SPORT 3 X 1 CRUZEIRO “NÃO” FOI A RECIFE! 

O jogo, sob a ótica da Nação Azul, pode ser absorvido por dois ângulos: um desligamento natural de time campeão antecipado, sem compromisso com o resultado, e um triste replay de nossos piores momentos no ano passado. Principalmente no primeiro tempo, abusamos do direito de errar domínio de bola, deixando que escapassem para lateral ou escanteio (o primeiro gol do Sport surgiu de um escanteio bisonhamente concedido por Brock). Não acertamos, também, os lançamentos em profundidade, permitindo que se armassem vários contra-ataques. Cruzeiro irreconhecível a tal ponto que, no intervalo, o técnico Pezzolano, ao que parece, não se julgou em condições psicológicas pra conversar com os jogadores no vestiário e permaneceu do lado de fora. Nunca tinha visto coisa assim.

Apesar de tudo, não foram feitas substituições o que só ocorreu 15/20 minutos depois, com duas gratas surpresas vindas da base: os garotos Kaiki e Xavier. Deixaram um vibrante recado de esperança. Merecem novas oportunidades, urgente.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Fluminense 0 x 2 América – Maracanã – Show de bola do Mequinha. Durante a semana os comentários esportivos, de modo geral, davam 3 pontos para o Fluminense, projetando o esquema personalíssimo de seu técnico Fernando Diniz. Mal sabiam que ele tomaria o chamado “nó tático” de Wagner Mancini que tem se destacado por façanhas incríveis à beira do gramado. Hoje foi no Maracanã. Mas já brilhou também à beira do gramado de Sete Lagoas.

2. Atlético 0 x 0 Ceará –  Enquanto os jogos do Cruzeiro no Mineirão chegam perto de  60 mil torcedores, mesmo em dias de semana, ontem, domingo, os atleticanos não chegaram a 35 mil.

3. Que denominpou as marqis – acha normal a alta média de público nos jogos do Cruzeiro “depois de três anos na malfadada série B (mil e tantos dias) a torcida tem que comemorar mesmo. ”

Mas três anos seguidos na B não seria pra desanimar ao invés de motivar? Quantos Clubes, sendo dizimados como o Cruzeiro foi, encontrariam forças pra se reconstruir mil e tantos dias depois?

A verdade, meu caro, é que nestas situações de flagelo imensurável, surge a força do passado reanimando o presente. São as “páginas heroicas, imortais” que mantém viva a esperança.

Por isso o Cruzeiro, pela simples e inusitada conquista antecipada do título da Série B, vem ganhando manchetes nacionais e mundo afora. Porque também era conhecido e lamentado internacionalmente o inacreditável tsunami interno que o dizimou.

Quanto às negociações do passivo da SAF obedecem, obvio, os contornos legais. Como já abordado neste QUINTAL algumas vezes, a lei sendo novíssima e inovadora, alcançando questões de variada complexidade, será aperfeiçoada ao longo do tempo. Mas não obriga o credor a sujeitar-se a composições. São parâmetros, desde longa data, os critérios vigentes no direito brasileiro quanto a recuperação de empresas. Retomamos o tema, linhas abaixo.

Sobre furtos de celulares no Mineirão, você precisa comparecer mais aos jogos do Atlético. É claro, lá as ocorrências são em menor número, porque proporcionais ao volume da torcida, no caso, mais ou menos a metade da média cruzeirense. Mas tenha certeza de que esses bandidos não são nem atleticanos nem do Cruzeiro. Não são nem torcedores. São criminosos e assim devem ser tratados.

4. Eduardo Silva, com propriedade, observa que esses furtos não são exclusividade do Mineirão. Ocorrem em qualquer aglomeração ou situação que o meliante entenda propícia para o delito. Estive há dias em São Paulo e, no centro da capital, você no interior de um taxi, é sempre recomendado pelo motorista a não usar o celular, mesmo com os vidros levantados. É o mundo, hoje.

