LIDERANÇA!

Pra quem passou dois anos e meio não visitando nem a primeira página da tabela de classificação, a liderança é um grande estímulo, sinal de que as coisas estão melhorando, até que enfim, graças ao trabalho que vem sendo feito. Mas é necessário avisar aos nossos jogadores que não é proibido fazer o segundo gol, a menos que estejam testando o sistema cardiológico da Nação Azul. Contra o Náutico, após o 1 x 0, desligamos alguma chave e nos tornamos dispersos, dando sopa demais para o azar. Nos 20 minutos finais da partida, o pavor do empate acelerou milhões de corações azuis, enquanto as chances do segundo gol eram desperdiçadas bisonhamente pelos atacantes. No mano a mano lá na frente, perdemos todas as tentativas de drible ou ultrapassagens e este é um sério desafio pra Pezzolano e sua equipe técnica. Nem sempre será possível garantir placar apertado. E o drama de um empate e de uma virada causa enorme desgaste psicológico nos jogadores, com direto reflexo na parte física. Continuamos precisando caprichar no último terço do campo. É um sumidouro de nossas jogadas de ataque. A falta é de um “cara liso”, que escorregue entre os defensores, limpe a jogada faça o gol ou sirva na bandeja a um companheiro. 

Agora, na liderança, somos o time a ser batido e esses detalhes farão toda a diferença.

    BATE PAPO NO QUINTAL

1. Classificação –  A presença do Cruzeiro em primeiro lugar vira a chave do tempo e nos faz rever as “páginas heroicas, imortais” de um passado de glórias e protagonismo sul americano. Hoje é a Série B. Mas já foram, muitas e muitas vezes, a Série A, onde somos Tetra, a Libertadores e Copa do Brasil, onde somos Hexa. Éramos posseiros habituais e atrevidos de primeiros lugares de tabelas de classificação. Por razões conhecidas, disputando a Série B no terceiro ano consecutivo, após riscos até de cair para C, em algumas rodadas, estamos finalmente no topo. Tão difícil quanto chegar é se manter. Estamos confiantes, dentro e fora de campo.

2. Pênalti é loteria? – Na Copa do Brasil onde estamos, os empates se decidem na cobrança de pênaltis, como ocorreu quinta-feira com o Remo e quase matou a torcida de enfarte. Pezzolano e a equipe técnica não podem se esquecer que pênalti não é loteria, é treinamento. A tensão psicológica, agravada pelo cansaço é geral, mas torna-se às vezes decisiva, negativamente, para o jogador que não adquiriu autoconfiança nos treinamentos. No GARIMPO de hoje, Pelé fala sobre pênalti e destaca a imensa vantagem do cobrador sobre o goleiro. Em verdade, pênalti é quatro quintos do gol. Tudo é favorável a quem vai chutar a bola. A favor do goleiro, só a instabilidade emocional de quem bate.  Pesquisas demonstram – a grosso modo – que há três formas de bater pênalti:  Idiota, Arriscado e Seguro. No modo Idiota você telegrafa para o goleiro onde vai chutar a bola, sempre à meia altura que fica mais fácil pra ele pegar (pula caindo); No Arriscado você tenta enganar o canto. Às vezes dá certo, outras não, que é quando ele pega ou a bola vai pra fora. No modo Seguro, você chuta no canto superior, direito ou esquerdo. Não precisa ser rente aos paus, com risco de perder.  Imagine um retângulo, dois metros mais ou menos, na horizontal e um metro e meio mais ou menos na vertical, de um lado e do outro.

Não precisa força. Pode até avisar onde vai chutar. Basta colocar, porque de uma trave à outra são mais de sete metros e o goleiro, que fica no meio, pula caindo, não subindo.

Com treinamentos frequentes, levando o jogador a mentalizar com segurança onde deve bater, o pênalti deixará de ser loteria.

Pezzolano, por favor, faça isto. Após as cobranças iniciais de pênalti, persistindo o empate, todos os demais jogadores passam a bater pênaltis, como ocorreu quinta-feira. Vamos depender da loteria, da sorte ou do azar, ou você vai treinar a turma?

