UM MILHÃO DE HERÓIS CRUZEIRENSES

Você que mesmo sabendo da previsão de temporal, vestiu a camisa mais bonita do mundo e foi ao Independência na noite de segunda-feira, obrigado pela coragem;

Você, que sacrificou o feriadão, em favor de uma esperança enfraquecida, obrigado pelo amor;

Você, que a cada ataque nosso sentia o coração disparar à espera do grito de gol e via a jogada se desmanchar por “excesso de ruindade”, obrigado pela paciência;

Você que esperava ver, pelo menos uma vez nos 90 minutos, o nosso time trocar três passes seguidos no último terço do campo, obrigado pela persistência;

Você que, ao perceber um jogador azul preparando chute a gol, esperava pelo menos um mínimo de eficiência e viu a bola quase sair do estádio, obrigado pela conformação;

Você que mesmo ante uma incrível sucessão de erros de passes e de faltas desnecessárias continuou incentivando o time, obrigado pela esperança;

Você, que novamente presenciou a perda de gols que nossa vovó faria, obrigado pela compreensão maternal;

Você que, após o apito final vaiou o time, obrigado pela coragem em violentar-se;

Você que, saindo do estádio foi para a fila do ônibus, molhado no corpo e na alma, obrigado por suportar tamanho e repetido sofrimento.

Se eu ainda falasse pela Nação Azul e se fosse possível, consumiria a madrugada batendo de porta em porta do torcedor que foi ao estádio só para abraçá-lo em nome do Cruzeiro Histórico.

Durante toda a partida, enquanto o temporal desabava sobre Belo Horizonte, e no gramado a gente mostrava como não se deve jogar futebol, você, ensopado, aplaudia um jogo imaginário, à procura do milagre que não veio, novamente.  Mas você estava lá, com esse imbatível coração azul pulsando esperanças.

Eram apenas 2 ou 3 mil cruzeirenses-raiz, na arquibancada, mas a paixão potencializa a voz e o que brotava dali, sob o diluvio, era o clamor de um milhão de vozes.

Obrigado, torcedor. E perdão pelo que estamos fazendo com o Cruzeiro em seu Centenário.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Amanhã é contra o Londrina, no Paraná, às 21,h30, concorrente direto na luta pra não cair. Briga de foice no quarto escuro. O resultado, ficaremos sabendo quando a luz for acesa.

2. José Antônio pega carona no provérbio chinês dos cavalos e dá uma invertida no blogueiro:

“ Se um time disputa a Segundona uma vez, pode ser grande, se disputa duas vezes seguidas, olho nele, se disputa três vezes seguidas, com certeza é pequeno…’’

Atleticano, Jorge e Augusto foram ao delírio. 

Teobaldo soltou foguetes, de cara:

“Hi, hi, hi plofeta cinês muito sábio, né!?”

Meus caros José Antônio, Augusto, Jorge, Teobaldo e Atleticano, vocês têm razão focando os últimos 24 meses.

Por favor, mudem agora para a grande angular telescópica e mirem o século:

“2 vezes campeão da Libertadores;

4 vezes campeão brasileiro;

6 vezes campeão da Copa do Brasil”.

Que time é este?

3. Domingos Savio de Oliveira não digere a afirmativa do blogueiro de que o nosso projeto era “disputar a série B como nenhum time grande antes tinha feito”.

Era sim, Domingos. Hoje a frase soa como um delírio inconsequente. Para entende-la você tem de conceber o Cruzeiro sofrendo “apenas” o Tsunami-Wagner. O projeto era plenamente exequível e já contava com sinalização positiva de comerciantes de várias capitais.

Nem se imaginava o Coronavirus, por dois anos seguidos, nem a “bonificação” da Cepa-SR.

