PROCURA-SE COMANDO

(Por Rafael de Novaes Rocha)

O Cruzeiro está à procura de um técnico para comandar seu elenco de estrelas em 2025.

A lista de nomes pretendidos pela diretoria é extensa e chama atenção pela diversidade. O leque dos candidatos começa em Luís Castro e Renato Gaúcho, passa por portugueses desconhecidos e promissores, até chegar em Vanderlei Luxemburgo (sim, em pleno 2025).

Porém, tudo indica que o comando técnico cruzeirense deve ser assumido por Leonardo Jardim. Ao menos que haja uma reviravolta nas negociações (o que é muito possível em se tratando de Alexandre Mattos), o português deve chegar com sua comissão técnica a BH nos próximos dias.

É um nome que me agrada. Os portugueses fizeram bem ao futebol brasileiro nos últimos anos. Além de vitoriosos, trouxeram boas ideias e promoveram transformações bem-vindas. Apesar de não ser um nome tão badalado, a grife de sua nacionalidade europeia pode ser útil para blindá-lo em um grupo recheado de estrelas e egos.

Novas ideias, novas táticas, novos treinos – a ideia da novidade por si só me anima. Há um bom tempo o Cruzeiro está estagnado e vem praticando um futebol horroroso. Culpa de um técnico limitado e cegado por suas convicções.

Diniz não deixará saudade. Foi tarde. Não deveria sequer ter participado da pré-temporada.

No pouco tempo que ficou, sacrificou o futebol cruzeirense em nome de um estilo de jogo falido, que em momento algum funcionou por aqui. Não teve resultado, nem demonstrou bom futebol; em aproveitamento, foi um dos piores técnicos da história do clube; e em campo, montou um time sem repertório e com evoluções que só ele enxergava.

Como o toque final de sua passagem desastrosa, no último sábado algo curioso ocorreu no vexame contra o Betim. Após o time arrancar o empate, ao invés do apoio incondicional da torcida em busca da virada, a única coisa que se ouvia nas arquibancadas do Mineirão eram xingamentos a Fernando Diniz.

E ao final da partida, vaias ensurdecedoras e letais: com apenas três partidas na temporada, Diniz foi demitido por justa causa. Algo que deveria ter sido feito ao final do ano passado, inclusive. À época, o treinador permaneceu no grito e escancarou a falta de rumo da diretoria cruzeirense, que não teve coragem de demiti-lo após ser confrontada publicamente. 

No primeiro mês de 2025, Diniz foi embora; mas a falta de rumo da diretoria parece permanecer. Seja lá quem for o técnico escolhido, que, pelo menos, ele dure mais de seis meses.

A partir deste ponto da coluna, o QUINTAL volta ser escrito pelo blogueiro titular. Reforço que não me responsabilizo por nenhuma opinião furada e/ou cancelável do Bate Papo. Até a próxima! Que venham dias melhores.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. JCSR alfineta Augusto:

“Dalai, o citado atleticano que comenta as outras modalidades esportivas onde o Cabuloso se destaca, esquece propositalmente de citar que o galinho é multicampeão do torneio “Torcendo contra o vento.”

Augusto, contenha-se apenas com o time principal, de futebol masculino, do Atlético. O resto é fria. E nem procure saber como está o Sada-Cruzeiro.

2. Lá como cá – A tumultuada saída de Fernando Diniz do Cruzeiro tem sido campo fértil pra gozeiras atleticanas. Algumas finas, contundentes, até transcritas aqui. Interessante observar como a História se repete. Salomão já proclamava (Eclesiastes, 1,10): “Nihil novi sub sole”. Simplesmente, não há novidades sob o sol, óbvio que no prisma sociológico.

Durante a cinquentenária hegemonia azul em Minas e fora do eixo Rio-São Paulo, as plaquinhas que hoje clamam pelo “Fica Diniz!”, eram “Fica, Celso Roth”, “Fica, Luxemburgo!”, “Fica Tite” e muitas mais. Era um prazer quase comparado a vitórias do Cruzeiro, assistir de camarote o desespero atleticano. Tá com pinta de que vai voltar.

3. Donald Trump – Alguns dos grupos cruzeirenses com os quais tenho a honra de interagir me cobram um posicionamento no instante em que o novo presidente americano ameaça virar o mundo de cabeça pra baixo.

Creio que seria útil lembrar, como fez Marcus André Melo, na Folha de São Paulo, de segunda-feira, que há 20 anos Trump, ele mesmo, escreveu “The Art of the Deal” (“A Arte da Negociação”), onde afirma que:

“A chave final para a maneira como eu consigo as coisas é a bravata. Eu jogo com as fantasias das pessoas. Elas nem sempre pensam grande, mas ainda podem se entusiasmar muito com aqueles que pensam. É por isso que um pouco de hipérbole nunca faz mal. As pessoas querem acreditar que algo é o maior, o melhor e o mais espetacular. Eu chamo isto de hipérbole verdadeira. É uma forma inocente de exagero – e uma forma muito eficaz de se conseguir o que quer.”

In claris cessat interpretatio.

4. Marcelo não percebe que seu anjo da guarda foi conferir o apartamento de 220 milhões de reais, comprado pela brasileira Chella Safra, na Quinta Avenida, e avança sinal vermelho:

“E aí Dalai, o que dizer do Gabi sem Gol, ignorando a torcida, as crianças cruzeirenses, fingindo que estava falando ao celular, o que dizer? E o que dizer do Hulk, você gosta muito de falar dele, que diferença hein! Dando atenção, autografando camisas de torcedores adversários, que por sinal eram cruzeirenses.”

Meu caro Marcelo, não confunda fatia com o bolo todo. No momento das filmagens que você viu, Gabigol já havia atendido dezenas de torcedores e se retirava; Hulk, por sua vez, iniciava o atendimento. Dali a pouco, iria também finalizar e colocar os fones de ouvido… Se as filmagens fossem invertidas, a conclusão seria outra. Também falsa, na ideia de significar o todo.

Sempre relembro neste minifúndio a história dos ceguinhos tendo de descrever o elefante com apenas um toque: “uma cartilagem”, disse o que pegou na orelha; “Não, é uma cobrinha”, falou o que pegou no rabo.

5. Pedrinho BH – Gestor audacioso de um dos maiores clubes do Brasil, Pedrinho está sob o holofote da mídia nacional. Na entressafra dos grandes jogos pelo Brasileiro, as pautas dos noticiosos esportivos são batalhas diárias, difíceis de serem preenchidas. É preciso esmiuçar quem é notícia. Criticar comportamentos, o que é fácil. Carlos Eduardo Éboli, do SporTV, foi cruel com o gestor cruzeirense:

“Ele tem esse comportamento que vem muito da arquibancada, do imediatismo, e toma algumas decisões com o fígado e também muita vaidade.”

Como é fácil criticar! Nem se comentam os graves desafios do dia-a-dia de um administrador deste porte. Nem se dá a ele o benefício da dúvida, quanto ao acerto de suas decisões que nem sequer amadureceram. Nem se foca na coragem de toma-las. No lugar dele, Éboli, o que você faria?

GARIMPO

“Não digas pouco em muitas palavras, mas muito em poucas.”

(Pitágoras)