O MUNDO É AZUL!

Ganhamos um pouco esta taça da Argentina, porque a França estava ainda engasgada na nossa garganta. Mesmo de fora da festa e escondendo a frustração torcemos muito, ontem.  Tal como na política recente, éramos mais contra um time que a favor de outro. De qualquer forma, foi espetáculo digno de uma final e as alternâncias no placar ressuscitaram lição inesquecível que parece piada, mas é grande verdade: o jogo só termina quando acaba. Imprudentemente, os argentinos começaram a trocar passes pra esquentar a média com a torcida gritando “olé”, o jogo estava em 2 x 0, mas eram 30 minutos do segundo tempo.   Ainda faltava a eternidade de 15 minutos. Tudo poderia acontecer. E aconteceu. Aos 34, a França fez seu primeiro gol.  Dois minutos depois, empatou. O mundo veio abaixo em dois países, resvalando nos demais que respiram futebol. 

Na prorrogação, o enredo tipo “me mata do coração” repetiu-se. Primeiro gol da Argentina, empate da França. Caímos então na loteria dos pênaltis. Técnica, treinamento, fisiologia, controle emocional: estes são os quatro elementos fundamentais que decidem e deram o título à Argentina, agora tricampeã mundial, o que também aconteceria com a França, se vencesse. Vamos cuidar para que não nos apanhem nas próximas duas copas. Mostrar que aprendemos a lição, a maior delas elevar o sarrafo na hora dos amistosos preparatórios. Chega de nos iludir vencendo adversários que não vão disputar o título. 

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Dor de cotovelo – Perguntei a um amigo como estava, depois da eliminação do Brasil pela Croácia: “Negando as aparências, disfarçando as evidências…”

2. João de Deus Filho, nosso Guru da Racionalidade, ilustra o QUINTAL com texto ecumênico mostrando que o antagonismo de forças numa competição estimula a concorrência e a auto estima. Cruzeiro e Atlético precisam um do outro para a sobrevivência em patamar mais elevado. Toda razão. A prática comprova; se não fosse a tamancada que levou do Cruzeiro, em 2011, o Atlético não teria o estímulo pra se recompor em 2012 sob o comando de Ronaldinho Gaúcho.

3. Augusto/1 sentiu o golpe no caso da futura avenida CAM em substituição à Barão Homem de Melo. Promete abrir loja no numero 2009. Será o “Shopping dos Estudiantes Trinab”…

Muito bem, Augusto, quem sabe ao lado a gente não monta uma loja de exposição permanente de troféus e taças dos dois Clubes? Mas não valem o campeonato mineiro (pela ausência de VAR e presença de Cidinho Bola Nossa) e títulos de fantasia, como o fantasmagórico “Campeão do Gelo”.

4. Ranking da Conmebol – A propósito, divulgado na semana passada o Top 30 para 2023. Mais uma vez, impressiona a grandeza do Cruzeiro. Clube arrasado pelos seus próprios administradores e que depois não pôde se reerguer por causa da pandemia, permanecendo 3 anos na Série B, ainda assim integra o Top 30 da Conmebol. Tradicional ocupante dos primeiros lugares, agora é o trigésimo. Mas está lá. Vivo, apesar de tudo. Lamentável o Atlético, com os milhões despejados pelos 4Rs não ter ficado entre os 10 primeiros, que são: River Plate, Palmeiras, Flamengo, Boca Juniors, Grêmio, Nacional, Athletico Paranaense, Peñarol, São Paulo e Santos.

5. Teobaldo não percebe que seu anjo da guarda foi a Londres conferir a eficácia da Primeira Pílula Antirressaca, a Myrkl, e sem estímulo pra comentar futebol, apela para o vôlei mundial, torneio realizado em Betim e no qual o Sada Cruzeiro, pela primeira vez nos últimos anos, não foi campeão. “Alguém tem notícia?” pergunta ele. Eduardo Silva tem e responde:

“Prezado Teobaldo,

A final foi entre dois times italianos, Perugia 3 x l Trentino. O Cruzeiro ficou em terceiro lugar ganhando do Minas Tênis. O Perugia foi o campeão este ano. Desta vez não deu para o Cruzeirão Cabuloso que já foi Tetracampeão do Mundial de Clubes em 2013, 2015, 2016 e 2021, só pra lembrar mesmo.”

