RECAÍDA EM SÃO JANUÁRIO

Vasco 0 x 0 Cruzeiro.

Sem Matheus Pereira, nós esquecemos como se joga futebol. 

As jogadas morriam na intermediária adversária,  por falta absoluta de criatividade.  A gente não sabia o que fazer com a bola. Uma pena. Mesmo com os desfalques, o time deveria produzir mais, em especial aproveitando a sucessão de faltas  e escanteios no primeiro tempo. Não conseguimos mostrar nada. Batidas iguais, facilitando a defesa. Reiterando a bobagem de colocar dois jogadores pra bater escanteio. A nossa comissão técnica precisa entender que não se consegue resultado diferente repetindo-se as mesmas ações. Afinal, o que estamos treinando? É lamentável o desperdício de oportunidades sucessivas, com faltas e escanteios cobrados com extrema banalidade.

No segundo tempo, com a esperada reação do Vasco, só não tomamos o gol por ineficiência do adversário. Procuramos até facilitar colocando pra marcar Vegetti (de quase dois metros de altura) o nosso lateral Marlon, que não chega ao ombro do atacante. Bizarro.

Considerando a atual fragilidade técnica do Vasco, goleado nos dois últimos jogos, o Cruzeiro poderia conseguir mais que o empate. Fernando Seabra, no pós-jogo, disse que não perdemos dois pontos, ganhamos um. Penso diferente.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Novela Dudu – Ainda com final imprevisível, aguarda-se pra hoje o desfecho deste imbróglio, fadado a entrar para a História como uma página épica ou um pastelão. Há pistas nos dois sentidos.

2. Quais as quinze maiores torcidas? – O Instituto AtlasIntel destrincha a preferência dos fãs de futebol no País. Margem de erro é de 2% para mais ou para menos:

1. Flamengo – 21,9%
2. Corinthians – 14,2%
3. São Paulo – 9,9%
4. Palmeiras – 7,7%
5. Vasco – 6,2%
6. Cruzeiro – 6,1%
7. Grêmio – 4,6%
8. Atlético – 4,3%
9. Bahia – 3,6%
10. Internacional – 3,5%
11. Fluminense – 3,4%
12. Santos – 3,1%
13. Botafogo – 2 %
14. Sport – 1,9%
15. Athletico – 1,5%

Três observações:

1. O Cruzeiro, mesmo pós-tsunami, mesmo em Recuperação Judicial, continua ostentando um honroso e antigo galardão: é o melhor clube brasileiro fora do privilegiado eixo Rio-São Paulo.

2. Pela margem de erro, podemos ser a quinta maior torcida do País, passando o Vasco.

3. O Instituto AtlasIntel fechou parceria, em abril, com a CNN Brasil, empresa do grupo gestor do Atlético.

Resumo da ópera: Não há como escapar. Tem de engolir. A seco.

3. J.Silvestre não percebeu que seu anjo da guarda conferia a temperatura em Urupês. Desprotegido, tropeçou no meio-fio. Acabou comparando como iguais ou equivalentes, comportamentos diametralmente opostos. Assalto a banco, sociologicamente falando, é a mesma coisa que briga de trânsito?

Para J. Silvestre, sim!

Aqueles atos de vandalismo da torcida do Cruzeiro, quebrando cadeiras do Mineirão,  quando caímos para a B;

Aqueles atos de vandalismo na Arena Meu Rival Venceu, quando parte da torcida azul retribuiu com selvageria o tratamento animalesco recebido, foram reações condenáveis, mas nascidas do calor do momento. Assim como tantas e tantas outras já cometidas pela fração criminosa da Galoucura.

São crimes do momento. De asfalto quente. Impensados, a maioria.

Diferentes dos atos idealizados em salas climatizadas, cafezinho na mesa, pensamentos soltos, debates, ponderações, correções, consultas… aí, pós duas, três semanas, sai aquele lançamento da nova camisa da Adidas, cultuando a violência e o quebra-quebra. Crime premeditado.

Tem comparação?

4. Jamicel sintetiza o pensamento da Nação Azul:

“A história do Pedrinho é típica de um ‘self-made man’ e deve ser aplaudida. Além de visionário, tem uma característica inerente aos verdadeiros vencedores, a humildade.”

