7 DA NOITE, COMPROMISSO MARCADO!

Milhões de corações azuis pulsarão acelerado quando começar o mata-mata da Copa do Brasil contra o Náutico: primeiro jogo oficial do Cruzeiro sob o comando de Pepa. A gente sabe que é cedo pra esperar frutos de semente plantada ontem. Mas o emocional sufoca a razão e já queremos ver em campo pelo menos um time de futebol, com defesa, meio de campo e ataque minimamente entrosado. Depois do jogo o Cruzeiro não volta a Belo Horizonte. Segue direto pra São Paulo onde domingo, às 16h, encara o Corinthians, iniciando o campeonato brasileiro da Série A, após 3 anos de ausência. A simbologia é maior que o jogo. Durante décadas, o melhor clube brasileiro fora do eixo Rio-São Paulo, La Bestia das Américas, o Cruzeiro vítima de duas calamidades seguidas passou a comer o pão que nem o diabo amassou.

Na Ilha dos Aflitos, quem vai jogar nesta noite, contra o Náutico, é ainda um ferido de guerra em recuperação. Sem recursos. Sem campo. O jovem técnico português não é milagreiro. Na visão desse blogueiro-corneteiro não devemos nem podemos esperar nota 10 para o time; já será bom se não aparecerem chutões a esmo, escanteios sonolentos e lançamentos pra fantasmas. Estamos pedindo muito?

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Galo Doido New York – após caminhada no Central Park, volta pra casa, toma um bom banho, sorve um Macallan, ouve o novo arranjo de As Time Goes Bye, e responde à pergunta sobre a razão do clube mais endividado do Brasil passar a usar camisa-boleto, leia-se, com código de barra:

“Caro blogueiro, com a ajuda de Mãe Dinah, Fred explica:

Aponte a câmera do seu celular para a camisa do Atlético que a resposta aparecerá: Tetra Campeão Mineiro”.

Parabéns, meu conterrâneo da Grande Bom Despacho. Mas pegue a taça com cuidado pra não apagar as digitais da Mão Grande.

Eduardo Silva, nosso historiador azul, complementa:

“É TRETA?

O povo de São João Del Rei está esperando o clube lá com o troféu de campeão, pra comemorar junto com a torcida do Athletic.”

É isto aí. O Atlético tem um dos melhores conjuntos do país e poderia ganhar sem ajuda do apito. Mas aconteceu, e foi vergonhosa. Inclusive com Nota Oficial da Federação colocando o árbitro na geladeira. E então: É Tetra, ou é Treta?

2. Injustiça – A propósito, na farta distribuição de medalhas pelo campeonato mineiro faltou a do árbitro que propiciou tudo isto.

3. Raposão – Como até os postes de rua sabem, mais 100 grupos cruzeirenses interagem com este QUINTAL, recebendo religiosamente as colunas, às segundas e quintas, embora raramente participem do Bate Papo. Impressionante a repercussão neles da simples foto do raposão ilustrando a última postagem. Sem dúvida, a constatação física, claríssima, do que é o Raposão-Raiz realça o absurdo daquela ideia do “Raposinha” pra distrair recém-nascido.

4. Bernard José de Assis apresenta novo enfoque para a comentada crônica do Fred Melo Paiva sobre os 4 Rs. O desabafo teria sido “mais emocional que racional” em face de ressentimentos anteriores. Observa que não é preciso ser atleticano “para ver que o endividamento foi usado para criar patrimônio, tanto físico (arena MRV, reforma do CT, etc) quanto jogadores”.

E pontua:

“Foi assumido um risco grande e o processo ainda está em andamento. Insinuar como ele fez que os 4Rs agiram de forma a tirar vantagens pessoais em detrimento do Atlético é perigoso e superficial.”

Impossível não conceder a Bernard pelo menos o benefício da dúvida.

5. Torcidas – A Barraca Atleticana neste minifúndio foi dormir de madrugada após o título de campeão mineiro, mas acordou cedo com o foguetório por causa de divulgação de pesquisa nacional sobre torcidas. João de Deus Filho e Galo Doido New York, entre outros, reproduziram os números com destaque para a espetacular conclusão: a torcida do Atlético conseguiu empatar com a do Cruzeiro!

Galo Doido mostra os primeiros lugares:

Flamengo – 24%

Corinthians – 18%

Palmeiras – 9%

São Paulo – 8 %

Atlético MG e Cruzeiro – 5%

Vasco – 4%

Grêmio e Santos – 3%

Bahia, Internacional e Sport – 2%.

No final, pergunta – “Decepcionado, sr. Blogueiro?”

Claro que não. Ao contrário, feliz, vendo a alegria dos atleticanos por alcançarem o nosso patamar de torcedores. O que a gente sempre proclamava e vocês negavam confirma-se: o Cruzeiro é o maior Clube e tem a maior torcida, fora o eixo Rio-São Paulo. Agora, após 3 anos de calamidades que por pouco nos dizimaram, enquanto o Atlético recebia milhões dos 4 Rs ganhando vários títulos, a pesquisa nacional revela paridade entre as duas torcidas. Imagine-se o quanto é grande o Cruzeiro: alcançado pelo Atlético, sim, mas só quando cai na lona, nocauteado, por três longos anos.

