UM TIRO NO ESCURO ACERTA O ALVO?

Será amanhã, a Assembleia Geral Extraordinária para sacramentar a Sociedade Anônima Cruzeiro Esporte Clube.

Matreiramente programada pra se repetir o script das reuniões conduzidas por SR/Família União:  sexta-feira, hora do rush.  Início às 18h30 (?), encerramento às 20h30 (?). Tudo como o diabo gosta!

O habitual é: aberta a reunião, palavra passada ao presidente do Clube, que por duas horas discorre, com invejável fluência verbal, sobre contatos mantidos na Europa e convites para palestras. Entra a seguir o presidente do Conselho Deliberativo, anuncia o resultado da votação, agradece a presença de todos e encerra a Assembleia.

Dezenas de conselheiros, por algum tempo, permanecerão de braço levantado e boca aberta, até perceberem que a mesa diretora já deixou o auditório.

Obviamente, tema de vital gravidade merecia outro tratamento e atores mais dignos dele.

Mas é o que temos, nessa dolorosa fase porque passa o Cruzeiro. E o cruzeirense não pode apostar no quanto pior, melhor. Assim, apesar de tudo, ou por causa de tudo, a torcida é para que as decisões a serem tomadas mirem sempre o interesse do Clube, honrando as “páginas heroicas imortais” que tanto orgulho e prestígio asseguraram a Minas Gerais e ao Brasil. Isto tem de ser respeitado.

Afinal, já é hora do Universo conspirar a nosso favor, depois das Sete Pragas com que fomos alvejados.

Como sabemos e sentimos na alma, somente as duas primeiras, sozinhas, fariam todo o estrago.  Houve, porém, 5 “bonificações”:

1. Tsunami Wagner/Hermínio/Itair

2. Coronavirus

3. Família União

4. Cepa SR

5. Deivid

6. Felipão

7. Mozart

Mesmo com essa herança de dar inveja a dramalhão mexicano, a ordem é ter esperanças.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Cláudio Luiz quer lupa sobre a atuação de Enderson Moreira no Cruzeiro:

“Permita-me discordar: que tal citar, além dos pontos que Enderson pagou à FIFA, os resultados seguintes e os porquês que o levaram a ser demitido? ”

Jorge, futuro redator do Porta dos Fundos (tomara que vá logo!), se antecipou e matou a charada:

“… Enderson começou bem, mas o Boi Lambeu, especialista em ensinar gestão para portugueses, colocou lá, para a felicidade geral de todos, um X9 para minar o trabalho da comissão técnica. ”

É isso aí, Claudio. Deivid foi colocado na Comissão Técnica como “pessoa de minha confiança pessoal”. Imagine, meses a fio, no refeitório, café da manhã, almoço e janta, como eram disputadas cadeiras à sua esquerda ou à sua direita. Ele é o cara que, à noite, vai tomar um whisky com o presidente, pra “resenha do dia”… Não importa o que aconteceu; importa o que ele vai falar que aconteceu.

Os salários estão atrasados, mas será pra todos? Há exceções recomendas por quem? Deivid, claro. E porque alguns pernas de pau nunca deixam o time titular?  

Como já comentado várias vezes nesse QUINTAL comissões técnicas não são pra noviços. É setor de “baixo meretrício” no futebol, mas tem suas regras próprias. Tudo fica ali, intramuros. A raiva de hoje, os palavrões, as ameaças viram brincadeira no dia seguinte e é deletado sem deixar digitais na memória. A presença do X-9 muda tudo. Leva todos a desconfiarem de todos. Decreta a falsidade nos sorrisos. O tapinha nas costas pode ter o sentido de punhal varando os pulmões. Enderson perdeu as rédeas do time. Quem não perderia?

2. Teobaldo – quer pela finesse de suas intervenções, quer pela criatividade, achei que não conseguiria subir ainda mais no meu conceito.  Mas conseguiu.  Veja a confissão dele, sobre o primeiro jogo do Atlético contra os paranaenses:

“E pra não dizer que não falei das flores, apesar de o nosso blogueiro não ter se manifestado: penaltizinho mandraque aquele contra o Atlético Paragauiense, heim?!!! Isso deve ter dado uma raiva danada aos torcedores do CSA/MG.”

