SÁBADO, VOCÊ NA TURMA DA PAZ OU DA GUERRA?

Apenas adversário ou inimigo de morte? 

No pós-jogo, onde você estará? Resenhando com amigos numa mesa de bar? Atrás das grades? No Pronto Socorro? No IML?

Depois de tanto tempo, o Mineirão se dividirá para o jogo que vai apontar o campeão do estado. Teremos oportunidade de oferecer ao Brasil um forte exemplo de convivência possível entre facções rivais, desde que você, chefe de torcida, não se programe pra enlutar famílias, inclusive a sua.

A opção que você tomar, neste fim de semana, definirá sua vida e a de muitos outros jovens:  assumir, outra vez, a bestialidade medieval, que causou mortes nos últimos jogos, e marcar batalha campal num ermo qualquer da Grande BH, enchendo depois o noticiário policial e o obituário, ou simplesmente torcer para o seu time, na arquibancada, pronto pra vibrar com a vitória ou suportar a derrota, certo de que amanhã será outro dia. E você tem pessoas queridas pra te desejar “Bom dia”!

Em vários programas de TV e Rádio pude perceber que o clássico de sábado, com duas torcidas, está se transformando numa corajosa espécie de “laboratório experimental sociológico” para o resto do país. Os olhos do Brasil estarão no Mineirão. Pode ser a última tentativa de convivência esportiva nas arquibancadas. Pode ser um exemplo para orgulhar os mineiros. Vai depender de cada um de nós.  Com faixas, pedras, recados ou comentários poderemos dar nossa contribuição para a paz ou para a guerra.

   BATE PAPO NO QUINTAL

1. O RANKING DA FOLHA – Foi um auê na barraca atleticana. Alguns condôminos preferiram usar a tática medieval dos reis, quando não gostavam da notícia. Mataram o mensageiro. Tarefa difícil quando se trata do maior, melhor e mais prestigiado jornal da América do Sul. Outros trouxeram ao confronto rankings da CBF e Conmebol, como fez Marcilio, abrindo os comentários do dia. Bernardo apoiou. José Antônio e Sem Paciência tiveram a coragem de tratar a Folha como um folhetim paroquial, que sai aos domingos e tem os seus 50 exemplares distribuídos entre os fiéis:

José Antônio: 

“A única coisa que sobrou pra essa gente é falar desses rankings e pesquisas que ninguém leva a sério…”

Sem Paciência:

“… o sexto lugar nesse ranking picareta emociona o Dalai…”

Meus amigos, desculpem-me, mas em matéria de imprensa na América do Sul a Folha fulgura sozinha no pódio mais alto. E fala grosso. O Cruzeiro está provando que tem gordura pra queimar. Não pelo que tem sido nestes últimos dois anos, mas pelo que foi em 60 anos quase ininterruptos. Continua sendo um grande clube, conservando o protagonismo no futebol brasileiro fora do eixo Rio-São Paulo. Aceitem, que dói menos. E vivam o sonho desses últimos três anos. Vale a pena.

2. EXTRA!  EXTRA! RANKING MUNDIAL FOLHA! – Além da queda, coice! O maior jornal da América do Sul volta à carga com o “Ranking Folha Mundial 2021”, em sua edição de ontem, quarta-feira, dia 30. O clube brasileiro melhor colocado é o São Paulo (10º); A seguir vem o Santos (15º.); Grêmio e Palmeiras (19º.); Flamengo (23º.) e Cruzeiro e Internacional empatados no 26º. 

Ah, desculpe-me, o Atlético Mineiro? 50º. lugar.

3. Jorge, sem querer, põe prato cheio para a psicanálise:

“…vocês precisam parar com essa síndrome de irmão menor que fica o tempo todo querendo superar o irmão maior.  Aceitem o destino de irmão menor em Minas, agora sendo superado até pelo América. ”

Meu caro Jorge, essa anomalia revelada por você tem nome e endereço:  chama-se “transferência” e é, ainda, alvo de fundos estudos não só de psicanalistas como também de psicólogos. Em resumo, consiste em “transferir” para o outro a síndrome que é sua e incomoda.

