GIGANTES NÃO MORREM, SÓ ADORMECEM!

Por culpa, com graduações diferentes, de quem conduziu o Cruzeiro nestas últimas décadas, preparando de alguma forma o terreno para o tsunami Wagner-Hermínio-Itair; Por culpa de quem, de qualquer forma, participou dos destinos do Clube, formando, por ação ou omissão, o caldo de cultura da desgraça; Por culpa dos que vieram depois do tsunami, entre os quais me incluo; Por culpa dessa desastrada administração atual que a cada dia mostra ser ainda mais embaixo o fundo do poço; Por culpa da tragédia interna, só nossa, potencializada ao infinito pela pandemia mundial, o Cruzeiro está hoje arrasado, moído, destruído, tressuado, derreado, macerado, amarroado, descorçoado, abetumado, aprontando-se pra disputar, pela terceira vez seguida a Série B.

Neste panorama de catástrofe, do ruim esperando o pior, o céu cinzento foi rasgado na manhã de domingo por um raio de sol quente, acordando letargias.  O maior e mais respeitado jornal da América do Sul – Folha de São Paulo – estampa em sua primeira página o ranking dos clubes brasileiros. Tive de conferir várias vezes pra ver se estava mesmo vendo o que via. Lá estamos nós, em sexto lugar, por incrível que pareça ainda conservando a supremacia de liderar o resto do Brasil fora o eixo Rio-São Paulo.

Maravilhoso!  Como é difícil destruir um Gigante! Como trabalharam bem os administradores do passado que construíram esse estupendo patrimônio material e metafísico!  Há três anos estamos vendendo almoço pra comprar janta, enquanto o Atlético, com seus 4 milagrosos mecenas, forma em Belo Horizonte dois times pra Champions League. Paga por dia a seus jogadores um salário que pouco mais de 1% da população brasileira recebe em um mês. Vencem quase tudo, enquanto nós perdemos quase tudo, vexame após vexame.  Trapalhada após trapalhada como fazemos agora com a SAF, brincando de fazer negócio sério.

É nesse macabro panorama que o ranking da Folha ontem dá um safanão na gente: “Acorda! ”

Gigantes não morrem. Apenas adormecem. Ele está vivo. 

“O sol há de brilhar mais uma vez”! (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares)

BATE PAPO NO QUINTAL

1. VAR “MINEIRO” – Rodada após rodada, o VAR “mineiro” vai incorporando o espírito do “Cidinho Bola Nossa”. Teoricamente, é como se entrassem pra a cabine já uniformizados com a camisa do Atlético. A regra é clara, advertia Armando Marques:  qualquer lance duvidoso, que admita duas interpretações, é sempre decidido a favor do Atlético ou contra o Cruzeiro.

2. Afinal, numa final! Um dos maiores castigos do cruzeirense é ficar fora de tradicionais terreiros, onde não só participava, mas aterrorizava:  sorteio de grupos da Libertadores, finais de Brasileiro, de Mineiro, da Copa do Brasil…a gente era feliz e sabia!

Nessas muitas finais foram escritas as nossas “páginas heroicas, imortais” e o Cruzeiro passou a ser uma lenda sul americana, “La Bestia”, admirado e respeitado Continente afora…

Por causa do tsunami interno e da pandemia mundial, estamos fazendo nestes três últimos anos o que o atleticano fez por décadas: assistir do sofá essas grandes disputas. Aprendemos com a dor: cair é rápido, levantar é lento e difícil.  Aos trancos e barrancos, vamos conseguindo apesar de às vezes recebermos tiros de nossa própria cozinha, como acontece agora com a SAF.

O time armado por Pezzolano encontra-se em ascensão, com o goleiro Rafael Cabral conquistando a confiança da torcida. Falta-nos aperfeiçoar a saída de bola, calibrar os passes e evitar faltas desnecessárias que não podem, nunca, ser a primeira opção quando se tenta roubar a bola. 

