CRUZEIRO 3 X 0 CORINTHIANS – RECORDE DE PÚBLICO

A Nação Azul mais uma vez presente. Fez a sua tarefa no Mineirão, enquanto no gramado o time também dava conta do recado.  55.186 de público, batendo recorde no brasileiro. 

Um a zero logo aos seis minutos, golaço de Matheus Pereira. A partir daí, domínio absoluto durante quase o jogo todo. 

Há muito, a gente não tinha essa tranquilidade. Em outras palavras: as chances surgiram e aproveitamos, o que não vinha acontecendo nos últimos dois jogos. A missão agora é manter o esquema. Se possível, melhorar. Destaque para o segundo gol, marcado por Barreal. Até que enfim, um chute de fora da área bem sucedido. Não tenho a estatística, mas me arrisco. De cem, acertamos um.

Alô Seabra, depois dos coletivos vamos colocar a turma pra chutar à média distância? Estamos carentes.

Quarta-feira, às 18h30, será o Grêmio, no Estádio Centenário, Caxias do Sul. Em nossa bagagem: garra, vontade, inspiração. 

Sábado, 4 da tarde, Bragantino, no Independência. O Mineirão terá show, programado antes.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Recorde cruzeirense – Pra se ter ideia da dimensão do recorde de público, batido ontem no Mineirão (55.186 torcedores) é útil recordar a média geral até a última rodada: 22.714.

2. Uruguai outra vez – Fomos eliminados da Copa América pelo time de um país cuja população não chega a 10 por cento da população do estado de São Paulo. Mas é imbatível, na América do Sul, quando se trata de educação, saúde e politicas sociais, daí ser conhecida como “Suíça da América”.

Somos 200 milhões de habitantes. Encontrar craques de futebol aqui deveria ser mais fácil do que lá, com 3,5 milhões. Mas não temos sabido nos coordenar na produção um time.

Enquanto o técnico argentino Bielsa está no comando da seleção há quase um ano, ficamos dois esperando Ancelotti. Muitos acham que ele nem sabia.  Depois começamos a  experimentar  treinadores como se experimenta camisa. Esse amalucado comando da CBF tem sido coerente nos estragos: o futebol  masculino do Brasil está fora das Olimpíadas de Paris; as divisões de base estão eliminadas dos torneios e, para a próxima Copa do Mundo estamos em último lugar dos classificados nas eliminatórias. Pela primeira vez, corremos risco de ficar de fora.  Em setembro recomeçam os jogos. Vamos mudar de técnico?

Não por acaso, é esta mesma “administração “ da CBF que decidiu transformar em campeonato brasileiro o torneio regional que o Atlético disputou em 1937, com quatro times, inclusive das Forças Armadas.

Atos coerentes.

3. Pênaltis – Tenho uma teoria, já exposta neste QUINTAL, de que o modo mais desastroso de se cobrar um pênalti é chutar à meia altura, porque o goleiro pula caindo. E o mais seguro, pela mesma razão, é chutar próximo a qualquer dos cantos superiores, com boa margem de segurança pra evitar bater na trave ou ir pra fora. Restam os cantos inferiores, que são loteria. Se o goleiro acertar, pega.

Convenci-me, após anos de observação, de que há um componente extra bola, decisivo nestas disputas: controle emocional. O psicológico de um time (desempenho nas disputas, bastidores, vestiário, opinião pública, liderança no gramado, coordenação extracampo, etc, etc. além, claro, das condições pessoais). Tudo isto, como um vídeo-tape, forma um “estado de espírito” que será favorável ou negativo. É isto que o batedor revê, consciente ou inconscientemente, naquele interminável trajeto de meio campo que atravessa, passo a passo, pra fazer sua cobrança. Tinha um amigo, psicólogo frustrado como eu, que procurava adivinhar só pelo jeito do batedor caminhar até a bola. Acertava mais da metade.