Esse “penaltizinho mandraque” aconteceu aos 20 minutos do primeiro tempo, já com a zaga paranaense amarelada. O lance é no mínimo discutível. A partir daí, irreconhecíveis em campo, entregaram o jogo. Assim como é milenar o brocardo jurídico “in dubio pro reo”, no futebol mineiro, e várias vezes no brasileiro, “in dubio pro Atlético”. 

O comentarista Renato Maurício Prado foi taxativo: “Isto só é pênalti no Brasil e a favor do Atlético Mineiro. ”

3. Luiz Antônio Lopes Barcelos, no vácuo de Teobaldo, emenda:

“O jogo está difícil, não consegue fazer gol? Marca um pênalti que resolve tudo! No Brasileiro o Atlético em 38 rodadas foi beneficiado com 22 pênaltis…”

In claris cessat interpretatio.

4. Claudio Elias lança um algoritmo particular, mistura com Física Quântica e conclui feliz:

a) No confronto direto o Cruzeiro precisaria de 20 anos pra ultrapassar o Atlético;

b) Em disputa de mata-mata, em 100 anos, o Cruzeiro só conseguiu desclassificar o Atlético uma vez. 

Tá bom, Claudio. Você tem razão. Mas agora descansa e toma os remédios direitinho.

5. Bernardo encurrala o blogueiro:

“Dalai, você que gosta tanto do Juca Kfouri, o que achou do que ele escreveu ontem?:

                Porque existe um grande clube na cidade e se chama Atlético Mineiro”.

Meu caro Bernardo, o Juca tem razão. Nestes últimos dois anos, o grande Clube da cidade é o Atlético. O segundo grande clube é o América. Mas, cuidado só nos últimos dois anos. Não passe disto!

6. José Fernando Durães Saraiva estranha as trocas, em massa, de jogadores do Cruzeiro, com a chegada de “nomes estranhos”. José Fernando, você tem toda razão em duvidar. Cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça. No desespero, já pegamos tanta canoa furada que não queremos ver esse filme de novo. Esperamos que agora seja diferente porque estas novas contratações estão sendo feitas sob o peso terrível dos fracassos anteriores. Vamos dar um crédito de confiança a Luxemburgo, Alexandre Matos e Pedro Lourenço.

7. Atleticano e Jorge lideram um grupo neste QUINTAL dedicado à gozações ferinas sobre os novos contratados do Cruzeiro. Agem com a “autoridade” de quem torce por um “Cavalo Anabolizado” ao preço de 500 milhões de reais. Não há termos de comparação, por causa do tsunami que só nós sofremos, e da pandemia que atingiu o mundo. Vamos reagir, não tenham dúvidas. Pouco a pouco. 

8. Augusto é outro que não despreza uma vaca atolada. Vai lá e dá suas chicotadas. Arranjou até outra letra para o nosso hino:

“Existe um time na cidade

Que joga na segunda divisão

Ficou cheio de vaidade

Mas agora não quer pagar as contas não…”

Meu caso Augusto, você tem todo direito ao revide. Fizemos pior com vocês. E não foi por apenas dois anos.

9. Rômulo coloca o blogueiro na estratosfera:

 “O Dalai vive no mundo da lua ou na smurfetelândia. Desmerecer tudo o que jogou o Atlético e resumir tudo a pênaltis só denota o quanto o ano memorável de 2021 está machucando o blogueiro. ”

Rômulo, você é quem se refere, criticando, à nossa mania de “resumir tudo a pênaltis”.  Só que não são quaisquer pênaltis…  São aqueles “mandraques”, como diz o Teobaldo, que, “aplicados” no momento certo, mudam o rumo do jogo.  Desculpe-me, mas isto é uma vergonha. E o paradoxal é que o Atlético tem time pra ganhar sem apito.

