CRUZEIRO VAI REAGIR!

A torcida sinalizou em campo: está com o time e confia na reação. Caminho é difícil, mas é possível vencer, mesmo com tantos obstáculos alguns armados por nós mesmos!

Três homens decretaram a derrota do Cruzeiro ontem: o bandeirinha Marcyano Silva Vicente, nosso atacante Wagninho e o árbitro Ricardo Marques Ribeiro.

Revejam:  início de jogo francamente dominado pelo Cruzeiro e, aos 15 minutos, Edu – pelo menos um metro atrás do último defensor americano – recebe a bola e faz o gol, absurdamente anulado pelo bandeirinha Marcyano. Ah, se tivesse VAR!

Cinco minutos depois, provocado sorrateiramente por Patric, nosso bom e inocente atacante Wagninho cai na armadilha e agride com tapas o adversário. Expulso, justamente. Patric, nem cartão amarelo.

A partir daí o jogo foi outro. O bom time do América avantajou-se, passou a atacar e o Cruzeiro, desarticulado, tornou-se vulnerável. Nervosismo natural de quem é noviço no contato com a Nação Azul. Não demorou o primeiro gol americano, nem o segundo. O time se perdia no gramado enquanto a torcida, com um entusiasmo inimaginável, se reencontrava na arquibancada compondo uma sinfonia de fé.  Um espetáculo que a gente não consegue esquecer e que – sem qualquer dúvida – nos faz acreditar na recuperação do Cruzeiro. 

Quarta à noite, se pudesse, estaria nas saídas do Mineirão abraçando e agradecendo a cada um dos que lá estiveram pra motivar o time. O América, sempre mais perto do terceiro gol do que o Cruzeiro do gol de honra. Ainda assim, a nossa maravilhosa torcida continuou seu apoio. Emocionou-me a certeza de que vamos, sim, dar a volta por cima. Estamos, como fênix, renascendo das cinzas.

Além de um severo puxão de orelhas em Wagninho, representado por perda salarial, temos de controlar o emocional da equipe. Na coluna anterior salientamos o exagerado número de cartões amarelos, alguns por reclamação, o que revela carência azul de debates acalmando a alma. Os salários estão em dia e a solução está em nossas mãos. 

Mãos às obras, Pezzolano.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Sem Paciência – dando uma de desentendido:

“…E o corajoso Dalai, desprovido do temor de passar vergonha pelas afirmações ridículas continua atacando os moinhos, digo os pênaltis! KKK Todos marcados a favor do Atlético são injustos! ”

Todos, não, Sem Paciência. Só os “estratégicos”.

2. Pedro esculacha com o blogueiro. Além de “pagar aulas pra saber de filmes cults e descolados”, em Não Olhe para Cima identifica-me com o filho do presidente…

Difícil encontrar ofensa maior. Escrevendo fácil, rápido, faz da palavra uma espada afiada pra desmontar o adversário. Não me lembro de já ter recebido pancada semelhante. Fosse o tempo do  Velho Oeste, seria o caso de desafiar logo pra duelo em San Diego. 

Comete, porém, pecado grave. Luta esgrima, mas com escapadinhas de Vale Tudo. Conceitos expendidos aqui, ao longo dessa não pequena jornada, são transvestidos pelo Pedro, ao seu feitio de momento… no fim sai um coquetel de fazer inveja a Maquiavel:

 “Dalai, vc não entendeu o Não Olhe para cima! No filme, vc facilmente seria um dos negacionistas. Não entende de ciências, acreditou em Bolsonaro/Itair/Gilvan e até na boa relação dos australianos com os aborígenes”.

Impossível que é a abordagem “de per si” dos temas levantados, por abuso da paciência dos leitores, vou me fixar no mais prosaico deles, mas revelador do estilo Pedro de escrever: acusa-me de acreditar até na boa relação dos australianos com os aborígenes.

