SÁBADO: PASSA-SE FREGUESIA AMERICANA DE SEIS ANOS

Nos últimos onze jogos contra o América pelo Campeonato Mineiro, três empates e oito derrotas. Incômoda e recente freguesia que está com prazo de validade vencido. Passa da hora de acabar e já tem dia marcado: sábado, 16 horas, Independência.

Pela primeira vez com uma semana cheia pra treinar o time, Leo Jardim apresentará, pelo menos, rascunho das armas projetadas. Pediu dois ou três meses pra implantação de um sistema de jogo, mas respeita nossas urgências. A hora é agora. Aceitam-se improvisações efetivas, emergenciais, avassaladoras, que resultem em gol. Futebol pra frente, como está no DNA de nossa camisa e sem aquela saída “Jesus, me acode,” trailer de filme de terror.

Audacioso, garante vitória o presidente do América. Disse que de novo, como das vezes anteriores a freguesia continua, é bola na caçapa. Está enganado. Sem choro nem velas, a minissérie de horrores americanos termina depois de amanhã.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Leo Jardim, o desafio – Esta semana é “cheia”, mas não só pra treinos. Draminhas extra campo pipocam aqui e ali. São seres humanos expondo fraquezas e dúvidas humanas. Tudo é administrável, quando se sabe administrar.

2. Bernardo abre os debates na segunda cedinho levando o blogueiro ao corner:

“Olá Dalai, qual a diferença do pênalti a favor do Atlético no sábado e aquele a favor do Cruzeiro no domingo? Em ambos os casos, o atacante é mais rápido, toca na bola primeiro e o defensor atrasado comete o pênalti. Fala sério. As suas reclamações de arbitragens estão mais chatas do que as do Hulk. O chororô está maior.”

Bernardo, séculos atrás você seria desafiado pra duelo. Não há ofensa maior dizer a alguém que está mais chato do que o cara que dá azia em pé de boldo. Não tem retorno. Só ao psicanalista.

Quanto aos pênaltis (e olhe que você escreveu antes do “assalto” tocantinense) não se esqueça de que eles ficaram em evidência desde o clássico. O ensurdecedor silêncio do VAR sobre o pisão de Lyanco em Dudu foi o tema mais comentado na imprensa nacional, porque minutos depois, numa intrigante peça do destino, Gabigol seria expulso por cotovelada no mesmo Lyanco e o jogo inverteu as perspectivas.

Natural, assim, que neste contexto lances polêmicos na área sejam mais examinados.

Vamos por partes, como diria Jack: sábado, contra o Tombense, o primeiro tempo já havia terminado, com amplo domínio do Atlético, mas sem efetividade. A coisa já estava cheirando mal. Logo no início do segundo, o lateral, sozinho na jogada, afastava uma bola simples quando Cuello vindo de trás e de lado, rápido, baixou a cabeça na altura da cintura como que pra travar o chute e, presumivelmente, cavar uma penalidade. O jogo prosseguiu. Surgiram intervenções de comentaristas todos batendo na mesma tecla: lance normal já que o atacante é quem baixou estranhamente a cabeça. Passou mais algum tempo e aí o VAR teve a ousadia de chamar o árbitro. Imagina-se o que se passou na cabeça daquele pessoal da cabine…

O pênalti de domingo, contra o América, foi apontado na hora por narradores e comentaristas. O defensor do América, em lance solar, chuta apenas a perna do atacante.

Diferença abissal entre as duas jogadas.

3. Guilherme Gazire põe venda nos olhos e abre a porta da paixão:

“No raciocínio do Dalai só é falta se o jogador que tomar um chute na boca estiver em pé e na posição ereta, isso, obviamente, se esse jogador não for do seu time. É a famosa inversão de valores (para Dalai o Cuello deu uma “beiçada” na ponta da chuteira do jogador da Tombense) na qual a vítima é condenada e o réu absolvido.”

Meu caro Guilherme, e se o jogador que deu a “beiçada” tiver abaixado a cabeça ao máximo exatamente pra forçar o contato?

4. Sucesso e trabalho – Pela segunda vez, Leo Jardim comenta que todo êxito decorre de esforço e dedicação. Nada bom vem de graça. É preciso lavrar a terra, preparar, plantar e só depois colher. Primeiro o trabalho depois o sucesso.

Como se sabe, só há um lugar em que sucesso vem antes. Dicionário.

5. Ele, de novo. Jamil Canan, meu sobrinho atleticano (tinha de ter um defeito!) replica o sal grosso:

“ Bom dia, Dalai. Nem sal grosso adianta. Já marca um horário com a Igreja Universal na sessão de descarrego”.

6. Marcelinho Mineiro, Bernardo, Guilherme Gazire, Fala Sério, Augusto, J. Silvestre  entre outros,  formam perigosa frente única pra negar o tradicional favorecimento do Atlético no Campeonato Mineiro. Querem mudar a história. Brigar com fatos. Não façam isto, meus amigos. Terreno pantanoso, minas ocultas. Dar murro em ponta de faca. Há dezenas de episódios semelhantes a assalto à mão armada na Praça Sete ao meio dia. Tipo batom na cueca. Já contei alguns aqui. 

Por baixo, cerca de 40% dos títulos foram na Mão Grande, principalmente contra adversários do interior. Heróis do apito: Cidinho Bola Nossa, Joaquim Cocó e vários outros.

7. Marcelo, apetrechado de toda maldade do mundo, reproduz postagem “da esposa” do lateral William revelando seu desejo de voltar para o Internacional.

Meu caro Marcelo, primeiro não é “esposa”. É a ex. Oceânica diferença entre uma situação e outra. Segundo, seria necessário conhecer as razões de uma publicação dessa natureza. Informar, esclarecer, complicar ou detonar?

De qualquer forma, se procedente a notícia, que se faça a rescisão legal, com os ônus devidos. Compor uma equipe traz implícito o sentido de ter vontade de jogar. Garra faz parte do uniforme.

Nesta semana, William recebeu, como lateral direito, o Troféu Guará BMG e em suas declarações tranquiliza a Nação Azul:

“Muito feliz em receber o prêmio. Meu segundo ano aqui e consegui mais uma vez. Espero que o Cruzeiro sempre esteja melhor, conseguindo coisas boas nos campeonatos, títulos.  É isso que vou buscar em 2025, conquistando títulos com o Cruzeiro pra levar mais prêmios.”

8. “Gramado” da Arena MRV – Confirmada caveira de burro enterrada lá pelos lados do bairro California. 

Com o estádio, que é mudo, surdo e cego, fechado há meses pra terceira troca de gramado sintético (!) o Atlético é surpreendido por um inusitado manifesto, assinado por Neymar, Gabigol, Coutinho, Thiago Silva e outros craques pedindo o fim… dos gramados sintéticos.

9. Mateo Gamarra, zagueiro paraguaio, no Cruzeiro. Pena não ter parentesco….

10.. Tocantinópolis 0 x 2 Atlético – Até os 40 minutos do segundo tempo, 0 x 0. Mas quem tem Deyverson, Rony e Hulk, três mágicos e descarados simuladores de faltas, confia até o apito final. A qualquer momento, sai um coelho da cartola. Demorou, mas o árbitro Marcelo de Lima Henrique, com aquele tipo de quem está no lugar errado, na hora errada, acabou embrulhado pra presente. Claramente, Rony “prende” o defensor atrás de si. Depois, é só se atirar ao gramado, levando o adversário a cair sobre ele. Esta “jogada” consagrou o atacante Muller. Na mesma linha dos antigos “pênaltis estratégicos” de Hulk.

GARIMPO

“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”.

(John Kenneth Galbraith)