4. Juliano Damien consegue fazer o dificílimo TP – Texto Perfeito. Nenhuma palavra sobrando ou faltando. Nenhum tema, importante, escapando de sua análise cirúrgica.  Deveria ser leitura obrigatória pra quem quer entender o Cruzeiro hoje. Vou pinçar, ao acaso, um período:

“… o mais importante de tudo: treinar fundamento. Não existe em nenhum outro lugar do mundo em que time termina jogo com 15, 20, 25 finalizações e sem fazer nenhum gol. Cruzeiro virou o sonho de todo goleiro adversário (…) e a incompetência de finalizar leva adversários a jogar “por uma finalização” pois, tendo sucesso, ganharão a partida. ”

5. Manuel Panhame segue livre, leve e solto escudado pela licença poética. A Gran Finalle para o título de Campeão do Gelo não foi na Inglaterra. Os britânicos acabavam de quebrar a cara no Mundial de 50, perdendo para os Estados Unidos no campo do Sete de Setembro e o Atlético achou que seria um desprestígio visitar Londres, recusando assim o insistente convite. Limitou seu roteiro à Áustria, Alemanha e Bélgica, com encerramento apoteótico em Paris, onde sua fama o precedeu.  Do amargo suco biliar, fél, herdou o apodo de El Fél, pelo castigo que vinha impondo aos adversários. Extasiados com a apresentação atleticana, os franceses passaram a denominar a sua alta torre de ferro de El Fél, ao mesmo tempo que edificaram o Arco do Triunfo, tendo o capitão atleticano cortado a fita simbólica da inauguração. Seis meses após a excursão, o Departamento de Astrofísica da ONU decidiu nomear de Galáxias, um conjunto de estrelas da Via Lactea as quais, no equinócio, sendo vistas do cume da Montanha Yarjcvh, a sudoeste das Ilhas Camptaro, na Indonésia, lembram um galo cantando no poleiro.  Entusiasmados, os pernambucanos lançaram o “Galo da Madrugada”, sucesso no Carnaval até hoje.

Flamenguistas e cruzeirenses invejosos passaram a divulgar na época, que a delegação atleticana, por falta de recursos, foi obrigada a fazer limpeza de ruas e trabalhos de faxina em hotéis, pra compensar a hospedagem. Houve fotos de jogadores lavando pratos, mas eram montagens. Valendo-se de seu prestigio, Panhame conseguiu que se passasse a julgar como crime de injuria a divulgação dessas mentiras.  Mais do que justo.

6. Luiz Gonzaga de Barros focando um tema até então ausente nos noticiários sobre o Cruzeiro: falta de preparo físico adequado. No terço final do segundo tempo ele vê o nosso time sem forças pra manter o ritmo e isto até poderia justificar as terríveis surpresas depois dos quarenta minutos. E anota:

“… sem futebol de qualidade, mas com vontade e pernas, podemos chegar aos 45 pontos, ou seja, passar o ponto de corte. Mas, sem pernas, sem pulmão, é de dar medo. ”

Meu caro Luiz Gonzaga, confesso que ainda não havia analisado sob esse ângulo. A conferir amanhã.

7. Jorge acionou a chave PMG – Potência Máxima de Gozeiras, está abusando e lambuzando de nossa desdita. Com a mesma imaginação fértil que atraiu a atenção do pessoal do Porta dos Fundos, chega a aconselhar a Série C para o Cruzeiro,

 “evitará, assim, o confronto TOM x TOM (Tombense x Tombado) e, principalmente, evitará o TRInaB, também conhecida como a tríplice coroa da vergonha”.

Pegou pesado, heim Jorge! Mas vocês têm todo direito ao revide. Foi quase meio século de um bullying impiedoso em cima de vocês. Continuamos com larga vantagem: primeiro, na imensa diferença de tempo de castigo. E, o mais importante: Dezenas de anos de supremacia azul foram mantidas com a luta time x time. No gramado. Não precisamos de um tsunami interno dizimando o Atlético, e, logo em seguida, quando ele pensava em levantar, uma pandemia fechando o mundo em casa.

Notou a diferença?