No fim, distraído, Rômulo até tiro no pé:

“Ah, e só pra constar, colocar coroazinha em cima do escudinho é muita boiolice e apequena time que coloca. Vários times grandes ganharam 3 ou 4 títulos em uma temporada e nenhum colocou isso no escudo. ”

Rômulo, e o que você tem a dizer sobre aquele “Bicampeão” de todo tamanho que o Atlético colocou nas costas da camisa usada no jogo contra o Grêmio?

Podemos classificar de “Ridículo” ou há outro adjetivo mais adequado?

10. Cruzeiro Futuro – Mesmo com tantos desmandos, reunindo cacos, divisões de base do Cruzeiro foram campeãs:  12, 13 e 14 anos. Um alento.

11. Cleiton Novais, Bernard José de Assis e Galo Forte não se conformam com a crítica de que o Flamengo “entregou” o campeonato ao Atlético. O argumento é que o Atlético também perdeu os chamados “pontos bobos”…  Sim, Cleiton, Bernard e Galo Forte isto é verdade. O que define a diferença entre uma e outra situação é a tabela de classificação. Suponha-se que no início do primeiro turno, lá pelo meio, ou mais pra frente, o Atlético tenha perdido 10 pontos “imperdíveis”. Os jogos continuam, com perdas e ganhos para todos e alternâncias nos primeiros lugares, até que faltando 10 rodadas, ou seja, 30 pontos em disputa, o Atlético lidere com 50 pontos, o Flamengo em segundo, com 45, mas 3 jogos a menos. Ou seja, dependeria apenas dele ser campeão… Agora vocês entenderam ou querem que eu desenhe como o Flamengo jogou o título no lixo?

12. Galo Doido New York se distrai no Central Park  manipulando o Google atrás de estatísticas que excepcionalmente coloquem o Atlético à frente do Cruzeiro, mesmo que em disputa de cuspe à distância. Varia um pouco monitorando eventuais investidores do Cruzeiro e por fim alfineta o blogueiro que apostou em flanelinha e cavalo paraguaio. Apostei mesmo. Em alguns momentos, como no jogo contra o Bahia, cheguei a ouvir o tropel do famoso equino… E imagino como dispararam corações atleticanos…

Meu caro Galo Doido, pelo menos no momento, temos de atualizar a terminologia. Sai de cena (provisoriamente) o Cavalo Paraguaio, de páginas épicas e tão saudosas, entra o CAVALO ANABOLIZADO, franquia liberada ao QUINTAL por Leonardo, seu criador. Nenhum outro nome definiria tão bem esse time de 500 milhões de reais e uma legião estrangeira, com Huck ganhando R$ 55 mil por dia! Dívidas contabilizadas superiores a um bilhão… Time jogando por música… Não sei, alguma coisa está destoando… ou vai desafinar…

13. Marcilio Vaz elabora difícil ginástica mental pra afastar da já famosa Taça Cinquenta a conotação de meio século de bullying. Impossível, Marcilio. Isto não se apaga porque impregnou-se no DNA da alma de cruzeirenses e atleticanos ao longo dos anos. Isto é fato. Por isso somos O Maior de Minas, reconhecendo, porém, sem qualquer dúvida, que nestes últimos dois anos o Atlético está o Maior de Minas.  Mas a roda gira.

14. Cruzeiro sim! carimba de “lamentável” o título da coluna anterior – “A sorte está lançada” – por que deixa ao acaso decisões que vão praticamente definir o futuro do Clube.  É mesmo um absurdo, mas infelizmente é a realidade.  Após um show de incompetência administrativa, onde faltou coragem até para simples atos como formalizar a saída dos conselheiros remunerados; mantendo convivência espúria com a Família União, acumulando fracassos nos campeonatos, nos transformamos em Sociedade Anônima e vamos colocar à venda nossas ações. Grande parte do nosso futuro está em mãos que não conhecemos. Só nos cabe torcer porque realmente “a sorte está lançada”.