4. E assim se passaram 10 anos… – Por estranha coincidência, eliminados no sábado, pelo Uruguai, nesta segunda suportamos o aniversário de dez anos do maior vexame do futebol brasileiro. Aquela goleada de sete, que levamos da Alemanha, no Mineirão, sob a batuta de Luiz Felipe Scolari, com Hulk e Bernard no time. Difícil, até hoje, suportar as piadinhas: “Enquanto você pede uma picanha, mais um gol da Alemanha…”

5. Alejandro – comete o que se conhece por ato falho. Uma subconsciente preocupação com temas espinhosos nos leva, sem perceber, a desperta-los. Confira:

“Dalai, não critique o terreno do outro quando o seu é podre. O Cruzeiro teve momentos de glória com a dupla de irmãos Perrela Corleone, com dinheiro de narcotráfico (…) Pare com teorias mentirosas de conspiração.”

Meu caro Alejandro, o divulgadíssimo episódio do helicóptero do Zezé Perrela apreendido em novembro de 2017, com quase meia tonelada de pasta base de cocaína, foi completamente esclarecido, inclusive sob a coordenação do FBI pois o piloto, que comandava a operação, é americano e estava sob investigação. Zezé Perrela não foi ouvido nem como testemunha e, findo o inquérito, manteve a posse do helicóptero. Detalhe importante porque a lei é expressa em determinar a perda automática do veículo transportador de drogas quando o proprietário está envolvido no esquema.

Alejandro, quem é mesmo que dá curso a “teorias de conspiração”?

6. Perder podendo ganhar – O título da coluna, após nossa derrota no Maracanã, para o Flamengo, por 2 x 1, levou ao espancamento moral do blogueiro. A crítica mais suave taxava de “idiota” a manchete.

Augusto é um dos mais ferinos:

“Parafraseando o título da coluna: O Cruzeiro perdeu, podendo vencer ou quem sabe até empatar. Realmente, tem sentido…”

A intenção, óbvio, foi divulgar que fizemos bom jogo e poderíamos, sim, ter vencido.

Há jogos assim. Outros não comportariam essa manchete. Com o mesmo Flamengo, temos exemplo recente.

7.Ainda as maracutaias atleticanas – O novo enfoque do velho tema, trazido por Antônio Tonidandel, respeitado juiz de direito aposentado, provocou em alguns grupos indagações que precisam ser esclarecidas: o poder judiciário aprovou esses esquemas, até mesmo em segunda instância. Então eram legais, argumentam vários leitores. Nem tudo que é legal é lícito. No caso, desapropriar imóveis é ato discricionário do Poder Executivo. O prefeito municipal é quem decide fazer uma nova sede no bairro de Lourdes. Não cabe ao judiciário intervir na escolha, alegando que isso seria uma aberração, etc. Cumpre ao juiz e aos tribunais o exame formal da medida. Não de conveniência e oportunidade. Os atos eram legais, embora imorais.

8. Paulo P, a propósito,  enriquece o QUINTAL com inspirada síntese de Mario Sergio Cortella:

“… ética é um conjunto de princípios e valores que você usa para responder três grandes perguntas: quero? devo? posso?”

Depois, Paulo P não alivia, leva o blogueiro ao corner. Exige “riqueza de  detalhes”  de falcatruas azuis, citando especificamente o caso de conselheiro, agente da Policia Federal, preso por vazar documentos de interesse de político cruzeirense. Uma semana antes, esse conselheiro fora nomeado para integrar Comissão Provisória destinada a apurar denúncias do Fantástico envolvendo o Cruzeiro.

Meu caro Paulo P, infelizmente maracutaias não são privilégio do Atlético. Temos também as nossas. E brabas! A única diferença é que assaltamos nossos próprios cofres, não os públicos.

Meados de 2019. A gente transitava numa superfície de aparente calma, sem perceber a ebulição interna de vulcões, tornados e, por fim, um tsunami que iria eclodir no fim do ano. As denúncias feitas no “Fantástico”, sobre fraudes no Cruzeiro tiveram efeito devastador. Fomos ao chão, respirando por instrumentos. Zezé Perrela, presidente do Conselho Deliberativo, nomeou Comissão que deveria iniciar as apurações. Entre os nomeados, o recém Conselheiro Marcio Antônio Camilozzi Marra, agente da Policia Federal. Tomou posse e dias depois os jornais anunciavam sua prisão, por vazar documentos e investigações sigilosas do próprio sistema da PF, para favorecer Aécio Neves.