5. João de Deus Filho, nosso guru da racionalidade, entusiasmou-se demais com a vitória do Atlético sobre o Santos, lá na Vila Belmiro, o que não ocorria há 13 anos. Exagerou no chá de Santo Daime e logo após fez o que não é recomendado pelos mestres raizeiros: foi escrever no QUINTAL. O resultado da ayahuasca não foi bom. Esqueceu a prudência de conceitos, as observações argutas e isentas que lhe renderam o título de Guru, e redigiu como um noviço descuidado. Maquiou as previsões contábeis do seu Clube, sonhou com saldo positivo beirando o bilhão. Agiu pior com o Cruzeiro: filiou-se ao GRI – Grupo do Raciocínio Inconsequente – e fez a observação menos justificável do mundo: o blogueiro estaria agindo como se a pandemia só atingisse o Clube dele, deixando de lado os outros…

Meu caro João de Deus, pela centésima vez: a pandemia, sendo mundial, é óbvio que atingiu todos os Clubes das Américas, da Europa, da Ásia e da África. Não escapou um.

O tsunami, porém, chegou meses antes. Foi interno e só arrasou com o Cruzeiro. Entendeu a diferença?

6. 7 de outubro de 1942/2022 – Na última sexta-feira completaram-se 80 anos da mudança de nome, de Palestra Itália para Cruzeiro, em razão das implicações da Segunda Guerra, colocando a Alemanha, a Itália e o Japão contra o resto do mundo. O Cruzeiro jamais se chamou oficialmente Ipiranga. Este foi apenas o desejo do presidente da época, que chegou a dar entrevistas, sem nunca levar a proposta ao Conselho Deliberativo.

7. Calote? – Lançadas por Teobaldo e Jorge acusações de que a SAF é a Lei do Calote, surgem a todo momento novos apoiadores. Agora, até a cruzeirense Janete de Azevedo dá a sua prestigiosa adesão.

Começo reproduzindo oportuna observação de Eduardo Silva:

“O que acontece hoje no Cruzeiro é que uma gestão profissional não sai pagando contratos lesivos ao Clube. No Atlético mesmo, os mecenas não pagaram o André Cury que cobra mais de 40 milhões em mais de 20 ações judiciais. Pediram redução e ele não aceitou. ”

Há dívidas e dívidas. Há contratos e contratos. Os trabalhistas do pessoal de apoio (porteiros, serventes, cozinheiros, etc) são irrecusáveis. Os demais exigem contestação em face de seu vício de origem. Na era Wagner-Hermínio-Itair salários de jogadores e profissionais de saúde eram triplicados num piscar de olhos, sem justificativa. De 5 pra 20; 30 pra 90; 120 pra 260, 200 pra 500, etc. Há casos de declarado constrangimento do beneficiado com a benesse. Era como se o Cruzeiro tivesse uma filial da Casa da Moeda. Uma farra.

Querer que estas aberrações, apelidadas de contratos, sejam “honradas” sem discussão é acreditar nas Histórias da Carochinha. Marcos Mineiro, com objetividade, sintetiza a situação:

“Os grandes credores do Cruzeiro são pessoas que não valem um pequi roído…”

Não se pretende, aqui, o descumprimento de obrigações legítimas, assumidas voluntariamente. Trata-se de desmascarar a fraude, o estelionato dos quais resultaram os absurdos contratos agora questionados.

8. “Existe um grande clube na cidade…” – o título da coluna alvoroçou a Barraca Atleticana neste QUINTAL. Que isto? Depois de três anos seguidos na B? Que “grande clube” é este? Meus amigos, não podemos negar que o Atlético nos últimos dois anos ESTAVA um grande clube na cidade. Agora, neste ano desintegra-se progressivamente porque, ao que tudo indica, os 4 Rs estão recolhendo as armas. Querem estancar e em seguida recompensar o prejuízo. Vai sobrar, então, o que sempre foi: um time comum, lutador, agora com estádio “próprio” e uma apaixonada torcida, vivendo de algum eventual título mineiro graças a apito amigo de descendente de Cidinho Bola Nossa ou Joaquim Cocó. Do outro lado, o Cruzeiro iniciando um novo ciclo de glórias nacionais e internacionais. Outro meio século? Este, sim, É o “grande clube da cidade! ”

 GARIMPO

“A pátria é o sangue dos outros. ”

(Henri Jeanson)