5. Teobaldo aceita a bandeira branca levantada pelo nosso gestor:

“Em jogos Atlético x Cruzeiro defendo o seguinte: partidas no Mineirão com torcida dividida e o visitante contemplado sempre com 50% da carga de ingressos, os quais seria obrigado a pagar antecipadamente para somente depois revendê-los à sua torcida. Se os ingressos não forem vendidos, o visitante fica com o prejuízo e o espaço no estádio, vazio.”

Meu caro Teobaldo, em meu curto período dirigindo o Cruzeiro tive oportunidade de reunir-me com o presidente Sette Câmara e, em razão do posicionamento da Policia Militar, vimos que não seria possível, ainda, torcida dividida. Ficamos na liberação de apenas 10%, com uma inovação: ingressos por consignação. O que não fosse vendido, poderia ser devolvido. A compra antecipada estava difícil de suportar. Chegamos ao ideal possível para os dois Clubes naquele momento de vacas magras.

O seu projeto, que propõe todos os clássicos sendo jogados no Mineirão, com pagamento antecipado dos ingressos à disposição do visitante, é meta para o futuro. Tomara que cheguemos lá.

De norte a sul, o tema continua aberto a debates, sujeito às conhecidas condicionantes. Quem sabe esta bandeira levantada agora pelo nosso novo gestor – “somos adversários, não inimigos” – contribua para a reflexão crítica das torcidas?

6. Augusto Andrade quer tirar o sono do pessoal de Vespasiano:

“Algum atleticano me responde? O “Campeonato de 1937, contra a Liga da Marinha, era Polo Aquático ou Nado Sincronizado?”

Augusto, não faça pergunta difícil!

7. Tostão ensina mais uma vez – Em sua crônica de domingo, na Folha, o craque da bola e, agora, da escrita, mostra o óbvio que muitos treinadores, inclusive de seleção, teimam em não ver: não adianta  encher o time de atacantes, se não há aguda conexão de jogadas. O ponto alto (e mais doloroso) da aula de Tostão mexe muito conosco:

“…Faltou citar a Alemanha dos 7 a 1. Enquanto o Brasil colocava muitos atacantes, a Alemanha, com vários meio-campistas, contra apenas Fernandinho no meio, dominava o jogo e fazia gols. No segundo tempo contra os Estados Unidos, Dorival Júnior encheu também o time de atacantes, o que deixou menos espaços para os hábeis e velozes Vinicius Junior e Rodrygo.”

Passamos também uma fase assim no Cruzeiro. Horrível. Com a bola, a nossa zona de conforto era o meio de campo e nossa intermediária. Sem saber o que fazer com ela, produtivamente, a gente acabava recuando para o nosso goleiro. E seguiam as mesmas cenas, nos próximos capítulos…

8. Mea culpa –  Um raríssimo alinhamento dos planetas, que no Universo ocorre  de séculos em séculos,  atingiu o blogueiro na última semana, elevando o seu grau de pateguice.  Assessorias extrajudiciais a amigos, ressuscitadas de repente, tomaram-lhe tempo, normalmente vago (de manhã não faço nada não, mas de tarde estou mais folgado).  Neto revisor-editor de férias, visitando enebriado o Parque Olímpico de Munique, o rio Danúbio e a misteriosa cidade de Praga…

Nesse contexto, emerge no Bate Papo o resultado de “escavações paleontológicas”: baú contendo joia rara: goleada de 14 x 3 do recém fundado Palestra sobre o Atlético no primeiro amistoso, em 1921.

Três grupos sociais também me reforçam a nota, com foto de jornal da época. Rápida pesquisa no Google confirma, expondo a mesma foto.

Não aprofundei. Meu anjo da guarda, internacional, integrava a comitiva pra saída de El Niño, preparando a recepção à El Niña. Apressado, desavisado, em grave crise de ablepsia, fiquei só na primeira página exibida pelo Google. O desmentido viria linhas depois. Escorregão master na maionese.

Fala Sério deita, rola e sapateia, desta vez com razão:

“Que vergonha, Dalai! Agora deu pra espalhar fake news? Isto é muito feio, viu?”

Vi.

GARIMPO

“O mais forte é aquele que sabe vencer a si mesmo”.

(provérbio chinês).