BALA DE PRATA

Tudo ou nada!

Com Vanderlei Luxemburgo, opção de alto risco, colocamos nossas últimas fichas na mesa. É vencer ou vencer.

Ele tem todos os equipamentos pra alcançar o sucesso ou o fracasso.

Se houvesse um filme sobre a sua vida, poderia ter título alternativo: “Meu passado me condena e/ou Meu passado me consagra”. Aguardemos os próximos capítulos.

Tudo dependerá do entorno. Com essa oportuníssima intervenção branca que o nosso anjo da guarda Pedro Lourenço está fazendo no Cruzeiro, a esperança manda as primeiras faíscas de luz. A torcida tem de ser o elo sempre forte e decisivo pra ajudar nessa arrancada.

Esperamos que o Presidente não atrapalhe porque vaidade, egocentrismo, prepotência, dobradinha com bandidos enfraquecem qualquer corrente. E acabam com a paciência até de Anjos da Guarda.

Muito a propósito, o excelente colunista Gustavo Nolasco nos brindou ontem, no Estado de Minas, com um inspirado Manifesto pela Paz. Leitura obrigatória para todos os cruzeirenses de boa vontade.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Cruzeiro-empresa. A mesma falta de transparência e truculência que vem caracterizando o atual comando celeste marcou presença terça-feira, na Assembleia Geral Extraordinária do Conselho Deliberativo, para autorizar a criação do Clube-empresa. Estava marcada para 18h30 às 20h30. Vou reproduzir a reclamação de um dos mais respeitáveis conselheiros natos:

“Não entendi nada. Cheguei às 19h, me assentei, o presidente falava como um propagandista de rua, sendo sempre interrompido por aplausos de uma mesma turminha. Às 19h10 parou de falar, entrou o presidente do CD dizendo que os votos já haviam sido recolhidos, agradeceu a presença de todos e encerrou a reunião. Vários companheiros, como eu, não entendendo nada, reclamavam porque queriam se pronunciar. Soube depois que também a votação virtual foi encerrada antes do horário previsto. ”

Lamentável a condução coercitiva de um tema tão decisivo para o Cruzeiro.

2. Pedro – Nota 9 para sua defesa de tese. Só não é 10 com louvor porque em alguns argumentos você, não percebendo, usou balas de festim. Vamos por partes, como diria o esquartejador:

a) “Na escuridão dos números e dos contratos sigilosos, o conselheiro honesto não faz nada para trazer luz aos fatos. Parado, inoperante, deixa as coisas acontecerem. ”

Meu caro Pedro, nesse regime estatutário, conselheiro do Cruzeiro, Atlético e América (não pertencente à corte real), vive distanciado de tudo. Não fica sabendo de nada mesmo. Só depois, se der polícia e noticia.

b) “O senhor tem um blog na página de um dos maiores jornais do estado. Se não tinha capacidade como conselheiro, tinha como pessoa pública. Nunca sequer se preocupou em cobrar transparência em contratos que eram de responsabilidade apenas da diretoria. ”

Só assumi o blog depois que deixei a presidência interina do Cruzeiro. Convidado, achei que deveria aceitar a empreitada naqueles momentos difíceis, mantendo acesa a pálida chama da esperança e também para retribuir o decisivo apoio que havia recebida da torcida. A coluna era diária, no início. Até agora não sei como consegui escrever todo dia, por tanto tempo, crônica otimista sobre navio afundando.

c) “Como o senhor gosta de ditados, quem cala consente. O não tão nobre senhor culpa tudo, até a pandemia virou muleta (essa que, vejam só, deve ter atingido apenas o Cruzeiro) ”.

Meu caro Pedro, aqui você continuou escrevendo, sem perceber que seu anjo da guarda deixou você sozinho e foi ver se chovia lá fora. Desassistido, avançou sinal e atropelou criança atravessando na faixa.

Óbvio que a pandemia pegou o mundo inteiro. As dificuldades foram iguais e imensas, para todos. Só o Cruzeiro, porém, tinha sido atingido antes por um tsunami administrativo que o deixou arrasado. Quando reunia os cacos, tentando uma reação que já seria dificílima em condições normais, veio o Coronavirus.

Entendeu a trágica diferença, Pedro?

d) “…se é para entrar em conspiracionismos baratos, porque fugir tanto do assunto da CPI da CBF enterrada por notórios cruzeirenses no senado… no ano de 2013…”

Sem qualquer dúvida, o VAR argentino, que, na MG (Minas Gerais pra nosotros, Mão Grande pra eles), deu a classificação para o Atlético, continua assombrando a turma…

Pedro, conviva com mais esta garfada, vocês já estão acostumados. Defenda que foi “apenas” um erro técnico, e pronto. Não precisa desenterrar esqueletos de 8 anos atrás.

e) “Caro Dalai, o Cruzeiro está onde merece, por conta de cruzeirenses como o senhor. Conheço vários que lutaram contra tudo isso, mas não tinham um pingo da sua influência. Esses, sim, não merecem passar por tudo isso. ”

Tentei, mas não consigo dizer que você está errado. Acho que deveria, sim, fazer mais do que fiz.