9. Ataçaénossa, corrige o blogueiro: o primeiro “olé” da Arena MRV não aconteceu na recente goleada flamenguista. Foi dia 20 de abril, com os 3 x 0 do Atlético sobre o Cruzeiro.

É verdade. Temos de nos contentar apenas com o troféu da primeira carimbada em clássico, na Arena, envolvendo até mudança no naming rigths do estádio, que passou a “Meu Rival Venceu”.

10. Fred Melo Paiva joga a toalha –  Sem favor, é um dos grandes cronistas brasileiros da atualidade. Como todos os demais da primeira prateleira,  tem estilo próprio de seu grupo.  Tostão e seu mestre Armando Nogueira,  são do grupo Arranjadores de Filarmônica. Escrevem com harpas, ajeitando musicalmente palavras untadas em azeite. Machado de Assis e Eça de Queiroz munem-se de lupa de relojoeiro e dicionário analógico à cata do terno nanometricamente  ajustado.

Fred, tal como Rubem Fonseca e Augusto dos Anjos, escreve com bisturi. Rasgando a carne. Até a própria.

Sua desabrida crônica de sábado, no Estado de Minas, mostra que o rei está nu.

O óbvio é difícil de ser percebido, alertava Nelson Rodrigues. Boa parte dos atleticanos só agora vai sentindo cheirinho de roubada. Barulhinho de castelo de cartas ruindo. A Arena MRV é um bom Restaurante. Camarotes divinamente supridos. Cada vez mais se tornam excelente opção pra jantar em noites de jogo do Atlético. Tudo às mil maravilhas. Não se atreva a olhar para o gramado.

Vamos à crônica. O título: “Assim morre a torcida mais doida do mundo”.

Sub título: “Primeiro comeram nosso patrimônio material. Agora, como traças imparáveis, comem também o patrimônio imaterial, aquele que deveria ser tombado.”

“Tá feia a coisa, meus amigos, e o mais feio de tudo é a nossa Arena, ex Terreirão do Galo, atual Varanda Gourmet. O Atlético é o azar em pessoa. Quando consegue construir seu estádio, ele acaba envolvido em tenebrosas transações. Vá lá, a gente pensava, pelo menos agora vamos ter a nossa Bombonera. O corvo, no entanto, fez morada em nossa casa: ali o canto não reverbera, não há acústica possível, somos todos surdos-mudos, boneco de posto a balançar as mãos, em silêncio sepulcral. O caldeirão, se muito, é uma caçarola de ágata, uma panelinha com teflon.”

“(…) Como se vítima de uma gangrena, o atleticano vai se desfazendo, morrendo pouco a pouco, assassinado pelo mármore dos banheiros, pelo estacionamento a 150 surreais, pela acústica que impede seu canto, pelo público forjado nos playgrounds dos grandes edifícios.”

“Sempre há tempo de se fazer alguma coisa. E se exigíssemos providências com relação à acústica da Arena, ou todos cancelariam novos GNVs? E se ninguém mais entrasse no estádio enquanto ele permanecesse essa Varanda Gourmet? E se achássemos uma praça, uma outra localidade, onde pudéssemos torcedores do velho Mineirão? E se firmássemos uma série de princípios inegociáveis que garantisse a sobrevivência da torcida como o patrimônio que ela verdadeiramente é? A única opção que não deveria existir é ver a torcida do Atlético morrer e ninguém fazer nada.”

11. Zé Antônio foca a base do Cruzeiro e nos faz otimistas. No  Brasileiro Sub-20 vencemos  por 3 x 2 o Athletico Paranaense e alcançamos o segundo lugar, com 24 pontos.

Sub-15 e Sub-17 se classificaram no mineiro.

Quanto ao  Atlético Mineiro, os garotos do Sub-20, imitando os ídolos, seguiram a bitola oficial e também tomaram de 4 do Fortaleza. Com 13 pontos, encostam na zona de rebaixamento. Não estarão sozinhos; o Futebol Feminino está lá.

Já estão chamando a base do Atlético de “filme velado”: não revela nada.

GARIMPO

“Se você é a pessoa mais inteligente da sala, você está na sala errada.”

(Confúcio)