3. Rogério, Bruno, Janete de Azevedo, José Antônio e Teobaldo, na primeira hora, dão fundamental reforço à trincheira anti-política do QUINTAL. Obrigado é pouco! 

Quanto à Nação Azul, meu caro Teobaldo, não mexa que fica pior pra você!  Os estimados 9 milhões não se confinam nos limites mineiros. Há cruzeirenses apaixonados em quase todas as regiões brasileiras. As sementes lançadas na década de 60 e os consulados espalhados Brasil afora dão frutos até hoje.

4. Luiz Barcelos aponta gravíssima “coincidência” no campeonato mineiro:

“Jogo Cruzeiro x Atlético, pênalti inexistente marcado para o Atlético, por Igor Benevuto.

Atlético x Caldense, semifinal, jogo 0x0, juiz de campo não marca pênalti a favor do Atlético. O árbitro do VAR chama o juiz de campo e diz que foi pênalti. Nome do juiz do VAR: Igor Benevuto.

Coincidência?

Vergonha! ”

 Curiosamente, Luiz Barcelos escreveu seu comentário antes de outra emblemática atuação do VAR no jogo de sábado, do Cruzeiro contra o Athletic. Saiu Igor Benevenuto, entrou Emerson de Almeida Ferreira.

A FMF tem de romper tradição que vem atravessando gerações e tirar a camisa do Atlético. Não é possível esta situação se perpetuar. O fato de ser o “pênalti” fajuto marcado quando estava 1 x 0 para o Atlético não invalida o raciocínio.

E concluo, agora, que era fake um vídeo em que Igor Benevenuto aparece flagrantemente constrangido ao falar de sua arbitragem no clássico.

5. Pepe Legal faz vaticínio otimista sobre as transações Cruzeiro/Ronaldo, em torno da SAF, citando em seu apoio

 “a carta explicativa que o dr. Lidson Potsch acaba de publicar (…) A gestão do Cruzeiro, com Ronaldo, ainda vai ser estudo de caso de sucesso, pois tem um caráter de ligação mais real e prática com o mundo do futebol brasileiro, em relação aos investidores internacionais. (O feeling, o timing, a boa relação eficiência/eficácia e ser um clube formador serão as marcas registradas). ”

Meu caro Pepe Legal, você sintetizou a expectativa da Nação Azul com a SAF, trazendo em seu apoio a posição do dr. Lidson Potsch Magalhães, Primeiro Vice-presidente do Cruzeiro, respeitado e admirado por todos que têm o privilégio de conhece-lo. Lamentavelmente, não integrou a comissão nomeada pelo presidente SSR pra comandar a transição da SAF e nem é visto à frente de negociações decisivas, embora, sem dúvida, seja mais que qualificado para tanto.

Essa comissão nomeada por SSR atuou até a noite em que a Assembleia Geral Extraordinária do Conselho Deliberativo aprovou a SAF. No dia seguinte, o presidente amanheceu em São Paulo, deixando-se fotografar sozinho, num hotel, com Ronaldo e uma champagne… Estavam assinando ali, sem conhecimento nem do advogado que assessorava a comissão, o “pré-contrato-latex”: espicha, encolhe, muda de cor, amolece, endurece… tudo ao sabor dos surpreendentes vazamentos que vão surgindo. 

Infelizmente, meu caro Pepe Legal, quanto mais “notas de esclarecimentos” vão surgindo, tentando tapar o sol com peneira, pior ficam as expectativas para o Cruzeiro.

Em meio às sucessivas “explicações” de SSR, tive o desprazer de ouvir essa pérola:

“Transferindo-se a Toca-2, como quer Ronaldo, é preciso lembrar que o Cruzeiro também faz parte da SAF. Ou seja, é o Cruzeiro transferindo para o Cruzeiro”.

Positivamente, SSR nos vê como alunos de jardim de infância.

Ele passaria seus imóveis particulares para o Cruzeiro, formando uma sociedade na qual ficamos com 90% das ações e ele com os 10% restantes?   Seria SSR transferindo para SSR?

