala os conteúdos?

Você sabe, só não quer admitir porque transforma o “título” de 1937 no maior conto do vigário do século: a diferença com a conquista do Cruzeiro em 1966 (apesar do fax) é de beija-flor com jacaré.

7. Sassá  envia carinhosa mensagem: 

“Feliz Natal Dalai e demais assíduos do nosso quintal. Que o ano vindouro seja com menos agressões e mais distrações aqui neste democrático espaço”.

Era a bandeira branca estendida pra nortear o nosso próximo ano, sem agressões gratuitas e palavrões de curso primário. Mas durou pouco tempo. Foi logo torpedeada: “Marcelo” não consegue controlar os impulsos de destruir tudo que não esteja lhe afagando a vaidade sem limites: 

“Sassá? Um nome fake como Anelka não seria mais conveniente, franga cadela de blog? Galai? E o blogueiro continua sendo o bobo da corte dos pateticanos, tudo normal!”

“Marcelo” ( que poderia ser “Teobaldo”, “Panhame”, “Galo Doido”, “Augusto”, “João de Deus” ou os outros tantos que cria na hora pra intervir onde não é chamado nem referido) saiba que realmente neste QUINTAL há um bobo da corte, mas não é o blogueiro. Trata-se de um idiota que procura se esconder sob a capa de “fakes” variados, cada um mais grosseiro que o outro, sem perceber que as digitais da autoria estão pululando em cada frase. Não engana ninguém. A máscara cai no primeiro parágrafo. Condena o blogueiro por permitir presença e assuntos atleticanos neste QUINTAL, mas solta textão horrível, absolutamente desinteressante, sobre o time de futebol feminino do Atlético.

A genialidade de Caetano Veloso nos deu uma canção onde há trecho lembrando que “Narciso acha feio tudo que não é espelho…” Assim também o nosso BCO (Bobo da Corte Oficial) não tolera assuntos que não sejam os seus escolhidos ou que não lhe massageiam o ego insaciável… Quer pautar o QUINTAL DO DALAI ao sabor de suas diatribes.  A habitual virulência, mal gosto, palavrões e falta de senso já afastaram a presença feminina e outros nobres participantes do Bate Papo que esperamos recuperar. Mas só conseguiremos isto se o BCO nos der um presente de ouro para o próximo ano: sua ausência pessoal e em fakes!

GARIMPO

“A pornografia é a sexualidade dos primários. Nossa época é maravilhosa, podemos dizer tudo. É exatamente por isso que não devemos dizer tudo”.

(Roger Peyrefitte, citado por Ruy Castro na Folha de domingo)