E então, meu caro Teobaldo, leva a pancada agora ou quer que embrulhe pra absorver melhor em casa?

6. Mercado da bola – De espantar a dança de notícias e fakes de contratação de jogadores nesta temporada de caça. E é curioso ver a credulidade inocente de muitos que recebem noticia e, sem qualquer filtro ou reflexão, imediatamente repassam, potencializando uma fantasia. Nem uma grama de juízo crítico, sequer pra duvidar… Certa vez ouvi de um diretor de clube, cobra criada deste pantanal: se a gente deixa vazar um nome, pode ter certeza de que não tem a menor chance. É tudo pra encobrir a negociação que de fato está sendo feita.

Já contei esta história, mas acho que vale o repeteco: O zagueiro Leonardo Silva vinha muito bem no Cruzeiro, contundiu-se ligeiramente na época da renovação do contrato. O Cruzeiro marcou uns dois ou três encontros com o jogador, que não compareceu. Coincidentemente, ouvi entrevista do diretor de futebol Eduardo Maluf, que tinha saído do Cruzeiro para o Atlético. Perguntado sobre contratações ele foi enfático em dizer que só estavam à procura de atacantes… Estranhei a gratuita colocação daquele “só atacantes”; lembrei-me das lições dos tempos de jornalismo politico (fala-se o que não é, pra esconder o que é) e matei a charada: o Atlético está contratando Leonardo Silva.

7. Augusto/2 retorna pra dar continuidade à sua ideia fixa: onde o cruzeirense enfiou aquela faixa “Desde 1921 na Primeira Divisão”? Agora acrescenta uma novidade: “Saudações atleticanas, o que nunca mudou de nome.”

Meu caro Augusto, um psicólogo diria que sua insistência em descobrir o paradeiro da faixa revela o quanto ela te machucou naqueles longos anos de gozação. A gente ganhava tudo, vocês não ganhavam nada e ainda caíram pra Série B. A faixa aparecendo em vários pontos da arquibancada, nos clássicos, era como um espinho na alma. Dorido. Sofrido. Quando a corrupção interna nos jogou pra Segunda Divisão e a pandemia não nos deixou levantar nos dois primeiros anos, o atleticano deitou e rolou. Com razão. Mas, por favor, não passe disto. Esta questão de mudança de nome é fake. O Cruzeiro, antes de ser Cruzeiro teve apenas um nome Palestra Itália. Em razão da Segunda Guerra Mundial, quando Alemanha e Itália se uniram contra o mundo, o presidente Getúlio Vargas proibiu qualquer referência pública àqueles dois países. Tivemos obrigatoriamente de mudar o nome. Mas nunca fomos nem Yale nem Ipiranga. Quanto à faixa ela está no Museu Azul, onde ficam nossos troféus. Lá estão também os cartazes que pontificavam na torcida atleticana – “Obrigado Borussia”, “Obrigado Bayern”, clubes que nos impediram de conquistar o Campeonato Mundial. Estes cartazes e a faixa da Primeira Divisão desde 1921 lembram um longo, agradável, inesquecível, brilhante período de hegemonia total do Cruzeiro em Minas e no Brasil. Os atleticanos assistiam no sofá da sala e morriam de raiva. Por muitos e muitos anos!

8. Quanto custou o Cruzeiro pra Ronaldo? – Tem atleticano trocando o sono por cálculos provando que Nacho custou mais caro ao Atlético. E agora, com a venda do menino Endrick, pelo Palmeiras, por cifras inimagináveis, o tema voltou a pegar fogo.

Meus amigos, não confundam Carolina de Sá Lebão com Caçarola de Assar Leitão. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Ao invés de ficarmos debatendo até o Natal, permitam-me um exemplo elucidativo: a famosa Editora Abril, com suas dezenas de publicações excelentes, foi vendida por R$1,00 (um real)! Se você, neste momento, estiver chupando um picolé de côco, da Kibon, que custa 4 reais poderá dizer que ele custou 4 Editoras Abril?

GARIMPO

“É mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las que foram enganadas”.

(Mark Twain)

Colaboração de Teobaldo.