FAROL DE POPA OU DE PROA: QUAL VOCÊ ACENDE?

No barco, o farol de popa fica na traseira, iluminando águas passadas.  À frente, os caminhos que nos esperam são clareados pelo farol de proa.

Desde o misterioso capítulo Felipão, o Cruzeiro voltou a ser dominado pela caça às bruxas no momento em que as prioridades AA são gritantes: alivio financeiro e novo técnico.

Com a casa pegando fogo, só louco procura sujeira debaixo do tapete. Hoje mesmo há manifestação de protesto programada. É justificável ante a nossa horrível situação geral e serve para “lamparinar” dirigentes. Não apoio, porém, o farol de popa aceso, procurando culpados pelos atos passados. Haverá tempo oportuno para esta tarefa, não agora, ante a urgência dos problemas que temos pela frente. Na gradação de culpas, no Cruzeiro, temos vasta diversidade: réus de crimes graves, de delitos leves e de infrações penais. Dos primeiros, a Polícia, o Ministério Público e a Justiça estão cuidando. Em seguida, será a vez dos outros bandidos que de uma forma ou de outra contribuíram, conscientemente, para nos jogar no buraco onde estamos.

Em pleno incêndio, a Nação Azul, responsável pela limpeza grossa do Clube, em fins de 2019, deve – a meu ver – ligar apenas o farol de proa exigindo transparência e urgência nos planos de sobrevivência financeira, na escolha de uma nova equipe técnica e na formação de um time que jogue pra frente, querendo ganhar. Não podemos errar tanto, outra vez.

Quanto ao tapete, ao invés de procurar sujeira debaixo, não seria melhor tirar primeiro a sujeira de cima?

BATE PAPO NO QUINTAL

1 João de Deus Filho festeja o nosso baixo astral e exibe, confiante, o esquema financeiro do Atlético para resolver, sem traumas, sua dívida de 750 milhões, adquirindo o estádio e abrindo mão do percentual restante que ainda possui no Diamond. Com algumas alternâncias, João vive neste ano e meio o que vivemos dezenas de anos massacrando atleticanos. 

Mas um parágrafo, particularmente, me matou de inveja:

“Agora, com o maior prazer do mundo, vou passar o domingo todo na Arena MRV, tomando minhas cervejas e comendo bolinho de feijão, ajudando o Galo que será o único a ganhar com tudo. ”

Adoro bolinho de feijão.

2 Peppeu, cortando em nossa carne viva, diz que a dívida do Cruzeiro, que já seria de 1,3 bi em setembro/outubro, só com juros “vegetativos” de 1% ao mês, sobe 164 milhões por ano.

Por favor, Pepeu, vá prever desgraças lá pelos lados de Vespasiano!

3 Guioday Rodrigues, com agudo apoio de Jorge, ataca nossas cercas fracas (time mal formado, dívidas, desmandos) e a gente por enquanto nem pode responder.

Mas ele quebra a cara, mexendo onde não devia: “O Galo ganhou o estádio por uso indevido do terreno da Prefeitura. Foi tudo de acordo com a lei. ”

Lei do mais forte. Em 1991, quando foi ajuizada a ação de retrocessão, Afonso Paulino dirigia o Atlético e Hélio Garcia governava Minas. Precisa mais? Há mil anos atrás, de fato, um imóvel desapropriado, por exemplo, para a construção de uma escola, se recebesse, ao contrário, um hospital público, poderia provocar o ajuizamento de ação para que voltasse de graça ao proprietário, “por desvio do objetivo da desapropriação.” Como o Direito é bom senso, evoluiu no sentido de que, desapropriado um terreno por utilidade pública, qualquer destinação pública dada a ele atende os objetivos da lei e não amarra o administrador a um objetivo que talvez esteja superado por outro quando do início das obras. Há muito tempo era e é esse o entendimento em nossa Jurisprudência.

A Prefeitura montou no terreno um centro social, inclusive com serviço médico, parque recreativo, etc. Não foi construída a sede municipal, mas dava-se ao terreno uma utilidade pública. Era o que bastaria ser alegado para que não vingasse a ação de retrocessão movida pelo Atlético.  Mas não houve essa defesa. Estado e Prefeitura, com o meu e o seu dinheiro, deram o terreno de novo ao Atlético.

4. Guilherme Grativol, pedagógico, tenta explicar aos atleticanos o porquê de nossa gloriosa Tríplice Coroa. Mas eles não querem entender aquelas conquistas que os machucaram tanto. Só agora, com essa reação em cadeia dos atleticanos, a gente tem ideia do quanto dói neles.

5. Sem Paciência vê dias ainda mais negros para o Cruzeiro e me aconselha fechar o QUINTAL. Mas se o Cruzeiro é imortal, como é que ficamos nós da Nação Azul? Embora a duras penas, a gente vai sobreviver. O estímulo vem do próprio Atlético: Fora algum oásis ocasional, vocês ficaram no deserto quase 50 anos. E sobreviveram.

6. Felipe e André Luís perguntam pra que serve o Conselho Deliberativo se eu disse que conselheiro não fica sabendo de nada. O Conselho elege os presidentes, examina e vota balanços, etc.

Mas os atos do Presidente do Clube no dia-a-dia formando equipes de assessores, contratando jogadores, firmando contratos de publicidade, pagando comissão para intermediários e outros semelhantes, tudo isto é feito à revelia do Conselho. E são atos legais, segundo o nosso Estatuto. Podem até ser imorais e antiéticos, mas isto só é tornado público com a divulgação pela imprensa.