O UNIVERSO SEMPRE CONSPIRA A NOSSO FAVOR (OU CONTRA)

Dependendo do seu merecimento, do que você fez em 90 minutos de jogo, ele pode armar uma jogada fantástica nos 30 segundos finais do tempo de acréscimo, começando lá na extrema esquerda, cruzando o campo para a extrema direita e de lá para o centro da área, antecipando-se ao goleiro e acontece o gol da vitória. 

Para quem faz, é a glória.

Para quem leva, uma tragédia.

Nós tomamos esse gol, sábado à noite, em Cuiabá. Ele espalhou amargura e insônia nos corações azuis. A primeira sensação é de incredulidade. Não é possível que, nessa altura do campeonato, isto esteja acontecendo conosco. Logo agora, quando havíamos reagido no último jogo e, finalmente, começamos a decolar.

Como não consegui dormir, dei um tempo para que o cão raivoso despertado dentro de nós cansasse de rosnar.

Em vez de Rivotril, tomei uma dose de coragem e fui conferir o VT do jogo. É masoquismo, gritaram. Mas fui em frente. E vi um outro jogo.

Não aquele, ao vivo, onde a emoção cobre detalhes.

Um jogo frio, já acontecido. Saem coração disparado e alma na boca. Entram análise e computação de dados.

Conclusão triste: não digo que merecíamos perder. Mas afirmo com segurança que não fizemos por merecer a vitória. Logo nos primeiros 20 minutos três ou quatro tentativas de jogadas com troca de passes criativos, um meio de campo atento, ganhando divididas, deram a impressão de que estava em campo o novo Cruzeiro.

Mas o VT mostrou a predominância do velho Cruzeiro. Não exigimos uma defesa, sequer, do goleiro do Cuiabá. Chega a ser irritante a quantidade de faltas desnecessárias que fazemos matando ataques que poderiam ser promissores. A nossa primeira opção numa disputa de bola é a falta. Com isso, jogadas difíceis de serem armadas, vão se aproximando da intermediária inimiga e ali são mortas por faltas absolutamente ridículas. Contei mais de 10, no VT.

Com aquele calor insuportável, o vai e vem de jogadores atravessando o campo para reforçar o ataque nascente, seguido da decepção, mina pouco a pouco o espírito de luta.  Quando não são essas faltas ridículas, das quais Sassá é mestre, surgem os estranhos passes para o espaço vazio, onde ninguém está e nem pensa em chegar. Por ironia dos deuses, quando é para o atacante dar o passe a um ou dois companheiros livres, ele tenta ir sozinho e perde a bola bisonhamente. 

O tempo vai passando, as jogadas frustrantes se repetindo; uma falta boba aqui, um passe errado ali. Sempre o mais, do mesmo. Nenhuma criatividade.

Chega-se, finalmente, aos 40 minutos do segundo tempo. O Universo às vezes resolve entrar em ação. Ele vai conspirar. Será uma bola espirrada, que bate numa trave, corre em cima da linha do gol, bate na outra e… entra ou não entra?

No sábado, o juiz determinou 5 minutos de acréscimo, os olhos se prenderam no campo e no relógio.

Quando houve falta a nosso favor na entrada da área do Cuiabá, restando 30 segundos para o fim da partida, 9 milhões de corações azuis passaram a bater aliviados.

A gente nem imaginava que o Universo ia conspirar.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. A Nação Azul só tem um pedido a Ney Franco: comente por favor o jogo que a gente viu.

2. No dia em que caímos para a Série B, explodiram reações diversas. Quebra-quebra no Mineirão, tentativa de depredação de sedes, uma tristeza profunda amassando 9 milhões de corações azuis. Brotaram, porém, de vários pontos do Brasil, bálsamos que atenuaram essa dor. Eles surgiram em forma de mensagens motivacionais, mãos estendidas que nos levantaram para a difícil reconstrução. Inspiradas palavras de fé, de esperança, de crença na grandeza do Cruzeiro, foram fundamentais para nos ajudar na dolorosa travessia. 

Como ainda não decolamos, gozadores de plantão, sempre com péssimo gosto, estão agora viralizando ironicamente essas mensagens, contrapondo-as com a nossa posição atual na zona de rebaixamento.

Elas foram feitas para outro momento. Mas servem, sim, para o que vivemos agora.

Por acaso, a grandeza centenária do Cruzeiro acabou por este momento grave que atravessamos?

Por acaso, a nossa admiração e a nossa fé no Melhor Clube Brasileiro do Século 20 diminuíram por esta má fase?

Benditas e atualíssimas mensagens.

Continuem reproduzindo, por favor.