8. Marcilio Vaz não percebeu que seu anjo da guarda foi conferir o resultado da Mega-sena, e dá três tiros no pé: o primeiro, ao desprezar os científicos critérios de amostragem social utilizados hoje nas pesquisas. Não é necessário ouvir 10 milhões de pessoas. O segundo, ao citar como inusitada a campanha do “Fica Ronaldo”, em 1995. Desculpe-me, não é novidade. Várias e várias torcidas têm exemplos assim. Mas a derrapada maior foi a terceira. Vamos reconstituir o crime:

“Sabe porque o Galo nunca chegou à situação que o BBCruzeiro está? Porque tem torcida! Afinal, como diria o Samuel Rosa, todo mundo é Galo! ”

Que feio, Marcilio.

Em que planeta você estava, quando o Cruzeiro foi dizimado pelo Tsunami-Wagner e, em seguida, tentando se levantar, surgiu a pandemia do Coronavirus trancando por dois anos o mundo em casa?

Estava em Marte ou visitando a Terra do Nunca?

9. Marcio, corajoso, mexe em caixa de marimbondos. Com cuidado entra na “faixa de Gaza” focando o pluripartidarismo deste QUINTAL, sendo recebido por artilharia pesada. As principais lideranças da barraca atleticana, sem constrangimento, acionaram misseis transcontinentais.

Meu caro Marcio, pelo carnaval que fazem a cada tropeço nosso é possível imaginar o tamanho da mágoa, sufocada em dezenas de anos da massacrante supremacia azul. No lugar deles, faríamos diferente? Acho que não. As circunstâncias todas se ajustam a favor deles. Montaram um time eficiente, sem olhar preço; outros grandes, do Brasileiro, estão facilitando o caminho, enquanto o Cruzeiro amarga dias cada vez mais terríveis. 

Podem muito. Mas não podem tudo. Jamicel fez os cálculos e concluiu que se o Atlético conservar o ritmo ele se equipara ao Cruzeiro em 2.375.  Mesmo com margem de erro de 10%, convenhamos que é um longo tempo, justificável pela abissal diferença de desempenho no século passado.

Mas não é só isto. A supremacia celeste foi construída no campo de luta. Sem qualquer influência externa, nem cataclismos. Eles não.  Precisaram de um tsunami interno destruindo o Cruzeiro e, em seguida, a pandemia.

Estes fatos reforçam o nosso couro, pra suportar as pancadas de agora.

10. Flavio traz objetiva análise da situação do Cruzeiro pontuando casos que já revelavam uma administração deteriorada: Em 2018 foi com amigos a Buenos Aires, para o jogo contra o Boca Juniors e tiveram um ingresso furtado. Começaram então a gritar “quem tem ingresso pra vender” e logo compraram um, com a inscrição “cortesia”, ou seja, jamais poderia ser vendido.

Meu caro Flavio, este é “um” detalhe do mundo de falcatruas construído no nosso Clube e que explica o que vivemos hoje. Só em 2019 a apuração do “rombo” dos ingressos apontou prejuízo de 9 milhões de reais. As apurações policiais e judiciais continuam. Os conselheiros remunerados continuam no Clube, agasalhados pelo atual comando.

11. Sem Paciência, ausente por afazeres profissionais, consegue um tempinho pra retornar ao QUINTAL e “festejar” a impossibilidade matemática de nosso acesso, no próximo ano, à Série B. Imaginamos sua alegria, meu caro, mas por favor, leia com atenção o tópico n. 9, acima.

12. Rei Melo, sem razão, reitera censura ao blogueiro por falar em ranking, troféus, etc. 

Imaginou, se não tivéssemos estas cartas pra jogar?

Observe, com lupa, nas entrelinhas da manifestação atleticana:  você identificará feridas não cicatrizadas, mágoas não curadas, espinhos que machucam a garganta… Tudo isto é o nosso passado, presente.

Eles sofrem com isto.