AMANHÃ DESAFIO EM SÃO LUÍS

Contra o Sampaio Corrêa, às 19h na capital do Maranhão, o Cruzeiro tentará mais um passo no caminho de retorno à elite brasileira. Plantel turbinado pela recuperação de peças, algumas tendo sido testadas positivamente no jogo contra o Náutico, outras podendo encontrar sua vez amanhã. Pra isto o time está concentrado desde o fim do jogo de sexta-feira e melhora a cada partida, em especial no meio de campo, recuperando 80% das bolas em disputa (“retomada absurda”, confessou o técnico do Náutico, Dado Cavalcanti). A corrigir, apenas, nossos passes no terço final do campo. É caso de treinamento, como se comprova com os escanteios cobrados naquele jogo. O fato chamou a atenção dos dois comentaristas do Sportv – Henrique Fernandes e Fabio Junior. Ambos fizeram questão de observar que todos foram cobrados de forma positiva. O detalhe é de suma importância porque até a pouco tempo os escanteios eram jogados no lixo, sem dó nem piedade. E contando com uma “inovação” hilária: dois jogadores nossos ficavam ao lado da bola. O objetivo, que era confundir a marcação na área adversária (usado ainda hoje por alguns clubes) ficava há anos luz de ser alcançado porque um os dois jogadores se afastava para as proximidades e, após uma eternidade, o escanteio era cobrado nas mãos do goleiro de 3 metros de altura, ou para a lateral contrária, completamente despovoada. Isto causava revolta na torcida espelhada em vários grupos sociais e sempre repercutida aqui, neste QUINTAL. Felizmente as coisas estão mudando e é promissora a coincidência dessas correções com a evolução técnica da equipe.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. América x Atlético – Com um pênalti perdido (batido bisonhamente por Henrique Almeida), o time americano ficou no empate de 1 x 1, mas saiu aplaudido por sua torcida, o que não aconteceu com o Atlético. Hulk teve um grande ponto positivo, pelo gol de falta marcado. Depois somou vários pontos negativos, tentando reativar a sua “assessoria auricular” do juiz. Não conseguiu nada além de um cartão amarelo. O zagueiro Ricardo Silva, que o marcou, foi eleito o melhor em campo, por alguns comentaristas. Antigamente, a linguagem popular, direta, seria: “Ricardo pôs o Hulk no bolso.”

2. Manuel Panhame, às 15h de ontem, não percebeu que seu anjo da guarda foi conferir a seção eleitoral e, distraído, atropelou criancinhas atravessando na faixa:

“Palitando dentes que torturam lâmina de faca… O Galão da Massa vai daqui a pouco espatifar o Micróbio Verde, numa esporada só desancar a inteira porção de Minas que torce contra o Comandante destas Gerais… Vai, Galo!!! Canta pro pais inteiro ouvir! ”

Meu caro historiador, o Galo cantou mesmo ou tá com gôgo?

3. Teobaldo renova munição pesada contra a SAF e dá, a grosso modo, um exemplo:

“… tenho 6 anos pra te pagar, mas podem virar 10 anos; e ao final dos 10 anos, se eu não ter pagar, o problema volta para a associação… que estará quebrada e não terá patrimônio pra vender…”

Meu caro Teobaldo, como já registrado aqui trata-se de funda inovação no futebol brasileiro. Será aperfeiçoada ao longo do tempo. Ela veio pra recuperar em vez de extinguir.

Valendo-me do seu exemplo:

“… tenho 6 anos pra te pagar, porque a lei abriu uma válvula de escape. Ao invés de apenas fechar as portas, dando prejuízo total aos credores, vou reagir pra te pagar. A prazo, é verdade, mas pagando. ”

4. Leonardo nos brinda com um texto comovente: “Uma cena de Hospital e a volta pra casa”. Oportuna a comparação do tempo de hospital do jovem, com o Cruzeiro. Desculpem-me, mas há muitos anos tenho a honra de ser Conselheiro da Santa Casa e não posso deixar passar em branco um importante detalhe: o jovem veio do Amazonas pra se internar no Grande Hospital dos Mineiros. E lá estava já por dois anos.

5. José Antônio – com o seu time caindo pelas tabelas, assumindo o codinome de Big Brother (uma eliminação por semana), Galoucura protestando em frente ao CT, Arena MRV apresentando custo três vezes superior ao previsto (?). propostas mirabolantes para Clube Empresa, com tudo isto fervilhando, encontra jeito de tentar melar movimento eleitoral no Cruzeiro:

“… Agora estão querendo “arranjar” um administrador pra organizar churrasquinho, caldinho, bingo, torneio de bocha, torneio de buraco… Coisas do conselho omisso, ausente e incompetente…”

Este filme é antigo, José Antônio. Ninguém quer replay. É por isso que um grupão de cruzeirenses de prestigio no Clube procura equacionar uma administração, com Emilio Brandi à frente, capaz de restaurar e potencializar o patrimônio que está fora do Clube Empresa. Os sócios merecem. Coisa séria.

