3º. JOGO – 7 de março de 1976 – contra o Internacional.
Três meses antes, um gol do zagueiro Figueroa aproveitando escanteio, nos tirou o campeonato brasileiro. Parecia que foi ontem, a gente estava com o time gaúcho entalado na garganta.
Desta vez, ante 65.463 torcedores, no Mineirão, um Cruzeiro magoadíssimo lutava para passar à segunda fase da Copa Libertadores. Zezé Moreira era o nosso técnico. Rubens Minelli dirigia o Inter, que tinha Manga no gol, Figueroa na zaga, e um meio de campo com Falcão e Caçapava, jogando por música; Na frente, artilharia perigosa: Escurinho, Valdomiro e o endiabrado Lula!
Mas o Cruzeiro estava marcado para a vingança!
Entramos com Raul no gol, Nelinho na lateral direita, e a zaga com Moraes e Darci; Vanderlei na esquerda. Zé Carlos e Eduardo no meio; Na frente, “apenas” Roberto Batata, Jairzinho, Palhinha e Joãozinho!

Timaço!
Aos 4 minutos, quase jogando o Mineirão ao chão, Palhinha fez o primeiro gol. O estádio ainda balançava quando, 6 minutos depois, ele mesmo fez o segundo!
Lula, aos 14, diminuiu para o Inter. Mas Joãozinho, aos 21, fez o terceiro. Valdomiro aos 39, fez o segundo do Inter e assim o primeiro tempo, a duras penas, terminou em 3 a 2 para nós.
Iniciada a etapa final, logo aos seis minutos Zé Carlos marcou contra e o Inter empatou. O jogo se transformava quase que numa batalha física.
Dois jogadores faziam o estádio prender a respiração quando pegavam a bola: Joãozinho e Lula. Dribles “impossíveis”, jogadas que hoje estaríamos revendo com frequência se tivéssemos em 1976 a tecnologia de hoje.
Cinco minutos depois do empate, Palhinha foi expulso, piorando o que já estava difícil. Com dez jogadores, passamos a sofrer uma obstinada pressão do Inter, comandada por Falcão e Caçapava, em busca do gol da vitória. Nossos jogadores se multiplicavam em campo, recuando para defender.
Num verdadeiro milagre aos 18, Joãozinho, entorta Figueroa, e faz 4 a 3. Mas aos 25, Ramon voltou a empatar para o Inter, 4 a 4.
O Mineirão tinha momentos de apavorante silêncio. Joãozinho fazia talvez a sua melhor partida pelo Cruzeiro. Infernizou tanto o lateral Claudio Duarte que aconteceu o que todo mundo esperava: cartão amarelo prá ele. Ruben Minelli compreendeu que bastava mais um ataque do Joãozinho para surgir o segundo amarelo e a expulsão. Tratou logo de tirar Claudio Duarte, colocando Valdir.
O nosso ponta inesquecível não tomou conhecimento da substituição de seu marcador e continuou o baile até que aos 40 minutos, entrando na área, sofreu falta cometida exatamente por Valdir. Pênalti.
Silêncio total no estádio.
Nelinho pega a bola. Faz questão de nem olhar para Manga, sabidamente pegador de pênalti. Sinaliza que vai soltar a bomba costumeira no canto direito. Manga pula. E a bola entra no esquerdo. Deu medo sentir o Mineirão trepidando.
BATE PAPO NO QUINTAL
Os meus três jogos fantásticos estão registrados: 6×2 contra o Santos; 3×3 contra o Atlético e este 5×4 o Inter.
E você? Mande para este QUINTAL a relação daquelas partidas que nunca mais saíram de sua memória. Veremos depois quais foram, entre tantos, os três jogos do Cabuloso que ficaram na história.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.