JACARÉ BAIANO ENGOLE RAPOSA

Esquecemos tudo, não soubemos ganhar e voltaram os erros antigos, de passes no meio e na porta da área, os chutes a esmo a gol, os escanteios bizarros. Tudo isto não nos deixou vencer, além, é claro, de duas falhas absurdas de finalização. Gols que até a gente faria, mas nem Waguininho (aos 14 minutos do primeiro tempo!) nem Daniel Junior conseguiram. 

Temos mais 37 jogos pra comprar o bilhete de volta à Série A. Pezzolano, urgente, deve resolver nossas principais falhas e tomara que comece amanhã:

1. Em primeiro lugar corrigir a si próprio na beira do gramado. Vindo de pesada suspensão disciplinar, continua emocionalmente incontrolável. Passa imagem negativa a seus jogadores. Isto não ajuda nada. Só piora. Seria um ótimo aprendizado ver como procedem os melhores técnicos do mundo, vencendo ou perdendo. Técnico mostra serviço é nos treinamentos.  Não na beira do campo reclamando de arbitragem.

2. Somem-se escanteios infantilmente batidos nas mãos do goleiro, na cabeça da zaga de 2 metros de altura ou saindo pra lateral do outro lado; acrescentem-se os chutes a média distância, sem qualquer proveito (com uma única exceção) e teremos um número desanimador de oportunidades perdidas, reduzindo chances de vitória, porque o adversário pode aproveita-las, como fez o Bahia, nos derrotando por 2 x 0.

3. Esse panorama negativo piora com os frequentes erros de passes no meio e no último terço do campo. A dois ou três metros de distância, erramos feio armando contra-ataques que resultam em gols, como aconteceu sexta-feira.

4. A nossa saída de bola, envolvendo uma defesa que continua contestada, é um filme de terror que se repete várias vezes durante o jogo. É puro estimulo a ataque cardíaco. O Brusque, adversário do Cruzeiro amanhã, venceu o Guarani sexta-feira por 1 x 0, gol surgido de clamorosa falha do zagueiro Leandro Castan, em saída de bola, tal como tantas vezes nos arriscamos.

5. Foi apenas a primeira rodada, mas talvez alguma coisa possa ser mostrada, em correção, para o jogo de amanhã. Por exemplo: a bobagem de manter dois jogadores ao lado da bola, na batida de escanteios. Nenhuma vantagem mostrada até agora, e com a burrice de anular um jogador no ataque.

Enfim, Pezzolano, começamos mal uma longa jornada. Amanhã, por favor, mostre-nos um progresso animador. A torcida merece. Surpreenda-nos  só com jogadas (bem) ensaiadas. Não com você tomando outro cartão vermelho na beira do campo. Isto já está cansando.

   BATE PAPO NO QUINTAL

1. Imponderável F.C., quem diria, surgiu na Bahia disfarçado em jacaré do cerrado. No início do segundo tempo, quando o colombiano Rodalega, disparado o melhor jogador do time, saiu contundido pensei que tudo ficaria menos difícil pra nós. Puro engano. Vitor ‘Jacaré” estreou e transformou nossa defesa num pântano. Até que de “Vitor”, a gente ganhava por 2×1.

2. Amanhã é o Brusque no Mineirão – Pezzolano com a palavra: veremos mais do mesmo?

3. José Antônio cobra do blogueiro posicionamento jurídico sobre os últimos acontecimentos relacionados à SAF & Ronaldo.

Meu caro José Antônio, voando nesse céu de brigadeiro, que é a situação hoje do Atlético, você vê lá embaixo a briga de foice no escuro que enfrentamos já há quase 3 anos. É fácil, aí de cima, apontar o dedo e acusar imperfeições, irregularidades, falhas, trombadas de cabeça em nosso terreiro.  Quem está aqui embaixo, como estamos, tem de agir como manda o Manual do Corpo de Bombeiros: se a casa está pegando fogo, a prioridade é salvar vítimas e extinguir ou diminuir as chamas, com o menor dano colateral possível. Assim está sendo feito.

4. José Antônio/2 mantém o tiroteio, mas muda a mira. O alvo agora é a minha afirmação na última coluna: “Sócio-torcedor tem adesão fantástica. Aproxima-se, rápido, da meta de 50 mil. ”

“Dalai continua insistindo nessa falácia! (uma mentira dita mil vezes continua a ser uma mentira). O novo dono intimou os simpatizantes a atingir 50 mil sócios, antes do fim do mineiro, nada,  intimou a atingir 50 mil  até o fim do mineiro, nada, intimou a atingir 50 mil antes do início da Segunda Divisão (…) se não houver uma adesão de mais de 5 mil sócios até amanhã (sexta, 8), mais um “nada”… Só pra lembrar hoje o número é de 44.497… Não sei para o Dalai, mas é um número muito baixo pra quem, segundo as “pesquisas” tem milhões e milhões de “torcedores” e que estão apoiando irrestritamente o novo Cruzeiro, com “adesão fantástica”…

José Antônio, as metas fixadas têm um evidente sentido motivacional e, dentro das circunstâncias, vêm alcançando o objetivo. Para um Clube destroçado e que, até ontem, perdia tudo, sem perspectivas, 10 novos sócios aqui significam mais que 100 no Atlético, pela abissal diferença do momento vivido pelos dois. Esse quadro era invertido há décadas.  E pode mudar outra vez, daqui a pouco. A roda gira.

5. Cruzeiro sim! chama o blogueiro à ordem:

“O sr. fala de bullying como se fosse algo trivial e tranquilo. Fala nos últimos “50 anos de bullying” e, parece, se explica e, ao mesmo tempo se diverte. Ora, o sr. deve se informar melhor sobre esta desgraça social “bullying” antes de falar como se fosse “brincadeirinha”.