3. Pepe, apoiando a implantação da SAF, caminho único que resta ao Cruzeiro, observa que “gestões profissionais de futebol fizeram o ambiente propício para Guardiola, elas podem profissionalizar a formação de atletas e a gestão de futebol! ”

Também penso assim, Pepe.

4. Luiz Gonzaga de Barros reforça a tese da última coluna: não adianta boa cobertura se o alicerce é fraco. Enquanto não houver ordem na casa, salários em dia, aspones afastados, transparência, o emocional em campo só atua contra nós.

5. Paulo Faustini toca em um dos dois mais dolorosos reflexos desta crise horrível porque passamos: falta de vontade de assistir jogos do Cruzeiro. É sempre uma angustiante decepção. Depois de uma semana de treinamentos você espera ver um time em campo e aparece, de novo, um ajuntamento de condomínio. Crescemos como rabo de égua: pra baixo. O outro reflexo, ainda mais absurdo, leva muitos cruzeirenses a torcer contra, temendo que o comando atual use as vitórias para forçar o continuísmo. O ensurdecedor silêncio do presidente, sobre este tema, só reforça os temores.

6. Rei Melo truca o blogueiro:

“ Se você realmente viu o Cruzeiro jogar de 1966 em diante, deve pelo menos tentar entender o que estou falando… ESSE TIME É PÉSSIMO… PÉSSIMO… HORRIVEL. ”

Meu caro Rei Melo, não apenas vi. Vibrei, comemorei, festejei, pratiquei condenável bullying (sabe contra quem?).

O Cruzeiro assombrava as Américas. Não tínhamos um time. Tínhamos uma orquestra afinada. A gente era feliz, e sabia. Daí pra frente, saímos de terceira torcida em Minas para ocupar a liderança, o que ocorre até hoje. De líderes, os atleticanos caíram para o quarto lugar, perdendo para Flamengo e Corinthians. Hoje, já ultrapassaram os paulistas.

7. Gilvan de Pinho Tavares – de repente virou alvo preferido de ataques. Mas, sem dúvida, na famosa balança de dois pratos, tem muito mais crédito do que débito.

A sabedoria popular ensina: pra conhecer uma pessoa é preciso, com ela, “desmanchar um saco de sal”. Almoço, jantar, todo dia uma pitadinha de sal, até que acabe… Conheci Gilvan há mais de 50 anos, na Procuradoria Geral do Estado. Nunca vi, tomei conhecimento ou ouvi referência de qualquer ato de desonestidade ou má fé que tenha praticado. O mesmo posso dizer de seus filhos e de seus irmãos. Só compareciam a campo como sócios em dia com suas mensalidades. Dezenas de vezes os encontrei nas arquibancadas do Mineirão, quando lhes seria tão fácil pegar um camarote presidencial. Nunca se beneficiaram nem de ingressos de favor. Família exemplar. Sinto-me na obrigação de dar este depoimento, porque fui testemunha presencial.

8. João de Deus Filho, nosso guru da racionalidade, após reiterar que não contesta a superioridade de títulos do Cruzeiro, volta a escorregar na maionese e faz pergunta inacreditável:

“Algum torcedor atleticano trocaria a atual situação do Galo, com tudo o que está sendo feito lá, por todos os títulos que o Cruzeiro tem? ”

Pergunta isto não, João. Melhor, pra vocês, a dúvida.

9. Augusto lembra que para nós, neste momento, “uma dose de humildade seria muito benvinda”. Meu caro Augusto, não sei de onde vem tantas acusações de que somos arrogantes e prepotentes. Estamos na lona, sabemos e sentimos isto toda hora. Vaidade continua apenas no nosso hino e ela se refere às nossas páginas heroicas e imortais. No presente, não temos de que nos orgulhar. Nosso oxigênio vem do passado. Mas isto ninguém nos tira.

10. Bernard Assis, generoso, destaca a interação da coluna com leitores, incluindo-se torcedores adversários. Meu caro Bernard, sempre preferi o diálogo ao monólogo. Por sorte, venho encontrando, nos dois lados da lagoa, estimulante ressonância neste QUINTAL.