Em nenhum momento disse que a relação é boa. Cometeram as atrocidades que, de regra, envergonham os colonizadores, mas já há algum tempo o governo australiano desenvolve políticas anti-discriminação, protegendo as tribos aborígenes que restaram. Projetei o que acontece hoje: respeito e a paciente preservação da identidade cultural dos habitantes originais daquelas vastas terras. É como se os nossos índios, sempre explorados e ignorados por nós, viessem para a cidade, com Bolsa Família, assistência médica, moradia, etc, todos os direitos da cidadania, mas preservando seus costumes, por mais constrangedores e incômodos sejam para a “civilização” ocidental. Um exemplar resgate do passado, compensando horrores cometidos. Enalteci essa atual política social australiana, no rescaldo daquele gol de bicicleta, aos 45 do segundo tempo, contra o negacionistas (ele, sim!) Novak Djokovic.

Meu caro Pedro, esgrima tem suas próprias e inflexíveis regras.

3. Bernardo vai direto ao ponto:

“O senhor gosta sempre de citar a posição da Central do Apito para defender a marcação (ou não) de pênaltis a favor ou contra o Cruzeiro. Porque não adota o mesmo critério nos pênaltis dos jogos do Atlético? Sábado a Central do Apito confirmou o pênalti em cima do Hulk. ”

Confirmou, sim, Bernardo. Mas não senti muita convicção na Janete. Passou-me a impressão de que, ante uma jogada no mínimo duvidosa, que poderia ser ou não (com razões em um ou outro caso), ela preferiu a zona de conforto e ficou com a maioria esmagadora dos telespectadores.

Hulk é bom jogador, o Atlético tem um dos melhores elencos do Brasil. Não precisam do auxílio voluntário (e às vezes inconsciente) dos árbitros.

Agora, por favor, concorde comigo:  aquela jogada de invadir a área em velocidade e, acossado, trançar as pernas com as do marcador, e se jogar no gramado é, ou não é, característica do Hulk.  Quantos “pênaltis” já causaram?

4. Atleticano, sem corar, referiu-se assim ao “pênalti” de sábado que sufocou a reação do Tombense:

“Se há pênalti mais claro, desconheço…”

É o caso de apelar: Pare o mundo, que quero descer!

Achando que é pouco, Atleticano transforma seu comentário num prato cheio pra psicanálise:

“Sobre a forma como o novo dono pagou, pelo jeito não importa. Segundo o blogueiro, Ronaldo quitou as dívidas. É mesmo, certeza? Não teria simplesmente negociado diretamente com os credores?

Assente-se, tome três goles d’água, se preciso alivie a respiração com furoato de mometasona, e, enfim, nos explique, por favor, a diferença entre quitar as dívidas ou negociar direto com o credor.

5. Luiz Gonzaga de Barros, com precisão, disseca o time em formação do Cruzeiro. Está otimista, como a grande maioria da Nação Azul, e aponta os reparos que precisam ser feitos: acabar com a bobagem de dois jogadores juntos, ao lado da bola, nos escanteios; acabar com a perigosa saída de bola com zagueiros e os passes transversais (à la Toninho Cerezo) na nossa intermediária. Estamos chegando lá!

6. Manuel Panhame começa guerra psicológica tentando ganhar, antes, o jogo que acontecerá 5 de março contra o Cruzeiro. Em 90 minutos espera descontar o passado amargo de quase 50 anos, deixando espinhos enganchados na garganta. 

Num emocionado voo ao passado só comete pequeno deslize: traz à colação, imagine só, um jogo amistoso realizado em 27 de novembro de 1927, com os reservas do Cruzeiro, 9 x 2 para o Atlético. Cartão amarelo, Panhame!

Esmiúça depois um jogo que também não sai de minha memória. O 3 x 3 de 1967.  Sua descrição, gol a gol, me fez voltar imediatamente às arquibancadas do recém-inaugurado Mineirão. Casado em setembro de 65, foi o primeiro jogo que assisti com Sarinha. Inaugurei um sofisticado binóculo, pra conferir detalhes. 3 x 0 para o Atlético não resistimos mais. A culpa era do binóculo. Procuramos sair o mais rápido possível. Quando nos aproximamos do estacionamento, 3 x 1; andamos mais rápido, pegamos o carro e saímos da cobertura do estádio, 3 x 2; ganhando a avenida Antônio Carlos, 3 x 3. E quase o Cruzeiro vira, no final.  Nunca mais levei o binóculo ao estádio. 

7. Jorge pega pesado, elogiando o Tombense:

“O América que se cuide porque vai ter briga pela segunda vaga na final do mineiro! ”

Ou seja, o Cruzeiro continuará sendo um zero à esquerda. Cuidado, Jorge, as placas tectônicas estão se mexendo! 

