O GOL 200 MILHÕES DE PELÉ

Nos últimos dias, aquele menino simples, que em Bauru costurava jogadas incríveis em campo, aos 82, morto, costurou a nação rasgada pelo ódio e a violência de ideias. Não foi mera coincidência o seu funeral disputar manchetes com a posse de um presidente eleito com pequena maioria de votos. Nem foi também por acaso que assistimos um corpo permanecer em hospital 3 dias, aguardando a troca de governo. Teria de haver uma sincronização de horários como na rodada final de um campeonato Assim, a Nação rachada ao meio, transbordando intolerância, aplaudiu e vaiou a posse do novo presidente, mas já no dia seguinte viu diminuir a distância com o inimigo. Em muitas famílias, café e almoço voltaram a ser compartilhados na mesa. O mesmo em grupos sociais. Deitado, morto, em silêncio, na tenda armada no campo dos Santos, visitado em interminável romaria, Pelé costurava o Brasil, retribuindo a glória recebida.

Nas redes de televisão e rádio, dia e noite, jogadas incríveis acontecidas há mais de 60 anos foram reproduzidas como se fossem de ontem, enquanto o país chorava de emoção. País? Não, o mundo. Mensagens de praticamente todos os chefes de Estado de todos os continentes, nos mostravam aqui a dimensão alcançada por aquele menino de Três Corações onde viveu seus primeiros três anos de vida.

Nas horas finais do funeral, ao deixar o estádio da famosa Vila Belmiro, outra armação do Universo. O moderno Memorial vertical onde o corpo seria sepultado está próximo. Mas decidiu-se estender o trajeto por vários quilômetros, em homenagem à genitora do gênio, d Celeste Arantes que aguardava da sacada de sua casa. Na verdade, em sua última jogada, Pelé precisava de prorrogação pra alinhavar a costura. Os previstos 40 minutos de acréscimo viraram 4 horas extras. A comoção fermentou, atingiu até os bombeiros da escolta.

E 200 milhões de brasileiros tabelaram para o seu maior gol.

BATE PAPO NO QUINTAL

Teobaldo resume o Rei:

“Pelé… quatro letras foram juntadas, adjetivaram-se para a perfeição”.

Povo na rua ou na TV – Depois desta terça-feira, quando se falar em herói homenageado, em povo na rua, em comoção popular, em “todo mundo aplaudindo”, a medida de intensidade máxima é Pelé. Nunca se viu admiração e comoção em nível tão alto e alcançando literalmente falando o mundo inteiro.

Edson Arantes do Nascimento, o cidadão, cometeu acertos e erros como nós, pra mostrar que era humano. Deus era só quando calçava chuteiras.

Augusto, em raríssimo momento de confusão mental, oriunda do descuido etílico de fim de ano, tropeça em gilete caída no asfalto:

“… uma coisa não consegui entender de seu texto:

“A sorte de ter bons condutores garantiu a hegemonia em Minas”.

É mesmo? Não sabia… Os números mais uma vez te desmentem… Quem tem mais títulos rurais? Quem tem mais vitórias no confronto direto? Já entendi, você queria dizer hegemonia em Minas em relação ao América. Tá perdoado!”

Meu caro Augusto, o campeonato mineiro, que antes do VAR era uma festa para a FMF e a equipe de arbitragem atleticana, só tem importância, temporária, em Belo Horizonte. O prestigio nacional e internacional é construído com outros títulos. A hegemonia, em um estado, vem deles. Durante meio século, foi azul. Há três anos é atleticana. Mas, cuidado, a roda começou a girar.

Galo na Cabeça – entra apavorado e atropela criancinhas atravessando na faixa:

“Respeitem este dia!” – No dia comemorativo da fundação do clube, o cruzeirense se dirige aos outros, nós do Galo, claro… Vivem em função de nós. Não têm vida própria. Não têm alma. Têm títulos. Seis copas do Brasil, quatro brasileiros, duas libertas…kkk”

Meu caro, você está rindo mesmo? De que? Você se apropriou de duas frases já usucapidas pela Nação Azul nos últimos 50 anos:

“Vivem em função de nós. Não têm vida própria…”

Isto é nosso, zoando vocês. Vou refrescar sua memória visual e auditiva: Aquelas plaquinhas “Obrigado Borussia”, “Obrigado Bayern”, durante décadas surgindo no meio da torcida atleticana… E o nosso canto doído: “Não ganha nada, time sofredor…”

Como é sua primeira vez, neste QUINTAL, se quiser a gente apaga o seu texto.

João de Deus Filho continua as comemorações, agora de Ano Novo, queimando uma nota em “Almaviva” … escreve sob aquele agradável estado onde sonhos parecem reais… na Terra do Faz de Conta… tudo é graça para o Atlético, desgraça para Cruzeiro. Veja-se a abordagem dele sobre o Shopping Diamond:

“Quanto ao Shopping, não faz falta nenhuma. Nenhum atleticano torce pro Shopping. E, se perdemos um patrimônio valioso, estamos concluindo outro que valerá mais de 1 bilhão.”

Na terça-feira os jornais surpreendiam com manchetes assim: “Venda do Shopping que renderia 340 milhões ao Atlético retrocede diante da negativa da Multiplan em concluir o negócio.”

Quanto ao novo “patrimônio valioso” em construção, há rumores persistentes de que estaria cada vez “menos valioso” e menos atleticano.

Continuo à procura da fórmula mágica que permitirá ao nosso Guru da Racionalidade ser feliz encarando uma geladinha com bolinho de feijão, sábado à tarde, em barzinho da Arena MRV, enquanto seu time pavimenta o retorno à Série B.

Roberto Abras – lenda viva da imprensa atleticana acaba de detonar bomba de hidrogênio: o Atlético está falido e a situação se agravou com o recuo dos quase-compradores do Shopping Diamond. Segundo ele, a Radio Itatiaia se limita a passar o pano, disfarçando o caos administrativo, porque “o dono da Radio é dono do Atlético.”

GARIMPO

“Acho o pênalti um lance covarde. Tenho a impressão de que sou um pelotão de fuzilamento.”

(Pelé)