ATHLETIC 1 X 0 CRUZEIRO

O técnico Abel Pereira, do Palmeiras, acaba de lançar um relógio de pulso, com a sua marca. Fernando Diniz poderá lançar um DVD com o jogo de ontem, mostrando como não se deve jogar futebol, com suas especialidades: como não bater um escanteio; como não dar passes semelhantes a tiros de meta, inalcançáveis pelo companheiro visado; como não se deve trocar passes improdutivos; como jogar 90 minutos sem um chute efetivo a gol. Jeferson não sujou a camisa.

A torcida no Mané Garrincha “homenageou” Diniz clamando por sua saída. O time parece que não treina. Os jogadores parece que não se conhecem, tantos são os passes errados. Cabe de novo a pergunta sempre feita neste minifúndio: o que treinamos? Quais jogadas são feitas na Toca? Um mistério, porque em campo não aparece nada. Ou melhor, aparece um time desencontrado, perdido, que atrasa a bola em 70% de seus passes.  Em sua última entrevista, na véspera, Diniz acentuou: “O que mais melhorou é o entendimento daquilo que a gente  quer fazer (…) Agora está todo mundo na mesma página do livro, querendo fazer a mesma coisa.”

Troca o livro, Diniz.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Jamicel, com a habitual elegância, discorda de Tom Wolfe, no último Garimpo (“Um conservador é um liberal que foi assaltado”):

“… Em relação à revolução que derruba o alicerce já construído para construir as estruturas do nada, o conservadorismo busca melhora-las, continuamente.”

Meu caro Jamicel, se apararmos os extremos dos liberais e conservadores a divergência entre eles diminui consideravelmente. E não podemos nos esquecer que Thomas Kennerly Wolfe (1930-2018), jornalista e escritor americano, tinha a sátira como uma de suas marcas registradas, desde o seu primeiro livro – A fogueira das vaidades – bestseller dos anos 80.

2. Fala Sério dá o troco:

“Onde estavam os conservadores na época da abolição da escravatura? Onde estavam na redução da jornada do trabalho para 8 horas? Onde estavam na liberação do direito de voto para as mulheres? Onde estavam na criação do 13º. salário para o trabalhador?”

O tema é sedutor e insisto: ambas as correntes convivem hoje harmoniosamente em alguns parlamentos do mundo, como a Inglaterra, e são positivas desde que afastadas do extremismo, agora infelizmente também conhecido como “trumpismo”.

3. J. Silvestre não percebe que seu anjo da guarda trocava de turno e atropela criancinhas na faixa:

“Dalai, sei não… Essa sua preocupação com o Atlético… Será para ter mais comentários, uma vez que na coluna passada esses minguaram??? Diz a máxima: Bem ou mal, mas falem de mim.”

J. Silvestre, então você não sabe que o segundo time do cruzeirense é sempre o adversário do Atlético? E vice-versa? Tal como vocês, festejamos tanto nossas vitórias quanto derrotas do rival. Daí o interesse recíproco. Até as “excelências” da Arena Meu Rival Venceu melhoram nosso dia. Por falar nisto, é verdade que a projetista da Arena é cruzeirense?

4. Augusto-2 apresenta a lista dos 20 melhores clubes do mundo, organizada pelo IFFHS. Real Madrid lidera com 441 pontos. O Atlético aparece em 13º. lugar, logo após o Flamengo.

Cruzeiro, Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Grêmio e Internacional ficam fora do Top-20.

Em quarto lugar está o Atalanta Bergamasca, da Itália, com 380 pontos (???).

Você, meu caro leitor, e você minha ilustre leitora, que tiveram a coragem de chegar até este ponto do texto (com licença do Kfouri), me respondam: Já ouviram falar em barrigada perdida?

5. Tostão, na Folha de domingo:

“Não dá mais pra dividir o meio-campo com um primeiro volante (camisa 5), um segundo volante (camisa 8) e um meia de ligação (camisa 10), como ainda é o habitual no futebol brasileiro.”

Fala quem pode. Nas entrelinhas, saudade dos bons tempos em que o valorizado número da camisa era parte indissolúvel do craque e da posição ocupada.

6. Bisturi em nervo exposto – Vargas mandou recado a Zaracho após saída do Atlético: “Há muito tempo não te via feliz”. Meia argentino retornava ao Racing após atuar pelo Atlético por 4 anos (2020-2024).

A reação dos atleticanos foi tão braba que Vargas retirou a postagem horas depois.

7. Leo Bomfim – Talento do futsal, começou no Olympico, bairro da Serra, depois, entre outros, Minas, Carlos Barbosa, Palmeiras, São Paulo e Europa. Fora de campo, empreendedor, empatia, DNA vencedor. Tudo isto agora está vestindo a camisa mais bonita do mundo e vai coordenar o nosso futsal. Te cuida, periferia!

8. Scarpa x Willian Bigode – O episódio do golpe das criptomoedas voltou à tona esta semana, com a condenação dos réus a reembolsarem 4 milhões para Mayke. Ainda cabem recursos. Ouvido, Scarpa, outra vítima, ironizou a reação de Bigode recomendando que a única solução seriam orações. E acrescentou:

“Todos nós temos pelo menos uma oportunidade na vida de mostrar o tamanho da nossa hombridade e caráter.”

Sempre pensei assim, também. Já escrevi a respeito. Falava sobre o tema com meus filhos e meus alunos. De modo geral, a vida é um cotidiano descolorido, comum, repetindo as mesmas coisas. Você não é realmente testado. Raríssimo surgir oportunidade pra você mostrar quem é, de fato: uma valiosa quantia, depositada por engano em sua conta; o encontro de joias e dólares, no saguão de uma rodoviária; o atropelamento, de madrugada, de um caminhante solitário na rodovia deserta.

Como você reagiria?

9. Mário Filho, quanto ao jogo contra o Tombense, contesta o blogueiro:

“Não vi essa saída perigosa que você viu não. Cruzeiro totalmente superior em tudo. Tombense não levou nem perigo.”

Mario, de fato Cassio não foi obrigado a fazer nenhuma grande defesa, a não ser em uma jogada de claro impedimento que, seguindo-se a regra, foi concluída pelo atacante com grande intervenção de nosso goleiro. Quero ponderar, entretanto, que o jogo permanecia 1 x 0 e, no segundo tempo houve momentos de grande pressão do Tombense. Não seria imprevisível o gol de empate. Neste panorama é que mais condeno aquela saída kamikaze pelo risco de uma tomada de bola ainda na pequena área.

GARIMPO

“O maior defeito da democracia é que os partidos que não fazem parte do governo são justamente os únicos que sabem governar.”

(Jorge Luís Borges)