6. Jorge – eufórico:

“E o Galo? O Galo ganhô! É tetra!

Pois é, o couro comeu lá no Mineirão! O coelhinho pompom levou o chocolate da páscoa pra casa. Sorte do Cruzeiro que assistiu do sofa´…”

Jorge, é Tetra ou é Treta? Faça uma pesquisa com os comentaristas, com o Conselho Arbitral da FMF e com o povo de São João Del Rei, depois nos responda. 

Quanto às muitas vezes que o Atlético foi campeão mineiro, lamento decepciona-lo, mas de 30 a 40% os títulos tiveram o decisivo apoio da Mão Grande. Assaltos à luz de meio dia, sob os mais criativos disfarces. Coisa pra peça de teatro.

Você sabe disto.

João de Deus Filho, nosso Guru da Racionalidade, quem diria, joga tudo pra cima, chuta o pau da barraca e vem de pé alto, na correntinha:

“Sai raposão, entra dinossauro. Foi grande, mas acabou. Vcs ainda não acabaram, mas caminham a passos largos pro fim. São doentes terminais. Que Deus os abençoe.”

Que é isso, João! O que você fez com o analista racional, equidistante, que iluminava seus textos?

Meu caro, nossa situação realmente não é tranquila e a duras penas estamos procurando ameniza-la. Mas por acaso a do Atlético é mar de rosas? Agora mesmo, com graves dissenções internas, suspeitas perigosas de “pilantropia”, você não sente o chão tremer? Cuidado, as placas tectônicas estão se movimentando.

7. Teobaldo é outro distraído. Não percebeu que seu anjo da guarda foi conferir o que realmente ocorreu com meu tio Dalai Lama, e acendeu estopim de granada:

“Protocolo cumprido, campeonato da roça conquistado, troféu na Sede de Lourdes…tudo certo…”

Tudo certo como dois mais dois são cinco. Meu caro Teobaldo, pra quem se beneficiou da Mão Grande em 40% dos títulos mineiros conquistados, é uma temeridade você falar em “protocolo cumprido”.

8. Cruzeiro Sim! Acerta a moleira do blogueiro. Após acusar que neste QUINTAL “lemos, em nome do que é bom, apologia ao bullyng, à misoginia, à “escrotice”, ao “pulhismo” e que tais (creio poder dar exemplos daqui mesmo)”, dispara o míssil Exocet:

“Não sei se há uma “liturgia do ex-cargo” para um ex-presidente do Cruzeiro Esporte Clube. Deveria haver algo tipo: ex-presidentes têm obrigação e dever moral de zelar com a identidade do clube AINDA QUE TENHA SIDO OCUPANTE TEMPORÁRIO CONVENIENTE DO CARGO”.

“Ex-presidente Dalai, cuidado com o que o sr. está promovendo aqui. Ah! Tomara que ganhe mais dinheiro ainda.”

Meu caro Cruzeiro Sim, vamos por partes, como diria Jack:

Sobre “escrotice”, bullying e outras quejandas apontadas neste minifúndio, preciso saber onde você estava até há três ou quatro meses atrás, quando este minifúndio não tinha censura. Era uma atrocidade contra o bom senso e o bom gosto. Você, caladinho, viu tudo e não acusou nada? Agora, que há uma capina geral, extirpando ervas daninhas pela raiz, você reclama do lixo retirado?

Quanto à liturgia para ex-presidentes do Cruzeiro, confesso que o tema sempre me inquietou. É gritante, pra mim, o silêncio dos demais ex-presidentes. E me pergunto:  Porque só eu, idiota, dou a cara à tapa, expondo-me duas vezes por semana, me posicionando sobre tudo que acontece de grave com o nosso time.  E veja que comecei fazendo isto todo dia, em homenagem a uma torcida maravilhosa, que estava no chão após ter me ajudado a varrer a administração corrupta.  Era tão dramática a situação interna no Clube que não conseguíamos nem realizar a Assembleia Geral Extraordinária pra votar o impeachment da diretoria. Sem poder usar as dependências do Clube, marcamos o ato para o salão de um hotel no centro da cidade, mas ele teve toda a fachada de vidros apedrejada, quando foi publicado o edital. Vivenciamos outros vários episódios semelhantes.  Por isso, terminado o meu mandato-tampão, nem pensei em liturgia do cargo de “ex-presidente”, ou seja, fechar a boca. Com o time na Série B e destroçado financeiramente, o desafio era escrever todo dia uma crônica otimista sobre um navio afundando. Não sei como consegui. 

Hoje, com o barco semi-estabilizado, penso todo dia em parar de azucrinar tanta gente com o besteirol do QUINTAL. Mas há sempre um diabinho cochichando: agora ainda, não. Mais adiante.

Quanto ao “tomara que ganhe mais dinheiro ainda” informo-lhe que minha remuneração é “in natura”: entrar em praças públicas, restaurantes, teatros, de peito aberto, ser reconhecido, fotografado e abraçado por cruzeirenses. Não há dinheiro que pague isto.

GARIMPO

“Não falo com minha sogra há quase dois anos. Ela não gosta de ser interrompida.”

(Henny Youngamn)