UMA PONTE PARA O SHOW 

No primeiro tempo, o Cruzeiro demorou 30 minutos pra entender o campo alagado. Perdeu 70% das tentativas de reposição, enquanto a Ponte Preta jogava conforme o figurino e “São Rafael” nos salvava de um segundo gol.

De positivo também no primeiro tempo, Zé Ivaldo com excelente chute da intermediária e ele, de novo, marcando de cabeça o gol de empate, cruzamento na medida feito por Filipe Machado.

Na etapa final a chuva continuou dando trégua, colaborando com a drenagem do gramado. Jogadas começaram a voltar e Bidu, de repente, pelo setor direito, mesmo acossado por um defensor, conseguiu recuperar bola que se perdia na linha de fundo, resultando num inimaginável cruzamento de Filipe Machado para o gol de Edu. 2 x 1.  Já estava muito bom.

Nos 10 minutos finais entrou um mágico em campo para um show imprevisto. Rafa Silva. Disputou e ganhou uma bola ainda no campo da Ponte e partiu em alta velocidade margeando a linha esquerda do gramado rumo à meta adversária. Sofreu tentativas de agarrão e de faltas mas prosseguiu dominando a bola até entrar na área, livrar-se de dois defensores e chutar deslocando o goleiro. Golaço. Nem precisava, mas Rafa Silva ainda fez outro, selando em 4 x 1 o passaporte para o título antecipado.

  BATE PAPO NO QUINTAL

1.  Absurdo na Fernão Dias – Cenas surreais mancharam a manhã de ontem quando ônibus de torcidas do Cruzeiro indo pra Campinas, cruzaram com ônibus de torcedores palmeirenses vindo pra Belo Horizonte, na altura de Carmópolis.  Nunca ficou tão evidente a sabedoria popular advertindo – “quando um não quer, dois não brigam”.  As amplas pistas, em sentido contrário, separadas por canteiro central, não se comunicam a não ser nos pontos de retorno, não usado por nenhuma das comitivas. Os latinos rotulam de “animus beligerandi” a vontade de brigar a qualquer preço. Bastava uma das caravanas não parar, prosseguindo seu caminho. Infelizmente o bom senso nem ia, nem vinha de ônibus. A criminosa disposição fez parar as caravanas, de um lado e de outro, liberando gladiadores pra deixar os ônibus, atravessar o canteiro central e partir pra batalha campal dos que vestem azul contra os outros vestindo verde.

2.  José Antônio ainda não consertou o GPS que coordena seu anjo da guarda. Fica desassistido de vez em quando, escorrega na maionese e comete sacrilégios como este:

“…Uma torcida que caiu em 2019 e só conseguiu subir em 2022 tem que comemorar e muito! Ficar três anos consecutivos na Segundona é o verdadeiro recorde! Esse ninguém vai tirar e ninguém vai esquecer, podem estar certos disso! ”

Meu caro José Antônio, em condições normais de tempo, temperatura e umidade relativa do ar, time grande ficar três anos consecutivos na B é mesmo inacreditável. Mas, por favor, pegue qualquer outro Clube grande do mundo, coloque nele uma diretoria que, tal como o cupim, vá corroendo suas entranhas, sem que ninguém perceba. Destruído tudo, expulsos finalmente os vendilhões do Templo, quando este Clube estiver fazendo o rescaldo do incêndio, solte a pandemia mundial. 3 anos na B. Quantos anos o Atlético ficaria?

3. Peppeu traz balão de oxigênio para José Antônio:

“E aquele papo de que  “time grande não cai”?

Não cai mesmo não, Peppeu. Antes, ele se apequena, como aconteceu com o Atlético em 2006 pela briga de foice entre os seus próprios diretores. No Cruzeiro não houve briga. Aconteceu um assalto gigante tanto na forma de mão grande quanto de contratos criminosos. Aniquilou-se e caiu, como lembra Lucio Carlos. A imensa diferença é que só com o Cruzeiro, logo em seguida, o mundo parou por dois anos.

4. Cruzeiro tetracampeão mundial de vôlei – Atento, Luiz Barcelos corrige o blogueiro que havia sonegado, imagine, dois títulos mundiais:

“O Sada Cruzeiro é tetracampeão mundial de vôlei. Nenhum clube brasileiro tem esse título e, no mundo, somente o Trentino, da Itália, tem um título a mais (5). ”

Chora, periferia!

5. Rei Melo adverte:

“Agora que subiu… vai aparecer herói por todo lado…”

Bom lembrete. Aproveitadores estão sempre de plantão. Pra mim, o pódio dos heróis da subida tem apenas três lugares:

1º. Nação Azul

2º. Ronaldo

3º. Pezzolano, equipe técnica e jogadores.

6. Jorge – Não é segredo pra ninguém que Jorge faz, neste Bate Papo, ensaios de um próximo livro de crônicas, enquanto recheia seu currículo no Porta dos Fundos. Mas é um mortal, como todos nós. Às vezes não percebe que seu anjo da guarda foi dar uma espiada no telescópio James Webb pra ver a nebulosa Carina, a 7.600 anos-luz da Terra, e comete algumas incongruências, como esta:

“… E vamos combinar assim: além do bom e velho futebol brasileiro que por mais de um século construímos uma sólida vantagem sobre os nossos ex-rivais, número de vitórias, títulos regionais, maior goleada, etc., a ponto de analistas afirmarem que em Minas não existe rivalidade, mas disparidade…”

Confesso que reli esse texto três vezes, espantado por Jorge enaltecer tanto assim o Cruzeiro… A frase “por mais de um século construímos uma sólida vantagem…” não deixava dúvida de que o tema era o pentacampeão da Copa do Brasil, tetracampeão brasileiro, bicampeão da Libertadores, duas vezes vice-campeão do mundo.  Um termo, porém, me intrigou: “maior goleada”. A inclusão de um acidente de jogo, totalmente desimportante, ocorrido em 1927 (!), no rol de títulos conquistados… é coisa de atleticano… Muitas vezes mostramos aqui que aquele “jogo de compadres” resultou em efusivo telegrama de congratulações enviado pelo presidente do Cruzeiro ao presidente do Atlético. Já o nosso 6 x 1 recentíssimo, 2011, que nos livrou do rebaixamento, extraiu do presidente do Atlético, Alexandre Kalil, uma confissão de alma: “O dia mais triste de minha vida. ”

Meu caro Jorge, não manche assim por nada a sua ficha neste QUINTAL. Até licenças poéticas têm limites.

7. Indelével – O adjetivo grafado por Jorge surpreendeu David – “achei que só eu falava indelével”. Teobaldo confessou – “então somos três”. Somos quatro. Iniciando as mal traçadas linhas, com 10/12 anos de idade, encantei-me “indelevelmente”, com o adjetivo e forçava o sentido de frases pra encaixa-lo a golpes de marreta.

GARIMPO

“O cérebro é um órgão maravilhoso. Começa a funcionar assim que você se levanta da cama e não pára até você chegar ao escritório. ”

(Robert Frost)