Qualquer semelhança com dezenas e dezenas de anos de brilho azul e mágoa alvinegra é mera coincidência…

4. Teobaldo, cruel, encaixa o blogueiro em quadro maior de culpados, no Cruzeiro, pela calamidade acontecida:

“Por culpa de quem, de qualquer forma, participou dos destinos do Clube, formando, por ação ou omissão, o caldo de cultura da desgraça. ”

Não posso dizer que você está errado. Lembro apenas que fugir da omissão, no regime ultra presidencialista do Cruzeiro, era praticamente impossível.

5. Jorge/2 volta pra atropelar escolar na faixa:

“… durante a fase classificatória, e antes ainda, fizeram uma campanha sórdida, aproveitada e potencializada pela mídia vagabunda do eixo, para colocar em dúvida os lances faltosos a favor do Atlético que redundaram na marcação de pênaltis. O que era claro ficou duvidoso, o que era duvidoso ficou claramente errado…”

Só para gente entender, Jorge, “mídia vagabunda” é a que contraria os interesses do Atlético, não é?

Generalizar é sempre perigoso. Você precisa ler mais os textos de um companheiro seu de barraca, o nosso “guru da racionalidade. ”

Depois, sem mais nem menos, em outro evidente ato falho, Jorge recorda refrãos conhecidos das arquibancadas, que durante décadas tiravam o sono dos atleticanos: “Não ganha nada, time sofredor…”.  Sim, Jorge, gozamos vocês um tempão porque não tinham “bi”… Foi um tempo. Um longo tempo. Agora, vocês têm bi. Simples, assim.

6. Marcilio aponta um falso lapso da Folha:

“O ranking da Folha é tão bem feito que o Inter tem exatamente o mesmo número de títulos que o Cruzeiro, mas é o oitavo e o Cruzeiro é o sexto, kkk. Muito bom esse ranking está na página de humor do jornaleco”.

Marcilio, não queime sua excelente biografia neste minifúndio batendo lateral.  Não é para comentarista de seu naipe a heresia de rotular como “jornaleco” a Folha de São Paulo. O ranking, de acordo com os critérios pré-estabelecidos, está corretíssimo com o Cruzeiro e o Inter. Só que, por um lapso, está omitido um título nacional do Cruzeiro.

7. João de Deus Filho, racional como sempre:

“…. Tomara que seu clube fique quase meio século sem conquistas. Aí, sim, vamos saber a real diferença entre torcer para o Atlético e ser simpatizante azul. Quanto ao ranking da Folha, eu não discuto por 2 motivos: 1º. Todos sabemos que o time azul ganhou diversos títulos importantes no período. 2º. Folha de SP mostrou durante as eleições presidenciais de 2018 que seus rankings não eram de confiança…”

Os textos de João de Deus deveriam ser leitura obrigatória na barraca atleticana.

8. Sem Paciência confessa:  Só para ouvir a nossa “choradeira”, seu desejo é ganhar domingo de 1×0, com gol de pênalti roubado, feito por Hulk. 

Com a diversificação e o rodízio da FMF, entre árbitro e VAR, o seu desejo tem grande possibilidade de se concretizar.

9. Rodrigo, curto e grosso:

“Dalai, uma dúvida me surgiu e talvez você consiga me ajudar: depois que o Wagner/Itair e cia. deixaram o Cruzeiro aos pedaços, depois que foi-se descobrindo tudo que fizeram, o Cruzeiro aprendeu a lição? Em outras palavras, o Clube tomou providências para melhorar seus processos, o controle e não permitir que tais coisas acontecessem de novo no futuro? A instituição aprendeu alguma coisa com isso? ”

Meu caro Rodrigo, depois que “Wagner/Itair e cia. ” deixaram o Cruzeiro, uma onda de esperança invadiu as dependências do Clube.  Um agitado marketing cuidava de sui generis disputa da Série B, enquanto passagens eram compradas para a negociação “in loco” no Equador, Ucrânia e Emirados de débitos que estavam pendentes na FIFA.

