Jogos imortais que testemunhei - Quintal do Dalai

Jogos imortais que testemunhei

  • por em 6 de julho de 2020

Arquivo Estado de Minas

Com 99% dos campeonatos suspensos, alguns grupos filiados da China Azul estão propondo um exercício interessante: pensar bem, mas bem mesmo, e selecionar os três maiores jogos do Cabuloso que você presenciou. Tarefa difícil para quem é tetra campeão brasileiro, hexa campeão da Copa Brasil, bicampeão da Libertadores, bicampeão da Supercopa, além de dezenas de outros títulos que ajudam a encher a nossa sala de troféus. Não há três, há dezenas de jogos imortais, espetaculares, o que torna a escolha dificílima.

Mas, ao meu raro leitor e à minha rara leitora, como diria Juca Kfouri, tenho de perguntar: quais os três jogos que você apontaria? A sua opinião vai compor um banco de dados que apontará os mais votados pela nossa torcida. Aqueles jogos que 10, 20, 30 ou até 50 anos depois, como é o meu caso, estão lá, na gaveta de nossa memória. É só abrir e as partidas ressurgem como se tivessem acontecido ontem.

Já respondi para alguns grupos e agora conto pra você qual foi a minha escolha. Hoje, como o primeiro dos três, você lerá sobre um jogo histórico, que marcou definitivamente o ingresso do Cruzeiro na galeria dos melhores times do mundo, naquela década. Para muitos, foi a partida mais exuberante, mais espetacular já jogada pelo Cruzeiro desde a sua fundação;

1º. JOGO – 30 de novembro de 1966. Contra o Santos, no Mineirão. O Cruzeiro, dirigido por Airton Moreira, acabava de ser bicampeão mineiro e estava encarando a final da Taça Brasil de 1966, contra um time considerado então o melhor do mundo, razão fortíssima pra ninguém acreditar na gente. 77 mil torcedores preparavam-se para ver mais um show de Pelé, Pepe, Dorval, Zito, Carlos Alberto, Gilmar e toda a constelação santista, dirigida por Lula. Talvez o destino nos tenha dado uma boa ajuda, porque com um minuto de jogo, o lateral Zé Carlos, do Santos, fez contra. Mineirão quase veio abaixo. Aos cinco, Natal fez dois a zero; Dirceu Lopes, aos 20 e 39 fez 4 a zero; Tostão, de pênalti, fechou o placar em 5. No segundo tempo, a máquina santista chegou a nos assustar pois aos 6 e 9 minutos, Toninho Guerreiro fez 5 a 2. Um frio na espinha gelou a China Azul. Pelé e cia. teriam condições de reverter aquele placar? Claro que tinham. A fervura em campo subiu tanto, que aos 30 minutos, Procópio e Pelé foram expulsos, três minutos depois que Dirceu Lopes marcasse o sexto gol nosso.

Arquivo Estado de Minas

6 x 2 para o Cruzeiro. Inesquecível. Tempos depois, li declaração de Pelé, aposentado, revelando que o maior jogador que já viu atuando chama-se Dirceu Lopes. Óbvio que essa admiração nasceu naquela noite de novembro de 1966.

Na semana seguinte, a segunda partida entre as duas equipes, em Santos, não foi menos empolgante e também entrou para a história. Na época não havia vantagem por gols marcados. O Santos venceu o primeiro tempo por dois a zero, com Tostão perdendo um pênalti. No intervalo, o presidente do Santos, transpirando arrogância, foi ao nosso vestiário para combinar com o presidente Felicio Brandi onde seria o terceiro jogo, entendendo assim que aquele, prá nós, já estava irremediavelmente perdido. Felício, com toda coragem do mundo, encarou o pretencioso colega, olho no olho, e decretou falando alto para que todos os jogadores ouvissem: Não haverá terceiro jogo. Nós vamos virar este jogo! O Cruzeiro empatou e fez 3 x 2, com um gol de falta batida por Tostão. Apenas, espetacular!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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João Chiabi Duarte

Dr Dalai,
Permita-me uma intervenção.
O Santos depois de ter perdido de 6 x 2 no Mineirão, voltou com tudo pra cima do Cruzeiro. Fez 2 x 0 e só não marcou o 3º gol porque Raul fez defesas importantes e porque a bomba de Pelé bateu no travessão e voltou quase no meio-campo.
No início do 2º tempo tevê pênalti de Cláudio em Evaldo. Tostão bateu fraco, o goleiro acertou o canto e fez a defesa. Depois teve uma falta em Natal na entrada da grande área. Tostão bateu e diminuiu.
Depois Dirceu Lopes empatou a partida. E aos 44 da etapa final Tostão fez jogadas espetacular pela esquerda e melou para Natal fazer 3 x 2 e fechar o caixão do Sanntos.

jonas ferreira

Boa noite Dalai. Foram muitos os jogos emociantes que assisti do nosso Cruzeiro, mas, presencialmente, considero Cruzeiro e Bayern, Cruzeiro e Sporting Cristal e clássico Cruzeiro 3 x 2 com gols do ótimo Guilherme que infelizmente depois foi pro Atlético Mineiro. Pela TV, considero Cruzeiro 5 x 4 Internacional, Cruzeiro 2 x 1 São Paulo (Copa do Brasil) e Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras (copa do Brasil). abraços.

jonas ferreira

em tempo: Cruzeiro 3 x 2 Atlético

Walter Chagas Jr

Eu não assisti este jogo porque eu só tinha 1 ano de vida. Mas de todos os jogos que já assisti do Cruzeiro, aquele da ultima rodada da Copa União, em 87, Cruzeiro x Santos lá no Pacaembu aonde o Cruzeiro precisava da vitoria a todo custo pra ir pras Semi-finais e o Santos precisava do empate a todo custo pra receber a mala preta do São Paulo, que tinha interesse direto no jogo, e aos 47 minutos do segundo tempo, o Careca surge do além pra marcar o gol da classificação quando parte da torcida do Cruzeiro já ia embora e foi flagrado nas arquibancadas um dirigente do São Paulo já entregando a grana pro dirigente do santos pra repassar aos jogadores. De repente o jogo não acaba, Torcedores e dirigentes do São Paulo invadem o gramado pra pressionar o Juiz, José Roberto Wright a anular o gol alegando que um jogador do Cruzeiro estava em posição irregular no lance que originou o gol. E de repente o estádio virou uma confusão generalizada com jogadores do Santos e dirigentes do São Paulo encurralando o trio de arbitragem a anular o gol enquanto dirigentes do Cruzeiro tentavam proteger os arbitros. Foi tenso viu!

Aquele jogo eu não esqueço, aquele jogo foi um jogo icônico!