Outra pérola:

“Ronaldo não pensa em deixar o Cruzeiro…”

Como se sabe, palavras e intenções não mudam cláusulas contratuais. Entregue a ele tudo, quem garante que tempo depois, choroso, venha nos dizer que tentou de todas as formas permanecer no front da batalha para recolocar o Cruzeiro no alto patamar de onde nunca deveria ter saído. Mas não conseguiu.  Viu-se forçado a ceder suas ações (com pequeno ágio…) para um grupo árabe. Acalmem-se, 10% serão de vocês!  Os investidores, que também exportam petróleo, tem ambicioso projeto de instalar no local da Toca-2 um espetacular centro comercial, com cinemas, parques infantis lembrando a Disneylândia. Mas me prometeram que o empreendimento se chamará “Cinco Estrelas”…

6. Marcilio, distraído, quer defender os 4 pênaltis marcados a favor do Atlético lembrando que o Palmeiras já teve 7. E fuzila:

“O Palmeiras tá comprando juiz com certeza, e comprando a mídia também porque não vejo ninguém falar disso! ”

Marcilio, por favor, não confunda pênalti com “pênalti-Hulk”. Neste último, a operação começa com Hulk “buzinando” no ouvido do árbitro desde o início da partida. E surge apenas se for “estratégico”.

7. Rodrigo Valu, com razão, censura o blogueiro que silenciou ante a segunda pesquisa sobre as torcidas. Estou me redimindo, em parte, no bloco 11, abaixo.

8. Roberto desafia o blogueiro:

“Porque, Dalai, permaneceu tão calado? Todo mundo, até um cruzeirense de 10 anos, sabia que aquela quadrilha estava destruindo o clube…Porque não demonstrou indignação naquela época? ”

Meu caro Roberto, não é verdade que “todo mundo sabia”. É o oposto: ninguém sabia. No gabinete fechado do presidente, só a corte nomeada por ele tem acesso. Não são assessores e sim cúmplices. Gente igual quanto a escrúpulos e que faz voto de silêncio. Contratos absurdos são firmados, com jogadores e empresas. Dinheiro saindo pelos ralos. Uma farra de portas fechadas. A renúncia de Zezé Perrella obrigou-me a assumir a presidência do Conselho e, com o poderoso auxilio da Nação Azul, conseguimos levar o comando do Clube à renúncia. 

Roberto, certamente não consegui fazer tudo que era necessário. Mas creio que fiz o possível, junto com o Conselho Gestor, considerando-se que a pandemia trancou o mundo em casa.

9. Augusto quer vaga no Porta dos Fundos… Não mais aguentando ouvir os estádios se emocionarem, na hora do hino nacional, quando “…a imagem do Cruzeiro resplandece…” Augusto bolou uma historinha pra boi dormir que termina com o lançamento de uma surpreendente fábula: o “gigante pela própria natureza” do hino se refere… ao Atlético!

Augusto, você ganhou o primeiro lugar no Torneio Cara de Pau. O segundo foi o defensor do Posto Ipiranga, que pretende estar sendo homenageado na primeira frase do hino: “ Ouviram, do Ipiranga…”

10. Sassá coloca o blogueiro numa sinuca de bico. Segundo ele, enquanto meu anjo da guarda foi conferir autenticidade da última pesquisa das torcidas, tropecei nos próprios argumentos. E questiona:

“ Sua justificativa para a tão propagada vaidade enrustida no âmago celeste (e no hino) advém dos feitos épicos e imortais… mas peraí! (Houston we have a problem). Se o hino foi composto em 1965, quais feitos épicos teriam gerado tanta vaidade?

