O BRASIL DE OLHO EM MINAS GERAIS

(Por Rafael de Novaes Rocha)

Nos dois próximos finais de semana, todos os olhos do Brasil estarão voltados para Belo Horizonte.

Não somente cruzeirenses e atleticanos estarão interessados no resultado das finais do Campeonato Mineiro de 2024, mas todos amantes do futebol. Isso porque não é exagero dizer que, de todas as finais estaduais pelo Brasil, a mais relevante será a de Minas Gerais.

A ausência de outros clássicos graúdos é uma das principais razões. No Rio, o Flamengo passeia e enfrentará na final a zebra e sensação do Carioca, o Nova Iguaçu; em São Paulo, Palmeiras também deve ser campeão sem sustos e assistiu a seus maiores rivais serem eliminados precocemente no campeonato; no Rio Grande do Sul, mais uma vez, não haverá Grenal nas finais.

Certamente Cruzeiro e Atlético-MG será o clássico de maior relevância dentre as finais.

Isso sem falar nos temperos adicionais. As últimas vitórias do Cruzeiro no clássico deixaram verdadeiros espinhos na gargantas dos atleticanos. Tanto é que demitiram Felipão – envolvido diretamente em ambas derrotas – às vésperas da final. Medo ou racionalidade?

Atlético anunciou nesta semana seu novo técnico e, por isso, o confronto nos bancos de reservas também interessa. Duelo de dois jovens argentinos, cheios de boas ideias e doidos para mostrar serviço. Milito, novo técnico atleticano, não veio ao Cruzeiro no início do ano por detalhes. Ainda bem. Prefiro o nosso profe pardal, Nico Larcamón – pelo menos até segunda ordem. Um rirá para o outro chorar. E sábado saberemos a primeira parte dessa história.

Como já disse por aqui, apesar do equilíbrio, vejo o outro lado da lagoa com favoritismo. Talentos individuais podem fazer a diferença em jogos deste tamanho. Dito isso, que a nossa tarde de sábado seja excelente; e a deles, terrivelmente péssima!

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Romulo contesta, e não é a primeira vez, a pesquisa sobre torcidas brasileiras, credenciada pela valiosa chancela da Revista Placar, detectando 13 milhões de corações azuis!

O argumento não faz jus ao brilho alcançado por Romulo em outras intervenções neste minifúndio. Acha pequeno o número de entrevistados, 1.600, esquecendo-se que pesquisas sobre candidatos a presidente da República antecipam resultados ouvindo-se 3 ou 4 mil eleitores, neste país de 200 milhões de habitantes. É que a tábua de seleção dos entrevistados é científica, rigorosamente seletiva na agrupagem de segmentos sociais. 100 falam por milhões. A amostragem, projetada por critérios sociológicos, é uma parte da população que permite concluir e caracterizar a população inteira.

Aceite, meu caro. Nada mais eloquente que um fato. Não se tampa sol com peneira. Desde a era-Felício Brandi, nos anos 60, com um imaginativo marketing junto aos estudantes do curso primário, estimulado por um verdadeiro time dos sonhos, assumimos o posto de Maior de Minas (em títulos e torcida) e não largamos mais.

2. João de Deus Filho, envolvido pelas reflexões próprias da semana santa, solta o pensamento e forma-se uma imensa bola de borracha, com saltos gigantescos numa superfície rígida; ora está no chão, ora nas nuvens. Quando a bola está no ar, insufla a ilusão:

“Enquanto o torcedor azul vê com pessimismo a situação cada dia mais complicada do seu clube, o torcedor atleticano enxerga com otimismo o horizonte do clube, que está resolvendo a situação financeira (aguardem o próximo balanço), construiu o melhor estádio da América do Sul…”

Menos, João, por favor! Você está olhando a tabela de melhores estádios, de cabeça pra baixo. Melhor estádio não pode ter excessos de pontos cegos, mudos e surdos! No mínimo, tem de ter um gramado. E o preço do estacionamento? Dos lanches? E o acesso rodoviário?

Sabe quem chega bem ali, na Arena MRV, em dias de clássico? Só o drone.

A bola sobe, mas desce, abrindo espaço pra realidade:

“… Não é atoa que aquela disparidade de títulos que havia a favor do clube azul em relação ao Atlético caiu drasticamente. Hoje ainda existe, porém projetamos num futuro não muito distante igualarmos ou ultrapassarmos os títulos de vocês. Libertadores e Brasileiros, precisamos ganhar mais 1. Copa do Brasil demora um pouco mais, porém vamos firmes na luta pra alcança-los. O Cruzeiro tem 16 títulos de expressão acima do mineiro. O Atlético tem 10. Nos aguardem.”

Por confissões assim, João de Deus continua nosso “Guru da Racionalidade”. O atleticano tem de parar de brigar contra números e compreender que não é crime ser o segundo em títulos e torcidas, num estado tão grande e expressivo como Minas Gerais. O Cruzeiro precisa do Atlético forte, pra crescer ainda mais. E vice versa.

3. Fala Sério! Comete um ato falho:

“Mas a ladainha da reclamação da arbitragem sempre que tem de enfrentar o Atlético continua!”

Meu caro, você já viu arbitragem protegendo Tombense, Ipatinga? Cruzeiro? América?

4. Tsunami & Pandemia – De repente, a Barraca Atleticana começa a satirizar como se fossem uma lenda esses dois fenômenos que arrasaram o Cruzeiro, mantendo-o três anos seguidos na Série B. A tese é a de que se passarem pra brincadeiras e gozações, com o tempo ninguém levará a sério e se transformará em obsessão isolada do blogueiro. Uma piada inventada.

Não! Mil vezes não! Só quem entrou naquela terra arrasada depois que a gangue foi expulsa sabe o que encontrou! Somente quem sofreu a angustia de perda total pós incêndio tem a extensão da dor. Semanas depois, veio o pior ainda: a pandemia do Covid trancando o mundo em casa. Quem estava caído não pôde se levantar.

Os atleticanos querem transformar Tsunami&Pandemia numa imaginaria dupla caipira pra desidratar a realidade cruel. Agora é fácil. João de Deus chega a dizer que desfalques, erros administrativos, todo Clube tem… Meu caro João, enchentes ocasionais, de fato todo Clube tem. Diluvio, até agora, só o Cruzeiro.

GARIMPO

“Se a jornada está difícil é porque você está no caminho certo.”

(sabedoria popular)