Aí chegou a pandemia, trancando o mundo em casa.

10. Ronaldo – Entre tantos gols de placa marcados após assumir o comando do Cruzeiro, merecendo o franco apoio da torcida, Ronaldo descuidou-se e deu duas pisadas de bola: a primeira, colocar faca no pescoço do Conselho Deliberativo avisando que se não derem o que deseja, a situação ficará muito pior.  Calma, que há outra alternativa: refazer o contrato com cláusulas que beneficiem as duas partes: Cruzeiro e Ronaldo.  O segundo escorregão foi “apelar à torcida pra que deixe de ter inveja do Atlético”. Nestes últimos dois anos, pode até ser.  Mas e nos últimos 60 anos?

11. Sassá, entusiasmou-se na sucessão de gozeiras contra o Cruzeiro, e acabou tocando em pontos que mexem com o emocional atleticano:

“… Qual será o destino da faixa ostentada (sem arrogância) de “tetra campeão brasileiro”? Terá ela o mesmo destino das faixas “desde 1921 na 1ª. Divisão” ou “Único Gigante de Minas” ou “Toca 3”?… a ver! ”

Meu caro Sassá, larga isso pra lá. Contente-se em viver o momento atual, mágico, pra vocês.  Essas faixas, que você reproduz, foram, durante décadas, espeto envenenado na alma atleticana.  Mandou milhares de vocês pra divã de psicanalista. Era um permanente assombro visual, com direito a sonora nas arquibancadas: “Não ganha nada… time sofredor…” Recordar esse passado é sofrer duas vezes.

12. André, sem medo, mexe em caixa de marimbondo:

“O Globo Esporte acabou de soltar que foram 10 finais recentes, do campeonato mineiro, com sete vitórias do Cruzeiro, incluindo duplo 5×0, contra 3 vitórias do Atlético. E na história, 14 vitórias em finais, do hexacampeão, contra 9 do Atlético…”

Cuidado, André, se sair de casa use colete à prova de bala.

13. Augusto se especializando em “gigantologia”:

“Dalai, pesquisei intensamente a história da humanidade e descobri que só aconteceram dois casos de gigantes que adormeceram e não acordaram mais: 1. Golias, que tomou uma bodocada e dormiu pra todo sempre; 2 – e o gigante (?) Cruzeiro que caiu pra série B, gostou e não pretende voltar nunca mais. ”

Meu caro Augusto, a pressa é inimiga do pesquisador. Muita calma nesta hora. O Gigante Azul já dá sinais de vida. Cuidado, que ele está acordando!

14. Pênalti-Hulk – Deliberadamente, alguns condôminos atleticanos fazem crer que o blogueiro coloca no mesmo balaio todos os pênaltis assinalados a favor do seu Clube. Não é verdade. Óbvio que há marcações corretas. O que se destaca é o “pênalti-estratégico”, aquele que define o resultado de um jogo ou de um torneio. Aí é que entra a encenação. Contando sempre com o decisivo apoio de um coadjuvante no gramado ou no VAR.

15. Tostão lê o QUINTAL? Não temos essa pretensão. Mas veja o que ele escreveu ontem:

“Além da epidemia de Covid, que não terminou, o Brasil vive a epidemia da insanidade, da falta de bom senso, da falta de conhecimento, das decisões tendenciosas, do radicalismo, das mentiras e da distorção dos fatos. Muitas pessoas só enxergam e escutam o que querem”.

Fica parecendo que ele não perde um “   BATE PAPO NO QUINTAL”.

GARIMPO

“Os cães ladram e a caravana passa”

(Provérbio árabe)