QUARTA, 11 DA MANHÃ, TESTE FINAL!

Não poderia ser mais apropriado: enfrentar o imprevisível  time do Corinthians, no Itaquerão, dias antes de decidir contra o Racing, no Paraguai, a Copa Sulamericana.

Uma avaliação real, de peso, com forte torcida contrária. Vai ser atualizada nossa cotação como time. Defesa, meio de campo, ataque. E o entrosamento? As saídas de bola. Não se esqueça, Diniz, que você prometeu saídas mais longas. Corações angustiados agradecem. Afinal, chega de armar contra ataques para os adversários. Vamos tentar agora a nosso favor, com bolas mais compridas, pelos lados do campo, fora de nossa pequena área. Mesmo que alguns titulares sejam poupados, o esquema pode ser testado visando mais segurança nas saídas de bola e efetividade nas conclusões. O time precisa e a torcida merece.

Depois, partiu Assunção em busca, finalmente, da primeira taça pós tsunami/pandemia.

Um renascer.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Vexame –  O desempenho dos responsáveis pela Arena MRV para a final da Copa do Brasil está se transformando num case mundial. Exemplo do que não deve ser feito. Conseguiram o que era quase impossível: errar em tudo. Disparadamente o mais grave foi na segurança porque vidas humanas passaram por riscos absurdos. No enfoque de vários jornalistas presentes só por milagre não houve mortes. Enquanto gangues arrebentavam roletas, outras promoviam arrastões tanto de torcedores quanto de veículos que se aproximavam do estádio. Caos completo. No interior, com a partida em andamento, bombas atiradas no gramado, ameaçavam jogadores e feriram gravemente um repórter fotográfico. Hospitalizado, passou por cirurgia visando a recuperação de dedos do pé e tornozelo.

Fim de jogo, a gran finale do festival de horrores: alto-falantes, no volume insuportável, passaram a reproduzir o hino do Atlético visando melar as comemorações dos flamenguistas no gramado. Coisa feia, própria de quem não consegue ganhar e não sabe perder.

2. Ironia do destino – A única providencia correta quanto a segurança, tomada pela diretoria do Atlético revelou-se, afinal, desnecessária: oficiou à Prefeitura solicitando a interdição, quanto a veículos, de ruas no entorno da Arena, para as comemorações pós jogo…

3. Menin – O gestor do Atlético, em nota oficial, aumenta as dúvidas sobre a desastrada preparação para a final:

“A Arena, reconhecida como uma das mais modernas, tecnológicas, inclusivas e sustentáveis da América do Sul, teve o efetivo de segurança reforçado em 75% para essa final. A PM também mobilizou o maior contingente até aqui para um evento nela. Ainda assim essas medidas não foram suficientes para impedir o que aconteceu. ”

Se o aumento do efetivo de segurança foi de 75%, o que havia antes?

O art. 213, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que disciplina o caso, dispõe:

“… deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir” as desordens no estádio.

Ou seja, não basta tomar providências. Elas tinham de ser capazes.

Foram in-capazes. A Arena Meus Rivais Venceram virou terra de ninguém. Sem lei, sem ordem. Vergonha nacional. A nota oficial do Flamengo é um libelo gravíssimo.

4. Bruno Muzzi, CEO do Atlético, em entrevista terça-feira, ainda abalado com os acontecimentos, deixou a impressão de que o Clube foi surpreendido pela ação da minoria bandida invadindo catracas, rompendo divisas, transformando o hall da Arena numa terra sem lei. Mas isto é novidade? Ainda mais considerando-se a histórica rivalidade entre os dois clubes. Imperdoável, a falta de planejamento estratégico pra conduzir e controlar a multidão naturalmente nervosa e agitada.

Por isso, a justiça da interdição do estádio, como pena preliminar. Mais do que a torcida, a diretoria é a grande culpada por não determinar o esquema de segurança obrigatório nessas ocasiões. Se houvesse dúvida quanto a essa incompetência e irresponsabilidade antes e durante a partida, a diretoria deixou isto muito claro depois do jogo colocando o som do estádio, com o hino do Atlético em volume ensurdecedor visando melar as comemorações do Flamengo.

Inacreditável e ridículo.

5. João de Deus Filho coloca em dúvida seu título de Guru da Racionalidade ao propagar, com tamanha ênfase, os lucros financeiros do Atlético pela final da Copa do Brasil. De fato, foram bem altos. Mas, João, será que está valendo a pena? Esse dinheiro daqui a pouco se dilui nas caríssimas atividades dos grandes clubes da Série A. Mas o vexame será inesquecível. Nódoa de vergonha fica impregnada na alma e na memória dos tempos.

6. Flamengo & Copa do Brasil & BH – O Flamengo disputou três finais de Copa do Brasil em Belo Horizonte. Ganhou uma.

7. Roberto Oliveira é um dos dois brasileiros que não admitem ser, o Cruzeiro, o melhor clube fora do eixo Rio-São Paulo. Até a poucos meses, quando Roberto se transvestiu de Dom Quixote e passou a atacar seus moinhos de vento, ninguém havia contestado. A sua campanha se baseia em rankings parciais preferencialmente pós tsunami-pandemia, quando o Cruzeiro amargou três anos seguidos na Série B.

Rômulo, seu fiel escudeiro, aplaude e apimenta:

“Quando falta argumento ao Dalai ele apela. A gente dá o xeque mate ele finge que não ouviu e continua jogando sem o rei…”

Meus caros Roberto e Romulo, trata-se de macro e micro visão:Três cegos de nascença foram colocados ao lado de um elefante e deveriam descrever o animal dando no mesmo apenas um toque com a mão. Um deles, posicionado junto à cabeça, pegou a orelha e disse: “é um animal feito de cartilagem”; outro, atrás, pegou o rabo e proclamou: ”é fino e comprido”. Finalmente, o terceiro, colocado junto a perna dianteira, não teve dúvida: “é uma torre”.

8. Lição de vida – O espanhol Ferran Soriano, CEO do Grupo City, veio ao Brasil ver como estão as coisas no Bahia de Rogério Ceni, um dos integrantes do cartel. Ferran comanda 13 clubes, em quatro continentes diferentes. Em entrevista, disse que o Bahia e seu treinador vão muito bem. Sobre a posição do time, lembrou que o Manchester City, estrela da companhia, foi considerado o melhor clube do mundo, mas o processo começou em 2008. Ficou quatro anos sem ganhar nada. Afável com a imprensa, acabou revelando dois segredos administrativos do seu Grupo: não decidir nada, na segunda feira; não abrir a boca, se a cabeça está quente.

GARIMPO

“Egoísta: Um sujeito mais interessado em si próprio do que em mim”.

(Ambrose Bierce)