Não vá me dizer que os 7 campeonatos mineiros geraram tanta vaidade? ”

Meu caro Sassá, em primeiro lugar, parabéns pela argúcia do raciocínio. Considerando-se que o nosso espetacular rosário de títulos nacionais e internacionais começou em 1966, em cima do Santos de Pelé, Jadir Ambrósio teria tido uma premonição ao compor o nosso hino em 1965. Mas não foi só isto. A vitoriosa administração de Felício Brandi havia começado em 1961 sob clima de grande otimismo, logo confirmado por iniciativas que enchiam de esperança a Nação Azul. O time melhorou tanto que já em 65, campeão mineiro, iniciamos o pentacampeonato: 65, 66, 67, 68 e 69. O cruzeirense se enchia de vaidade pelos resultados nos gramados. O grande Jadir Ambrósio captou esse sentimento ao incluir a “vaidade”. Mas não se pode negar a premonição.

11. João de Deus Filho aplaude pesquisa do Instituto DOXA, derrubando a anterior, aqui comentada, pois dá maioria ao Atlético na Capital e reconhece empate no interior mineiro. Não se briga com fatos. Mas o nosso guru da racionalidade há de concordar que podemos, sim, analisar o contexto. E ele, óbvio, é todo favorável ao Atlético já há quase três anos, por razões que os postes da rua já nem querem ouvir mais. Vou me permitir assustar a barraca atleticana neste minifúndio: a pesquisa atesta a grandeza do Cruzeiro! Depois de tudo porque passamos, continuamos vivos, preservando esse fantástico patrimônio metafísico. E começamos a nos levantar. O ranking da Folha de São Paulo, publicado ontem, ilustra a coluna de hoje e é poderoso alento pra Nação Azul.

12. Gustavo Melo, revoltado com a forma e os termos em que está sendo negociada a SAF. Não é só você. 

13. José Antônio – sem meias palavras – expõe o absurdo, comentando trecho de uma das frequentes notas de esclarecimentos que surgem pra estancar vazamentos da SAF:

“Esses termos foram negociados por Pedro Mesquita, diretor da XP Investimentos, Assessoria Técnica, contratada para auxiliar o Cruzeiro na busca por novo proprietário para o futebol celeste. A empresa atuou no que o mercado chama de “sell side” (lado de quem vende). ” Já pensou se eles atuassem do lado de quem compra? ”                           

14. Jorge, como sempre, joga enorme tarrafa sobre os temas em debates neste minifúndio, mistura tudo e fantasia alguns “peixes” imaginários. Continua insistindo numa “vaidade” que só ele e alguns atleticanos deste QUINTAL enxergam e que nunca foi nossa.  Notoriamente habilidoso no manejo de palavras, inclui num coquetel de frutas um pneu de bicicleta (!): 

“… Comemoro sim, como é óbvio, vender em menos de um mês 120 mil camisas do Galão mais Querido do Mundo, declaradas as mais bonitas do mundo por votação popular no mundo inteiro….”

É essa vocação humorística que está levando Jorge pra o Porta dos Fundos. Na emoção maior do “mundo” ele, em três linhas, coloca outros três “mundos”.

Desculpem-me, mas comparar camisa do Cruzeiro com a do Atlético é comparar orquídea com tamanduá. Não tem sentido. A azul estrelada, assim como a branca e a dourada do centenário, são consideradas as mais bonitas do Brasil. Quando houver uma pesquisa séria, mundial, vamos conhecer a segunda colocada…

Nem no grupo de camisa branca com listas pretas a do Atlético é a primeira pois perde para o Botafogo.

Depois, Jorge “arma” contra o blogueiro, acusando de num primeiro momento ter defendido a confidencialidade do contrato da SAF e, agora, exigir transparência. Não foi assim. Após a assinatura do contrato, aceitei que algumas cláusulas deveriam, sim, ser protegidas pela confidencialidade comum em grandes transações, até pela preservação do próprio negócio. Quando, porém, são pretendidas alterações substanciais, claramente contrarias aos interesses do Cruzeiro, a transparência torna-se questão de sobrevivência. “O preço da liberdade é a eterna vigilância”.

             GARIMPO

“Os imbecis deixam suas impressões digitais no que dizem ou escrevem”.

(Sofocleto)