CRUZEIRO COMEÇA O PRÉ-CLÁSSICO

Após merecidas micro-férias, o Cruzeiro retoma os treinamentos para a maratona que vem a seguir. O primeiro embate será o início da decisão do Mineiro contra o Atlético, dia 30 (sábado), na Arena MRV. Cinco dias depois, virá a estreia na Sul-Americana, no Equador, contra o Universidad Católica (21H, quinta-feira, 4 de abril). 

Não há tempo a perder porque há muito a fazer. Usufruindo o meu direito de corneteiro insisto: vamos aprender a bater escanteios e faltas. Em outras palavras: treinar dezenas de vezes estas cobranças, alternando duas ou três formas diferentes pois isto tem sido decisivo em muitos jogos.

A evolução do time é visível, sobretudo a intensidade do combate e retomada de bola no meio de campo. As jogadas de profundidade, porém, têm de ser mais apuradas (leia-se, treinadas) para que não se percam toscamente tantos ataques.

A boa noticia é que caras novas estão aparecendo e se encaixando no time, aumentando a produtividade. O diretor de futebol Pedro Martins anunciou ontem que o Cruzeiro continua procurando reforços, com vistas às janelas que vão se abrir em julho. 

A Nação Azul renova oxigênio e realimenta esperança.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Robinho – Ato impensado, intolerável, no distante 2013, ocorrido numa boate em Milão, custará agora ao atacante 8 anos de prisão. A pena, da justiça italiana, foi ontem referendada, para cumprimento no Brasil, pelo STJ.

2. Pior time da Série A – Impressionante  o volume de comentários em torno  de uma bobagem imaginada e lançada na ampla roda das interações internéticas. O Cruzeiro teria sido eleito “o pior time da Série A”. Esse fake que deveria passar como passam centenas de milhares de outros, escondido silenciosamente no seu próprio absurdo, causou, comicamente, vários comentários. A lógica primária, rudimentar mesmo, indica que o pior time da série A está entre os quatro rebaixados, ou o quinto, caso se queira focar apenas nos que permaneceram. Mas onde encontrar bom senso no radicalismo?

3. Arbitro para os clássicos – Com mil razões, o Cruzeiro quer arbitragem de outro estado, para os seus jogos contra o Atlético. O rival se opõe, óbvio, também com mil razões. A Federação  Mineira de Futebol, uma sucessão de gerações familiares atleticanas, posa de imparcial e deve recomendar sorteio.

Peço licença à  sua paciência, meu caro leitor e corajosa leitora, pra voltar  a contar fato acontecido em situação semelhante.  O presidente da FMF era Francisco Cortes tendo a assessorá-lo um delegado de polícia. Ao final de uma audiência criminal em que ouvimos esse delegado, terminados os trabalhos, e me despedindo das partes, o celular desse policial tocou e a chamada era o hino do Atlético.  Brinquei que ele poderia ser preso ali, em flagrante, “por mexer com droga”. Todos riram, o assunto futebol caiu cheio no grupo, com vários casos e testemunhos.  Aí surgiu a confissão: Em uma final de decisão, com jogo único, o Cruzeiro queria juiz de fora, o Atlético indicou um árbitro mineiro e a Federação relacionou três apitadores que, momentos antes da partida, seriam sorteados. Marcado o sorteio público, com bolas de bilhar 1, 2 e 3, ampla cobertura da imprensa,  foi chamada para sortear uma bonita secretária da Federação.  Num pote de vidro, foram mexidas e remexidas.  A secretária, de costas,  enfiou a mão no pote e retirou a bola 2, do Atlético.

A bola havia passado a noite no freezer.

4. Augusto –  continua com a garganta entalada por três espinhos de peixe: Vôlei, Futebol feminino e agora Futsal do Cruzeiro. No Vôlei, o Sada-Cruzeiro está entre os três melhores times do mundo, liderando hoje, outra vez, com folga o campeonato nacional, após vencer outra Copa do Brasil.  No Feminino, as garotas foram vice-campeãs da Supercopa do Brasil, perdendo a final para o Corinthians com descarada ajuda da arbitragem. No nacional, acabam de derrotar o Flamengo. Enquanto isto, o Feminino do Atlético continua sem resolver duas questões básicas: onde treinar e onde se alojar. E vem aí o Futsal do Cruzeiro, armando-se para brilhante trajetória. 

Sem suportar tudo isto, Augusto procura embaralhar a realidade incômoda “lançando” outras modalidades que o Cruzeiro estaria disputando, como purrinha e cuspe à distância. Agora apresenta a sua última criação: cabo de guerra.

Meu caro Augusto, sem pretender ofender e desde já pedindo escusas, reproduzo lição popular: “Os cães ladram e a caravana passa…”

5. Atlético x Rosário Central, 10 de abril  – Estreando na Libertadores e tendo na Arena MRV o primeiro jogo internacional,  o Atlético enfrentará o Los Canallas, um velho conhecido, responsável por mágoas históricas. Em 1995 as duas equipes decidiram a Copa Conmebol, hoje extinta. Dia 12 de dezembro,  no Mineirão,  o Atlético fez 4 x 0 e praticamente pôs a mão na taça. Da Pampulha, torcedores iniciaram um buzinaço até a Savassi, com ramificações para a Praça do Papa e vários bairros de Belo Horizonte, estendendo-se pela madrugada. Um foguetório que não parava, roubou o sono da cidade. 

Uma semana depois, no jogo de volta, no Estádio Gigante de Arrovito, em Rosário, veio o troco na mesma moeda: 4 x 0. Nos pênaltis, 4 x 3 para os argentinos.

Destaque no fim do jogo: a serenidade do técnico Procópio Cardoso analisando a partida. Difícil de se encontrar, naquelas circunstâncias: domínio emocional e dignidade profissional.

6. Jamicel define o Cruzeiro de hoje:

“Não somos tão brilhantes, mas já enxergamos um padrão na maneira de jogar. Sábado, apesar das trapalhadas da defesa da Tombense, o primeiro gol saiu de uma jogada bem trabalhada e o terceiro foi resultado de pressão alta já no final do jogo.”

Penso o mesmo, Jamicel. Insisto ainda na necessidade de mais treinamento em bolas paradas (a favor e contra). São jogadas mortais.

7. Banzo na Barraca Atleticana – Mutismo ensurdecedor dos líderes do território alvinegro.  Tipo passarinho na muda. Não piam nem aqui nem em Nova York. Lembra silêncio na selva pressentindo perigo. Já era cheiro da queda de Felipão? 

GARIMPO

“Nunca confunda educação com inteligência. Você pode fazer um doutorado e ainda ser um idiota.”

(Richard Feynman)