CRUZEIRO: O GRANDE INJUSTIÇADO

O time que mais sente falta da torcida com a pandemia é o Cruzeiro. Foi o mais prejudicado. Era o apoio que poderia mudar a história celeste na Série B. Quando uma equipe grande cai, a torcida é que a carrega de volta. Se o Mineirão estivesse lotado, os resultados seriam diferentes. Não há som mecânico que devolva o coração gritando e modificando o jogo, fazendo milagre e gol espírita, armando uma panela de pressão até o último minuto, reverberando as arquibancadas até a altura dos aviões.

É com estas frases cortantes que Fabricio Carpinejar abre o seu artigo, publicado ontem no Blog do Juca Kfouri. Ele enfoca um tema que não havia sido ainda considerado com a importância que merece: a falta que a torcida presencial faz na recuperação do time. Com a Nação Azul lotando o Mineirão não haveria lugar para aquela apatia no gramado, jogadas desbaratadas, os passes para ninguém.  Poderia até haver um, mas a vaia de reprovação, brotando de todo o campo, mataria o repeteco. E ele continua:

Não sou cruzeirense, porém vejo que a quebradeira digital não vai contribuir em nada. Que se esqueça por um momento tudo o que os dirigentes fizeram com o multicampeão, as penalizações de pontos, os desmandos e roubos, a confusão do vestiário. Que ajude a raposa a sair da cilada sangrenta. Depois, com o retorno à série A, que se cuidem de todas as feridas.

As oportunas observações de Fabricio Carpinejar nos levam a ampliar a visão sobre os últimos 24 meses vividos pelo Cruzeiro, quando, até dezembro de 2019, foi paciente, fria, calculada e covardemente dilapidado pelos próprios dirigentes que o comandavam; contratos com jogadores, diretores e fornecedores jamais tinham como objeto os interesses do Clube. Visavam sempre polpudas vantagens para quem, por ironia, assinava pelo Cruzeiro. Um absurdo administrativo difícil acreditar pudesse ter existido.

Para assegurar os milhões de reais em vantagens ilícitas, os contratos aumentavam de forma insuportável as obrigações do Cruzeiro Esporte Clube, associação civil, sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, cujo débito, por isso mesmo, beira o bilhão, se não retornarmos ao PROFUT ou programa similar.

Ou seja: quem assinava pelo Cruzeiro, com a obrigação estatutária de bem representá-lo, estava em verdade mancomunado com a outra parte, colaborando em tudo para aumentar as vantagens injustíssimas a serem repartidas depois, como bandidos dividem o produto do assalto.

Com a renúncia de Wagner Pires e equipe, assumimos juntamente com o Conselho Gestor em 23 de dezembro, mas em pleno rescaldo dos incêndios maiores localizados, fomos atingidos pela pandemia mundial do Coronavirus. É fácil imaginar a limitação que o confinamento obrigatório traz a quem, com urgência, tem 10, 15 complexas batalhas programadas por dia. Tudo fica muito mais difícil porque as entidades particulares ou públicas que você teria de visitar também cumpriam isolamento.

Não obstante, obrigações venciam e multas se multiplicavam aumentando assustadoramente o nosso passivo.

Aí, vem a pergunta que não quer calar: é justo o Cruzeiro ser tão penalizado por contratos firmados criminosamente em seu nome?

É justo, em pleno confinamento, continuarem em curso obrigações que foram assumidas com o único objetivo de propiciar ganhos ilegais e imorais às partes contratantes, em prejuízo do Clube?

Mil vezes não!

BATE PAPO NO QUINTAL

1.As 16h . de hoje, na Arena Barueri, São Paulo, o Cruzeiro vai enfrentar o Oeste, último colocado na Série B.

2.Em razão do espaço maior ocupado hoje pela coluna, a resposta aos questionamentos levantados ficará para os dias seguintes.