SEXTA-FEIRA APIMENTADA: CRUZEIRO X BAHIA

Tirem as crianças da sala, acabou a brincadeira. Duas vitórias, apenas, nos últimos dez jogos, é caso de alarme geral. O tempo que Fernando Diniz não teve, agora sobra. Duas semanas livres, de lupa na mão pra conferir detalhes, posicionamentos e, acima de tudo, articulações automáticas. De costas, o jogador que está com a bola em nossa intermediária deve saber quem está se deslocando na ponta, direita ou esquerda, para aprofundar o ataque. Plano B, quando for preciso sair do toc-toc curto e perigoso em nosso próprio campo.  Equipes azeitadas, como se vê nos melhores campeonatos do mundo, jogam assim, mostrando a diferença entre time de futebol bem treinado e ajuntamento de condomínio, onde ninguém parece conhecer ninguém.

O bom time do Bahia está colado com o Cruzeiro na tabela. 7º. lugar, com 45 pontos, enquanto estamos em 8º, com 43. Vencendo, trocamos de lugar. 

Exibição animadora, sexta-feira, no Mineirão, reforçará expectativas para a semifinal da Sul-Americana, na quarta-feira seguinte, 23, contra o Lanus.

Esta que começa hoje e a próxima serão decisivas pra definir o saldo do Cruzeiro no ano. Crédito ou débito?

É ganhar ou ganhar.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Sada Cruzeiro – campeão outra vez! Com a vitória de ontem, sobre o Minas Tênis, o Sada Cruzeiro tornou-se campeão mineiro de vôlei, pela 15ª vez seguida. A disputa final aconteceu no Mineirinho lotado e o primeiro set foi do Minas seguindo-se a reação do Cruzeiro vencendo os três outros. 

2. Paulo Pimenta, por certo que não conscientemente, continua submerso na opacidade da paixão clubística e, assim, conferindo a palavras ou expressões não o sentido que elas verdadeiramente expressam no contexto, mas ao que melhor se alinhe à sua visão emocional.

De pouca valia o pressuposto destacado pelo blogueiro – “o principio geral e irrevogável é o que nenhum vandalismo de torcida deve ser tolerado”.

Não apenas penso assim. Agi assim quando presidi o Cruzeiro.

Paulo nem toca neste posicionamento. Pega expressões ilustrativas, como a de que os atos preparatórios da diretoria atleticana, retirando portas de banheiros, etc, equivaliam a um crime premeditado, pra frisar e refrisar que “tirar portas de banheiros não é crime”. Juridicamente, óbvio que não. Mas naquelas circunstâncias, junto aos demais absurdos atos, transformaram-se em pólvora para o estouro da boiada.

Num contorcionismo literário, Paulo vai maquiando os fatos ao seu feitio até que fica composto o quadro surreal que só ele vê: a torcida azul chega à Arena, tudo em absoluta ordem e ao constatar que um banheiro está sem porta e papel higiênico, começa a quebradeira…

Pela enésima vez: não apoio vandalismo de torcida, com qualquer camisa. No caso da Arena MRV, também pela enésima vez, os “atos preparatórios” da direção do Atlético foram ainda mais condenáveis porque premeditados, feitos de cabeça fria. Grau máximo de irresponsabilidade na direção de um Clube. Acenderam fogueira ao lado de um estoque de pólvora.

Paulo, pense um pouco, sem preconceitos. Você é maior que isto.

3. Óleo de rícino – quem tem menos de 60 anos não deve conhecer esta tortura. Purgante extraído das sementes da mamona, contra “vermes e lombrigas”. Uma colher, apenas. Absolutamente intragável, pelo cheiro e pelo gosto. Lembro-me de exigir, além do nariz tampado, uma bola ou um velocípede. Só assim abria a boca pra receber aquela coisa horrível.

Pois esta foi a conexão imediata que inundou o meu consciente ao ver o vídeo  do “empresário” William Rogatto respondendo perguntas na CPI do Senado sobre manipulação de resultados no futebol.  Ele está compreensivelmente refugiado em local incerto e não sabido. “Repugnante” ainda é um adjetivo fraco pra classificar a cena. Uma frase de Rogatto sintetiza o grau de idiotice em que nos encontramos: “Rebaixei 42 times e ganhei 300 milhões de reais”. 

4. Fred Melo Paiva, cuja imagem foi apagada do grande painel da Arena MRV produziu sábado, no Estado de Minas, uma crônica antológica, sob o título “Eu, a eminência cinza. Que tirambaço no pé!”

Ele observa que, no espaço deixado com a retirada da imagem, a sombra cinza torna-se um eloquente e permanente protesto contra o ato de força:

“Um bilionário compra o que quer. Gostou do restaurante? Vou comprar. Papai, eu amo o Galo. Toma, filhinho, é seu. No multiverso em que vivem, deve ser frustrante não poder comprar um reles cronista com tanto boleto vencido. O cronista apagado estará por aí, brilhando, enquanto houver Atlético. O bilionário será um quadrinho do Nilo Peçanha no Museu do Catete. Eles compraram um punhado de concreto, o ferro, a brita, a esquadria, o muro. Sucatearam, venderam para eles mesmos, compraram de si próprios. Os ratos roeram a roupa do rei de Roma. Mas nunca vão comprar nossa paixão.”

5. Cinco estrelas & Matheus Pereira – A convocação do camisa 10 azul para a seleção brasileira trouxe à tona, de novo, o período de seu desencontro emocional após passar por vários clubes. Embora nascido em Belo Horizonte, jamais havia atuado em equipes brasileiras, nem nas divisões de base. Seu primeiro clube foi o Sporting e depois atuou em outras equipes de Portugal, Alemanha e Inglaterra, antes de se mudar para a Ásia. Ele mesmo confessa:

“Será que eu seria capaz de reencontrar uma vida autêntica no futebol? Ainda daria tempo? Onde isso seria possível? Qual o caminho? O caminho quem me mostrou foram as cinco estrelas mais bonitas do céu. Aquelas cinco que brilham sobre um azul infinito e glorioso. Quando o Cruzeiro me procurou, eu imaginei as cinco estrelas brilhando em cima do meu coração e falei: “Caramba, é isso!” O que pode ser mais autêntico em minha vida do que o Cruzeiro?”

6. Censura – temos recebido sugestões pra cortar comentários que visem apenas ofender integrantes do Bate Papo.

Tema em exame. Enquanto isto, permitam-me um apelo geral: vamos nos ater aos propósitos deste QUINTAL sem cercas: preferencialmente, falar bem do Cruzeiro e mal do Atlético.

GARIMPO

“Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.”

(Viktor Frankl)