3. Rafael Cabral – herói da classificação! Como até os postes da rua sabem, participo de mais de 60 grupos cruzeirenses no WhatsApp e para os quais são enviadas as colunas deste QUINTAL, às segundas e quintas.  Em alguns, li comentários reduzindo a façanha de Rafael Cabral, porque os pênaltis que ele defendeu foram mal batidos. Um ou outro, até pode ser. Mas 4? E batidos nos cantos! Três deles achei fundamentais. O primeiro, após Edu começar as batidas e perder sua cobrança. Naquele momento, se o Remo faz o gol, iriamos ter uma perigosa baixa psicológica para o restante das batidas. Rafael não deixou nossa frustração durar mais que um minuto.

Na abertura das alternadas, o zagueiro Zé Ivaldo chutou pra fora.  Coube ao atacante Lailson a chance de fechar a disputa, marcando o gol e dando a classificação para o Remo. Mas na nossa meta estava Rafael Cabral e ele salvou o Cruzeiro milagrosamente. As cobranças foram se alternando até chegarem a 4 x 4.  A partir daí, dois “Rafael” decidiram tudo. Primeiro, Rafael Santos fez 5×4 Cruzeiro.  O zagueiro Everton Sena partiu para a cobrança. Se convertesse, seria novo empate e seguiriam as cobranças, com final aleatório. Aí foi a vez do outro Rafael, o Cabral, decidir a parada. Pegou e classificou o Cruzeiro. Uma noite pra não ser esquecida. Nas entrevistas, pós jogo, o nosso goleiro mostrou que é grande também como ser humano. 

4. Sem Paciência confirma o “Primeiro Encontro do QUINTAL”, dia 27 no Bolão, em Santa Tereza, às 20h, “porque palavra de homem não tem curva” e previne que estará com uma camisa do Atlético, pra “saborear um Rochedão”.

Sobre as queixas de cantos homofóbicos nos estádios, Sem Paciência toma o bonde errado tentando voltar ao passado. Lembra o tempo em que todo mundo xingava todo mundo do que quisesse xingar. Ninguém saia ofendido.  E ilustra:

“…Acho essa troca de “elogios” a coisa mais normal do mundo! Falo um monte pro outro lado também! ”

Participei dessa fase sem cabrestos nem mordaças. Saia rouco do estádio, junto com minha turma. Ninguém reclamava, até porque há brocardo jurídico advertindo: “ofensas iguais se anulam”.

Mas, meu caro Sem Paciência, o mundo mudou. Com ou sem razão (ainda é cedo pra definir) surge uma espécie de Nova Ordem de Comportamento Social, sob proteção legal. A mera galhofa de ontem, é crime hoje. Não era propósito ofender ninguém, mas quem se sente ofendido (ainda que, a nosso ver, não tenha havido ofensa) tem direito de protestar e denunciar. Aqui mesmo, neste QUINTAL, há poucos dias, fui censurado por um comentarista pelo inadequado (ao ver dele) uso do termo “bullying”. Concordei, me desculpei, e não mais cometo o deslize. Temos de nos readaptar, por bem ou por força da lei.

5. Teobaldo propõe “um debate sadio com os frequentadores desteQUINTAL sobre a lei da SAF” e confessa seu espanto:

 “Já tivemos 4 decisões preliminares da Justiça, para esse mesmo tema (vinculação das dívidas das associações à SAF) todas elas diferentes. ”

E pergunta:

“Como é que um pais se sustenta dessa forma? Usando um termo da moda, como é que fica a tal “segurança jurídica” quando quatro juízes togados interpretam uma mesma lei de formas tão diametralmente opostas?”

Marco Aurélio dá forte apoio a Teobaldo. Meus caros, no universo jurídico há uma especialização chamada Hermenêutica que se dedica a apurar a “mens legis”, o espírito da lei, a sua intenção, o seu significado. Os que se aventuram nesse complexo campo têm uma obrigatória fonte primária de estudos. Sabem qual?   os anais legislativos que trazem as notas taquigráficas dos debates sobre o projeto da lei. Precisam conhecer as raízes pra entender os frutos, as folhas e os “galhos”.  Por aí, pode-se imaginar como é difícil a interpretação de uma lei. Imaginem, agora, uma lei inovadora, que revoluciona sistema secular, trazendo para clubes esportivos a proteção e a oportunidade oferecidas às empresas em recuperação. No início, são múltiplos os ângulos de abordagem, com diferentes interpretações sobre a importância e prevalência de uns sobre outros. A divergência das decisões preliminares aumenta o foco, ampliando versões e debates. Não é privilégio do Brasil pois essa é a essência do Direito. Com recursos e reexames nas instâncias superiores, o tema seguirá sob debates até que no Supremo Tribunal Federal encontre uma interpretação unânime ou majoritária, passando a formar jurisprudência.