6. A RODA GIRA/2 – Impressionantes, os testemunhos de cruzeirenses que viveram e usufruíram pessoalmente a fase mágica do Cruzeiro, construída por Felício Brandi a partir da década de 60, com a distribuição de material escolar a todos os estudantes do curso primário no Estado. Foi o embrião do crescimento da Nação Azul, com pico em 70% dos torcedores mineiros. Além de dezenas de declarações nos grupos sociais, surgiram neste QUINTAL dois depoimentos que valem ouro:

Luiz Antônio Lopes Barcelos:

“… Eu estudava no Grupo Escolar Francisco Sales que, até hoje, está lá, há um quarteirão do antigo “Estádio Juscelino Kubitschek”. Ganhei régua e caderno. Foi sorteada, pelo saudoso lateral direito Pedro Paulo, uma bola azul com o escudo do Cruzeiro e eu fui o contemplado. ”

Ben Hur Ranieri:

“Também estudei no Francisco Sales, em 64, 65,66 e ne lembro bem do Piazza e Raul na mina sala de aula, de dona Maria José. ”

Não é difícil imaginar a emoção de milhares e milhares de outros meninos, espalhados por todos os rincões mineiros, recebendo o Kit-Cruzeiro, participando do sorteio de brindes. A festa se repetia em todo início de ano escolar, sedimentando na criança um símbolo esportivo pra amar e torcer. Este foi o embrião do extraordinário crescimento da torcida celeste, estimulado em campo por uma equipe dos sonhos, que conquistava apenas tudo.

É sintomático que, 60 anos depois, essa Roda volte a girar e surja no Cruzeiro o bem bolado Projeto-Caravanas voltando a ocupar o interior. Apesar das mudanças de forma e conteúdo ditadas pela nova época, o DNA é o mesmo. Estará surgindo aí outra década de ouro?

7. Pepe Legal, sem medo de ser feliz:

“…prezados irmãos 5 estrelas, estamos nos aproximando da tão sonhada data do retorno à Série A. Não é só futebol. É esse lindo esporte também, mas o que está em jogo transcende o campo, pois é o triunfo do planejamento e da fé, tanto do Cruzeiro quanto nossa, os torcedores. Nesse momento, temos de ser conscientes e sábios”.

É isto mesmo, Pepe. Pés no chão, sempre. Tem gente, perto de nós, caindo do cavalo…

8. Vergonha – Faltam adjetivos pra retratar o que está acontecendo em grandes momentos do Mineirão, na ampla área da esplanada. O torcedor, tanto de Cruzeiro quanto de Atlético, enfrenta todas as naturais dificuldades (tempo, despesas, trânsito, compromissos, família) pra se deslocar até o Estádio e, prestes a passar pela roleta, ser assaltado!

Ninguém toma providência pra coibir este crime? Será que os responsáveis (Minas Arena e Clubes) não sabem que o torcedor que decide ir ao campo pra incentivar o seu time (renunciando às vezes ao convívio familiar ou outros programas) merece tratamento VIP e não de bandido? Entre tantas denúncias recebidas, vou transcrever a de um cruzeirense de raiz, Auditor Fiscal do Estado, aposentado, Marcos Amaral, admirado e respeitado por todos que têm o privilégio de conhece-lo:

“Passei por situações constrangedoras em dois jogos. No primeiro, tentaram roubar minha correntinha de ouro, antes da primeira revista pra entrar no estádio. Levaram um pedaço da correntinha. Na segunda vez, passei a colocar o carro no estacionamento do Estádio. Aí, já na área da esplanada, roubaram a correntinha que havia comprado pra substituir a anterior. As operações são sempre as mesmas: quatro elementos se aproximam, um te rouba e os outros três cercam, depois somem, certamente pra praticar outro assalto. Falta policiamento. Entram de graça, pulando a roleta. ”

Com a palavra a Minas Arena e as diretorias de Cruzeiro e Atlético.

9. Marcos Mineiro põe a bola no chão e organiza a jogada:

“Dalai, tenho observado as três SAFs já oficializadas. Vasco da Gama, Botafogo e Cruzeiro. Parece que das três, o Cruzeiro é que ficou com menos dinheiro. Sem entrar em detalhes, o Cruzeiro SAF é quem mais frequenta a mídia, quem mais aparece e quem mais está dando certo. Por quê? Pela história resgatada e pela credibilidade do Ronaldo. O maior acerto do Cruzeiro foi Ronaldo, alguém que não deve ter os bilhões anunciados por outras pretensões, mas que trouxe novas possibilidades, conhecimento, história verdadeira e credibilidade. Acendeu a torcida, criou vínculo estreito. Por isso está dando e vai dar certo. ”

Meu caro Marcos, a chegada das SAFs vai revolucionar o futebol brasileiro. As circunstâncias excepcionais vividas pelo Cruzeiro nos obrigaram a assumir o pioneirismo entre os clubes de elite. Sem alternativa, somos cobaias da radical experiência e até agora só temos motivos pra otimismo, como você destaca. Pé no chão e olho nas metas.

10. Cruzeiro Sim! reverbera a insistência de alguns líderes da Barraca Atleticana em considerar SAF como a “oficialização do calote”, tese que infelizmente vem contando com o apoio de Teobaldo e Janete de Azevedo, dentre outros. A lei é nova, sujeita obviamente a aperfeiçoamento que vai sendo indicado, através dos tempos, pelo próprio exercício dela. No seu gens, a mesma teoria econômico-social que justifica, para as empresas, a oportunidade da Recuperação Judicial. Sem dúvida, melhor pagar a prazo, que não pagar. Não se trata de “oficializar calote” e, sim, abrir a solução positiva possível a um estado pré-falimentar.

GARIMPO

“São Paulo não pode parar. Não tem estacionamento. ”

(Regina Casé)