Você tem razão. Às vezes nem percebemos a extensão e a profundidade da mudança, mas termos antigos, inocentes, galhofeiros, receberam roupagem nova e inegociável nestes tempos de revisionismo do “politicamente correto”. O que era de brincar passa a ofender. Machucar a alma. Não importa o sentido que pensamos dar e sim como a palavra é recebida. O QUINTAL se aproxima da cifra de cem mil leitores com média superior a 90 comentários, em cada coluna. Se neste universo escandalizamos uma única pessoa, que seja, com o uso de terminologia hoje condenada, temos de mudar de rumo, pelo respeito que todo ser humano, individualmente, merece. 

Aprendi a lição.

6. Sem Paciência ou Sem Freios nos Pensamentos?  Um filme que alcançou grande sucesso, tem o título de “A culpa é das Estrelas”. Sem Paciência nos brinda, agora, com um bem escrito comentário que poderia dar origem a outro filme – “A culpa é da Chuva”. Veja-se a introdução feita por nosso colega blogueiro:

“Como no final da tarde desta quinta-feira caiu uma chuva aqui em BH e paralisou o trânsito, vou dividir com os amigos algumas reflexões sobre o Atlético neste início de temporada…”

E haja “reflexões”… Alguém já disse que nossos pensamentos são cavalos selvagens em campos abertos… chuva lá fora… trânsito parado… cabeça voando como um pássaro nas nuvens… Sem Paciência nem percebe, mas em algum momento pega a mão de Alice e entra de novo no País das Maravilhas…  Como sempre acontece com seus textos, vale a pena ler de novo à cata de ângulos não percebidos, intenções que se afloram apenas na segunda leitura… magia de palavras…

Resumindo: o que as entrelinhas desenham é que os disputantes da Champions League estão morrendo de medo do Atlético conseguir entrar no torneio…

7. Torcer&Ameaçar – sob qualquer custo, estes dois verbos têm de ser dissociados de nosso meio. Nenhum ser civilizado poderá assistir impassível a convivência dos dois como coisa natural.  Não é. O nome disso é barbárie. Há poucos dias, honrados e insuspeitos conselheiros do Cruzeiro tiveram seus telefones espalhados em grupos sociais, “tocando o terror”. Esposas e filhos ameaçados de morte. Nesse fim de semana coube ao goleiro corinthiano, Cassio, pedir proteção policial, temendo pela vida de seus familiares. Sexta, à tarde, tiroteio em frente ao campo do Corinthians, envolvendo torcedores.  Absurdo dos absurdos. Meu amigo, seja qual for a sua camisa, mostre sua indignação contra este esquema de terror da forma que lhe for possível. Não aceite esta selvageria como coisa natural.  Principalmente porque ela não conhece limites.

8. Massa de manobra – Psicologia e sociologia, em dobradinha, mostram que em todas as comunidades, lideranças pensantes contam sempre com o apoio de uma ponderável parcela sempre disposta a seguir a maioria. Rotulada de “rebanho” ou “massa de manobra” engrossam, sem questionar, os apelos às ameaças, às agressões sem freios. Há alguns poucos anos atrás, quem ousasse criticar o “mito” Itair Machado, no Cruzeiro, era alvo desse rebanho.

A lição que deve resultar de tudo isto é um positivo NÃO a qualquer tipo de violência ou ameaça, em qualquer circunstância. Ideias e argumentos se combatem com ideias e argumentos.

9. Junior Fernandes se despede deste QUINTAL arrolando sérias críticas ao blogueiro. Talvez esteja certo em muitas. Sobre as origens deste minifúndio, tenho explicado: nasceu quando a Nação Azul, com seu franco apoio, deu-me o respaldo pra retirar do comando do Cruzeiro quem não deveria estar lá. Estávamos arrasados, sem perspectivas. E E, ainda, pioradas na potência máxima com a chegada da pandemia mundial.  Pessimismo grassando por todo lado. Deixei a presidência do Cruzeiro e o UAI me ofereceu a oportunidade de escrever uma coluna DIÁRIA (!).  Meu anjo da guarda saiu pra ver se chovia lá fora, e aceitei. Dois anos escrevendo todo dia uma coluna otimista sobre um navio afundando. Não sei como consegui.

Pouco a pouco, e naturalmente, o QUINTAL foi tomando novo   perfil, eclético, recebendo brilhante contribuição também de torcedores adversários. Deixo de citar nomes, pra não cometer injustiças inevitáveis e imperdoáveis nesses casos, mas a cada coluna vejo aqui peças que me enchem de orgulho como hospedeiro. E me animam a continuar. 

Junior, quero que você também continue.  Posso lhe pedir um aviso prévio de 90 dias?

10.Thiago Rodrigues, apoiando o blogueiro, acha que deve ser exaltado como fato mais que auspicioso o comportamento das torcidas no clássico. Sem qualquer dúvida, um exemplo para o Brasil esportivo.  Um fiapo de esperança num meio dominado pela barbárie. 

Thiago estava indo bem, até que deu uma escorregadinha:

\“Quanto a saber perder, parece que vocês evoluíram bastante desde o dia da queda, onde fizeram papelão no Mineirão… ao contrário da torcida do Atlético, que cantou e saiu em paz do estádio, após a queda”.

Meu caro Thiago, a comparação entre as duas quedas somente seria válida se iguais as circunstâncias em que ocorreram. Sabemos que foram visceralmente diferentes.  

          GARIMPO

“Escrever ou é muito fácil… ou é impossível. ”

(Victor Hugo)