8. José Antônio, assim como quem não quer nada, chega devagarinho e lança a piada do ano!

 “…Essa gente se acostumou tanto a ver o Atlético ser roubado descaradamente que, quando o juiz é imparcial, eles acham que está sendo beneficiado…”

José Antônio, você pode escolher um entre os dois prêmios: “Melhor piada do ano” ou “Troféu cara de pau”.

9. Bernard José de Assis admirado de estar o blogueiro acompanhando jogos e coisas do Atlético.  Ora, meu amigo, e o que vocês vinham fazendo nesses últimos 50 anos?

Para o GARIMPO, Bernard colabora indicando outro excelente filme argentino, “O Segredo dos seus olhos”, e uma série, “Epitáfios”, que vou conferir.

11. Teobaldo, respondendo à Janete que exige transparência do comando do Cruzeiro, relaciona itens diversos mais próprios de um contador do Clube.  E o Bernard José ainda me acusa de só cuidar de coisas do Atlético!

Sempre articulado, contundente em seus comentários, desta vez Teobaldo não percebeu que seu anjo da guarda estava numa UPA, aguardando dose de reforço, e atropelou uma classe inteira de jardim de infância, atravessando na faixa. Enumerou 6 itens (número triste para atleticanos) e até agora não sei em qual deles ele estava mais desorientado.

1) O Cruzeiro pagou ou negociou as dívidas do Transfer Ban?  – R. Se a questão está resolvida, o que é que você tem com isso, Cara Pálida?

2)  O presidente SSR foi denunciado por faturamento na compra de cloro para as piscinas? – R. Ninguém fez essa acusação. Na Nota de Esclarecimento, assinada por mim e pelo Ex Conselho Gestor comentamos, “en passant” que aqueles conselheiros sanguessugas, notórios por vender ingressos de cortesia, agora só poderiam lucrar superfaturando produtos de piscina.

3) Parte da turma de Luxemburgo entrou na Justiça contra o Cruzeiro. Você viu alguma divulgação do fato? –  R. E teríamos de divulgar?  Com qual propósito?  Fora casos de segredo de justiça, os processos judiciais são públicos.

4) Qual o valor efetivo do Cruzeiro, que possibilitou a negociação com Ronaldo?  – R. Não traria nenhum proveito, para as partes, a divulgação desses valores. E prejudicaria grandemente transações futuras com credores. 

5) O Cruzeiro vendeu os direitos de transmissão do Mineiro ao Tempo, não avisou a Globo e agora culpa a FMF – R. A revolta contra a Federação, culminando com o derrame de milho, foi para forçar a marcação de horários “menos ruins” para os jogos. E conseguimos.

6) Uma nova denúncia contra o Cruzeiro na FIFA, pela compra não paga do zagueiro Caicedo, pode resultar em novo Transfer Ban. Você viu algum órgão da imprensa mineira divulgando isso? – R.  Meu caro Teobaldo, nesta você exagerou queimando, lamentavelmente, o seu filme com duplo escorregão na maionese: Se você recebe uma denúncia, não tem de divulgar. Tem que se defender.

E “imprensa mineira”, com raríssimas exceções, não veste a camisa estrelada mais bonita do mundo. Se não noticiou é porque não viu interesse jornalístico. A culpa é nossa?

11. Rei Melo detona o blogueiro:

“O sr. não entende nada de futebol, nada. Deixa o cara (Pezzolano) trabalhar pq o sr esteve lá, junto com seus amiguinhos do conselho e o que fizeram? Não pagaram nada, encheram de perebas o clube, de amigos fracassados…”

Meu caro Rei Melo, vamos fazer um trato. Eu deixo o Pezzolano trabalhar e você me explica a vantagem de bater escanteio com dois jogadores ao lado da bola.

GARIMPO DO QUINTAL

Uma preciosidade gramatical, indispensável, teve a sua terceira edição relançada em 2020, ganhando confissão de Chico Buarque, em forma de prefacio. É o Dicionário Analógico da Língua Portuguesa, de Francisco Ferreira Azevedo.

Chico revela:  É o seu baú secreto de palavras.  Dali saíram as obras primas, em letras de música ou em livros, destacadas exatamente pela riqueza do vocabulário.