11. Galo Doido New York tomou a terceira dose contra a cepa atleticanus malignus mas, lamentavelmente, não aguardou os 14 dias de praxe. Entrou apavorado no QUINTAL e chutou frango de macumba:

“ O blogueiro acusa o Galo de ter sido beneficiado pela arbitragem no jogo contra o Boca em La Bombonera (quem diria, juízes beneficiando times brasileiros contra argentinos em Buenos Aires) em lance interpretativo.”

Quem disso cuida, disso usa, ensinam os mais experientes. Tanto vocês falam nesse jogo, tanto justificam, tanto exumam casos que “beneficiaram” o Cruzeiro há dezenas de anos atrás, que a cada dia se transformam em prato cheio para a psicanalise: revelam a chamada culpa inconsciente. Tipo: eu sei o que vocês fizeram no último verão…

Mas, meu caro Galo Doido, sobre a MG em La Bombonera, você pergunta se seria possível juízes beneficiarem brasileiros contra argentinos em Buenos Aires.

O presidente do Boca Juniors acha que sim e liga à Conmebol o poderoso grupo econômico que adotou o Atlético.

12. Bruno Araújo de Carvalho corta em carne viva:

“É impressionante a falta de planejamento nesse segundo ano de Série B do CEC. O presidente conseguiu a proeza de fazer a mesma “receita negativa” do ano anterior…”

Bruno, falta de aviso não foi. Aqui mesmo, neste minifúndio, comentou-se “n” vezes o erro crasso em administração de almejar resultados diferentes repetindo-se os mesmos atos. Estamos pagando não só pela rapina sofrida mas, também, agora pela péssima condução do barco. A postura de esconder sujeira debaixo do tapete só leva ao naufrágio. Vamos torcer para que nesta nova reviravolta, alguém tenha a coragem de apagar a vela acesa ao diabo.

13. Atleticano, entre tantos acertos, continua insistindo em dar dois murros em ponta de faca. 1) Porque houve contratos fraudulentos, absurdos, com alguns jogadores, os títulos com eles conquistados pelo Cruzeiro deveriam ser anulados; 2) A pandemia atingiu igualmente a todos os clubes. Nada teve a ver com acontecimentos anteriores.

Meu caro Atleticano, trata-se de uma questão de lógica e de bom senso. Os terríveis “contratos” deram muito mais prejuízo ao próprio Cruzeiro do que aos jogadores. Foram feitos por dirigentes que visavam, em primeiro lugar, os interesses deles mesmos. Viraram casos de polícia e ações penais. Em campo, os títulos foram conquistados sem qualquer Mão Grande. Pelas falcatruas cometidas, já estamos pagando caro demais. Não tem lógica e agride o bom senso você querer que os títulos sejam desconsiderados. Como já disse antes, isto seria um bis in idem.

Quanto aos dois tsunamis, o seu enfoque merece o Oscar do Desenfoque. Olha o que você escreveu:

“… o CEC não foi o único prejudicado com a pandemia, cada um se virou como pode, se vocês estavam já atolados, a pandemia não tem culpa disso. ”

Verdade, cada um se virou como pôde. Mas o Cruzeiro não conseguiu se virar de nenhum jeito porque seus cofres foram totalmente arrombados. Levaram tudo. Como reagir?

14. Jorge confessa

“está ficando difícil e sem graça zoar o Bbruzeiro. A gente tira umas férias e quando volta aqui, continua tudo na SEGUNDA. ”

Calma, Jorge, nós aguentamos 40 anos zoando vocês.

15. Mecão das Gerais amarra, algema e amordaça Jorge no caso da MG (Mão Grande) que classificou o Atlético contra o Boca, em Buenos Aires, e tirou do América o último campeonato mineiro. Dando tiro de misericórdia no assunto, Mecão disponibiliza neste QUINTAL o link para que se reveja o lance em que Bauermann sofreu falta na área atleticana.

In claris cessat interpretatio.

16. W.Peto confessa que Luxemburgo não era o seu preferido, “mas só de exigir salários em dia, já é um alento…”. Também penso assim. São as nossas últimas fichas e temos de torcer pra dar certo. Tomara que com a alta moral com que o novo técnico chega ele consiga afastar aspones e etc.

17. Wagner Guimarães contesta o blogueiro, “o Thiago é ruim mesmo! ”. E, com razão, critica a perda da geração 1999-2002.

Meu caro Wagner, de fato abusamos do direito de errar nas divisões de base. Houve, sim, situações inevitáveis, mas outras, inacreditavelmente, devem-se a crassos erros de administração, como a exclusão (ao invés de outra penalidade) de atletas que se envolveram com garotas de programa em Chapecó. O Clube é que acabou sendo punido. Um dos excluídos é o jovem Pedro Bicalho, agora peça importante no Palmeiras. Também está nesse balaio a apressada e malfada troca de Pottker por Mauricio. E ainda pagamos um milhão de reais…