PERDEMOS O TÍTULO SEM TENTATIVA DE HOMICIDIO!

Quem não foi capaz de ganhar, pelo menos que saiba perder. Não jogamos bomba em ninguém, não depredamos estádio, não quebramos catracas, não tocamos terror em mulheres e crianças. Ficamos, sim, arrasados porque poderia ser diferente. A nossa reação no segundo tempo mostrou que não havia superioridade técnica dos argentinos. Pecamos no esquema de jogo e, sobretudo, no apagão defensivo dos primeiros 20 minutos. Ali surgiu a derrota.

Jogando apenas no segundo tempo, estivemos perto do empate.

O Imponderável F.C. até tentou  nos avisar, com o gol anulado aos três minutos de jogo, sobre a tática mortal do adversário. Avanço pela nossa lateral direita e cruzamento atravessando a área encontrando um atacante desmarcado. O VAR detectou impedimento. Nós não detectamos o perigo. Tomamos outro, desta vez válido, com a mesma jogada, minutos depois. Imperdoável. A Comissão Técnica tem o dever, perante a massa azul, de repaginar a defesa  corrigindo esse posicionamento de pelada de condomínio. Inacreditável.

Foi um jogo, apenas. Decidia título importante, mas não deixava de ser um jogo, que poderíamos vencer, perder ou empatar. Ficamos com o vice-campeonato da Copa Sulamericana e mostramos dignidade na derrota. Nossa torcida (12 mil cruzeirenses que viajaram 1.200 quilômetros pra dar apoio ao time) suportou o amargor da derrota que dobra a distância na volta. A sensação é a que que não passam nem o tempo nem os quilômetros. Na cabeça, a reprodução de lances que, por pouco, teriam construído outro desfecho.

Não conseguimos ganhar, mas soubemos perder. Ficou a lição. Bons reforços devem estrear na próxima temporada.

Isto é o futebol: a coisa mais importante da vida, dentre as coisas realmente desimportantes.

 BATE PAPO NO QUINTAL

1. Foguetório em BH – Em dúvida se terá ainda alguma coisa a comemorar neste resto de ano, o atleticano não vacilou sábado: queimou todo o estoque de foguetes festejando a vitória do Racing sobre o Cruzeiro. O longo espoucar dos fogos denuncia a extensão de mágoas antigas, feridas mal curadas… Durou até o inicio da noite, o barulhão feito por uma torcida que, por décadas, só vibrava quando o Cruzeiro era derrotado. Lembrou-me o mundial que perdemos no gelo da Alemanha, a menos 5 graus. Era madrugada, em BH, mas o foguetório foi de festa junina.

Inveja monstra. Mágoas profundas. Tudo isto ressurgiu sábado.

2. Roberto Oliveira não percebe que seu anjo da guarda foi assistir aquele leilão em que uma banana real, presa numa tela por fita adesiva, foi arrematada por 35 milhões de reais, e escorregou feio na maionese:

“Paul Joseph Dalai Goebels (Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista) pregava: “uma inverdade dita mil vezes torna-se verdade”

Tudo pra contestar o título, que não foi inventado pelo blogueiro, colocando o Cruzeiro como o melhor Clube fora do eixo Rio-São Paulo. Isto é o resultado da  longa  construção de um time de futebol, no sentido mais amplo do termo, iniciada na década de 60, com o presidente Felício Brandi. Conquistas memoráveis, dentro e fora do país, foram elevando o Clube a um seletivo patamar  internacional. Enquanto isto o Atlético assistia no sofá da sala. Como fizemos, agora, nos três anos da B. Com aquele desempenho fantástico, o Cruzeiro foi naturalmente ocupando a primazia no futebol brasileiro fora do eixo Rio-São Paulo, não contestada até agora, quando Roberto Oliveira, como valente Dom Quixote, elegeu esse nosso “título” como seu moinho de vento preferido. A hegemonia cruzeirense estendeu-se por décadas enquanto o Atlético amargava dolorosa seca. Lembra-se? Foi nessa época que a gente cantava na arquibancada uma marcha fúnebre: “Não ganha nada, time sofredor…”

Quanto à lembrança do sinistro Paul Joseph Goebels, que para propagar a doutrina nazista dizia que versão falsa divulgada mil vezes torna-se verdadeira, é preciso observar que esta não é uma regra geral.

Meu caro Roberto Oliveira, nem sempre mentira repetida até milhões de vezes se transforma em verdade: veja por exemplo o título de “Campeão do Gelo”, inventado por Vicente Motta, ao escrever o hino do Atlético em 1969. Ficou só na partitura. Ninguém viu a taça até hoje. Quem promoveu? Nem se sabe quem teria sido o vice-campeão. Tão pouco onde teria sido essa “final”. Nesse caso, a teoria de Goebels valeu tanto quanto um canivete sem cabo que perdeu a lâmina.

3. Arena MRV – Os lamentáveis e criminosos acontecimentos que mancharam a final da Copa do Brasil destacaram mais uma vez a culpa dos diretores responsáveis pela logística do jogo, certamente os mesmos que prepararam o estádio para o primeiro clássico, contra o Cruzeiro, e também aprovaram o vídeo do quebra-quebra pra lançamento de nova camisa. Inimaginável, Absurdo. Que sejam nomeados, processados e banidos do futebol por, pelo menos, 10 anos.

Enquanto isto não acontece, a criatividade popular sai a campo e dá sua contribuição, rebatizando a Arena:

Meus Rivais Venceram

Maracutaia, Ruindade, Violência

Mandrake, Ridícula, Vergonha

Mistificação, Rancor, Vexame

4. Supermercados BH – A gozação é uma metralhadora giratória. Atinge todo mundo. Nos grupos sociais circula o novo anuncio da empresa de nosso gestor:

“Avisamos que o sonho acabou. Só temos Maria Mole.”

5. Rafa vem aí – Quinta-feira, dia 28, última coluna do mês, sinaliza sangue jovem neste terreiro; olhar de lince sobre jogadas de xadrez. A visão remoçada sobre as coisas do Cruzeiro e etc.

GARIMPO

“ O vício inerente ao capitalismo é a distribuição desigual de suas benesses. O do socialismo é a distribuição por igual das misérias.”

(Winston Churchil)