6. Fabio de Assis Pereira aponta um paradoxo neste novo Cruzeiro cuja palavra de ordem é organização, eficiência administrativa dentro e fora de campo. A imprescindível campanha pra aumentar o número de sócios-torcedores esbarra numa recorrente e inacreditável dificuldade: contato com os interessados:

“Já tentei pelo telefone da central – 3348-5500 – pelo WhatsApp e e-mail, mas sem sucesso. De que adianta pedir ao torcedor pra aderir, se não dão suporte necessário. Antes, tínhamos atendimento presencial que era na rua Timbiras, hoje não sabemos nem se há uma central…”

Fabio não é o primeiro a reclamar. É estranho que resolvendo tantos “pepinos” indigestos, a nova administração esbarre num problema aparentemente fácil de ser resolvido:  seja reformulando o sistema de atendimento “online” ou – o que seria muito bem-vindo – seja implementando uma loja física pra receber os interessados, abrindo-se, por exemplo, um ponto externo na sede do Barro Preto. O torcedor voltaria a ter um endereço na Capital.

7. José Antônio, “mentirólogo” de plantão, aumenta a artilharia contra o blogueiro, na proporção em que se alastram rombos no casco da nave atleticana. Exige uma posição da coluna sobre a aprovação… 

“… das contas “nebulosas” do Sérgio… Pelo menos o sr. poderia responder se foi e se rolou churrasquinho e caldinho…”

Em outra intervenção, José Antônio divulga comentário de Luiz Felipe Ribeiro Rodrigues, colunista do Estado de Minas, sobre decisões da Justiça do Trabalho que conflitam com a Lei da SAF (13.193/21). A torcida, óbvio, é pra que tudo dê errado com o Cruzeiro.

Meu caro José Antônio, vamos por partes:

a. Não compareci à Assembleia Geral que iria votar as contas de SSR;

b. Não sei, por isso, se depois “rolou churrasquinho e caldinho”;

c. Quanto ao conflito de interpretação da Lei da SAF e a Justiça do Trabalho era esperado, como acontece em grandes inovações legais. Abordo o tema, linhas acima, na resposta a Teobaldo.

8. Consequência ou coincidência? Sem paixão, sem ódio, sem segundas intenções, gostaria de convocar o Conselho de Líderes da Barraca Atleticana, sob coordenação de João de Deus Filho, nosso guru da racionalidade, pra esclarecer:

Há alguma relação entre a queda de perspectivas no Atlético e o ato da CBF, há algumas semanas, demitindo dez integrantes da Comissão de Arbitragem, entre elas o responsável pelo VAR?

9. Atleticano, injustamente, acusa o blogueiro no caso Hulk-vestiário, em Goiânia. Não fiz nenhuma acusação e o episódio teve maciça divulgação principalmente depois do pedido público de desculpa, do dirigente do time goiano. Não havia mais o que acrescentar. Com essa cortina de fumaça, o fato material, grave, que foi o arrombamento da porta do vestiário dos árbitros permanece no limbo. Cercado de absoluto silêncio. Arquiteta-se, com isso, uma psicodélica teoria: a porta se autoviolentou.  Primeiro caso no mundo de tentativa de “portacidio”. 

10. José Antônio/2 – volta ao QUINTAL pra festejar

 “mais um recorde da massa do Atlético! Mais de 120 mil camisas vendidas em pouco mais de 48 horas! Contra fatos não há argumentos! ”

Há notícias de que houve passeata e buzinaço na Savassi comemorando a conquista.

Cruzeiro Sim! foi cruel, despejando agua no Chopp:

“E eu pensando que era time de futebol… desculpem… o tempo todo era uma grande confecção… corte e costura. Venderam calções e meias tb? ”.

In claris cessat interpretatio! 

11. Bicampeonato da Copa Sul Minas – Na semana que passou foi comemorado o vigésimo aniversário do bi campeonato do Cruzeiro, na Copa Sul Minas. Vale a pena rever. Quaisquer frases que tentem reproduzir a conquista ficam longe demais…

GARIMPO

“Acho o pênalti um lance covarde. Tenho a impressão de que sou um pelotão de fuzilamento. ”  (Pelé)